O Projeto Pan-Câncer que detecta tumores antes que eles apareçam
Escrito e verificado por médico Leonardo Biolatto
A prevalência do câncer no mundo é alta. Aproximadamente um terço da população sofrerá uma doença maligna em algum momento da sua vida. Esta é uma enorme causa de mortalidade, e o Projeto Pan-Câncer está atrás de pistas de como evitá-la.
Existem diferentes fatores associados ao câncer em humanos. Nós os explicaremos mais adiante, mas é interessante pensar que a complexidade da natureza humana é, de certa forma, uma causa que termina em mutação e erro celular.
Para alguns filósofos e cientistas, a mutação genética que leva ao câncer é o erro esperado pelo próprio poder do DNA – ácido desoxirribonucleico. O funcionamento do nosso organismo é tão complexo que não é difícil esperar que possam ocorrer erros durante a nossa vida.
Com relação a isso, a comunidade científica tem estudado as causas genéticas do câncer. Nesse contexto, temos o estudo genômico Pan-Câncer, divulgado pela revista Nature.
Essa revista publicou anteriormente os avanços desta pesquisa, e agora o faz em uníssono com mais de vinte artigos publicados ao mesmo tempo. Relata, principalmente, que o grupo de estudo analisou mais de 2.500 pessoas com quase quarenta tumores diferentes.
Cientistas de diferentes países participaram do Projeto Pan-Câncer, enquadrado no Projeto do Genoma Humano. No total, 1.300 profissionais trabalharam com treze supercomputadores para processar os dados.
Por que o câncer ocorre?
Sabemos que o câncer é multifatorial. Em outras palavras, exceto em alguns casos, a capacidade de gerar neoplasias malignas não pode ser atribuída a um único fator. O estudo genômico Pan-Câncer tinha essa premissa, e o que procurava era sequenciar os genes que poderiam estar envolvidos nos tumores.
Os cientistas estavam tentando descobrir como o DNA mudava para culminar no processo descontrolado de crescimento e multiplicação anormal das células que é o câncer. Essas mutações genéticas podem ser atribuídas a quase cem tipos diferentes de fatores. Entre esses fatores, temos:
- Estilo de vida: cigarro, álcool e dieta desequilibrada são fatores modificáveis conhecidos por favorecer o surgimento do câncer. O cigarro, em particular, é um dos piores.
- Idade: com o envelhecimento, os processos que as células exercem para evitar o câncer se deterioram, e assim ocorre a multiplicação descontrolada.
- Hereditariedade: as mutações genéticas, em alguns casos, podem ser herdadas e transmitidas dos pais para os filhos.
- O fator “sorte”: o DNA é capaz de sofrer mutações de origem desconhecida. Por enquanto, essa mutação é atribuída ao acaso, mas a verdade é que, cientificamente, isso ainda é desconhecido. O problema é que quase 60% dos tumores têm seu gatilho nesse aspecto.
Quer mais informações? Então leia: Sistema imunológico e tratamento do câncer
O projeto Pan-câncer
O estudo genômico Pan-Câncer faz parte do Projeto Genoma Humano, iniciado em 1990. Foi uma iniciativa da comunidade científica internacional para desvendar os mistérios do DNA humano.
O final do Projeto Genoma Humano foi estimado para 2005, mas ele foi concluído dois anos antes. Em 2003, o mundo foi informado de que a informação genética completa da espécie humana estava codificada.
Graças a esse sequenciamento, foi possível avançar no estudo do Projeto Pan-Câncer. Ao conhecer todo o DNA humano, foi possível investigar quais partes eram alteradas em cada doença, incluindo neoplasias.
Ambos são projetos financiados por diferentes entidades e diferentes países, mas que não escapam dos problemas econômicos. Muitas pesquisas menores, derivadas das maiores, não encontram financiamento adequado para continuar.
Aliás, essas últimas publicações que conhecemos tiveram que enfrentar problemas econômicos. Os próprios pesquisadores afirmaram que não foram recompensados financeiramente pelo trabalho extra realizado e que não se sabe de onde o dinheiro virá para continuar.
Entretanto, além das dificuldades, o Projeto Genoma Humano deu um passo à frente para:
- Conhecer todo o nosso DNA
- Armazenar e compartilhar informações entre cientistas
- Melhorar as técnicas de análise da informação genética em medicina
- Discutir o foco jurídico desse conhecimento
Descubra: O câncer é uma doença hereditária?
Os benefícios do Projeto Pan-Câncer
Os cientistas envolvidos sabem que esse avanço é importante, mas não altera o tratamento do câncer para o dia de amanhã. Os benefícios dos estudos do projeto seriam a longo prazo. De qualquer forma, sem essas publicações, não seria possível continuar.
A informação genética permitirá personalizar e adaptar os tratamentos para cada paciente. Entraremos na era da terapia individualizada contra o câncer, com medicamentos personalizados para cada paciente.
Também seria possível detectar o câncer precocemente, talvez com biópsias líquidas. Se as células que começam a sofrer mutações despejam o DNA alterado na corrente sanguínea, teríamos as técnicas para encontrá-lo.
É claro que existem, como sempre, questões legais no meio. E também questões éticas. Por exemplo, o seguro de saúde poderia negar a afiliação de alguém que fosse portador de uma mutação do câncer?
Ainda há muito a ser feito, mas medidas gigantes foram tomadas. Assim, é possível que estejamos mais perto de combater o câncer como qualquer outra doença e, quem sabe, até vencê-lo antes que apareça.
A prevalência do câncer no mundo é alta. Aproximadamente um terço da população sofrerá uma doença maligna em algum momento da sua vida. Esta é uma enorme causa de mortalidade, e o Projeto Pan-Câncer está atrás de pistas de como evitá-la.
Existem diferentes fatores associados ao câncer em humanos. Nós os explicaremos mais adiante, mas é interessante pensar que a complexidade da natureza humana é, de certa forma, uma causa que termina em mutação e erro celular.
Para alguns filósofos e cientistas, a mutação genética que leva ao câncer é o erro esperado pelo próprio poder do DNA – ácido desoxirribonucleico. O funcionamento do nosso organismo é tão complexo que não é difícil esperar que possam ocorrer erros durante a nossa vida.
Com relação a isso, a comunidade científica tem estudado as causas genéticas do câncer. Nesse contexto, temos o estudo genômico Pan-Câncer, divulgado pela revista Nature.
Essa revista publicou anteriormente os avanços desta pesquisa, e agora o faz em uníssono com mais de vinte artigos publicados ao mesmo tempo. Relata, principalmente, que o grupo de estudo analisou mais de 2.500 pessoas com quase quarenta tumores diferentes.
Cientistas de diferentes países participaram do Projeto Pan-Câncer, enquadrado no Projeto do Genoma Humano. No total, 1.300 profissionais trabalharam com treze supercomputadores para processar os dados.
Por que o câncer ocorre?
Sabemos que o câncer é multifatorial. Em outras palavras, exceto em alguns casos, a capacidade de gerar neoplasias malignas não pode ser atribuída a um único fator. O estudo genômico Pan-Câncer tinha essa premissa, e o que procurava era sequenciar os genes que poderiam estar envolvidos nos tumores.
Os cientistas estavam tentando descobrir como o DNA mudava para culminar no processo descontrolado de crescimento e multiplicação anormal das células que é o câncer. Essas mutações genéticas podem ser atribuídas a quase cem tipos diferentes de fatores. Entre esses fatores, temos:
- Estilo de vida: cigarro, álcool e dieta desequilibrada são fatores modificáveis conhecidos por favorecer o surgimento do câncer. O cigarro, em particular, é um dos piores.
- Idade: com o envelhecimento, os processos que as células exercem para evitar o câncer se deterioram, e assim ocorre a multiplicação descontrolada.
- Hereditariedade: as mutações genéticas, em alguns casos, podem ser herdadas e transmitidas dos pais para os filhos.
- O fator “sorte”: o DNA é capaz de sofrer mutações de origem desconhecida. Por enquanto, essa mutação é atribuída ao acaso, mas a verdade é que, cientificamente, isso ainda é desconhecido. O problema é que quase 60% dos tumores têm seu gatilho nesse aspecto.
Quer mais informações? Então leia: Sistema imunológico e tratamento do câncer
O projeto Pan-câncer
O estudo genômico Pan-Câncer faz parte do Projeto Genoma Humano, iniciado em 1990. Foi uma iniciativa da comunidade científica internacional para desvendar os mistérios do DNA humano.
O final do Projeto Genoma Humano foi estimado para 2005, mas ele foi concluído dois anos antes. Em 2003, o mundo foi informado de que a informação genética completa da espécie humana estava codificada.
Graças a esse sequenciamento, foi possível avançar no estudo do Projeto Pan-Câncer. Ao conhecer todo o DNA humano, foi possível investigar quais partes eram alteradas em cada doença, incluindo neoplasias.
Ambos são projetos financiados por diferentes entidades e diferentes países, mas que não escapam dos problemas econômicos. Muitas pesquisas menores, derivadas das maiores, não encontram financiamento adequado para continuar.
Aliás, essas últimas publicações que conhecemos tiveram que enfrentar problemas econômicos. Os próprios pesquisadores afirmaram que não foram recompensados financeiramente pelo trabalho extra realizado e que não se sabe de onde o dinheiro virá para continuar.
Entretanto, além das dificuldades, o Projeto Genoma Humano deu um passo à frente para:
- Conhecer todo o nosso DNA
- Armazenar e compartilhar informações entre cientistas
- Melhorar as técnicas de análise da informação genética em medicina
- Discutir o foco jurídico desse conhecimento
Descubra: O câncer é uma doença hereditária?
Os benefícios do Projeto Pan-Câncer
Os cientistas envolvidos sabem que esse avanço é importante, mas não altera o tratamento do câncer para o dia de amanhã. Os benefícios dos estudos do projeto seriam a longo prazo. De qualquer forma, sem essas publicações, não seria possível continuar.
A informação genética permitirá personalizar e adaptar os tratamentos para cada paciente. Entraremos na era da terapia individualizada contra o câncer, com medicamentos personalizados para cada paciente.
Também seria possível detectar o câncer precocemente, talvez com biópsias líquidas. Se as células que começam a sofrer mutações despejam o DNA alterado na corrente sanguínea, teríamos as técnicas para encontrá-lo.
É claro que existem, como sempre, questões legais no meio. E também questões éticas. Por exemplo, o seguro de saúde poderia negar a afiliação de alguém que fosse portador de uma mutação do câncer?
Ainda há muito a ser feito, mas medidas gigantes foram tomadas. Assim, é possível que estejamos mais perto de combater o câncer como qualquer outra doença e, quem sabe, até vencê-lo antes que apareça.
Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.
- Weinstein, John N., et al. “The cancer genome atlas pan-cancer analysis project.” Nature genetics 45.10 (2013): 1113.
- Aran, Dvir, Marina Sirota, and Atul J. Butte. “Systematic pan-cancer analysis of tumour purity.” Nature communications 6 (2015): 8971.
- Gatto, Francesco, Raphael Ferreira, and Jens Nielsen. “Pan-cancer analysis of the metabolic reaction network.” Metabolic engineering 57 (2020): 51-62.
- Nguyen, Luan, et al. “Pan-cancer landscape of homologous recombination deficiency.” bioRxiv (2020).
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