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Diagnóstico tardio de autismo: o caso da cantora Sia

5 minutos
A cantora Sia, conhecida pelo sucesso “Chandelier”, revelou que recebeu um diagnóstico tardio de autismo.
Diagnóstico tardio de autismo: o caso da cantora Sia
Escrito por Equipe Editorial
Última atualização: 28 junho, 2023

A cantora australiana Sia, de 47 anos, contou no podcast Rob Has a Podcast que foi diagnosticada recentemente com autismo.

Os TEAs (transtornos do espectro autista) são, segundo o Manual MSD de Diagnóstico e Tratamento, distúrbios do neurodesenvolvimento, os quais ocasionam dificuldades de interação e comunicação social e desenvolvimento intelectual irregular. Geralmente, são diagnosticados durante a infância.

Diagnostico do transtorno do espectro autista

O neurologista Edson Issamu, da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, explica que o diagnóstico do transtorno costuma ocorrer de maneira clínica, com entrevista entre paciente, médico e psicólogo.

Além disso, é possível que sejam solicitados exames, como ressonâncias magnéticas, tomografias computadorizadas, eletroencefalograma e um teste neuropsicológico, junto com um teste de Roscharch.

Quando o diagnóstico é para uma criança, também é solicitada a presença dos pais para a conversa, de modo a entender o desenvolvimento e o histórico de doenças.

“A somatória de todos esses fatores é o que vai fazer o diagnóstico do TEA.”

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No entanto, o psiquiatra Wimer Bottura, membro da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), esclarece que não existem deformidades cerebrais ou aspectos bioquímicos que justifiquem o autismo, o que pode gerar certa controvérsia no diagnóstico de TEA.

O caso da cantora Sia e o diagnóstico tardio de autismo

A cantora Sai há pouco revelou ter sido diagnosticada com autismo:

“Eu estou no espectro autista, e estou em recuperação de problemas com a bebida. Por 45 anos, eu pensei: ‘Tenho que colocar meu traje humano’ e, somente nos últimos dois anos eu me tornei totalmente eu mesma”, afirmou a cantora.

Sia também destacou a sobriedade e afirmou que, depois do diagnóstico, aprendeu a se aceitar de forma incondicional.

“Ninguém jamais poderá conhecê-lo e amá-lo quando você estiver cheio de segredos e… vivendo com vergonha. E quando finalmente nos sentamos em uma sala cheia de estranhos e contamos a eles nossos segredos mais profundos, sombrios e vergonhosos, e todo mundo ri junto com a gente, não nos sentimos como pedaços de lixo pela primeira vez em nossas vidas. Sentimos-nos vistos pela primeira vez por quem realmente somos, então podemos começar a sair para o mundo apenas operando como humanos e seres humanos com corações e não fingindo ser nada”, desabafou ela.

Diagnóstico tardio de autismo: vida adulta

De acordo com o pós PhD em neurociências Dr. Fabiano de Abreu Agrela o autismo pode se desenvolver de diversas formas na idade adulta, mas é possível controlar seus sintomas com o tratamento.

“As causas do autismo são multifatoriais, podendo advir de fatores genéticos, ambientais, condições neurológicas, entre outras, mas todas convergem para gerar uma hipoconectividade entre os dois hemisférios do cérebro, fazendo com que habilidades que exigem a interação entre as duas regiões sejam prejudicadas”, explica o especialista.

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Uma pesquisa realizada por psicólogos da Edge Hill University apontou que adultos podem desenvolver graves problemas emocionais após um diagnóstico tardio de autismo. Segundo os especialistas, uma boa parte dos adultos autistas de hoje não foi diagnosticada na hora certa e por isso são considerados uma “geração perdida.”

O estudo, publicado pelo Journal of Autism and Developmental Disorders e divulgado pelo Medical Xpress, levou em consideração a idade do diagnostico, o sexo e o impacto na vida da pessoa. Segundo os resultados, a descoberta tardia da síndrome afeta a saúde mental do adulto.

“Como as entrevistas no estudo revelaram, receber um diagnóstico de autismo na idade adulta pode ser altamente emocional. Nessas circunstâncias, a pessoa muitas vezes sente a necessidade de revisitar quem é, como se explica a outras pessoas e como elas reescreveram sua própria história”, explicou o Dr. Liam Cross.

Graus do autismo

Nível 1: Autismo leve

A pessoa precisa de ajuda moderada para navegar adequadamente em situações sociais, para detectar e interpretar corretamente sinais de linguagem não verbal, bem como para adquirir novas habilidades e conhecimentos que não estejam em suas áreas de interesse imediato.

Esse tipo de ajuda pode ser fornecida por membros da família, colegas e professores que tenham um certo nível de familiaridade e conhecimento sobre o autismo.

A maioria das pessoas nesse nível pode levar uma vida normal e independente em quase todos os aspectos.

Nível 2: Autismo moderado

Além de estar cercada por familiares, colegas e professores que conhecem sua situação, suas necessidades e sua maneira de se expressar, a pessoa com autismo moderado pode precisar de terapias de fala e apoio profissional frequente.

Nível 3: Autismo severo

Esse nível de autismo dificulta a realização de atividades diárias, como ir à escola, fazer a higiene pessoal ou simplesmente cuidar de si mesmo. A pessoa precisa que outra pessoa cuide dela durante a maior parte do tempo e requer ajuda profissional para adquirir, pouco a pouco, algumas habilidades que lhe permitam ser um pouco mais independente.

Os níveis de autismo têm, por sua vez, diferentes dimensões, como comunicação social, flexibilidade cognitiva e comportamentos restritos e repetitivos. Uma pessoa pode ter um nível muito leve de autismo em termos de comunicação social, mas um nível moderado em termos de interesses e comportamentos.

Além disso, diferentes graus de autismo podem ou não ser acompanhados de deficiência intelectual, distúrbios de linguagem ou de comportamento, distúrbios sensoriais e problemas de alimentação e sono.

Tratamento para o TEA

Os especialistas dizem que não existe um tratamento para o TEA, mas abordagens terapêuticas multidisciplinares podem auxiliar no controle de sintomas.

São necessários apoio psicológico, podendo até exigir neuropsicólogos, terapias ocupacionais para ajudar no desenvolvimento de algumas habilidades e consultas com psiquiatras, em casos em que o paciente tenha outros transtornos associados.

Some figure

O tratamento para adultos com autismo geralmente inclui terapia psicoeducacional, comportamental e de linguagem e comunicação.

Essa intervenção geralmente contém programas de habilidades sociais e também programas de integração ao trabalho ou programas de aprendizagem.

No caso dos adultos com autismo, também é importante trabalhar o autoconhecimento com o objetivo de que a pessoa compreenda suas características e necessidades pessoais para que possa se adaptar cada vez mais às situações sociais e cotidianas que enfrenta.

A cantora australiana Sia, de 47 anos, contou no podcast Rob Has a Podcast que foi diagnosticada recentemente com autismo.

Os TEAs (transtornos do espectro autista) são, segundo o Manual MSD de Diagnóstico e Tratamento, distúrbios do neurodesenvolvimento, os quais ocasionam dificuldades de interação e comunicação social e desenvolvimento intelectual irregular. Geralmente, são diagnosticados durante a infância.

Diagnostico do transtorno do espectro autista

O neurologista Edson Issamu, da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, explica que o diagnóstico do transtorno costuma ocorrer de maneira clínica, com entrevista entre paciente, médico e psicólogo.

Além disso, é possível que sejam solicitados exames, como ressonâncias magnéticas, tomografias computadorizadas, eletroencefalograma e um teste neuropsicológico, junto com um teste de Roscharch.

Quando o diagnóstico é para uma criança, também é solicitada a presença dos pais para a conversa, de modo a entender o desenvolvimento e o histórico de doenças.

“A somatória de todos esses fatores é o que vai fazer o diagnóstico do TEA.”

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No entanto, o psiquiatra Wimer Bottura, membro da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), esclarece que não existem deformidades cerebrais ou aspectos bioquímicos que justifiquem o autismo, o que pode gerar certa controvérsia no diagnóstico de TEA.

O caso da cantora Sia e o diagnóstico tardio de autismo

A cantora Sai há pouco revelou ter sido diagnosticada com autismo:

“Eu estou no espectro autista, e estou em recuperação de problemas com a bebida. Por 45 anos, eu pensei: ‘Tenho que colocar meu traje humano’ e, somente nos últimos dois anos eu me tornei totalmente eu mesma”, afirmou a cantora.

Sia também destacou a sobriedade e afirmou que, depois do diagnóstico, aprendeu a se aceitar de forma incondicional.

“Ninguém jamais poderá conhecê-lo e amá-lo quando você estiver cheio de segredos e… vivendo com vergonha. E quando finalmente nos sentamos em uma sala cheia de estranhos e contamos a eles nossos segredos mais profundos, sombrios e vergonhosos, e todo mundo ri junto com a gente, não nos sentimos como pedaços de lixo pela primeira vez em nossas vidas. Sentimos-nos vistos pela primeira vez por quem realmente somos, então podemos começar a sair para o mundo apenas operando como humanos e seres humanos com corações e não fingindo ser nada”, desabafou ela.

Diagnóstico tardio de autismo: vida adulta

De acordo com o pós PhD em neurociências Dr. Fabiano de Abreu Agrela o autismo pode se desenvolver de diversas formas na idade adulta, mas é possível controlar seus sintomas com o tratamento.

“As causas do autismo são multifatoriais, podendo advir de fatores genéticos, ambientais, condições neurológicas, entre outras, mas todas convergem para gerar uma hipoconectividade entre os dois hemisférios do cérebro, fazendo com que habilidades que exigem a interação entre as duas regiões sejam prejudicadas”, explica o especialista.

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Uma pesquisa realizada por psicólogos da Edge Hill University apontou que adultos podem desenvolver graves problemas emocionais após um diagnóstico tardio de autismo. Segundo os especialistas, uma boa parte dos adultos autistas de hoje não foi diagnosticada na hora certa e por isso são considerados uma “geração perdida.”

O estudo, publicado pelo Journal of Autism and Developmental Disorders e divulgado pelo Medical Xpress, levou em consideração a idade do diagnostico, o sexo e o impacto na vida da pessoa. Segundo os resultados, a descoberta tardia da síndrome afeta a saúde mental do adulto.

“Como as entrevistas no estudo revelaram, receber um diagnóstico de autismo na idade adulta pode ser altamente emocional. Nessas circunstâncias, a pessoa muitas vezes sente a necessidade de revisitar quem é, como se explica a outras pessoas e como elas reescreveram sua própria história”, explicou o Dr. Liam Cross.

Graus do autismo

Nível 1: Autismo leve

A pessoa precisa de ajuda moderada para navegar adequadamente em situações sociais, para detectar e interpretar corretamente sinais de linguagem não verbal, bem como para adquirir novas habilidades e conhecimentos que não estejam em suas áreas de interesse imediato.

Esse tipo de ajuda pode ser fornecida por membros da família, colegas e professores que tenham um certo nível de familiaridade e conhecimento sobre o autismo.

A maioria das pessoas nesse nível pode levar uma vida normal e independente em quase todos os aspectos.

Nível 2: Autismo moderado

Além de estar cercada por familiares, colegas e professores que conhecem sua situação, suas necessidades e sua maneira de se expressar, a pessoa com autismo moderado pode precisar de terapias de fala e apoio profissional frequente.

Nível 3: Autismo severo

Esse nível de autismo dificulta a realização de atividades diárias, como ir à escola, fazer a higiene pessoal ou simplesmente cuidar de si mesmo. A pessoa precisa que outra pessoa cuide dela durante a maior parte do tempo e requer ajuda profissional para adquirir, pouco a pouco, algumas habilidades que lhe permitam ser um pouco mais independente.

Os níveis de autismo têm, por sua vez, diferentes dimensões, como comunicação social, flexibilidade cognitiva e comportamentos restritos e repetitivos. Uma pessoa pode ter um nível muito leve de autismo em termos de comunicação social, mas um nível moderado em termos de interesses e comportamentos.

Além disso, diferentes graus de autismo podem ou não ser acompanhados de deficiência intelectual, distúrbios de linguagem ou de comportamento, distúrbios sensoriais e problemas de alimentação e sono.

Tratamento para o TEA

Os especialistas dizem que não existe um tratamento para o TEA, mas abordagens terapêuticas multidisciplinares podem auxiliar no controle de sintomas.

São necessários apoio psicológico, podendo até exigir neuropsicólogos, terapias ocupacionais para ajudar no desenvolvimento de algumas habilidades e consultas com psiquiatras, em casos em que o paciente tenha outros transtornos associados.

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O tratamento para adultos com autismo geralmente inclui terapia psicoeducacional, comportamental e de linguagem e comunicação.

Essa intervenção geralmente contém programas de habilidades sociais e também programas de integração ao trabalho ou programas de aprendizagem.

No caso dos adultos com autismo, também é importante trabalhar o autoconhecimento com o objetivo de que a pessoa compreenda suas características e necessidades pessoais para que possa se adaptar cada vez mais às situações sociais e cotidianas que enfrenta.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.