Transplante de cabeça: voluntário russo se oferece como primeiro na história
Escrito e verificado por o médico José Gerardo Rosciano Paganelli
TRANSPLANTE DE CABEÇA. Você também pode pensar que todas essas notícias não passam de um sensacionalismo. Entretanto, só temos que lembrar o que significava, há alguns anos, a ideia de fazer um transplante de coração.
Os avanços na medicina têm ocasionalmente algo sobrenatural, e pode até mesmo ir além do que muitos consideram como moral ou ético. Mas, se por meio dessas técnicas podemos salvar pessoas e oferecer uma boa qualidade de vida, serão bem recebidas.
Hoje, em nosso espaço, falamos de um projeto quase inacreditável: o primeiro transplante de cabeça.
Valeri Spriridónov, o primeiro voluntário para um transplante de cabeça
Seu nome é Spriridónov Valeri, tem 30 anos e é um programador de computadores. Se você quiser saber por que um jovem gostaria de ser voluntário, é simples. Este jovem sofre de atrofia muscular, portanto, logo perderá toda a sua mobilidade.
Quer ler mais? Exoesqueleto pode permitir que crianças paraplégicas caminhem novamente
Ele tinha apenas um ano de idade quando foi diagnosticado com a doença chamada Werdnig-Hoffman. Sua vida, portanto, é uma espécie de contagem regressiva em que, a cada dia, seu corpo vai se tornando sua própria prisão.
Aos poucos, sua medula espinhal vai sendo mais afetada e, embora não deram muitas garantias de passar do seu primeiro ano de vida, Spiridonov já vive há mais de 29 anos. O que o espera então? Ninguém sabe, mas o que é muito claro é que nunca veremos um rosto envelhecido.
O cirurgião e arquiteto deste projeto e que iria realizar o seu transplante de cabeça seria o neurocirurgião Sergio Canavero. Como ele mesmo explicou a Spiridonov: “pessoas que sofrem de atrofia muscular espinhal têm prioridade neste tipo de operação”.
Você vai se surpreender ao saber que foi o próprio jovem quem contatou o médico depois de encontrar informações na Internet. Sua família aprovou sua ideia e, hoje, o transplante de cabeça é a única esperança deste programador russo.
“Eu tenho medo, é claro, mas eu não tenho outras opções. Este experimento é o equivalente ao voo de Yuri Gagarin e eu me sinto animado, apesar de saber que eu posso morrer na operação”.
Victor Spiridonov
Sergio Canavero: “O transplante de cabeça é possível”
Nós falamos sobre a pessoa que se ofereceu para o primeiro transplante de cabeça. Agora, encontramos o homem que vai realizar esta operação quase impossível: Sergio Canavero.
Ele é neurocirurgião no hospital Molinette em Turim. Em junho deste ano, mais uma vez expôs sua ideia na conferência anual da Academia Americana de Neurologistas e Cirurgiões Ortopédicos em Maryland (Estados Unidos).
Ideias básicas do transplante de cabeça
- Em 1970 Sergio Canavero realizou um transplante de cabeça em um chimpanzé. Entretanto, não foi bem sucedido, porque o animal não conseguia se mover. A razão? A medula espinhal não se aderiu como devia e o animal morreu pouco tempo depois. É triste, sem dúvida.
- Ele explica que hoje teria sucesso e as partes cortadas da medula espinhal ficariam perfeitamente unidas entre si por uma substância química descoberta, chamada polietileno-glicol.
- É necessário, como você já pode imaginar, um doador, portanto, uma pessoa recentemente falecida vai fornecer o seu corpo à ciência, como tem sido feito com outros órgãos.
- De acordo com Sergio Canavero, seriam necessárias 150 pessoas para levar a cabo a operação. Também é preciso a aprovação de um comitê de ética, e dez milhões de euros para criar o laboratório apropriado.
- A operação duraria 36 horas. E, acreditemos ou não, tudo isso poderia ser realizado dentro de dois anos, tempo suficiente para dar uma nova oportunidade a Spiridonov.
Leia também: Uma bela mensagem de Stephen Hawking às pessoas que estão num “buraco negro”
Isso parece ser esperançoso para pessoas tetraplégicas, para os pacientes como o próprio Valeri e para aqueles pacientes que sofreram um acidente traumático e que, hoje, estão em uma cadeira de rodas.
Preparativos
O próprio cientista nos diz que antes da operação o paciente terá que ser induzido a um coma para depois, implantar alguns eletrodos na coluna para estimular a criação de novas conexões nervosas.
Depois disso, se procederá à união da espinha dorsal da cabeça com a do corpo do receptor. É um processo tanto complexo como trabalhoso onde se usará o produto químico acima mencionado. Com ele, tudo ficará unido. Finalmente se fará a sutura dos músculos e vasos sanguíneos.
Se tudo correr bem, o paciente levaria mais de um ano para voltar a andar, período durante o qual o cérebro deverá se acostumar a reagir a este novo órgão.
No entanto, outros problemas também poderiam se apresentar… A própria pessoa aceitaria esse corpo estranho? O veria como seu?
A complexidade pode ir além dos nervos e da medula espinhal. A nossa consciência também deve enfrentar este desafio. Veremos então como o tema avançará.
O que você achou? Quer deixar sua opinião?
Este e outros artigos estão na nossa página, então fique conosco.
TRANSPLANTE DE CABEÇA. Você também pode pensar que todas essas notícias não passam de um sensacionalismo. Entretanto, só temos que lembrar o que significava, há alguns anos, a ideia de fazer um transplante de coração.
Os avanços na medicina têm ocasionalmente algo sobrenatural, e pode até mesmo ir além do que muitos consideram como moral ou ético. Mas, se por meio dessas técnicas podemos salvar pessoas e oferecer uma boa qualidade de vida, serão bem recebidas.
Hoje, em nosso espaço, falamos de um projeto quase inacreditável: o primeiro transplante de cabeça.
Valeri Spriridónov, o primeiro voluntário para um transplante de cabeça
Seu nome é Spriridónov Valeri, tem 30 anos e é um programador de computadores. Se você quiser saber por que um jovem gostaria de ser voluntário, é simples. Este jovem sofre de atrofia muscular, portanto, logo perderá toda a sua mobilidade.
Quer ler mais? Exoesqueleto pode permitir que crianças paraplégicas caminhem novamente
Ele tinha apenas um ano de idade quando foi diagnosticado com a doença chamada Werdnig-Hoffman. Sua vida, portanto, é uma espécie de contagem regressiva em que, a cada dia, seu corpo vai se tornando sua própria prisão.
Aos poucos, sua medula espinhal vai sendo mais afetada e, embora não deram muitas garantias de passar do seu primeiro ano de vida, Spiridonov já vive há mais de 29 anos. O que o espera então? Ninguém sabe, mas o que é muito claro é que nunca veremos um rosto envelhecido.
O cirurgião e arquiteto deste projeto e que iria realizar o seu transplante de cabeça seria o neurocirurgião Sergio Canavero. Como ele mesmo explicou a Spiridonov: “pessoas que sofrem de atrofia muscular espinhal têm prioridade neste tipo de operação”.
Você vai se surpreender ao saber que foi o próprio jovem quem contatou o médico depois de encontrar informações na Internet. Sua família aprovou sua ideia e, hoje, o transplante de cabeça é a única esperança deste programador russo.
“Eu tenho medo, é claro, mas eu não tenho outras opções. Este experimento é o equivalente ao voo de Yuri Gagarin e eu me sinto animado, apesar de saber que eu posso morrer na operação”.
Victor Spiridonov
Sergio Canavero: “O transplante de cabeça é possível”
Nós falamos sobre a pessoa que se ofereceu para o primeiro transplante de cabeça. Agora, encontramos o homem que vai realizar esta operação quase impossível: Sergio Canavero.
Ele é neurocirurgião no hospital Molinette em Turim. Em junho deste ano, mais uma vez expôs sua ideia na conferência anual da Academia Americana de Neurologistas e Cirurgiões Ortopédicos em Maryland (Estados Unidos).
Ideias básicas do transplante de cabeça
- Em 1970 Sergio Canavero realizou um transplante de cabeça em um chimpanzé. Entretanto, não foi bem sucedido, porque o animal não conseguia se mover. A razão? A medula espinhal não se aderiu como devia e o animal morreu pouco tempo depois. É triste, sem dúvida.
- Ele explica que hoje teria sucesso e as partes cortadas da medula espinhal ficariam perfeitamente unidas entre si por uma substância química descoberta, chamada polietileno-glicol.
- É necessário, como você já pode imaginar, um doador, portanto, uma pessoa recentemente falecida vai fornecer o seu corpo à ciência, como tem sido feito com outros órgãos.
- De acordo com Sergio Canavero, seriam necessárias 150 pessoas para levar a cabo a operação. Também é preciso a aprovação de um comitê de ética, e dez milhões de euros para criar o laboratório apropriado.
- A operação duraria 36 horas. E, acreditemos ou não, tudo isso poderia ser realizado dentro de dois anos, tempo suficiente para dar uma nova oportunidade a Spiridonov.
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Isso parece ser esperançoso para pessoas tetraplégicas, para os pacientes como o próprio Valeri e para aqueles pacientes que sofreram um acidente traumático e que, hoje, estão em uma cadeira de rodas.
Preparativos
O próprio cientista nos diz que antes da operação o paciente terá que ser induzido a um coma para depois, implantar alguns eletrodos na coluna para estimular a criação de novas conexões nervosas.
Depois disso, se procederá à união da espinha dorsal da cabeça com a do corpo do receptor. É um processo tanto complexo como trabalhoso onde se usará o produto químico acima mencionado. Com ele, tudo ficará unido. Finalmente se fará a sutura dos músculos e vasos sanguíneos.
Se tudo correr bem, o paciente levaria mais de um ano para voltar a andar, período durante o qual o cérebro deverá se acostumar a reagir a este novo órgão.
No entanto, outros problemas também poderiam se apresentar… A própria pessoa aceitaria esse corpo estranho? O veria como seu?
A complexidade pode ir além dos nervos e da medula espinhal. A nossa consciência também deve enfrentar este desafio. Veremos então como o tema avançará.
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- Canavero, S. (2013). HEAVEN: The head anastomosis venture Project outline for the first human head transplantation with spinal linkage (GEMINI). Surgical Neurology International, 4(2), 335. https://doi.org/10.4103/2152-7806.113444
- Wadsworth, R., Cook, G., Roscoe, A., Milan, Z., Macnab, R., & Bhatia, K. (2017). Transplantation. In Handbook of Clinical Anaesthesia, Fourth Edition (pp. 513–532). CRC Press. https://doi.org/10.1201/9781315164533
- Dennis, M. K., Field, A. S., Burai, R., Ramesh, C., Whitney, K., Bologa, C. G., … Tichelli, A. (2012). NIH Public Access. Biology of Blood and Marrow Transplantation : Journal of the American Society for Blood and Marrow Transplantation, 127(3), 358–366. https://doi.org/10.1016/j.jsbmb.2011.07.002.Identification
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