Falar sozinho pode ser um sinal de boa saúde psicológica
Escrito e verificado por a psicóloga Alicia Escaño Hidalgo
Falar sozinho não é loucura, e sim o contrário. O diálogo interno em voz alta pode ser extremamente útil quando estamos realizando uma tarefa ou queremos nos lembrar de algo importante. Também pode nos auxiliar em outros processos cognitivos e psicológicos.
É verdade que as pessoas que falam consigo mesmas tendem a esconder isso, pois podem ser estigmatizadas e até alvo de olhares julgadores. No entanto, estudos dizem que este hábito pode ser muito benéfico para a nossa saúde mental.
Falar sozinho ajuda a nos concentrarmos, a memorizar, a tomar decisões e a distanciar certos conteúdos mentais.
É comum que este discurso privado seja visto, sobretudo, nas crianças mais novas. Quando somos pequenos, não paramos de aprender coisas novas. Esse aprendizado às vezes nos obriga a nos autoinstruirmos, a fim de melhor consolidar as informações.
Também é muito comum que nos deixemos guiar pelo nosso próprio discurso privado se tivermos que cumprir uma tarefa que acabamos de aprender, na qual não somos especialistas.
Técnica de autoinstrução
Em 1969, o psicólogo Meichenbaum desenvolveu uma técnica cognitiva chamada “Treinamento de Autoinstrução”. Seu objetivo é modificar o diálogo interno da pessoa, a fim de facilitar o enfrentamento de uma determinada tarefa, situação ou evento.
Em geral, é utilizada quando o que o indivíduo diz a si mesmo interfere ou é inapropriado para a execução de uma tarefa específica ou para lidar com uma situação de maneira adequada.
Pode ser usada com todos os tipos de população, desde crianças a adultos. A chave é aprender a falar sozinho, em voz alta ou veladamente, para conseguir lidar de forma ideal com uma tarefa.
O procedimento consiste em diferentes fases. Em cada uma delas, a pessoa tem que verbalizar uma autoinstrução que a leve a administrar melhor aquela determinada etapa.
- Definição do problema: “O que devo fazer? Tenho que saber exatamente o que devo fazer”.
- Definição do problema: “Quantos elementos tenho para realizar esta tarefa? Tenho que levar todos eles em consideração quando começar a trabalhar”.
- Foco da atenção: “Tenho que prestar atenção apenas ao que estou fazendo no momento e tentar não me distrair com mais nada”.
- Autorreforço: “Tenho que me parabenizar pelas coisas que estou fazendo bem”.
- Verbalizações para lidar com os erros: “Se eu errar, posso tentar corrigir e, se não conseguir, da próxima vez tentarei fazer melhor”.
- Autoavaliação: “Tenho que avaliar como estou fazendo as coisas”.
- Autorreforço: “Tenho que me parabenizar quando fizer um trabalho corretamente”.
O treinamento de autoinstrução tem se mostrado eficaz para vários distúrbios psicológicos, como o TDAH (transtorno do déficit de atenção com hiperatividade), em que o paciente tem dificuldade em focar e manter a atenção em um objetivo. No entanto, a população geral também pode se beneficiar dele, pois aumenta a concentração e, portanto, a eficiência.
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Outros processos que o hábito de falar sozinho pode nos ajudar a melhorar
Como vimos, falar sozinho pode nos ajudar a melhorar a atenção, a concentração e alcançar os critérios de sucesso para uma tarefa. No entanto, também pode nos ajudar em outros processos cognitivos e psicológicos, tais como:
Memória
Verificou-se que estudar um conteúdo em voz alta ajuda a retê-lo melhor na memória. Isso ocorre porque ouvirmos a nós mesmos em voz alta faz com que o conteúdo permaneça gravado de forma auditiva.
Quando tivermos de recuperar essa informação, é provável que ouçamos nossa voz interna verbalizá-la como se fosse uma fita de áudio. Por isso, falar sozinho em voz alta sobre um tópico pode ser benéfico para alunos ou pessoas que estão preparando uma apresentação ou uma palestra para um público.
Tomada de decisões
Falar sozinho pode nos ajudar a tomar decisões diante de um problema complexo. O ato de colocar nossos pensamentos em palavras, em voz alta, nos permite ter uma perspectiva sobre eles.
Quando verbalizo todas as opções que tenho sobre uma circunstância, posso organizar melhor as informações, descartar os pensamentos que interferem na tomada de decisão e chegar mais claramente a uma solução.
Autorreforço
Projetar frases positivas para si mesmo e verbalizá-las também pode ser útil para a nossa saúde psicológica. É muito importante que, ao conseguir fazer algo que planejamos, parabenizemos a nós mesmos.
Isso melhora a nossa autoestima e nos incentiva a continuar a definir desafios. Por exemplo, se faz muito tempo que estou me preparando para um concurso ou cargo e finalmente sou aprovado, é muito benéfico dizer a mim mesmo: Você foi muito bem, você merece isso!
Descubra também: 6 dicas para recuperar o controle quando a vida não corre bem
Falar sozinho melhora as nossas habilidades sociais
Falar sozinho nos ajuda a treinar nossas habilidades sociais. Essas habilidades são importantes porque nos permitem interagir de forma saudável com o nosso entorno social.
Por isso, falar sozinho em frente a um espelho praticando o tom de voz, o que vamos falar, que frase vamos escolher, etc., é um bom ensaio de assertividade que nos permite ganhar um vantagem antes de nos expormos a uma situação interpessoal real.
Transtorno obsessivo compulsivo puro
No transtorno obsessivo compulsivo puro, ou seja, aquele que não possui compulsões mentais ou motoras, foi observado que falar sozinho traz muitos benefícios.
O fato de verbalizar as obsessões várias vezes ao dia faz com que o paciente se acostume com o seu pensamento e a ansiedade diminua. Nesse sentido, falar consigo mesmo não só não é coisa de “louco”, mas também torna-se uma valiosa ferramenta terapêutica.
Agora, você já tem alguns motivos para se permitir falar sozinho de vez em quando sem julgar a si mesmo e sem medo de ser julgado. O discurso privado é benéfico a nível psicológico, e praticá-lo pode nos ajudar tanto nos processos cognitivos do dia a dia quanto no gerenciamento de alguns tipos de distúrbios psicológicos.
Falar sozinho não é loucura, e sim o contrário. O diálogo interno em voz alta pode ser extremamente útil quando estamos realizando uma tarefa ou queremos nos lembrar de algo importante. Também pode nos auxiliar em outros processos cognitivos e psicológicos.
É verdade que as pessoas que falam consigo mesmas tendem a esconder isso, pois podem ser estigmatizadas e até alvo de olhares julgadores. No entanto, estudos dizem que este hábito pode ser muito benéfico para a nossa saúde mental.
Falar sozinho ajuda a nos concentrarmos, a memorizar, a tomar decisões e a distanciar certos conteúdos mentais.
É comum que este discurso privado seja visto, sobretudo, nas crianças mais novas. Quando somos pequenos, não paramos de aprender coisas novas. Esse aprendizado às vezes nos obriga a nos autoinstruirmos, a fim de melhor consolidar as informações.
Também é muito comum que nos deixemos guiar pelo nosso próprio discurso privado se tivermos que cumprir uma tarefa que acabamos de aprender, na qual não somos especialistas.
Técnica de autoinstrução
Em 1969, o psicólogo Meichenbaum desenvolveu uma técnica cognitiva chamada “Treinamento de Autoinstrução”. Seu objetivo é modificar o diálogo interno da pessoa, a fim de facilitar o enfrentamento de uma determinada tarefa, situação ou evento.
Em geral, é utilizada quando o que o indivíduo diz a si mesmo interfere ou é inapropriado para a execução de uma tarefa específica ou para lidar com uma situação de maneira adequada.
Pode ser usada com todos os tipos de população, desde crianças a adultos. A chave é aprender a falar sozinho, em voz alta ou veladamente, para conseguir lidar de forma ideal com uma tarefa.
O procedimento consiste em diferentes fases. Em cada uma delas, a pessoa tem que verbalizar uma autoinstrução que a leve a administrar melhor aquela determinada etapa.
- Definição do problema: “O que devo fazer? Tenho que saber exatamente o que devo fazer”.
- Definição do problema: “Quantos elementos tenho para realizar esta tarefa? Tenho que levar todos eles em consideração quando começar a trabalhar”.
- Foco da atenção: “Tenho que prestar atenção apenas ao que estou fazendo no momento e tentar não me distrair com mais nada”.
- Autorreforço: “Tenho que me parabenizar pelas coisas que estou fazendo bem”.
- Verbalizações para lidar com os erros: “Se eu errar, posso tentar corrigir e, se não conseguir, da próxima vez tentarei fazer melhor”.
- Autoavaliação: “Tenho que avaliar como estou fazendo as coisas”.
- Autorreforço: “Tenho que me parabenizar quando fizer um trabalho corretamente”.
O treinamento de autoinstrução tem se mostrado eficaz para vários distúrbios psicológicos, como o TDAH (transtorno do déficit de atenção com hiperatividade), em que o paciente tem dificuldade em focar e manter a atenção em um objetivo. No entanto, a população geral também pode se beneficiar dele, pois aumenta a concentração e, portanto, a eficiência.
Pode interessar a você: 11 frases tóxicas que nunca deveriam aparecer em nosso diálogo interno
Outros processos que o hábito de falar sozinho pode nos ajudar a melhorar
Como vimos, falar sozinho pode nos ajudar a melhorar a atenção, a concentração e alcançar os critérios de sucesso para uma tarefa. No entanto, também pode nos ajudar em outros processos cognitivos e psicológicos, tais como:
Memória
Verificou-se que estudar um conteúdo em voz alta ajuda a retê-lo melhor na memória. Isso ocorre porque ouvirmos a nós mesmos em voz alta faz com que o conteúdo permaneça gravado de forma auditiva.
Quando tivermos de recuperar essa informação, é provável que ouçamos nossa voz interna verbalizá-la como se fosse uma fita de áudio. Por isso, falar sozinho em voz alta sobre um tópico pode ser benéfico para alunos ou pessoas que estão preparando uma apresentação ou uma palestra para um público.
Tomada de decisões
Falar sozinho pode nos ajudar a tomar decisões diante de um problema complexo. O ato de colocar nossos pensamentos em palavras, em voz alta, nos permite ter uma perspectiva sobre eles.
Quando verbalizo todas as opções que tenho sobre uma circunstância, posso organizar melhor as informações, descartar os pensamentos que interferem na tomada de decisão e chegar mais claramente a uma solução.
Autorreforço
Projetar frases positivas para si mesmo e verbalizá-las também pode ser útil para a nossa saúde psicológica. É muito importante que, ao conseguir fazer algo que planejamos, parabenizemos a nós mesmos.
Isso melhora a nossa autoestima e nos incentiva a continuar a definir desafios. Por exemplo, se faz muito tempo que estou me preparando para um concurso ou cargo e finalmente sou aprovado, é muito benéfico dizer a mim mesmo: Você foi muito bem, você merece isso!
Descubra também: 6 dicas para recuperar o controle quando a vida não corre bem
Falar sozinho melhora as nossas habilidades sociais
Falar sozinho nos ajuda a treinar nossas habilidades sociais. Essas habilidades são importantes porque nos permitem interagir de forma saudável com o nosso entorno social.
Por isso, falar sozinho em frente a um espelho praticando o tom de voz, o que vamos falar, que frase vamos escolher, etc., é um bom ensaio de assertividade que nos permite ganhar um vantagem antes de nos expormos a uma situação interpessoal real.
Transtorno obsessivo compulsivo puro
No transtorno obsessivo compulsivo puro, ou seja, aquele que não possui compulsões mentais ou motoras, foi observado que falar sozinho traz muitos benefícios.
O fato de verbalizar as obsessões várias vezes ao dia faz com que o paciente se acostume com o seu pensamento e a ansiedade diminua. Nesse sentido, falar consigo mesmo não só não é coisa de “louco”, mas também torna-se uma valiosa ferramenta terapêutica.
Agora, você já tem alguns motivos para se permitir falar sozinho de vez em quando sem julgar a si mesmo e sem medo de ser julgado. O discurso privado é benéfico a nível psicológico, e praticá-lo pode nos ajudar tanto nos processos cognitivos do dia a dia quanto no gerenciamento de alguns tipos de distúrbios psicológicos.
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