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Escola do Rio Grande do Sul orienta alunas a não usarem roupas curtas e causa polêmica

3 minutos
Veja o comunicado através de bilhetes encaminhados por uma escola municipal de Capão da Canoa, no Litoral Norte do RS, proibindo o uso de roupas curtas.
Escola do Rio Grande do Sul orienta alunas a não usarem roupas curtas e causa polêmica
Escrito por Equipe Editorial
Última atualização: 06 outubro, 2022

A decisão da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Iglesias Minosso Ribeiro de Capão da Canoa, Rio Grande do Sul, está causando polêmica. A direção orientou as meninas a não usarem roupas curtas na escola em período de calor.

“Orientamos as meninas a não usarem shorts curtos ou tops na escola e que o melhor ambiente para esse tipo de roupa é o calçadão ou a praia”, disse a diretora da escola municipal, Marcia Rejane Bassani. “Um advogado não vai ao fórum usando chinelo, cada local tem a vestimenta adequada. Tivemos uma conversa informal com as alunas e o bilhete foi enviado para que os responsáveis ficassem cientes das orientações”, completou.

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No pequeno pedaço de papel endereçado aos pais ou responsáveis, a direção da escola, escreveu o seguinte: Fiquem atentos às roupas de suas filhas, pois a partir de segunda-feira (12/9) não será permitida a entrada de roupas inapropriadas como: shorts, mini blusas, tops, croppeds… Att, Direção”.

De acordo com o familiar que preferiu não se identificar, a direção ainda teria dito que as meninas não poderiam usar cropped ou shorts porque “Os meninos estavam passando a mão na bunda das meninas”, o que causou ainda mais revolta entre os pais.

Uma mãe reclamou da situação e relatou qual seria a motivação para a nova regra.

“Minha filha recebeu esse bilhete na escola (só entregaram para as meninas) dizendo que ela estaria proibida de ir vestida com o cropped, que estava usando no dia, nem qualquer uma das roupas mencionadas no bilhete, com a alegação que os meninos estariam se aproveitando e passando a mão na bunda das meninas, ou seja, em vez de chamar a atenção dos meninos e seus responsáveis, estão punindo as meninas pelas roupas que usam. Gostaria que a secretaria de educação interviesse na questão, pois, se a escola não tem uniforme, eles não podem cobrar nada”.

Em entrevista ao GZH, a psicanalista Ana Laura Giongo afirma que existe uma série de problemas na escrita do bilhete. Para ela, um dos primeiros pontos que denotam ausência de comunicação com os alunos está na parte em que a direção pede que “os pais devem ficar atentos”, fazendo com que as meninas fiquem em uma posição passiva diante da decisão autoritária da instituição.

“Estamos em 2022, momento em que o mundo propõe que se faça reflexão a respeito de gênero e de direitos iguais. Se uma escola não consegue perceber que isso é uma pauta da nossa contemporaneidade, a escola está fora de debates importantes para esta geração e fica neste lugar de certa contraposição ao que vem desta geração”, disse.

Posicionamento errado, segundo profissionais

Conforme a psicóloga clínica e escolar Laura Graña, o complicado neste posicionamento da escola é que ele pode acabar reforçando a lógica da cultura do estupro de que, de alguma forma, a culpa de uma mulher sofrer violência recai sobre ela.

“Dentro das escolas é preciso incentivar a educação sexual das crianças e dos adolescentes para que se possa, justamente, reverter esta lógica. É preciso inserir na educação, pautas, autoras e autores, e práticas educativas que questionem justamente a ideia de que, se existem situações complicadas em função da roupa que uma menina veste, a menina é quem está inadequada. Não é a roupa da menina que precisa mudar, e sim a mentalidade de que ela pode ser importunada em função da roupa que veste”, comenta.

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Para a psicóloga, vivemos uma sociedade patriarcal que vê o corpo da mulher como uma propriedade privada do homem. Mulheres que transgridem esta lógica, aponta Laura, são julgadas pela roupa que vestem, pelo comportamento que exercem, pela forma que vivem a sua liberdade sexual e dos seus corpos.

E você, o que pensa desta decisão?

A decisão da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Iglesias Minosso Ribeiro de Capão da Canoa, Rio Grande do Sul, está causando polêmica. A direção orientou as meninas a não usarem roupas curtas na escola em período de calor.

“Orientamos as meninas a não usarem shorts curtos ou tops na escola e que o melhor ambiente para esse tipo de roupa é o calçadão ou a praia”, disse a diretora da escola municipal, Marcia Rejane Bassani. “Um advogado não vai ao fórum usando chinelo, cada local tem a vestimenta adequada. Tivemos uma conversa informal com as alunas e o bilhete foi enviado para que os responsáveis ficassem cientes das orientações”, completou.

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No pequeno pedaço de papel endereçado aos pais ou responsáveis, a direção da escola, escreveu o seguinte: Fiquem atentos às roupas de suas filhas, pois a partir de segunda-feira (12/9) não será permitida a entrada de roupas inapropriadas como: shorts, mini blusas, tops, croppeds… Att, Direção”.

De acordo com o familiar que preferiu não se identificar, a direção ainda teria dito que as meninas não poderiam usar cropped ou shorts porque “Os meninos estavam passando a mão na bunda das meninas”, o que causou ainda mais revolta entre os pais.

Uma mãe reclamou da situação e relatou qual seria a motivação para a nova regra.

“Minha filha recebeu esse bilhete na escola (só entregaram para as meninas) dizendo que ela estaria proibida de ir vestida com o cropped, que estava usando no dia, nem qualquer uma das roupas mencionadas no bilhete, com a alegação que os meninos estariam se aproveitando e passando a mão na bunda das meninas, ou seja, em vez de chamar a atenção dos meninos e seus responsáveis, estão punindo as meninas pelas roupas que usam. Gostaria que a secretaria de educação interviesse na questão, pois, se a escola não tem uniforme, eles não podem cobrar nada”.

Em entrevista ao GZH, a psicanalista Ana Laura Giongo afirma que existe uma série de problemas na escrita do bilhete. Para ela, um dos primeiros pontos que denotam ausência de comunicação com os alunos está na parte em que a direção pede que “os pais devem ficar atentos”, fazendo com que as meninas fiquem em uma posição passiva diante da decisão autoritária da instituição.

“Estamos em 2022, momento em que o mundo propõe que se faça reflexão a respeito de gênero e de direitos iguais. Se uma escola não consegue perceber que isso é uma pauta da nossa contemporaneidade, a escola está fora de debates importantes para esta geração e fica neste lugar de certa contraposição ao que vem desta geração”, disse.

Posicionamento errado, segundo profissionais

Conforme a psicóloga clínica e escolar Laura Graña, o complicado neste posicionamento da escola é que ele pode acabar reforçando a lógica da cultura do estupro de que, de alguma forma, a culpa de uma mulher sofrer violência recai sobre ela.

“Dentro das escolas é preciso incentivar a educação sexual das crianças e dos adolescentes para que se possa, justamente, reverter esta lógica. É preciso inserir na educação, pautas, autoras e autores, e práticas educativas que questionem justamente a ideia de que, se existem situações complicadas em função da roupa que uma menina veste, a menina é quem está inadequada. Não é a roupa da menina que precisa mudar, e sim a mentalidade de que ela pode ser importunada em função da roupa que veste”, comenta.

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Para a psicóloga, vivemos uma sociedade patriarcal que vê o corpo da mulher como uma propriedade privada do homem. Mulheres que transgridem esta lógica, aponta Laura, são julgadas pela roupa que vestem, pelo comportamento que exercem, pela forma que vivem a sua liberdade sexual e dos seus corpos.

E você, o que pensa desta decisão?

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.