Jovem com autismo sofre bullying, passa em Medicina e é sucesso no TikTok
Aos 20 anos, a estudante de medicina Raquel Sabino vem se tornando um fenômeno nas redes sociais enquanto derruba preconceitos sobre uma condição que a acompanha por toda sua vida, o autismo.
Comentando particularidades e situações do autismo em sua rotina mas também em sua história de vida, a futura médica conquistou mais de 1,1 milhão de seguidores no TikTok, mais de 158 mil no Instagram e 260 mil no YouTube.
Quebrar estereótipos
A jovem teve o diagnostico confirmado quando tinha 16 anos, mesma época em que descobriu que era superdotada e, assim, compreendeu melhor muitas dinâmicas e dificuldades que enfrentou.
Ao mesmo tempo em que seu aprendizado se dava em ritmo e intensidade muito maior que o das crianças de sua idade, Raquel também apresentava comportamentos obsessivos, uma forte inquietação e dificuldades de socialização, que a tornaram vítima de bullying quando chegou ao ensino fundamental.
“Eu não entendia nada e prezei pela saúde emocional dela. Foram muitas situações que ela enfrentou. Quando estava triste, ela lia e ficava no canto dela. Eu precisei fazer pedagogia para entender”, conta a mãe da jovem.
A dificuldade de fazer amigos e o despreparo de professores e profissionais com os quais cruzou em sua trajetória escolar fizeram com que Raquel desenvolvesse resistência ao ambiente escolar durante a adolescência.
“No Fundamental eu era muito solitária. Não sabia onde ficar e não gostava de ficar em lugares diferentes. Eu era bem sozinha, bem triste e odiava ir para o colégio”, relembra Raquel.
Somente aos 16 anos, após consultar uma psicóloga e um neurologista e realizar uma série de testes e exames, que ela descobriu o autismo e sua superdotação, com percentil de 99. Ela foi diagnosticada com autismo grau dois, que é considerado moderado por especialistas.
Aprovada em medicina
Como estava adiantada em relação aos outros colegas, no terceiro ano do ensino médio, quando ainda tinha 15 anos, ela passou em fisioterapia na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. No entanto, pela idade, não pôde seguir na graduação. Na época, seus pais até entraram com um pedido na Justiça, mas não foi aceito.
Em 2018, quando estava com 16 anos, quase completando 17, prestou o Enem e foi aprovada em biomedicina também na faculdade federal.
“A minha vida começou a dar certo quando entrei em biomedicina. Foi muito boa a experiência e agora já sei me comportar em um ambiente”, diz Raquel.
Ao entrar na universidade, os professores receberam um parecer explicando sobre o autismo, o que permitia que ela fizesse provas ou outras atividades em horários diferentes.
A jovem recorda que ao entrar no ensino superior sentiu-se mais acolhida e respeitada. “Na faculdade, as pessoas são mais gentis e mais compreensivas. A pessoa não é obrigada a ser minha amiga”, diz.
Trabalho de divulgação através de TikTok
Ela consegue falar abertamente sobre o autismo e não tem nenhum problema para expor o transtorno a outras pessoas. Por isso, ela decidiu mostrar a condição e seu dia a dia nas redes sociais.
No início, postava vídeos aleatórios com desenhos e outros conteúdos. Depois, a convite de uma agência, recebeu a ideia de postar vídeos com o seu rosto.
Segundo Raquel, ela esperava que tivesse alguma repercussão, mas não tão grande como a que vem ocorrendo desde agosto de 2021. A ideia inicial era postar conteúdos no TikTok sobre ela e não só em relação ao autismo, já que ela não é uma pesquisadora do tema.
Contudo, ela virou uma referência no assunto e muitas pessoas começaram a se identificar com as postagens nas redes sociais. “É legal saber que tenho pessoas que me admiram e que podem ficar felizes, mesmo passando por coisas ruins”, diz a jovem.
Só na rede social chinesa, ela conta com pouco mais de um milhão de seguidores. No YouTube, já são quase 250 mil inscritos. Os conteúdos são os mais diversos e ela tenta sempre misturar assuntos que falam do transtorno e seu dia a dia.
Em uma das postagens, por exemplo, ela explica a sinceridade autista que, muitas vezes, pode ser encarada como falta de educação por algumas pessoas. Isso ocorreu depois de ela postar um vídeo em que fala do ponto do brigadeiro e que o bolo não era da cor que esperava para comemorar um milhão de seguidores no TikTok.
“Vocês têm que entender que a cabeça de uma pessoa autista é assim. Fatos são fatos e é isso”, disse em um outro vídeo tentando explicar os “haters”.
Em relação a isso, ela tenta levar numa boa e nem se preocupar o tempo todo com o que as pessoas dizem. “Eu tenho muito hater. Eu só leio comentários em rede social quando as pessoas são mais comedidas”, reforça.
A estudante de medicina também já foi criticada por estar com um fone de ouvido durante uma refeição dentro de um restaurante, sendo que muitas pessoas não sabem que ela usa o acessório para cancelar ruídos ativos. “Ele serve para diminuir ruído externo. Mesmo assim, consigo ouvir quem está falando do meu lado”, destaca.
Embora passe por essas adversidades, Raquel tenta focar ao máximo em ajudar as pessoas com seus conteúdos. A produção dos vídeos é feita em parceria com seu irmão mais velho e ela anota na agenda os temas que deseja gravar e falar no dia a dia.
Além de inspirar os seguidores com conteúdo sobre o autismo, ela quer ajudar mais pessoas no futuro por meio da medicina. Sua mãe conta que ela já pensou em ser psiquiatra ou neurologista, mas ainda não há nada concreto.
“Eu não gosto de sonhar, gosto de fazer planos, porque sei que é possível realizar. Eu sei que durante a minha formação é perfeitamente possível”, conclui Raquel.
Aos 20 anos, a estudante de medicina Raquel Sabino vem se tornando um fenômeno nas redes sociais enquanto derruba preconceitos sobre uma condição que a acompanha por toda sua vida, o autismo.
Comentando particularidades e situações do autismo em sua rotina mas também em sua história de vida, a futura médica conquistou mais de 1,1 milhão de seguidores no TikTok, mais de 158 mil no Instagram e 260 mil no YouTube.
Quebrar estereótipos
A jovem teve o diagnostico confirmado quando tinha 16 anos, mesma época em que descobriu que era superdotada e, assim, compreendeu melhor muitas dinâmicas e dificuldades que enfrentou.
Ao mesmo tempo em que seu aprendizado se dava em ritmo e intensidade muito maior que o das crianças de sua idade, Raquel também apresentava comportamentos obsessivos, uma forte inquietação e dificuldades de socialização, que a tornaram vítima de bullying quando chegou ao ensino fundamental.
“Eu não entendia nada e prezei pela saúde emocional dela. Foram muitas situações que ela enfrentou. Quando estava triste, ela lia e ficava no canto dela. Eu precisei fazer pedagogia para entender”, conta a mãe da jovem.
A dificuldade de fazer amigos e o despreparo de professores e profissionais com os quais cruzou em sua trajetória escolar fizeram com que Raquel desenvolvesse resistência ao ambiente escolar durante a adolescência.
“No Fundamental eu era muito solitária. Não sabia onde ficar e não gostava de ficar em lugares diferentes. Eu era bem sozinha, bem triste e odiava ir para o colégio”, relembra Raquel.
Somente aos 16 anos, após consultar uma psicóloga e um neurologista e realizar uma série de testes e exames, que ela descobriu o autismo e sua superdotação, com percentil de 99. Ela foi diagnosticada com autismo grau dois, que é considerado moderado por especialistas.
Aprovada em medicina
Como estava adiantada em relação aos outros colegas, no terceiro ano do ensino médio, quando ainda tinha 15 anos, ela passou em fisioterapia na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. No entanto, pela idade, não pôde seguir na graduação. Na época, seus pais até entraram com um pedido na Justiça, mas não foi aceito.
Em 2018, quando estava com 16 anos, quase completando 17, prestou o Enem e foi aprovada em biomedicina também na faculdade federal.
“A minha vida começou a dar certo quando entrei em biomedicina. Foi muito boa a experiência e agora já sei me comportar em um ambiente”, diz Raquel.
Ao entrar na universidade, os professores receberam um parecer explicando sobre o autismo, o que permitia que ela fizesse provas ou outras atividades em horários diferentes.
A jovem recorda que ao entrar no ensino superior sentiu-se mais acolhida e respeitada. “Na faculdade, as pessoas são mais gentis e mais compreensivas. A pessoa não é obrigada a ser minha amiga”, diz.
Trabalho de divulgação através de TikTok
Ela consegue falar abertamente sobre o autismo e não tem nenhum problema para expor o transtorno a outras pessoas. Por isso, ela decidiu mostrar a condição e seu dia a dia nas redes sociais.
No início, postava vídeos aleatórios com desenhos e outros conteúdos. Depois, a convite de uma agência, recebeu a ideia de postar vídeos com o seu rosto.
Segundo Raquel, ela esperava que tivesse alguma repercussão, mas não tão grande como a que vem ocorrendo desde agosto de 2021. A ideia inicial era postar conteúdos no TikTok sobre ela e não só em relação ao autismo, já que ela não é uma pesquisadora do tema.
Contudo, ela virou uma referência no assunto e muitas pessoas começaram a se identificar com as postagens nas redes sociais. “É legal saber que tenho pessoas que me admiram e que podem ficar felizes, mesmo passando por coisas ruins”, diz a jovem.
Só na rede social chinesa, ela conta com pouco mais de um milhão de seguidores. No YouTube, já são quase 250 mil inscritos. Os conteúdos são os mais diversos e ela tenta sempre misturar assuntos que falam do transtorno e seu dia a dia.
Em uma das postagens, por exemplo, ela explica a sinceridade autista que, muitas vezes, pode ser encarada como falta de educação por algumas pessoas. Isso ocorreu depois de ela postar um vídeo em que fala do ponto do brigadeiro e que o bolo não era da cor que esperava para comemorar um milhão de seguidores no TikTok.
“Vocês têm que entender que a cabeça de uma pessoa autista é assim. Fatos são fatos e é isso”, disse em um outro vídeo tentando explicar os “haters”.
Em relação a isso, ela tenta levar numa boa e nem se preocupar o tempo todo com o que as pessoas dizem. “Eu tenho muito hater. Eu só leio comentários em rede social quando as pessoas são mais comedidas”, reforça.
A estudante de medicina também já foi criticada por estar com um fone de ouvido durante uma refeição dentro de um restaurante, sendo que muitas pessoas não sabem que ela usa o acessório para cancelar ruídos ativos. “Ele serve para diminuir ruído externo. Mesmo assim, consigo ouvir quem está falando do meu lado”, destaca.
Embora passe por essas adversidades, Raquel tenta focar ao máximo em ajudar as pessoas com seus conteúdos. A produção dos vídeos é feita em parceria com seu irmão mais velho e ela anota na agenda os temas que deseja gravar e falar no dia a dia.
Além de inspirar os seguidores com conteúdo sobre o autismo, ela quer ajudar mais pessoas no futuro por meio da medicina. Sua mãe conta que ela já pensou em ser psiquiatra ou neurologista, mas ainda não há nada concreto.
“Eu não gosto de sonhar, gosto de fazer planos, porque sei que é possível realizar. Eu sei que durante a minha formação é perfeitamente possível”, conclui Raquel.
Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.