Paciente tem remissão total de câncer com terapia inovadora

A remissão da doença em paciente de 61 anos ocorreu com apenas um mês de tratamento com a terapia celular CAR-T Cell em projeto feito pelo SUS.
Paciente tem remissão total de câncer com terapia inovadora

Escrito por Equipe Editorial

Última atualização: 16 junho, 2023

Paulo Peregrino, publicitário, de 61 anos, teve alta hospitalar recentemente. Ele lutava contra o câncer havia 13 anos e estava prestes a receber cuidados paliativos, aqueles em que o paciente recebe medicamentos para sofrer menos, quando não há mais chance de cura.

Em abril deste ano, ele foi submetido a um tratamento inovador e, depois de apenas um mês, não havia mais sinais do tumor no organismo dele.

Uma terapia revolucionária, aplicada no Brasil, fez o câncer entrar em remissão em um homem que vinha lutando contra a doença há 13 anos. E mais: a remissão foi em apenas 1 mês.

Paulo se tornou umas das primeiras pessoas no país a passar pelo tratamento com CAR-T Cell, uma terapia inovadora desenvolvida pela farmacêutica suíça Novartis. Essa tecnologia modifica células de defesa do corpo do paciente e faz com que elas matem o tumor sem afetar as células saudáveis.

Vanderson Rocha, professor de hematologia, hemoterapia e terapia celular da Faculdade de Medicina da USP e coordenador nacional de terapia celular da rede D’Or, está à frente do caso de Paulo.

“Foi uma resposta muito rápida. Fico até emocionado (ao ver as duas ressonâncias de Paulo). Fiquei muito surpreso de ver a resposta, porque a gente tem que esperar pelo menos um mês depois da infusão da célula. Quando a gente viu, todo mundo vibrou. Coloquei no grupo de professores titulares da USP e todo mundo impressionado de ver a resposta que ele teve”, comemorou o especialista.

Terapia celular CAR-T Cell

As células CAR-T são células do sistema imune (conhecidas como linfócitos T) extraídas do paciente e geneticamente modificadas para reconhecer e atacar as células tumorais. Elas são então reintroduzidas no paciente e se tornam mais eficazes em identificar o foco de câncer e atacá-lo.

A terapia tem obtido sucesso no tratamento de alguns tipos de câncer do sistema sanguíneo, linfomas e leucemias, mas não há comprovação de eficácia contra tumores sólidos. Nesses casos, as quimioterapias, radioterapias ou tratamentos como imunoterapia tendem a surtir mais efeito.

É preciso acompanhar agora por um período de até cinco anos para confirmar se houve a ‘cura’ do câncer, mas, em estudos desenvolvidos nos Estados Unidos, em torno de 50% dos pacientes de linfoma são curados com CAR-T.

Tratamento gratuito e revolucionário

O tratamento foi realizado no Sistema Único de Saúde e faz parte de um protocolo da Universidade de São Paulo (USP) em parceria com o Instituto Butantan e o Hemocentro de Ribeirão Preto.

No Brasil, dos 14 pacientes que foram submetidos à tecnologia na rede pública, todos apresentaram remissão de ao menos 60% dos tumores que tinham.

“Devido ao alto custo, este tratamento não é acessível em grande parte dos países do mundo. O Brasil, por outro lado, encontra-se em uma posição privilegiada e tem a rara oportunidade de introduzir esse tratamento no SUS em curto período de tempo”, explica o coordenador do Centro de Terapia Celular CEPID-USP e do Núcleo de Terapia Celular do Hemocentro de Ribeirão Preto, Dimas Covas.

O tratamento é de alto custo, mas o Brasil, felizmente, tem conseguido introduzir a tecnologia via rede pública para que todos tenham acesso.

Paciente tem remissão total de câncer com terapia inovadora

O método tem como alvo três tipos de cânceres: leucemia linfoblástica B, linfoma não Hodgkin de células B e mieloma múltiplo, que atinge a medula óssea. O tratamento contra mieloma múltiplo ainda não está disponível no país.  

Diferença de cura do câncer e remissão

Remissão é quando o câncer não é mais detectado por nenhum exame. Pode ser que tenha sido curado, mas também pode ser que tenha reduzido muito, sem ter desaparecido completamente, e os métodos disponíveis não conseguem detectá-lo. Ou seja, apenas não é possível detectar o câncer.

Ainda que a remissão da doença seja algo a se comemorar muito, ainda não podemos chamar de cura.

“Remissão completa (caso de Paulo) não é o mesmo que cura. Ela indica que não há evidência de doença detectável em um determinado momento”, explica Adriana Barrichello, oncologista do Hospital Sírio Libanês.

A médica acrescentou que, ainda que o paciente não tenha evidências da doença, existe um risco de recorrência.

“A cura, por outro lado, mostra que o tumor foi erradicado e que, essencialmente, não há chance de retorno no paciente”.

Pode interessar a você...
Nova vacina experimental contra câncer de pâncreas mostra resultados promissores
Melhor Com Saúde
Leia em Melhor Com Saúde
Nova vacina experimental contra câncer de pâncreas mostra resultados promissores

Uma vacina para câncer de pâncreas está em andamento? Publicações científicas recentes dão conta da descoberta promissora.


Os conteúdos desta publicação foram escritos apenas para fins informativos. Em nenhum momento podem servir para facilitar ou substituir diagnósticos, tratamentos ou recomendações de um profissional. Consulte o seu especialista de confiança em caso de dúvida e peça a sua aprovação antes de iniciar qualquer procedimento.