Enxerto de pele: quando usar?
Escrito e verificado por a médica Maryel Alvarado Nieto
A pele é o órgão que cobre o nosso corpo e serve como uma barreira contra o mundo ao nosso redor. Desta forma, ela nos protege contra infecções e também preserva as condições do meio interno. Algumas lesões cutâneas são tão extensas ou complexas que requerem o uso de um enxerto de pele para o seu tratamento.
Esse tipo de tratamento cirúrgico tem como objetivo conferir integridade ao tecido. Desta forma, protegem-se as estruturas subjacentes e se garante o efeito de barreira que a pele exerce. Finalmente, cobre-se não apenas o dano causado pela lesão, como também se faz uma tentativa de criar resultados estéticos. A seguir, vamos falar mais sobre o assunto.
O que é um enxerto de pele?
Um enxerto de pele consiste em um fragmento de pele obtido através de uma cirurgia. Nela, separe-se completamente o referido fragmento de alguma região do corpo —chamada de doadora—, para então transplantá-lo para o local receptor, ou seja, o local que apresenta um dano ou lesão.
A partir do momento em que se separa do seu local doador, o enxerto perde o fluxo sanguíneo. Por esta razão, o tecido receptor deve ter a capacidade de fornecer o suprimento sanguíneo adequado. Dessa forma, a pele transplantada poderá ser revascularizada e, portanto, poderá sobreviver na sua nova localização.
Camadas da pele
Para entender os tipos de enxertos de pele existentes, é necessário conhecer as camadas histológicas da pele. A epiderme é a camada mais superficial. Essa estrutura não possui vasos sanguíneos próprios e recebe o seu suprimento sanguíneo das porções mais profundas da pele. Assim, os enxertos apenas de epiderme fracassam e, portanto, não são úteis.
Por outro lado, a camada mais profunda da pele é a derme. Por sua vez, é possível dividi-la em duas porções: a derme papilar e a derme reticular. A primeira é a camada mais superficial, por isso os seus vasos sanguíneos são os que permitem a nutrição da epiderme sobrejacente. Sob a derme, encontra-se o tecido celular subcutâneo, rico em gordura.
Tipos de enxerto de pele
A classificação mais utilizada em enxertos de pele responde à espessura da pele envolvida. Em geral, aceitam-se dois tipos: enxertos de espessura parcial e enxertos de pele de espessura total.
- Enxertos de espessura parcial: a espessura é variável, mas sempre deve conter uma porção da derme. Dessa forma, garante-se a doação dos elementos necessários para a regeneração celular e a nutrição da epiderme sobrejacente. De acordo com a espessura da derme envolvida, a espessura desse tecido poderá ser mais ou menos fina.
- Enxertos de espessura total: o fragmento de pele seccionado contém tanto a epiderme quanto toda a derme. O tecido deve ser desprovido de gordura subcutânea para permitir a neovascularização.
De acordo com a forma como se usa o enxerto de pele
De acordo com a necessidade de cobertura do dano, os enxertos podem ser contínuos, ou seja, formados por um ou vários fragmentos que, quando unidos, conseguem cobrir toda a perda de substância.
Da mesma forma, também existem enxertos cutâneos descontínuos, nos quais o dano não é totalmente coberto. Entre eles estão as seguintes opções:
- Malha de Tanner e Vandeput.
- Enxerto multifragmentado.
- Enxerto em faixas de Trueba.
- Selos de Gabarro.
- Enxerto de Davis ou de pastilha.
Situações especiais
A escolha de um tipo de enxerto em detrimento de outro responde a várias questões. A localização da perda de substância é de extrema importância, assim como a seleção do local doador.
Da mesma forma, a extensão da lesão permitirá considerar diferentes tipos de enxerto. Enquanto isso, a causa da perda de substância ajuda o cirurgião a escolher a espessura mais adequada.
Características dos enxertos de pele
Dependendo da espessura do fragmento, cada tipo de enxerto apresenta algumas vantagens em relação aos demais. Além disso, o tecido lesionado também desempenha um papel importante para o enxerto “pegar”, ou seja, para o sucesso da técnica. Vamos descrever abaixo algumas das características que é preciso considerar.
Doador e receptor
Uma vez que a pele tem uma alta antigenicidade, os enxertos de pele só podem ser originários da própria pessoa. Isso ocorre porque o sistema imunológico não é capaz de reconhecer outros elementos além dos seus. Assim, desencadeia-se uma resposta imune que acaba por rejeitar o tecido enxertado.
Esse tipo de transplante – em que o doador é o mesmo indivíduo que o receptor – é conhecido como “autoenxerto”. No entanto, existem situações (tais como grandes queimaduras) em que o uso de enxertos de pele de cadáveres, ou até mesmo de porcos, tem alguma utilidade.
Leia também: Quais são os sinais de alerta de câncer de pele e como agir?
Condições do tecido doador
A escolha do local de onde será retirado o enxerto de pele deve ser criteriosa para garantir o melhor resultado possível. Portanto, os fragmentos geralmente vêm de locais próximos à lesão. Em geral, sugerem-se as seguintes recomendações:
- Ter coloração semelhante ao local receptor.
- Nos casos de ressecção de tumores, é aconselhável escolher o membro contralateral para retirar o enxerto.
- O tecido deve estar livre de infecção.
- Recomenda-se que a textura e a distribuição do pelos corporais entre os dois locais (doador-receptor) sejam semelhantes.
Condições do tecido lesionado
O leito receptor é o fundo onde se deve aderir o enxerto de pele. Ele deve ter vascularização abundante para permitir que o novo tecido sobreviva. No entanto, a presença de infecções ou hemorragias diminui as taxas de sucesso e, por isso, é preciso tratá-las primeiramente.
Situações em que o enxerto de pele é útil
Apesar de representar uma solução para as lesões cutâneas complexas, nem todas as localizações do corpo permitem que os enxertos de pele sejam a melhor opção. Apesar deste problema, as principais situações em que são utilizados são as seguintes:
- Grandes queimaduras.
- Feridas extensas.
- Ressecção de tumores cutâneos.
- Úlceras em membros inferiores.
- Danos em áreas mucosas.
- Fasciotomias.
Cicatrização da lesão
Além de proporcionar a vascularização do tecido, o leito receptor pode produzir retrações no enxerto de pele, principalmente se ele for de espessura parcial. Por isso, recomenda-se a utilização de enxertos de espessura total em áreas estéticas como a face, pois apresentam melhor cobertura e menor retração.
Por outro lado, quando as perdas de substância são muito extensas, é mais adequado utilizar fragmentos de espessura parcial, que também sejam descontínuos. A malha, por exemplo, permite aumentar a dimensão de um enxerto de pele contínuo em até três vezes. Isso amplia a capacidade de cobertura do fragmento, embora represente resultados menos estéticos.
Descubra: Tipos de cicatrização
Complicações do enxerto de pele
Assim como em qualquer tratamento cirúrgico, existem alguns riscos com o enxerto de pele. Os mais comuns incluem o seguinte:
- Hemorragias.
- Hematomas.
- Seromas.
Por outro lado, retrações, cicatrizes e mudanças na pigmentação podem afetar a aparência final do enxerto de pele. Nesses casos, pode haver a recomendação de procedimentos dermatológicos adicionais para melhorar a aparência final.
A pele é o órgão que cobre o nosso corpo e serve como uma barreira contra o mundo ao nosso redor. Desta forma, ela nos protege contra infecções e também preserva as condições do meio interno. Algumas lesões cutâneas são tão extensas ou complexas que requerem o uso de um enxerto de pele para o seu tratamento.
Esse tipo de tratamento cirúrgico tem como objetivo conferir integridade ao tecido. Desta forma, protegem-se as estruturas subjacentes e se garante o efeito de barreira que a pele exerce. Finalmente, cobre-se não apenas o dano causado pela lesão, como também se faz uma tentativa de criar resultados estéticos. A seguir, vamos falar mais sobre o assunto.
O que é um enxerto de pele?
Um enxerto de pele consiste em um fragmento de pele obtido através de uma cirurgia. Nela, separe-se completamente o referido fragmento de alguma região do corpo —chamada de doadora—, para então transplantá-lo para o local receptor, ou seja, o local que apresenta um dano ou lesão.
A partir do momento em que se separa do seu local doador, o enxerto perde o fluxo sanguíneo. Por esta razão, o tecido receptor deve ter a capacidade de fornecer o suprimento sanguíneo adequado. Dessa forma, a pele transplantada poderá ser revascularizada e, portanto, poderá sobreviver na sua nova localização.
Camadas da pele
Para entender os tipos de enxertos de pele existentes, é necessário conhecer as camadas histológicas da pele. A epiderme é a camada mais superficial. Essa estrutura não possui vasos sanguíneos próprios e recebe o seu suprimento sanguíneo das porções mais profundas da pele. Assim, os enxertos apenas de epiderme fracassam e, portanto, não são úteis.
Por outro lado, a camada mais profunda da pele é a derme. Por sua vez, é possível dividi-la em duas porções: a derme papilar e a derme reticular. A primeira é a camada mais superficial, por isso os seus vasos sanguíneos são os que permitem a nutrição da epiderme sobrejacente. Sob a derme, encontra-se o tecido celular subcutâneo, rico em gordura.
Tipos de enxerto de pele
A classificação mais utilizada em enxertos de pele responde à espessura da pele envolvida. Em geral, aceitam-se dois tipos: enxertos de espessura parcial e enxertos de pele de espessura total.
- Enxertos de espessura parcial: a espessura é variável, mas sempre deve conter uma porção da derme. Dessa forma, garante-se a doação dos elementos necessários para a regeneração celular e a nutrição da epiderme sobrejacente. De acordo com a espessura da derme envolvida, a espessura desse tecido poderá ser mais ou menos fina.
- Enxertos de espessura total: o fragmento de pele seccionado contém tanto a epiderme quanto toda a derme. O tecido deve ser desprovido de gordura subcutânea para permitir a neovascularização.
De acordo com a forma como se usa o enxerto de pele
De acordo com a necessidade de cobertura do dano, os enxertos podem ser contínuos, ou seja, formados por um ou vários fragmentos que, quando unidos, conseguem cobrir toda a perda de substância.
Da mesma forma, também existem enxertos cutâneos descontínuos, nos quais o dano não é totalmente coberto. Entre eles estão as seguintes opções:
- Malha de Tanner e Vandeput.
- Enxerto multifragmentado.
- Enxerto em faixas de Trueba.
- Selos de Gabarro.
- Enxerto de Davis ou de pastilha.
Situações especiais
A escolha de um tipo de enxerto em detrimento de outro responde a várias questões. A localização da perda de substância é de extrema importância, assim como a seleção do local doador.
Da mesma forma, a extensão da lesão permitirá considerar diferentes tipos de enxerto. Enquanto isso, a causa da perda de substância ajuda o cirurgião a escolher a espessura mais adequada.
Características dos enxertos de pele
Dependendo da espessura do fragmento, cada tipo de enxerto apresenta algumas vantagens em relação aos demais. Além disso, o tecido lesionado também desempenha um papel importante para o enxerto “pegar”, ou seja, para o sucesso da técnica. Vamos descrever abaixo algumas das características que é preciso considerar.
Doador e receptor
Uma vez que a pele tem uma alta antigenicidade, os enxertos de pele só podem ser originários da própria pessoa. Isso ocorre porque o sistema imunológico não é capaz de reconhecer outros elementos além dos seus. Assim, desencadeia-se uma resposta imune que acaba por rejeitar o tecido enxertado.
Esse tipo de transplante – em que o doador é o mesmo indivíduo que o receptor – é conhecido como “autoenxerto”. No entanto, existem situações (tais como grandes queimaduras) em que o uso de enxertos de pele de cadáveres, ou até mesmo de porcos, tem alguma utilidade.
Leia também: Quais são os sinais de alerta de câncer de pele e como agir?
Condições do tecido doador
A escolha do local de onde será retirado o enxerto de pele deve ser criteriosa para garantir o melhor resultado possível. Portanto, os fragmentos geralmente vêm de locais próximos à lesão. Em geral, sugerem-se as seguintes recomendações:
- Ter coloração semelhante ao local receptor.
- Nos casos de ressecção de tumores, é aconselhável escolher o membro contralateral para retirar o enxerto.
- O tecido deve estar livre de infecção.
- Recomenda-se que a textura e a distribuição do pelos corporais entre os dois locais (doador-receptor) sejam semelhantes.
Condições do tecido lesionado
O leito receptor é o fundo onde se deve aderir o enxerto de pele. Ele deve ter vascularização abundante para permitir que o novo tecido sobreviva. No entanto, a presença de infecções ou hemorragias diminui as taxas de sucesso e, por isso, é preciso tratá-las primeiramente.
Situações em que o enxerto de pele é útil
Apesar de representar uma solução para as lesões cutâneas complexas, nem todas as localizações do corpo permitem que os enxertos de pele sejam a melhor opção. Apesar deste problema, as principais situações em que são utilizados são as seguintes:
- Grandes queimaduras.
- Feridas extensas.
- Ressecção de tumores cutâneos.
- Úlceras em membros inferiores.
- Danos em áreas mucosas.
- Fasciotomias.
Cicatrização da lesão
Além de proporcionar a vascularização do tecido, o leito receptor pode produzir retrações no enxerto de pele, principalmente se ele for de espessura parcial. Por isso, recomenda-se a utilização de enxertos de espessura total em áreas estéticas como a face, pois apresentam melhor cobertura e menor retração.
Por outro lado, quando as perdas de substância são muito extensas, é mais adequado utilizar fragmentos de espessura parcial, que também sejam descontínuos. A malha, por exemplo, permite aumentar a dimensão de um enxerto de pele contínuo em até três vezes. Isso amplia a capacidade de cobertura do fragmento, embora represente resultados menos estéticos.
Descubra: Tipos de cicatrização
Complicações do enxerto de pele
Assim como em qualquer tratamento cirúrgico, existem alguns riscos com o enxerto de pele. Os mais comuns incluem o seguinte:
- Hemorragias.
- Hematomas.
- Seromas.
Por outro lado, retrações, cicatrizes e mudanças na pigmentação podem afetar a aparência final do enxerto de pele. Nesses casos, pode haver a recomendação de procedimentos dermatológicos adicionais para melhorar a aparência final.
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