Não conseguir dormir bem: por que isso acontece?
Revisado e aprovado por o médico Diego Pereira
São muitas as pessoas que acordam no meio da noite e têm dificuldade para voltar a pegar no sono. Às vezes, perdemos preciosas horas acordados, e só conseguimos dormir novamente quando já está quase na hora de acordar.
Ouvimos a vida inteira que devemos dormir cerca de 8 horas por dia para que nosso organismo possa funcionar de forma adequada. Por isso, ficamos preocupados quando sofremos com esse tipo de insônia.
No entanto, uma linha de pesquisa diferente apresenta alguns estudos falando que, na verdade, dormir 8 horas seguidas durante a noite não é necessário.
Parece difícil de acreditar, não é mesmo? Mas a resposta para essa questão pode estar no comportamento dos nossos antepassados.
Como dormiam os nossos antepassados?
Na antiguidade, principalmente durante o inverno, a escuridão da noite durava cerca de 14 horas. Sem energia elétrica ou tecnologia, as pessoas não tinham como se distrair e acabavam dormindo muito cedo, já que sua única atividade durante a noite era olhar as velas queimarem.
No entanto, era comum que as pessoas dividissem o sono em dois blocos, com duração de 4 horas cada um. Entre os dois, elas acordavam naturalmente, e mantinham-se ativas durante 1 ou 2 horas.
Esse período era usado para ler, rezar, realizar práticas espirituais, refletir, meditar e até conversar com os familiares e vizinhos. Depois de aproximadamente duas horas, todos voltavam a dormir por mais 4 horas.
Estudos sobre o tema
Roger Ekirch, um especialista do sono da Virginia Tech University, nos Estados Unidos, afirma que o padrão dominante de sono para os seres humanos é bifásico, ou seja, em dois blocos diferentes.
Inclusive, em inúmeros documentos e na literatura do período anterior à Revolução Industrial, são encontradas menções ao “primeiro sono” ou “sono profundo” e “segundo sono” ou “sono da manhã”. Mas, com o tempo, essas nomenclaturas foram se perdendo.
Com a chegada da luz e da energia elétrica, ficamos mais produtivos durante a noite, mesmo quando está escuro, e começamos a alterar o nosso padrão de sono, transformando-o em apenas um longo período de 8 horas sem interrupções. No entanto, essa pode não ser a maneira mais natural de dormir.
Na década de 90, um pesquisador do sono chamado Thomas Wehr realizou um estudo interessante sobre esse tema para entender se o comportamento dos seres humanos de hoje seria afetado também pelas noites totalmente escuras.
Os participantes do estudo foram submetidos a dias com 10 horas de luz e noites com 14 horas de escuridão.
Após um curto período de tempo, eles gradativamente começaram a alterar a rotina de sono de forma natural, passando a dormir em dois blocos de quatro horas com um intervalo de algumas horas entre eles. Exatamente como nossos antepassados faziam!
Com isso, podemos concluir que dormir de forma bifásica é o padrão de sono mais natural para os seres humanos, e pode inclusive ser benéfico em vez de prejudicial como imaginávamos durante todos esses anos.
Leia mais: Você sabe quais são os diferentes estágios do sono?
O sono na atualidade
Levando em conta tudo que foi descoberto sobre esse tema, o ato de acordar durante a noite e não conseguir dormir durante algumas horas não seria, portanto, caracterizado como insônia. Mas, sim, como o padrão normal de sono que herdamos de nossos antepassados.
Walter Brown, psiquiatra da Brown Medical School, nos Estados Unidos, afirma que o melhor caminho para quem sofre com a insônia seria entender esse comportamento como algo normal e inerente ao ser humano.
Leia também: A falta de sono pode ter uma relação com a demência
Se pararmos de ver o fato de acordar no meio da noite como problemático, podemos inclusive utilizar esse tempo para fazer algo útil, e pegar no sono com mais facilidade após algumas horas.
No entanto, é importante lembrar que na antiguidade as pessoas iam dormir muito mais cedo do que hoje em dia.
Se formos tentar dormir à meia noite, ainda olhando o celular, por exemplo, não teremos tempo para dormir dois blocos de 4 horas cada um com uma pausa de 2 horas no meio, já que poucos de nós têm o privilégio de poder acordar às 10 horas da manhã.
Dessa forma, se você sofrer de insônia, a melhor opção seria tentar dormir cedo. Assim, seria possível aproveitar as horas acordadas durante a madrugada e dormir novamente até de manhã.
Ainda que possa soar estranho e diferente, alguns já defendem que essa seria a maneira “normal” de dormir.
São muitas as pessoas que acordam no meio da noite e têm dificuldade para voltar a pegar no sono. Às vezes, perdemos preciosas horas acordados, e só conseguimos dormir novamente quando já está quase na hora de acordar.
Ouvimos a vida inteira que devemos dormir cerca de 8 horas por dia para que nosso organismo possa funcionar de forma adequada. Por isso, ficamos preocupados quando sofremos com esse tipo de insônia.
No entanto, uma linha de pesquisa diferente apresenta alguns estudos falando que, na verdade, dormir 8 horas seguidas durante a noite não é necessário.
Parece difícil de acreditar, não é mesmo? Mas a resposta para essa questão pode estar no comportamento dos nossos antepassados.
Como dormiam os nossos antepassados?
Na antiguidade, principalmente durante o inverno, a escuridão da noite durava cerca de 14 horas. Sem energia elétrica ou tecnologia, as pessoas não tinham como se distrair e acabavam dormindo muito cedo, já que sua única atividade durante a noite era olhar as velas queimarem.
No entanto, era comum que as pessoas dividissem o sono em dois blocos, com duração de 4 horas cada um. Entre os dois, elas acordavam naturalmente, e mantinham-se ativas durante 1 ou 2 horas.
Esse período era usado para ler, rezar, realizar práticas espirituais, refletir, meditar e até conversar com os familiares e vizinhos. Depois de aproximadamente duas horas, todos voltavam a dormir por mais 4 horas.
Estudos sobre o tema
Roger Ekirch, um especialista do sono da Virginia Tech University, nos Estados Unidos, afirma que o padrão dominante de sono para os seres humanos é bifásico, ou seja, em dois blocos diferentes.
Inclusive, em inúmeros documentos e na literatura do período anterior à Revolução Industrial, são encontradas menções ao “primeiro sono” ou “sono profundo” e “segundo sono” ou “sono da manhã”. Mas, com o tempo, essas nomenclaturas foram se perdendo.
Com a chegada da luz e da energia elétrica, ficamos mais produtivos durante a noite, mesmo quando está escuro, e começamos a alterar o nosso padrão de sono, transformando-o em apenas um longo período de 8 horas sem interrupções. No entanto, essa pode não ser a maneira mais natural de dormir.
Na década de 90, um pesquisador do sono chamado Thomas Wehr realizou um estudo interessante sobre esse tema para entender se o comportamento dos seres humanos de hoje seria afetado também pelas noites totalmente escuras.
Os participantes do estudo foram submetidos a dias com 10 horas de luz e noites com 14 horas de escuridão.
Após um curto período de tempo, eles gradativamente começaram a alterar a rotina de sono de forma natural, passando a dormir em dois blocos de quatro horas com um intervalo de algumas horas entre eles. Exatamente como nossos antepassados faziam!
Com isso, podemos concluir que dormir de forma bifásica é o padrão de sono mais natural para os seres humanos, e pode inclusive ser benéfico em vez de prejudicial como imaginávamos durante todos esses anos.
Leia mais: Você sabe quais são os diferentes estágios do sono?
O sono na atualidade
Levando em conta tudo que foi descoberto sobre esse tema, o ato de acordar durante a noite e não conseguir dormir durante algumas horas não seria, portanto, caracterizado como insônia. Mas, sim, como o padrão normal de sono que herdamos de nossos antepassados.
Walter Brown, psiquiatra da Brown Medical School, nos Estados Unidos, afirma que o melhor caminho para quem sofre com a insônia seria entender esse comportamento como algo normal e inerente ao ser humano.
Leia também: A falta de sono pode ter uma relação com a demência
Se pararmos de ver o fato de acordar no meio da noite como problemático, podemos inclusive utilizar esse tempo para fazer algo útil, e pegar no sono com mais facilidade após algumas horas.
No entanto, é importante lembrar que na antiguidade as pessoas iam dormir muito mais cedo do que hoje em dia.
Se formos tentar dormir à meia noite, ainda olhando o celular, por exemplo, não teremos tempo para dormir dois blocos de 4 horas cada um com uma pausa de 2 horas no meio, já que poucos de nós têm o privilégio de poder acordar às 10 horas da manhã.
Dessa forma, se você sofrer de insônia, a melhor opção seria tentar dormir cedo. Assim, seria possível aproveitar as horas acordadas durante a madrugada e dormir novamente até de manhã.
Ainda que possa soar estranho e diferente, alguns já defendem que essa seria a maneira “normal” de dormir.
Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.
- Galve, J. J. G. (2009). Consejos y ayudas para dormir bien. Medicina naturista, 3(2), 72-76. https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/3017263.pdf
- Ceña Callejo, R. (2017). Dormir bien para vivir y trabajar mejor. Revista de la Asociación Española de Especialistas en Medicina del Trabajo, 26(2), 90-91. http://scielo.isciii.es/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1132-62552017000200090
- Labrador, D. (2011). La importancia de dormir bien para aprender. Discapnet.
- Estivill, E., & Segarra, F. (2000). Insomnio infantil por hábitos incorrectos. Rev Neurol, 30(2), 188-91. http://amapamu.org/actividades/charlas2006/segarra.pdf
- Gallego Gómez, J. I. (2013). Calidad del sueño y somnolencia diurna en estudiantes de Enfermería: estudio de prevalencia. http://repositorio.ucam.edu/handle/10952/829
- Barbato, G., Barker, C., Bender, C., Giesen, H. A., & Wehr, T. A. (1994). Extended sleep in humans in 14 hour nights (LD 10: 14): relationship between REM density and spontaneous awakening. Electroencephalography and clinical neurophysiology, 90(4), 291-297. https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/0013469494901473
- Ekirch, A. R. (2001). Sleep we have lost: pre-industrial slumber in the British Isles. The American Historical Review, 106(2), 343-386. https://academic.oup.com/ahr/article-abstract/106/2/343/64370
- Ekirch, A. R. (2006). At day’s close: night in times past. WW Norton & Company.
Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.