Borderline: entenda o recente diagnóstico de Gustavo Tubarão
O influencer digital Gustavo Tubarão, de 23 anos, revelou aos seus seguidores que convive com a síndrome de borderline, um problema psicológico e psiquiátrico que causa instabilidades de humor e súbitas mudanças comportamentais. Inclusive, ele contou que no passado chegou a se envolver com drogas no auge do transtorno, devido a picos intensos de depressão.
Ele relatou ter mudanças de humor, explosões de raiva e sentimento de vazio. A condição tem como pano de fundo situações de rejeição e abandono.
O jovem demonstrou muito medo e desespero ao receber o diagnóstico da doença. De fato, o transtorno de personalidade borderline é uma condição psiquiátrica que, segundo estimativas, atinge entre 1,6% e 5,9% da população geral.
Mas o que é exatamente o Transtorno de Personalidade Borderline e de que forma ele se manifesta?
A personalidade borderline corresponde a um transtorno mental que se manifesta, especialmente, através de demonstrações reais de instabilidade emocional muito exacerbadas. Muitas pessoas, de fato, ainda confundem essas manifestações com o transtorno bipolar, mas sãs distúrbios com características distintas.
Dentro do comportamento borderline podemos evidenciar: agressão, automutilação, comportamentos compulsivos, hostilidades, falta de moderação, comportamentos autodestrutivos e fobias severas.
Surge uma mistura de sentimentos que pode motivar certos tipos de comportamentos, como: culpa, ansiedade, perda de interesse, falta de prazer pelas atividades que desenvolve, solidão e tristeza.
O paciente vê sua imagem distorcida e se alimenta de uma paranoia, associada ao narcisismo e à depressão. Neste sentido, como a instabilidade emocional é muito intensa, as pessoas borderline costumam ter problemas em seus relacionamentos pessoais, perdendo laços afetivos, familiares e de amizade.
Também chamado de transtorno de personalidade limítrofe, essa condição tem como principais características a hipersensibilidade à rejeição e “instabilidade das relações interpessoais, da autoimagem e dos afetos e de impulsividade acentuada que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos”, segundo o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição).
O manual, que é a principal referência mundial para identificar transtornos mentais, atribui ao borderline uma relação direta com o sentimento de abandono.
“Os fatores ambientais que foram identificados como contribuintes para o desenvolvimento do transtorno de personalidade limítrofe incluem principalmente maus-tratos na infância (físicos, sexuais ou negligência), encontrados em até 70% das pessoas com TPB [Transtorno de Personalidade Borderline], bem como separação materna, apego materno inadequado, limites familiares, abuso de substâncias pelos pais e psicopatologia parental grave”, explicam os profissionais.
Uma das características consideradas na hora de diagnosticar um paciente envolve justamente verificar se a pessoa pratica “esforços desesperados para evitar abandono real ou imaginado”.
“Os pacientes com borderline vivenciam medos intensos de abandono e experimentam raiva inadequada mesmo diante de uma separação de curto prazo realística ou quando ocorrem mudanças inevitáveis de planos (p. ex., desespero repentino em reação ao aviso do clínico de que a consulta acabou; pânico ou fúria quando alguém importante para a pessoa se atrasa alguns minutos ou precisa cancelar um compromisso)”, descreve o guia.
“O meu humor muda de cinco em cinco minutos. Cheguei a um momento que não aguentava mais essa mudança de humor tão rápida. Às vezes estou em um lugar com uma turma, estou feliz, do nada já bate uma tristeza profunda, passam cinco minutos, volto a estar feliz”, contou o influenciador em um trecho do vídeo.
Gustavo Tubarão lembrou ainda que já havia sido diagnosticado previamente com outros transtornos psiquiátricos, como depressão, ansiedade e síndrome do pânico, mas afirmou que o borderline pode manifestar sintomas de todas essas condições.
“Imagine um círculo e dentro desse círculo tem vários outros círculos, um é depressão, outra bolinha é síndrome do pânico, a outra bolinha é ansiedade, a outra bolinha é TDAH. Esse círculo maior é o borderline. Eu fui sorteado na vida com um combo de um tanto de trem ruim em uma cabeça só”, explicou ele.
Indivíduos com transtorno Borderline costumam apresentar distúrbios de humor (de 80% a 96%); transtornos de ansiedade (88%); abuso de substâncias (64%); distúrbios alimentares (53%); TDAH (de 10% a 30%); transtorno bipolar (15%) e distúrbios somatoformes (10%).
Tratamento
O tratamento do borderline utiliza principalmente psicoterapia, mas medicações podem auxiliar. O médico também pode recomendar a hospitalização se a segurança do paciente estiver em risco. A reabilitação tem o objetivo de ajudar o paciente a aprender habilidades para gerenciar e lidar com sua condição.
Também é necessário tratar qualquer outro transtorno de saúde mental que geralmente ocorre junto com o transtorno de personalidade bipolar, como depressão ou uso indevido de substâncias, por exemplo.
“Com o tratamento, a pessoa pode se sentir melhor consigo mesma e viver uma vida mais estável e gratificante. O tratamento de pacientes com esse transtorno deve começar com a revelação do diagnóstico e educação sobre o curso esperado e tratamento do transtorno. Essa abordagem pode diminuir o sofrimento e estabelecer uma aliança entre o paciente e o médico. Além disso, o tratamento deve informar aos pacientes que existem terapias eficazes, que envolvem aprender a cuidar de si mesmo, e que os medicamentos têm apenas um papel coadjuvante”, explica o médico pós-graduado em psiquiatria, Dr. Vital Fernandes Araújo.
Apesar destas situações, Gustavo disse que tem superado os problemas e conseguido viver normalmente. Deixando uma palavra de alento para seus seguidores que podem estar passando pelo mesmo cenário, o influencer disse:
“É um ‘trem’ que levei 23 anos para descobrir e hoje eu tenho controle, conhecimento do meu corpo, da minha mente, da minha cabeça; do que vai me fazer bem, do que não vai, do que pode me fazer mal. E, do fundo do meu coração, sei que não é fácil, mas tenha paciência porque se eu consegui, qualquer tipo de pessoa consegue sair”.
Por fim, o humorista afirmou que só resolveu se abrir sobre a questão para que outras pessoas pudessem identificar possíveis transtornos e procurarem amparo.
“Graças a Deus, à psicologia e à psiquiatria, eu tô vivo. Ou era pra eu estar morto, ou em uma clínica psiquiátrica”, concluiu.