Aversão à amamentação: por que acontece e como lidar com isso?
A aversão à amamentação é um fenômeno complexo e pouco falado. Tem a ver com emoções e sensações desagradáveis para a mãe no ato de amamentar. Em seguida, surge um sentimento de culpa por isso.
Os benefícios do leite materno para o bebê são bem conhecidos. Mas quando há aversão, essa experiência é rejeitada de forma involuntária.
As mulheres que vivenciam isso não são mães ruins, longe disso. São apenas seres humanos que têm dificuldade em viver essa situação de forma natural e gratificante. Não se trata de capricho; existem causas reais, mas também soluções.
Amamentação e sua importância
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e os médicos recomendam que o bebê se alimente exclusivamente com o leite materno nos primeiros 6 meses de vida. O ideal é que posteriormente se incorporem alimentos complementares, e que o aleitamento materno seja mantido até os 2 anos de idade.
Por si só, isso possui um profundo significado emocional, tanto para a mãe quanto para o bebê. Para a mulher, é uma forma que lhe permite identificar-se com o seu papel de mãe, desenvolvendo um vínculo estreito com o filho. Para o bebê, faz parte da experiência de apego requerida no início de sua vida.
Dessa forma, alimentar o bebê com leite materno não traz grandes benefícios apenas para a saúde física, mas também proporciona uma experiência psicológica significativa. No entanto, algumas mães não conseguem sentir isso dessa maneira.
Veja: 10 mitos sobre a amamentação nos quais você não deveria acreditar
O que é a aversão à amamentação?
A aversão à amamentação é uma situação em que a mãe vivencia um conjunto de sentimentos negativos em relação ao ato de amamentar. Isso ocorre de maneira repentina e sem uma causa física ou concreta que o explique.
Também é conhecida como perturbação da amamentação. Ocorre em mães de diferentes idades e condições; inclusive as que já tiveram filhos e não vivenciaram algo parecido ao amamentá-los.
Não há dados específicos sobre a incidência desse fenômeno, mas se acredita que possa ser uma situação muito comum. A questão é que isso gera um sentimento de culpa nas mães, então elas não falam sobre isso. Da mesma forma, muitos profissionais da saúde ignoram a sua existência.
De todas as formas, pode ser que até um terço das mulheres passe por essa situação. Existem poucos estudos a respeito. Embora em 2017 tenha sido realizada uma pesquisa com 694 mulheres em que 70% apresentava sintomas desse problema.
Sintomas
É importante ressaltar que no início da amamentação é comum que haja algum desconforto físico ao amamentar o bebê. Isso pode causar algum desconforto, mas não afeta o estímulo para alimentar o pequeno.
Na aversão à amamentação a situação é diferente. Não há problemas físicos com a amamentação, mas sim uma série de emoções negativas ao realizá-la. Há rejeição ao ato de alimentar a criança. Pode haver receio em ter contato físico com o bebê.
As mulheres descrevem a aversão à amamentação como uma situação em que surgem sentimentos de raiva e revolta no momento da amamentação. Há também irritação e agitação. Da mesma forma, muitas afirmam que sentem formigamento ou coceira na pele e que sentem dor nos mamilos.
Uma meta-análise publicada em 2021 mostra que esses sintomas são consistentes:
- Desejo de remover o bebê o mais rápido possível.
- Pensamentos violentos em relação ao bebê, em alguns casos.
Ocorre principalmente com crianças menores de 1 ano de idade. É mais comum em mulheres que estão amamentando durante uma gravidez em andamento.
Às vezes é constante e em outras aparece apenas em algumas fotos, principalmente nas noturnas. É mais comum em dias que coincidem com a menstruação ou ovulação.
Existe um conflito interno sobre o desejo de amamentar e a recusa em fazê-lo.
Outros dados de interesse
Embora as manifestações usuais de aversão à amamentação sejam as já descritas, também há casos em que ocorrem outros sintomas. Algumas mães relatam que a amamentação lhes produz uma sensação erótica que elas rechaçam. Outras dizem que predomina um sentimento de frustração e impotência.
A coisa mais difícil de lidar, em qualquer caso, é a ambivalência. Rejeição, por um lado, e culpa intensa, por outro. Há casos em que essas emoções estão presentes, mas de forma discreta. Outras vezes são muito pronunciadas e até aumentam com o tempo.
Muitas mulheres reconhecem que o gatilho para a aversão à amamentação é a fadiga extrema. Por isso é mais comum que apareça ou aumente durante as mamadas noturnas. Igualmente, com bebês que são muito exigentes.
Confira: 6 posições para amamentar o bebê
Causas
A ciência não identificou totalmente as causas da aversão à amamentação. Por enquanto, sabe-se que existem alguns gatilhos circunstanciais, como os seguintes:
- Fadiga: o cansaço aumenta a recusa em amamentar.
- Aleitamento materno duplo: refere-se aos casos em que a mãe engravida durante a amamentação e decide continuar com ela. Até 60% das mulheres nesta situação desenvolvem uma aversão à amamentação.
- Sensibilidade física: às vezes há muita sensibilidade no mamilo ou nas mamas, talvez devido a posições inadequadas ao amamentar.
- Experiências de abuso sexual: a amamentação envolve contato muito íntimo e próximo, que pode ser rejeitado por algumas mulheres com histórico de abuso sexual.
- Traumas psicológicos anteriores: uma experiência infeliz com a própria mãe pode ser projetada em uma criança.
- Menstruação e ovulação: Muitas mulheres relatam sentir rejeição apenas durante essas épocas do mês. É possível que haja algum elemento fisiológico envolvido.
Como tratar a aversão à amamentação?
A principal dificuldade na aversão ao aleitamento materno é que muitas vezes não é identificado e cada vez se fala menos disso. O primeiro passo para superar essa condição é reconhecer que ela existe e que isso não significa que a mulher seja uma mãe ruim.
O plano de ação seria o seguinte:
- Exculpabilizar. É importante entender que a rejeição não é deliberada, portanto, não deve haver culpa.
- Comunique-se. Verbalizar nesses casos é essencial. Um profissional de saúde é uma boa opção para discutir a situação.
- Identifique a situação. É importante observar quando ocorrem os sintomas de aversão à amamentação e como são essas manifestações.
- Distraia e relaxe. É possível encontrar alguma distração durante a amamentação, como ouvir música ou ler um livro.
- Descanse mais. Se for detectado que a aversão à amamentação está associada ao cansaço, é melhor encontrar uma maneira de descansar mais e melhor.
- Verifique a postura. Se houver dor ou desconforto físico, é fundamental rever a postura adotada para a amamentação e discuti-la com o pediatra.
- Desmame respeitoso. Se você achar que não é possíve resolver o problema, é melhor realizar um desmame consciente após 6 meses de amamentação.
Às vezes, tudo é resolvido quando a causa da rejeição é encontrada e a questão pode ser controlada. Em outras ocasiões, não é possível identificar o motivo da aversão à amamentação.
O melhor é ir à psicoterapia e talvez adiantar um desmame consciente. Pacificar a situação é melhor para a mãe e para o bebê.
A aversão à amamentação é um fenômeno complexo e pouco falado. Tem a ver com emoções e sensações desagradáveis para a mãe no ato de amamentar. Em seguida, surge um sentimento de culpa por isso.
Os benefícios do leite materno para o bebê são bem conhecidos. Mas quando há aversão, essa experiência é rejeitada de forma involuntária.
As mulheres que vivenciam isso não são mães ruins, longe disso. São apenas seres humanos que têm dificuldade em viver essa situação de forma natural e gratificante. Não se trata de capricho; existem causas reais, mas também soluções.
Amamentação e sua importância
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e os médicos recomendam que o bebê se alimente exclusivamente com o leite materno nos primeiros 6 meses de vida. O ideal é que posteriormente se incorporem alimentos complementares, e que o aleitamento materno seja mantido até os 2 anos de idade.
Por si só, isso possui um profundo significado emocional, tanto para a mãe quanto para o bebê. Para a mulher, é uma forma que lhe permite identificar-se com o seu papel de mãe, desenvolvendo um vínculo estreito com o filho. Para o bebê, faz parte da experiência de apego requerida no início de sua vida.
Dessa forma, alimentar o bebê com leite materno não traz grandes benefícios apenas para a saúde física, mas também proporciona uma experiência psicológica significativa. No entanto, algumas mães não conseguem sentir isso dessa maneira.
Veja: 10 mitos sobre a amamentação nos quais você não deveria acreditar
O que é a aversão à amamentação?
A aversão à amamentação é uma situação em que a mãe vivencia um conjunto de sentimentos negativos em relação ao ato de amamentar. Isso ocorre de maneira repentina e sem uma causa física ou concreta que o explique.
Também é conhecida como perturbação da amamentação. Ocorre em mães de diferentes idades e condições; inclusive as que já tiveram filhos e não vivenciaram algo parecido ao amamentá-los.
Não há dados específicos sobre a incidência desse fenômeno, mas se acredita que possa ser uma situação muito comum. A questão é que isso gera um sentimento de culpa nas mães, então elas não falam sobre isso. Da mesma forma, muitos profissionais da saúde ignoram a sua existência.
De todas as formas, pode ser que até um terço das mulheres passe por essa situação. Existem poucos estudos a respeito. Embora em 2017 tenha sido realizada uma pesquisa com 694 mulheres em que 70% apresentava sintomas desse problema.
Sintomas
É importante ressaltar que no início da amamentação é comum que haja algum desconforto físico ao amamentar o bebê. Isso pode causar algum desconforto, mas não afeta o estímulo para alimentar o pequeno.
Na aversão à amamentação a situação é diferente. Não há problemas físicos com a amamentação, mas sim uma série de emoções negativas ao realizá-la. Há rejeição ao ato de alimentar a criança. Pode haver receio em ter contato físico com o bebê.
As mulheres descrevem a aversão à amamentação como uma situação em que surgem sentimentos de raiva e revolta no momento da amamentação. Há também irritação e agitação. Da mesma forma, muitas afirmam que sentem formigamento ou coceira na pele e que sentem dor nos mamilos.
Uma meta-análise publicada em 2021 mostra que esses sintomas são consistentes:
- Desejo de remover o bebê o mais rápido possível.
- Pensamentos violentos em relação ao bebê, em alguns casos.
Ocorre principalmente com crianças menores de 1 ano de idade. É mais comum em mulheres que estão amamentando durante uma gravidez em andamento.
Às vezes é constante e em outras aparece apenas em algumas fotos, principalmente nas noturnas. É mais comum em dias que coincidem com a menstruação ou ovulação.
Existe um conflito interno sobre o desejo de amamentar e a recusa em fazê-lo.
Outros dados de interesse
Embora as manifestações usuais de aversão à amamentação sejam as já descritas, também há casos em que ocorrem outros sintomas. Algumas mães relatam que a amamentação lhes produz uma sensação erótica que elas rechaçam. Outras dizem que predomina um sentimento de frustração e impotência.
A coisa mais difícil de lidar, em qualquer caso, é a ambivalência. Rejeição, por um lado, e culpa intensa, por outro. Há casos em que essas emoções estão presentes, mas de forma discreta. Outras vezes são muito pronunciadas e até aumentam com o tempo.
Muitas mulheres reconhecem que o gatilho para a aversão à amamentação é a fadiga extrema. Por isso é mais comum que apareça ou aumente durante as mamadas noturnas. Igualmente, com bebês que são muito exigentes.
Confira: 6 posições para amamentar o bebê
Causas
A ciência não identificou totalmente as causas da aversão à amamentação. Por enquanto, sabe-se que existem alguns gatilhos circunstanciais, como os seguintes:
- Fadiga: o cansaço aumenta a recusa em amamentar.
- Aleitamento materno duplo: refere-se aos casos em que a mãe engravida durante a amamentação e decide continuar com ela. Até 60% das mulheres nesta situação desenvolvem uma aversão à amamentação.
- Sensibilidade física: às vezes há muita sensibilidade no mamilo ou nas mamas, talvez devido a posições inadequadas ao amamentar.
- Experiências de abuso sexual: a amamentação envolve contato muito íntimo e próximo, que pode ser rejeitado por algumas mulheres com histórico de abuso sexual.
- Traumas psicológicos anteriores: uma experiência infeliz com a própria mãe pode ser projetada em uma criança.
- Menstruação e ovulação: Muitas mulheres relatam sentir rejeição apenas durante essas épocas do mês. É possível que haja algum elemento fisiológico envolvido.
Como tratar a aversão à amamentação?
A principal dificuldade na aversão ao aleitamento materno é que muitas vezes não é identificado e cada vez se fala menos disso. O primeiro passo para superar essa condição é reconhecer que ela existe e que isso não significa que a mulher seja uma mãe ruim.
O plano de ação seria o seguinte:
- Exculpabilizar. É importante entender que a rejeição não é deliberada, portanto, não deve haver culpa.
- Comunique-se. Verbalizar nesses casos é essencial. Um profissional de saúde é uma boa opção para discutir a situação.
- Identifique a situação. É importante observar quando ocorrem os sintomas de aversão à amamentação e como são essas manifestações.
- Distraia e relaxe. É possível encontrar alguma distração durante a amamentação, como ouvir música ou ler um livro.
- Descanse mais. Se for detectado que a aversão à amamentação está associada ao cansaço, é melhor encontrar uma maneira de descansar mais e melhor.
- Verifique a postura. Se houver dor ou desconforto físico, é fundamental rever a postura adotada para a amamentação e discuti-la com o pediatra.
- Desmame respeitoso. Se você achar que não é possíve resolver o problema, é melhor realizar um desmame consciente após 6 meses de amamentação.
Às vezes, tudo é resolvido quando a causa da rejeição é encontrada e a questão pode ser controlada. Em outras ocasiões, não é possível identificar o motivo da aversão à amamentação.
O melhor é ir à psicoterapia e talvez adiantar um desmame consciente. Pacificar a situação é melhor para a mãe e para o bebê.
Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.
- Yate Z. M. (2017). A Qualitative Study on Negative Emotions Triggered by Breastfeeding; Describing the Phenomenon of Breastfeeding/Nursing Aversion and Agitation in Breastfeeding Mothers. Iranian journal of nursing and midwifery research, 22(6), 449–454. https://doi.org/10.4103/ijnmr.IJNMR_235_16.
- Morns MA, Steel AE, Burns E, McIntyre E. Women who experience feelings of aversion while breastfeeding: A meta-ethnographic review. Women Birth. 2021 Mar;34(2):128-135. doi: 10.1016/j.wombi.2020.02.013. Epub 2020 Feb 21. PMID: 32089458.
- Puertas, E. C., Herrerías, I. H., & Puertas, E. C. Aversión o agitación de la lactancia: experiencia vivida y repercusiones en la lactancia.
Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.