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Teoria do apego: como ela influencia nossos filhos?

6 minutos
A teoria do apego mostra como o vínculo entre mãe e filho é um fator determinante para a personalidade e a saúde emocional de uma criança. Contaremos mais sobre isso.
Teoria do apego: como ela influencia nossos filhos?
Elena Sanz

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz

Última atualização: 17 fevereiro, 2023

Se falamos de psicologia educacional e do desenvolvimento, a teoria do apego é provavelmente uma das mais conhecidas. E é graças a ela que conseguimos entender melhor a importância do vínculo entre pais e filhos. Não só isso, mas também conseguimos entender como ele é um fator determinante na formação da personalidade.

O estilo de apego influencia a autoestima infantil e a capacidade da criança de confiar nos outros e explorar o ambiente. Esse vínculo modula a maneira como o bebê se percebe, a capacidade de se relacionar e a qualidade de sua saúde emocional. Portanto, se você tem filhos, é importante que conheça essa teoria.

O que é apego?

O apego é o vínculo afetivo, intenso e duradouro que se gera entre o bebê e seus principais cuidadores. Uma criança pode apegar-se a várias pessoas, mas considera-se que é a relação com os pais que tem maior relevância.

O objetivo desse apego é aumentar as chances de sobrevivência do bebê. Um recém-nascido é totalmente dependente do cuidador, não só para garantir sua integridade física, mas também para seu correto desenvolvimento emocional.

Para que esse apego seja gerado, o bebê emite uma série de comportamentos (como choro, balbucio ou sorriso social) que atraem a atenção da mãe e promovem essa proximidade física e conexão emocional. Ao mesmo tempo, surgem na mulher os chamados “comportamentos maternos”, que a levam a prestar atenção às necessidades do bebê e a cuidar delas.

O objetivo final é que a mãe esteja presente e disponível para o bebê e seja sensível e receptiva às suas demandas. Que ela seja capaz de responder adequadamente e ajudar o bebê a se regular emocionalmente. Assim, dia a dia e a cada interação, a criança vai gerando uma visão de si e dos outros que vai determinar sua futura personalidade.

Origens da teoria do apego

Todo esse conhecimento é resultado de décadas de pesquisa. Podemos localizar as origens da teoria do apego no trabalho do psicólogo inglês John Bowlby, que postulou várias ideias a esse respeito:

  • A criança tem uma necessidade inata de apego a uma figura principal. Essa ideia, conhecida como monotropia, indica que deve haver um vínculo primário (mais importante e qualitativamente diferente do resto) que se cria, em geral, com a mãe.
  • Há um período crítico para a formação do vínculo de apego. Se nos primeiros anos de vida o bebê for privado desse vínculo materno (ou for interrompido), as consequências serão quase irreversíveis.
  • O apego promove a proximidade entre a mãe e o bebê e faz com que este último experimente uma alta ansiedade de separação.
  • Essa relação com a mãe (ou cuidadora principal) forja um modelo mental com o qual a criança será regida a partir desse momento. Ou seja, essa relação é decisiva no sentido que a criança desenvolverá de si mesma, dos outros e do mundo e influenciará sua saúde psicológica e emocional a longo prazo.
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O choro do bebê é um chamado para que seu principal cuidador o atenda, estimulando a criação do vínculo.

Veja: Bebê de 1 ano engole prego e é internada; o que fazer em casos como esse?

Mary Ainsworth e suas contribuições para a teoria do apego

Uma segunda figura de grande relevância dentro da teoria do apego é Mary Ainsworth. Esta psicanalista americana elaborou um protocolo para avaliar e identificar tipos de apego. Assim, idealizou o famoso experimento conhecido como “a situação estranha”, no qual várias díades mãe-bebê foram observadas em suas trocas e reações.

A ideia era analisar como os bebês se comportavam quando estavam na presença de suas mães em uma situação desconhecida, como reagiam quando ela saía e o que faziam quando ela voltava. Os achados permitiram identificar três estilos diferentes de apego que podem ser gerados.

1. Apego seguro

É o vínculo ideal, que ocorre quando a mãe é sensível e receptiva às necessidades e emoções do bebê e responde de forma rápida e consistente. Isso gera na criança uma sensação de segurança que lhe permite aventurar-se a explorar o ambiente e regular suas emoções, graças à proximidade com a mãe.

Bebês com apego seguro tornam-se pessoas que confiam em si mesmas e nos outros, que sabem como se relacionar a partir da interdependência. Ou seja, sabem impor limites, mas não têm medo da intimidade emocional.

2. Apego ambivalente

Esse estilo é gerado quando a mãe é inconsistente em suas reações. Em geral, ela não está emocionalmente disponível para o bebê e, embora às vezes seja atenciosa e afetuosa, em outras é hostil ou indiferente. Isso gera na criança um sentimento de incerteza diante de uma realidade imprevisível, o que a leva a ter sérias dificuldades em confiar.

No futuro, essas crianças se tornam pessoas muito inseguras, ansiosas e dependentes. Pessoas que nunca terão calma em seus relacionamentos e sempre precisarão se assegurar de que o outro as ama.

3. Apego evitativo

Neste terceiro caso, a mãe ignora os apelos da criança ou mostra-se indiferente. As necessidades emocionais do bebê não são atendidas e, ao contrário, são rejeitadas ou minimizadas. Assim, a criança opta por se desconectar emocionalmente, pois entende que não adianta se expressar se não for para obter consolo ou resposta.

Quando adultos, essas pessoas adotam uma atitude de extrema independência e temem ser vulneráveis ou se abrir para os outros. Elas parecem confiantes e autossuficientes, mas no fundo, suas emoções as assustam.

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A teoria do apego propõe três tipos de personalidades que derivam do relacionamento com o cuidador principal.
Mais tarde, um quarto tipo foi adicionado, chamado de apego desorganizado, que combina características do ansioso e do evitativo. É gerado em situações de trauma ou negligência dos pais.

Veja: Enfermeira adotou bebê que foi rejeitado por ter Síndrome de Down

A teoria do apego nos ajuda a entender como nosso mundo interno é construído

Em suma, a teoria do apego é a resposta para como o mundo interno e emocional das crianças é moldado. É na relação com a mãe (ou cuidadora principal) que o pequeno desenvolve uma ideia de si mesmo, aprende o que esperar dos outros e forja atitudes e tendências interpretativas que o acompanharão por toda a vida.

O vínculo de apego primário é o modelo que todos os outros relacionamentos na vida seguem. Por isso é tão importante que seja de qualidade.

Se um bebê crescer com um apego seguro, no futuro poderá desfrutar de relacionamentos saudáveis, equilibrados e satisfatórios, terá o impulso necessário para atingir seus objetivos e tomar decisões. Em suma, ele estará mais próximo do sucesso, da felicidade e da saúde emocional.

Se falamos de psicologia educacional e do desenvolvimento, a teoria do apego é provavelmente uma das mais conhecidas. E é graças a ela que conseguimos entender melhor a importância do vínculo entre pais e filhos. Não só isso, mas também conseguimos entender como ele é um fator determinante na formação da personalidade.

O estilo de apego influencia a autoestima infantil e a capacidade da criança de confiar nos outros e explorar o ambiente. Esse vínculo modula a maneira como o bebê se percebe, a capacidade de se relacionar e a qualidade de sua saúde emocional. Portanto, se você tem filhos, é importante que conheça essa teoria.

O que é apego?

O apego é o vínculo afetivo, intenso e duradouro que se gera entre o bebê e seus principais cuidadores. Uma criança pode apegar-se a várias pessoas, mas considera-se que é a relação com os pais que tem maior relevância.

O objetivo desse apego é aumentar as chances de sobrevivência do bebê. Um recém-nascido é totalmente dependente do cuidador, não só para garantir sua integridade física, mas também para seu correto desenvolvimento emocional.

Para que esse apego seja gerado, o bebê emite uma série de comportamentos (como choro, balbucio ou sorriso social) que atraem a atenção da mãe e promovem essa proximidade física e conexão emocional. Ao mesmo tempo, surgem na mulher os chamados “comportamentos maternos”, que a levam a prestar atenção às necessidades do bebê e a cuidar delas.

O objetivo final é que a mãe esteja presente e disponível para o bebê e seja sensível e receptiva às suas demandas. Que ela seja capaz de responder adequadamente e ajudar o bebê a se regular emocionalmente. Assim, dia a dia e a cada interação, a criança vai gerando uma visão de si e dos outros que vai determinar sua futura personalidade.

Origens da teoria do apego

Todo esse conhecimento é resultado de décadas de pesquisa. Podemos localizar as origens da teoria do apego no trabalho do psicólogo inglês John Bowlby, que postulou várias ideias a esse respeito:

  • A criança tem uma necessidade inata de apego a uma figura principal. Essa ideia, conhecida como monotropia, indica que deve haver um vínculo primário (mais importante e qualitativamente diferente do resto) que se cria, em geral, com a mãe.
  • Há um período crítico para a formação do vínculo de apego. Se nos primeiros anos de vida o bebê for privado desse vínculo materno (ou for interrompido), as consequências serão quase irreversíveis.
  • O apego promove a proximidade entre a mãe e o bebê e faz com que este último experimente uma alta ansiedade de separação.
  • Essa relação com a mãe (ou cuidadora principal) forja um modelo mental com o qual a criança será regida a partir desse momento. Ou seja, essa relação é decisiva no sentido que a criança desenvolverá de si mesma, dos outros e do mundo e influenciará sua saúde psicológica e emocional a longo prazo.
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O choro do bebê é um chamado para que seu principal cuidador o atenda, estimulando a criação do vínculo.

Veja: Bebê de 1 ano engole prego e é internada; o que fazer em casos como esse?

Mary Ainsworth e suas contribuições para a teoria do apego

Uma segunda figura de grande relevância dentro da teoria do apego é Mary Ainsworth. Esta psicanalista americana elaborou um protocolo para avaliar e identificar tipos de apego. Assim, idealizou o famoso experimento conhecido como “a situação estranha”, no qual várias díades mãe-bebê foram observadas em suas trocas e reações.

A ideia era analisar como os bebês se comportavam quando estavam na presença de suas mães em uma situação desconhecida, como reagiam quando ela saía e o que faziam quando ela voltava. Os achados permitiram identificar três estilos diferentes de apego que podem ser gerados.

1. Apego seguro

É o vínculo ideal, que ocorre quando a mãe é sensível e receptiva às necessidades e emoções do bebê e responde de forma rápida e consistente. Isso gera na criança uma sensação de segurança que lhe permite aventurar-se a explorar o ambiente e regular suas emoções, graças à proximidade com a mãe.

Bebês com apego seguro tornam-se pessoas que confiam em si mesmas e nos outros, que sabem como se relacionar a partir da interdependência. Ou seja, sabem impor limites, mas não têm medo da intimidade emocional.

2. Apego ambivalente

Esse estilo é gerado quando a mãe é inconsistente em suas reações. Em geral, ela não está emocionalmente disponível para o bebê e, embora às vezes seja atenciosa e afetuosa, em outras é hostil ou indiferente. Isso gera na criança um sentimento de incerteza diante de uma realidade imprevisível, o que a leva a ter sérias dificuldades em confiar.

No futuro, essas crianças se tornam pessoas muito inseguras, ansiosas e dependentes. Pessoas que nunca terão calma em seus relacionamentos e sempre precisarão se assegurar de que o outro as ama.

3. Apego evitativo

Neste terceiro caso, a mãe ignora os apelos da criança ou mostra-se indiferente. As necessidades emocionais do bebê não são atendidas e, ao contrário, são rejeitadas ou minimizadas. Assim, a criança opta por se desconectar emocionalmente, pois entende que não adianta se expressar se não for para obter consolo ou resposta.

Quando adultos, essas pessoas adotam uma atitude de extrema independência e temem ser vulneráveis ou se abrir para os outros. Elas parecem confiantes e autossuficientes, mas no fundo, suas emoções as assustam.

Some figure
A teoria do apego propõe três tipos de personalidades que derivam do relacionamento com o cuidador principal.
Mais tarde, um quarto tipo foi adicionado, chamado de apego desorganizado, que combina características do ansioso e do evitativo. É gerado em situações de trauma ou negligência dos pais.

Veja: Enfermeira adotou bebê que foi rejeitado por ter Síndrome de Down

A teoria do apego nos ajuda a entender como nosso mundo interno é construído

Em suma, a teoria do apego é a resposta para como o mundo interno e emocional das crianças é moldado. É na relação com a mãe (ou cuidadora principal) que o pequeno desenvolve uma ideia de si mesmo, aprende o que esperar dos outros e forja atitudes e tendências interpretativas que o acompanharão por toda a vida.

O vínculo de apego primário é o modelo que todos os outros relacionamentos na vida seguem. Por isso é tão importante que seja de qualidade.

Se um bebê crescer com um apego seguro, no futuro poderá desfrutar de relacionamentos saudáveis, equilibrados e satisfatórios, terá o impulso necessário para atingir seus objetivos e tomar decisões. Em suma, ele estará mais próximo do sucesso, da felicidade e da saúde emocional.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • AinsworthM. D. S.BellS. M. & StaytonD. J. (1971Individual differences in strange-situation behaviour of one-year-olds. In The Origins of Human Social Relations (ed. SchafferH. R.), pp 1732New YorkAcademic Press.
  • Bowlby, J., & Ainsworth, M. (2013). The origins of attachment theory. Attachment theory: Social, developmental, and clinical perspectives45, 759-775.
  • Pinedo Palacios, J. R., & Santelices Álvarez, M. P. (2006). Apego adulto: los modelos operantes internos y la teoría de la mente.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.