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Submersível Titan: o que acontece com o corpo humano se você mergulhar até as profundezas do Titanic?

4 minutos
Os mergulhadores não puderam descer até os destroços do Titanic para ajudar na busca pelo submersível. Por quê? Vamos explicar.
Submersível Titan: o que acontece com o corpo humano se você mergulhar até as profundezas do Titanic?
Leonardo Biolatto

Escrito e verificado por médico Leonardo Biolatto

Última atualização: 29 junho, 2023

O recente incidente do submersível Titan, perdido em sua tentativa de visitar os destroços do Titanic, levantou questões sobre por que os mergulhadores não puderam descer para resgate. No entanto, devemos saber que o mergulho a grandes profundidades apresenta riscos significativos para o corpo humano.

O monitoramento minuto a minuto dessas notícias deixou o mundo inteiro nervoso. A possibilidade de os tripulantes terem ficado sem oxigênio às 96 horas e, finalmente, o próprio fato de ter sido confirmada a morte dos passageiros por implosão, não são questões menores para a sociedade.

O corpo humano e a pressão no mergulho

Agora, e o resgate por mergulhadores neste caso? Era possível?

Quando submergimos em um líquido, como a água, o corpo sofre uma série de mudanças à medida que a profundidade aumenta. A primeira delas é a diferença de pressão nos ouvidos.

A apenas 5 metros de profundidade, o ar dentro do tímpano é comprimido, causando dor e desconforto. No entanto, usando a manobra de Valsalva, podemos compensar a mudança de pressão e continuar descendo.

À medida que descemos, a pressão aumenta em 1 atmosfera a cada 10 metros. Isso implica que, embora possamos compensar a pressão nos ouvidos, a disponibilidade de ar se torna um problema.

Uma publicação científica especializada em otorrinolaringologia mostra que o mergulho recreativo contém riscos à saúde. Especialmente para o aparelho auditivo. É por isso que insistimos na sua prática supervisionada e sob as máximas normas de segurança.

Para mergulho recreativo, cilindros de ar comprimido são usados para garantir um suprimento contínuo de oxigênio.

Veja: Perda da consciência, por que pode acontecer?

Limitações do mergulho humano em alto mar

A 30 metros de profundidade, um fenômeno conhecido como “narcose por nitrogênio” começa a se manifestar. O ar comprimido que respiramos aumenta a quantidade total de nitrogênio nos tecidos, o que interfere nos processos metabólicos normais. Em particular, isso afeta o cérebro.

A narcose pode levar a uma má tomada de decisão com outros sintomas graves:

  • Euforia.
  • Dor de cabeça.
  • Desorientaçao.
  • Perda de consciência.

A partir de 60 metros de profundidade, a densidade do ar torna-se maior, o que leva a uma maior concentração de oxigênio nos tecidos. Isso pode causar diversos problemas, desde pequenas cólicas até náuseas, visão em túnel e até convulsões.

Para superar essas limitações, os mergulhadores técnicos usam misturas de gases especiais que foram estudadas e que resolvem parcialmente esses problemas. Um mergulhador técnico certificado pode descer a profundidades que variam de 60 metros a mais de 100 metros. Para tal, deverá obter uma credencial que lhe dê o aval e que seja emitida por instituições autorizadas.

Mergulhar em profundidades extremas acarreta maior risco e requer conhecimento especializado, habilidades avançadas e precauções extras.

Veja: Sergio Rico se recupera: dá para voltar ao esporte após coma induzido?

Recordes e avanços no mergulho profundo

O atual recorde de mergulho é de Ahmed Gabr, ex-soldado egípcio, que em 2014 desceu a 332 metros de profundidade no Mar Vermelho. Ele usou gases especiais para minimizar os efeitos da narcose por nitrogênio e toxicidade do oxigênio.

No campo do mergulho técnico, o recorde mais impressionante pertence a uma equipe da empresa francesa COMEX. Em 1988, eles consertaram um oleoduto subaquático a 534 metros de profundidade.

Para mergulho livre ou freediving, o atual recorde de profundidade foi estabelecido pelo austríaco Herbert Nitsch, em 2012. Ele chegou a 253 metros na modalidade peso constante com bialetas.

Apesar das limitações do mergulho humano, avanços significativos foram feitos no campo do mergulho profundo. Claro, através do uso de submarinos. O que esses meios de transporte fazem é suportar a pressão que o corpo não conseguiria.

O recorde de mergulho humano mais profundo é de James Cameron, que desceu a uma profundidade de 10.908 metros no submarino Deepsea Challenger. Este feito de 26 de março de 2012 ficou na memória e hoje ainda é um recorde.

Curiosamente, Cameron é o diretor do filme Titanic. E o submarino Titan foi uma excursão aos restos daquele navio que marcou o imaginário popular e a cultura ocidental do século passado.

Some figure
James Cameron em sua descida com o Deepsea Challenger. Créditos: National Geographic.

O caso do Titan revela nossas limitações

Explorar as profundezas do oceano apresenta desafios e riscos consideráveis. Embora o mergulho humano tenha limitações, os avanços na tecnologia subaquática permitiram explorações antes inimagináveis.

O Titanic está submerso a 3.800 metros no Oceano Atlântico. Por sua vez, o submersível Titan anunciou sua capacidade de descer até 4.000 metros sem problemas.

Assim, era inviável que mergulhadores sem submarino chegassem à área de resgate para apoiar as buscas. Os esforços foram coordenados com veículos não tripulados.

As Guardas Costeiras dos Estados Unidos e do Canadá registraram ruídos que poderiam vir do Titan e, segundo relatos, posteriormente encontraram restos pertencentes à cápsula. Por fim, as últimas notícias confirmaram sua implosão e a morte de todos os tripulantes.

O recente incidente do submersível Titan, perdido em sua tentativa de visitar os destroços do Titanic, levantou questões sobre por que os mergulhadores não puderam descer para resgate. No entanto, devemos saber que o mergulho a grandes profundidades apresenta riscos significativos para o corpo humano.

O monitoramento minuto a minuto dessas notícias deixou o mundo inteiro nervoso. A possibilidade de os tripulantes terem ficado sem oxigênio às 96 horas e, finalmente, o próprio fato de ter sido confirmada a morte dos passageiros por implosão, não são questões menores para a sociedade.

O corpo humano e a pressão no mergulho

Agora, e o resgate por mergulhadores neste caso? Era possível?

Quando submergimos em um líquido, como a água, o corpo sofre uma série de mudanças à medida que a profundidade aumenta. A primeira delas é a diferença de pressão nos ouvidos.

A apenas 5 metros de profundidade, o ar dentro do tímpano é comprimido, causando dor e desconforto. No entanto, usando a manobra de Valsalva, podemos compensar a mudança de pressão e continuar descendo.

À medida que descemos, a pressão aumenta em 1 atmosfera a cada 10 metros. Isso implica que, embora possamos compensar a pressão nos ouvidos, a disponibilidade de ar se torna um problema.

Uma publicação científica especializada em otorrinolaringologia mostra que o mergulho recreativo contém riscos à saúde. Especialmente para o aparelho auditivo. É por isso que insistimos na sua prática supervisionada e sob as máximas normas de segurança.

Para mergulho recreativo, cilindros de ar comprimido são usados para garantir um suprimento contínuo de oxigênio.

Veja: Perda da consciência, por que pode acontecer?

Limitações do mergulho humano em alto mar

A 30 metros de profundidade, um fenômeno conhecido como “narcose por nitrogênio” começa a se manifestar. O ar comprimido que respiramos aumenta a quantidade total de nitrogênio nos tecidos, o que interfere nos processos metabólicos normais. Em particular, isso afeta o cérebro.

A narcose pode levar a uma má tomada de decisão com outros sintomas graves:

  • Euforia.
  • Dor de cabeça.
  • Desorientaçao.
  • Perda de consciência.

A partir de 60 metros de profundidade, a densidade do ar torna-se maior, o que leva a uma maior concentração de oxigênio nos tecidos. Isso pode causar diversos problemas, desde pequenas cólicas até náuseas, visão em túnel e até convulsões.

Para superar essas limitações, os mergulhadores técnicos usam misturas de gases especiais que foram estudadas e que resolvem parcialmente esses problemas. Um mergulhador técnico certificado pode descer a profundidades que variam de 60 metros a mais de 100 metros. Para tal, deverá obter uma credencial que lhe dê o aval e que seja emitida por instituições autorizadas.

Mergulhar em profundidades extremas acarreta maior risco e requer conhecimento especializado, habilidades avançadas e precauções extras.

Veja: Sergio Rico se recupera: dá para voltar ao esporte após coma induzido?

Recordes e avanços no mergulho profundo

O atual recorde de mergulho é de Ahmed Gabr, ex-soldado egípcio, que em 2014 desceu a 332 metros de profundidade no Mar Vermelho. Ele usou gases especiais para minimizar os efeitos da narcose por nitrogênio e toxicidade do oxigênio.

No campo do mergulho técnico, o recorde mais impressionante pertence a uma equipe da empresa francesa COMEX. Em 1988, eles consertaram um oleoduto subaquático a 534 metros de profundidade.

Para mergulho livre ou freediving, o atual recorde de profundidade foi estabelecido pelo austríaco Herbert Nitsch, em 2012. Ele chegou a 253 metros na modalidade peso constante com bialetas.

Apesar das limitações do mergulho humano, avanços significativos foram feitos no campo do mergulho profundo. Claro, através do uso de submarinos. O que esses meios de transporte fazem é suportar a pressão que o corpo não conseguiria.

O recorde de mergulho humano mais profundo é de James Cameron, que desceu a uma profundidade de 10.908 metros no submarino Deepsea Challenger. Este feito de 26 de março de 2012 ficou na memória e hoje ainda é um recorde.

Curiosamente, Cameron é o diretor do filme Titanic. E o submarino Titan foi uma excursão aos restos daquele navio que marcou o imaginário popular e a cultura ocidental do século passado.

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James Cameron em sua descida com o Deepsea Challenger. Créditos: National Geographic.

O caso do Titan revela nossas limitações

Explorar as profundezas do oceano apresenta desafios e riscos consideráveis. Embora o mergulho humano tenha limitações, os avanços na tecnologia subaquática permitiram explorações antes inimagináveis.

O Titanic está submerso a 3.800 metros no Oceano Atlântico. Por sua vez, o submersível Titan anunciou sua capacidade de descer até 4.000 metros sem problemas.

Assim, era inviável que mergulhadores sem submarino chegassem à área de resgate para apoiar as buscas. Os esforços foram coordenados com veículos não tripulados.

As Guardas Costeiras dos Estados Unidos e do Canadá registraram ruídos que poderiam vir do Titan e, segundo relatos, posteriormente encontraram restos pertencentes à cápsula. Por fim, as últimas notícias confirmaram sua implosão e a morte de todos os tripulantes.


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  • Buzzacott, P. L. (2012). The epidemiology of injury in scuba diving. Epidemiology of injury in adventure and extreme sports58, 57-79. https://www.karger.com/Article/Abstract/338582
  • Kirkland, P. J., Mathew, D., Modi, P., & Cooper, J. S. (2022). Nitrogen narcosis in diving. In StatPearls [Internet]. StatPearls Publishing. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK470304/
  • Leung, J. S., Ramos, P., Caro, J., & Winter, M. (2022). El buceo recreativo y la otorrinolaringología:¿ Qué sabemos y deberíamos saber?. Revista de otorrinolaringología y cirugía de cabeza y cuello82(2), 229-243. https://www.scielo.cl/scielo.php?pid=S0718-48162022000200229&script=sci_arttext
  • Perović, A., Unić, A., & Dumić, J. (2014). Recreational scuba diving: negative or positive effects of oxidative and cardiovascular stress?. Biochemia Medica24(2), 235-247. https://hrcak.srce.hr/clanak/185281

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