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Como funcionam os antibióticos para infecções urinárias

5 minutos
Os antibióticos são usados ​para tratar infecções do trato urinário porque, na maioria das vezes, os agentes causadores são bactérias. Existem várias opções de tratamento, sobre as quais falaremos a seguir.
Como funcionam os antibióticos para infecções urinárias
Leonardo Biolatto

Escrito e verificado por médico Leonardo Biolatto

Escrito por Leonardo Biolatto
Última atualização: 11 outubro, 2022

A prescrição de antibióticos para tratar infecções urinárias é algo comum. Após a consulta médica e o diagnóstico que atesta a colonização bacteriana, o profissional prescreve o consumo de um antimicrobiano por um determinado número de dias. Na maioria das vezes, esse protocolo está correto e funciona.

A situação se repete porque, por um lado, a patologia é uma das mais frequentes na prática ambulatorial geral em todo o mundo. Por outro, os antibióticos têm sido a forma mais eficaz de controlar esse distúrbio e evitar complicações.

O contexto por trás das infecções urinárias

A frequência dessa doença é muito alta, principalmente entre as mulheres. Estima-se que 20% da população feminina irá sofrer de uma infecção urinária que exija o uso de antibióticos pelo menos uma vez na vida.

Embora seja menos comum em homens, uma complicação resultante é a prostatite crônicaMuitos homens começam com sintomas urinários aos quais não dão importância; consequentemente, as bactérias colonizadoras migram para a próstata e ali se instalam até causar uma inflamação grave.

As estatísticas também mostram que a baixa apresentação é, de longe, a mais comum. Uma infecção do trato urinário inferior é entendida como aquela que ocorre na bexiga e na uretra, enquanto as superiores são nos rins e ureteres.

Em relação à idade, o envelhecimento acaba sendo um fator de risco. Mulheres após a menopausa e homens idosos internados em casas de repouso têm uma alta probabilidade de se infectar.

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Embora as infecções urinárias sejam menos comuns em homens, podem ser o gatilho para a prostatite crônica.

Quem é o responsável pela doença e por que os antibióticos funcionam?

Como antecipamos, as bactérias são os micro-organismos mais relacionados às infecções urinárias. Acima dos vírus e fungos, elas são as responsáveis pelo maior número de casos.

Entre elas, está a variedade Escherichia coli, que causa até 80% das cistites e uretritesEsta bactéria é um habitante regular do sistema digestivo, principalmente da última seção intestinal. Seu contágio costuma ser endógeno, ou seja, a própria pessoa a transmite a si mesma.

Nas mulheres, a explicação vem da uretra mais curta do que nos homens e da posição mais próxima entre os sistemas urinário e digestivo. Isso favorece a passagem da Escherichia coli entre o ânus e o orifício uretral, por onde ela ascende para colonizar.

Em menor medida, outros micro-organismos são causadores de infecções urinárias, entre os quais podemos citar os seguintes:

  • Proteus mirabilis
  • Klebsiella pneumoniae
  • Enterococcus faecalis

Todas essas bactérias são sensíveis a algum tipo de antibiótico e, portanto, pode ser necessário um antibiograma antes de iniciar o tratamento. Esse teste mede a sensibilidade dos patógenos aos medicamentos para prescrever o correto, capaz de matar o micro-organismo.

Os antibióticos para infecções urinárias

Uma vez que o agente causador foi identificado e o antibiograma determinou qual antibiótico é o mais apropriado para aquela infecção urinária, o protocolo de tratamento é iniciado. Não existe medicamento ideal, mas a prescrição deve ser adaptada a cada caso particular.

Nesse sentido, é necessário considerar a idade do paciente, possíveis doenças pré-existentes, alergias e o tipo de distúrbio causado no sistema renal. Quais são os antibióticos mais comumente usados? Vamos detalhar a seguir.

Penicilinas e derivados: antibióticos para infecções urinárias

Por ser um dos grupos mais antigos na luta contra as bactérias, as penicilinas evoluíram ao longo do tempoNessa família, encontram-se a amoxicilina e a ampicilina, ainda eficazes contra uma ampla variedade de micro-organismos. Também temos as cefalosporinas, como cefalexina, cefalotina e ceftriaxona.

A maioria das Escherichia coli é sensível a esses antibióticos, da mesma forma que o Proteus. Entre as gestantes, são uma ótima opção, visto que os estudos não registraram efeitos sobre o feto, por isso apresentam alta segurança de uso nesta situação.

Não deixe de ler: Por que a automedicação com antibióticos é perigosa?

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A penicilina e seus derivados são os medicamentos mais usados ​​em caso de infecções bacterianas do trato urinário.

Aminoglicosídeos

Esta família, cujo representante é a gentamicina, é bactericida para tipos gram negativos. Isso significa que eles não suspendem o crescimento bacteriano, mas matam o micro-organismo classificado nesta categoria. Por esse motivo, os enterococos são tratados com eles.

Eles têm uma série de efeitos adversos que limitam seu uso. É preferível evitá-los em gestantes e bebês que ainda estão desenvolvendo seus tecidos, devido à possibilidade de interferir nos processos de formação celular.

Quinolonas

Com o passar do tempo e a descoberta de novos medicamentos, alguns antibióticos ganharam espaço na preferência de escolha contra infecções do trato urinário. Foi o caso das quinolonas que, progressivamente, substituíram as amoxicilinas e as penicilinas.

Essa mudança nem sempre foi baseada em evidências científicas, mas foi imposta. É possível que isso tenha ocorrido devido à facilidade de uso desses medicamentos, que exigem menos doses em menos dias.

A família possui entre seus compostos o norfloxacino, ciprofloxacino, pefloxacino e gatifloxacino. Os dois primeiros são os mais indicados para esta doença devido à sua ação bactericida. Uma vantagem desse grupo é que as quinolonas se concentram com potência nos tecidos onde devem atacar.

Para os homens, por exemplo, seu poder de penetrar na próstata os torna a primeira linha para evitar doenças crônicasA norfloxacina, por sua vez, é encontrada em altas concentrações na urina depois de ingerida.

Trimetoprima com sulfametoxazol

Esta combinação de medicamentos é considerada um antibiótico por si só. Nem sempre pode ser usada porque a sua capacidade de ação é limitada às bactérias mais frequentemente detectadas em infecções do trato urinário. No entanto, se o antibiograma permitir, não é uma opção ruim.

Esse medicamento tem um bom efeito na próstata, por isso é a segunda linha de escolha para os homens, depois do norfloxacino. Além disso, seus baixos efeitos adversos proporcionam um perfil de segurança adequado para quase todas as idades e condições.

Leia também: Excesso de higiene e resistência a antibióticos

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A escolha entre um ou outro tipo de antibiótico varia de acordo com o micro-organismo que causa a infecção e a sua gravidade.

O uso racional de antibióticos para infecções urinárias

Como sempre acontece com os antibióticos, independentemente do tipo de infecção, o uso racional é essencial. Quando tomados e prescritos indiscriminadamente, as cepas bacterianas se tornam resistentes e seu tratamento se torna cada vez mais difícil.

Portanto, é imprescindível consultar um médico e fazer um antibiograma se a urgência do caso o permitir. Assim, a escolha do medicamento é baseada na evidência de sua eficácia em matar bactérias e reduzir o aparecimento de cepas resistentes.

A prescrição de antibióticos para tratar infecções urinárias é algo comum. Após a consulta médica e o diagnóstico que atesta a colonização bacteriana, o profissional prescreve o consumo de um antimicrobiano por um determinado número de dias. Na maioria das vezes, esse protocolo está correto e funciona.

A situação se repete porque, por um lado, a patologia é uma das mais frequentes na prática ambulatorial geral em todo o mundo. Por outro, os antibióticos têm sido a forma mais eficaz de controlar esse distúrbio e evitar complicações.

O contexto por trás das infecções urinárias

A frequência dessa doença é muito alta, principalmente entre as mulheres. Estima-se que 20% da população feminina irá sofrer de uma infecção urinária que exija o uso de antibióticos pelo menos uma vez na vida.

Embora seja menos comum em homens, uma complicação resultante é a prostatite crônicaMuitos homens começam com sintomas urinários aos quais não dão importância; consequentemente, as bactérias colonizadoras migram para a próstata e ali se instalam até causar uma inflamação grave.

As estatísticas também mostram que a baixa apresentação é, de longe, a mais comum. Uma infecção do trato urinário inferior é entendida como aquela que ocorre na bexiga e na uretra, enquanto as superiores são nos rins e ureteres.

Em relação à idade, o envelhecimento acaba sendo um fator de risco. Mulheres após a menopausa e homens idosos internados em casas de repouso têm uma alta probabilidade de se infectar.

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Embora as infecções urinárias sejam menos comuns em homens, podem ser o gatilho para a prostatite crônica.

Quem é o responsável pela doença e por que os antibióticos funcionam?

Como antecipamos, as bactérias são os micro-organismos mais relacionados às infecções urinárias. Acima dos vírus e fungos, elas são as responsáveis pelo maior número de casos.

Entre elas, está a variedade Escherichia coli, que causa até 80% das cistites e uretritesEsta bactéria é um habitante regular do sistema digestivo, principalmente da última seção intestinal. Seu contágio costuma ser endógeno, ou seja, a própria pessoa a transmite a si mesma.

Nas mulheres, a explicação vem da uretra mais curta do que nos homens e da posição mais próxima entre os sistemas urinário e digestivo. Isso favorece a passagem da Escherichia coli entre o ânus e o orifício uretral, por onde ela ascende para colonizar.

Em menor medida, outros micro-organismos são causadores de infecções urinárias, entre os quais podemos citar os seguintes:

  • Proteus mirabilis
  • Klebsiella pneumoniae
  • Enterococcus faecalis

Todas essas bactérias são sensíveis a algum tipo de antibiótico e, portanto, pode ser necessário um antibiograma antes de iniciar o tratamento. Esse teste mede a sensibilidade dos patógenos aos medicamentos para prescrever o correto, capaz de matar o micro-organismo.

Os antibióticos para infecções urinárias

Uma vez que o agente causador foi identificado e o antibiograma determinou qual antibiótico é o mais apropriado para aquela infecção urinária, o protocolo de tratamento é iniciado. Não existe medicamento ideal, mas a prescrição deve ser adaptada a cada caso particular.

Nesse sentido, é necessário considerar a idade do paciente, possíveis doenças pré-existentes, alergias e o tipo de distúrbio causado no sistema renal. Quais são os antibióticos mais comumente usados? Vamos detalhar a seguir.

Penicilinas e derivados: antibióticos para infecções urinárias

Por ser um dos grupos mais antigos na luta contra as bactérias, as penicilinas evoluíram ao longo do tempoNessa família, encontram-se a amoxicilina e a ampicilina, ainda eficazes contra uma ampla variedade de micro-organismos. Também temos as cefalosporinas, como cefalexina, cefalotina e ceftriaxona.

A maioria das Escherichia coli é sensível a esses antibióticos, da mesma forma que o Proteus. Entre as gestantes, são uma ótima opção, visto que os estudos não registraram efeitos sobre o feto, por isso apresentam alta segurança de uso nesta situação.

Não deixe de ler: Por que a automedicação com antibióticos é perigosa?

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A penicilina e seus derivados são os medicamentos mais usados ​​em caso de infecções bacterianas do trato urinário.

Aminoglicosídeos

Esta família, cujo representante é a gentamicina, é bactericida para tipos gram negativos. Isso significa que eles não suspendem o crescimento bacteriano, mas matam o micro-organismo classificado nesta categoria. Por esse motivo, os enterococos são tratados com eles.

Eles têm uma série de efeitos adversos que limitam seu uso. É preferível evitá-los em gestantes e bebês que ainda estão desenvolvendo seus tecidos, devido à possibilidade de interferir nos processos de formação celular.

Quinolonas

Com o passar do tempo e a descoberta de novos medicamentos, alguns antibióticos ganharam espaço na preferência de escolha contra infecções do trato urinário. Foi o caso das quinolonas que, progressivamente, substituíram as amoxicilinas e as penicilinas.

Essa mudança nem sempre foi baseada em evidências científicas, mas foi imposta. É possível que isso tenha ocorrido devido à facilidade de uso desses medicamentos, que exigem menos doses em menos dias.

A família possui entre seus compostos o norfloxacino, ciprofloxacino, pefloxacino e gatifloxacino. Os dois primeiros são os mais indicados para esta doença devido à sua ação bactericida. Uma vantagem desse grupo é que as quinolonas se concentram com potência nos tecidos onde devem atacar.

Para os homens, por exemplo, seu poder de penetrar na próstata os torna a primeira linha para evitar doenças crônicasA norfloxacina, por sua vez, é encontrada em altas concentrações na urina depois de ingerida.

Trimetoprima com sulfametoxazol

Esta combinação de medicamentos é considerada um antibiótico por si só. Nem sempre pode ser usada porque a sua capacidade de ação é limitada às bactérias mais frequentemente detectadas em infecções do trato urinário. No entanto, se o antibiograma permitir, não é uma opção ruim.

Esse medicamento tem um bom efeito na próstata, por isso é a segunda linha de escolha para os homens, depois do norfloxacino. Além disso, seus baixos efeitos adversos proporcionam um perfil de segurança adequado para quase todas as idades e condições.

Leia também: Excesso de higiene e resistência a antibióticos

Some figure
A escolha entre um ou outro tipo de antibiótico varia de acordo com o micro-organismo que causa a infecção e a sua gravidade.

O uso racional de antibióticos para infecções urinárias

Como sempre acontece com os antibióticos, independentemente do tipo de infecção, o uso racional é essencial. Quando tomados e prescritos indiscriminadamente, as cepas bacterianas se tornam resistentes e seu tratamento se torna cada vez mais difícil.

Portanto, é imprescindível consultar um médico e fazer um antibiograma se a urgência do caso o permitir. Assim, a escolha do medicamento é baseada na evidência de sua eficácia em matar bactérias e reduzir o aparecimento de cepas resistentes.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


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