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O cérebro pode sentir dor?

4 minutos
Quando temos dor de cabeça, nos perguntamos o que realmente está doendo e se o cérebro pode sentir dor. A verdade é que esse órgão interpreta estímulos dolorosos, mas não é capaz de sentir dor por si só.
O cérebro pode sentir dor?
Leonardo Biolatto

Escrito e verificado por médico Leonardo Biolatto

Escrito por Leonardo Biolatto
Última atualização: 27 maio, 2022

O nome técnico dado para a dor de cabeça é cefaleia. A cabeça inclui muitas estruturas, incluindo o cérebro, mas será que este último pode sentir dor? Afinal, o que realmente está doendo quando sentimos dores de cabeça?

A cabeça inclui os ossos do crânio, a pele e muitos músculos, o cérebro inteiro e as estruturas venosas e nervosas que circulam por lá. O cérebro é mais um órgão do encéfalo e, portanto, apenas uma parte da cabeça.

A origem das dores de cabeça é múltipla. Às vezes há dores de cabeça banais, que são causadas por um pouco de cansaço ou estresse e nada mais. Outras vezes, a dor de cabeça é um sinal de uma doença grave, como um derrame.

Para saber se o cérebro pode sentir dor, primeiro precisamos considerar a existência ou não de receptores de dor no tecido cerebral. As áreas do corpo sem esses receptores são incapazes de produzir dor.

O cérebro não tem receptores de dor

Os receptores de dor são chamados de nociceptores. Estes são estruturas sensoriais, isto é, estão associados à possibilidade de sentir alguma coisa. Quando um estímulo ativa o nociceptor, pode despertar uma sensação de dor.

Os nociceptores estão presentes em vários tecidos, mas não no cérebro. Quando esses receptores são estimulados, como quando tocamos em algo quente, por exemplo, eles transmitem o sinal de dor ao cérebro através da medula espinhal.

Existem nociceptores fora do nosso corpo, na pele e no interior, em certos órgãos. Também há mucosas com esses receptores, bem como músculos que contêm nociceptores no seu interior.

O cérebro, então, não pode sentir dor. Ele recebe a informação que lhe chega dos nociceptores espalhados por todo o corpo e a interpreta, mas não se trata de uma dor no cérebro. Suas estruturas vizinhas têm nociceptores, como as meninges.

Por não ter receptores de dor, o cérebro pode ser operado sob anestesia local, como é feito em muitas neurocirurgias. A concha do crânio é aberta e o paciente fica desperto enquanto os cirurgiões trabalham em seu cérebro, pois as intervenções não provocam dor naquele local.

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O cérebro é apenas mais uma parte do encéfalo, e não pode sentir dor.

Não deixe de ler: A depressão pode afetar o cérebro fisicamente?

O cérebro não sente dor, mas a interpreta

Como já vimos, o cérebro não pode sentir dor, mas é responsável por interpretar os sinais que recebe dos nociceptores distribuídos pelo corpo. Para alguns neurologistas, é correto dizer que o cérebro gera dor, pois é ele quem nos diz que algo está doendo.

Quando um nociceptor detecta uma alteração física, térmica, de pressão ou química que pode ser prejudicial, alerta o cérebro. Através da medula espinhal, a informação surge do receptor e procura uma interpretação no tecido cerebral.

O cérebro coleta os dados e emite uma resposta, que é condicionada pelo que somos, isto é, pelo que vivemos antes e aprendemos. Será elaborada, então, uma ordem a cumprir. Se uma dor perigosa foi detectada, a ordem pode ser remover a mão do local, mover-se, pular, correr ou talvez esperar mais um pouco.

Existem pessoas que treinam para suportar a dor, como os boxeadores. Os golpes que recebem são registrados pelo cérebro para que eles possam ganhar experiência. Em resposta aos golpes subsequentes, a resposta não é mais a mesma, porque o cérebro acumulou informações que lhe permitem decidir melhor.

No entanto, existem limites para a dor que vão além da experiência. A dor é um mecanismo de defesa que o corpo usa para alertar sobre os perigos para a saúde. Um bom sistema de reconhecimento da dor é o que nos mantém vivos como espécie.

Não deixe de ler: Em que momento uma dor de cabeça passa a ser algo preocupante?

Então, o que a dor de cabeça significa?

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A dor de cabeça se origina de estruturas próximas ao cérebro, mas não do tecido cerebral em si.

Como sabemos que o cérebro não pode doer, é válido perguntar por que a cabeça dói. Bom, a resposta está nas outras estruturas do crânio.

A dor de cabeça pode começar na pele da cabeça, nas meninges ou nas artérias do crânio. Os músculos do pescoço, com uma contratura cervical, também podem causá-la. O cérebro interpretará os sinais dessas estruturas e decidirá se é dor ou não.

O fluxo sanguíneo é uma fonte comum de enxaquecaQuando a circulação nas artérias ou veias da cabeça é prejudicada, os nociceptores nos vasos alertam o cérebro. É por isso que alguns medicamentos para a enxaqueca são baseados na modificação da vasoconstrição.

O cérebro não pode sentir dor, mas nós podemos

O fato de o cérebro não sentir dor não significa que somos seres incapazes de percebê-la. Pelo contrário, o tecido cerebral nos conecta com o exterior através da percepção dolorosa e, ao mesmo tempo, interpreta nosso ambiente interno através dos nociceptores dos órgãos. Por fim, o cérebro não pode sentir dor, mas nós, como um todo, podemos.

O nome técnico dado para a dor de cabeça é cefaleia. A cabeça inclui muitas estruturas, incluindo o cérebro, mas será que este último pode sentir dor? Afinal, o que realmente está doendo quando sentimos dores de cabeça?

A cabeça inclui os ossos do crânio, a pele e muitos músculos, o cérebro inteiro e as estruturas venosas e nervosas que circulam por lá. O cérebro é mais um órgão do encéfalo e, portanto, apenas uma parte da cabeça.

A origem das dores de cabeça é múltipla. Às vezes há dores de cabeça banais, que são causadas por um pouco de cansaço ou estresse e nada mais. Outras vezes, a dor de cabeça é um sinal de uma doença grave, como um derrame.

Para saber se o cérebro pode sentir dor, primeiro precisamos considerar a existência ou não de receptores de dor no tecido cerebral. As áreas do corpo sem esses receptores são incapazes de produzir dor.

O cérebro não tem receptores de dor

Os receptores de dor são chamados de nociceptores. Estes são estruturas sensoriais, isto é, estão associados à possibilidade de sentir alguma coisa. Quando um estímulo ativa o nociceptor, pode despertar uma sensação de dor.

Os nociceptores estão presentes em vários tecidos, mas não no cérebro. Quando esses receptores são estimulados, como quando tocamos em algo quente, por exemplo, eles transmitem o sinal de dor ao cérebro através da medula espinhal.

Existem nociceptores fora do nosso corpo, na pele e no interior, em certos órgãos. Também há mucosas com esses receptores, bem como músculos que contêm nociceptores no seu interior.

O cérebro, então, não pode sentir dor. Ele recebe a informação que lhe chega dos nociceptores espalhados por todo o corpo e a interpreta, mas não se trata de uma dor no cérebro. Suas estruturas vizinhas têm nociceptores, como as meninges.

Por não ter receptores de dor, o cérebro pode ser operado sob anestesia local, como é feito em muitas neurocirurgias. A concha do crânio é aberta e o paciente fica desperto enquanto os cirurgiões trabalham em seu cérebro, pois as intervenções não provocam dor naquele local.

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O cérebro é apenas mais uma parte do encéfalo, e não pode sentir dor.

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O cérebro não sente dor, mas a interpreta

Como já vimos, o cérebro não pode sentir dor, mas é responsável por interpretar os sinais que recebe dos nociceptores distribuídos pelo corpo. Para alguns neurologistas, é correto dizer que o cérebro gera dor, pois é ele quem nos diz que algo está doendo.

Quando um nociceptor detecta uma alteração física, térmica, de pressão ou química que pode ser prejudicial, alerta o cérebro. Através da medula espinhal, a informação surge do receptor e procura uma interpretação no tecido cerebral.

O cérebro coleta os dados e emite uma resposta, que é condicionada pelo que somos, isto é, pelo que vivemos antes e aprendemos. Será elaborada, então, uma ordem a cumprir. Se uma dor perigosa foi detectada, a ordem pode ser remover a mão do local, mover-se, pular, correr ou talvez esperar mais um pouco.

Existem pessoas que treinam para suportar a dor, como os boxeadores. Os golpes que recebem são registrados pelo cérebro para que eles possam ganhar experiência. Em resposta aos golpes subsequentes, a resposta não é mais a mesma, porque o cérebro acumulou informações que lhe permitem decidir melhor.

No entanto, existem limites para a dor que vão além da experiência. A dor é um mecanismo de defesa que o corpo usa para alertar sobre os perigos para a saúde. Um bom sistema de reconhecimento da dor é o que nos mantém vivos como espécie.

Não deixe de ler: Em que momento uma dor de cabeça passa a ser algo preocupante?

Então, o que a dor de cabeça significa?

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A dor de cabeça se origina de estruturas próximas ao cérebro, mas não do tecido cerebral em si.

Como sabemos que o cérebro não pode doer, é válido perguntar por que a cabeça dói. Bom, a resposta está nas outras estruturas do crânio.

A dor de cabeça pode começar na pele da cabeça, nas meninges ou nas artérias do crânio. Os músculos do pescoço, com uma contratura cervical, também podem causá-la. O cérebro interpretará os sinais dessas estruturas e decidirá se é dor ou não.

O fluxo sanguíneo é uma fonte comum de enxaquecaQuando a circulação nas artérias ou veias da cabeça é prejudicada, os nociceptores nos vasos alertam o cérebro. É por isso que alguns medicamentos para a enxaqueca são baseados na modificação da vasoconstrição.

O cérebro não pode sentir dor, mas nós podemos

O fato de o cérebro não sentir dor não significa que somos seres incapazes de percebê-la. Pelo contrário, o tecido cerebral nos conecta com o exterior através da percepção dolorosa e, ao mesmo tempo, interpreta nosso ambiente interno através dos nociceptores dos órgãos. Por fim, o cérebro não pode sentir dor, mas nós, como um todo, podemos.


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  • Benarroch, M. D. “Canales iónicos en nociceptores.” American Academy of Neurology 84 (2015): 31-42.
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