Como prevenir a morte súbita no esporte?
Escrito e verificado por médico Leonardo Biolatto
As notícias sobre atletas que morrem praticando exercícios costumam viralizar nas redes sociais e na mídia atual. Como resultado, vários especialistas aparecem falando sobre a possibilidade de prevenir a morte súbita no esporte.
Mas isso é possível? Existe uma maneira de detectar o problema a tempo de evitar o desfecho fatal? As medidas tomadas devem ser as mesmas aplicadas à população geral? Como veremos, existem algumas diferenças que justificam uma abordagem específica.
Alguns fatos sobre a morte súbita no esporte
A morte súbita, onde quer que aconteça, é uma parada cardíaca em um indivíduo que era considerado saudável antes do evento. Ou seja, não há doença, em primeira instância, que justifique o problema. Como veremos agora, uma vez que os pacientes são estudados cuidadosamente verifica-se que, no fundo, havia algo.
Entre os atletas, não há diferença significativa nos casos se os compararmos com o restante da população. Porém, entre aqueles que praticam exercícios intensos a incidência aumenta, chegando a mais de uma morte súbita por 100.000 habitantes.
Os registros relatam que a maioria dessas mortes ocorre na primavera e à tarde. Isso está relacionado aos horários e estações usuais de competição em cada hemisfério do planeta.
Quando um atleta morre praticando um esporte sem causa traumática que justifique a morte, em até 90% das vezes a culpa é de uma causa cardiovascular. Isso depende muito da idade, uma vez que entre os menores de 35 anos o risco é quase inexistente, ao passo que em uma população de idade mais avançada podem ser alcançados valores de 1 morte a cada 18.000 habitantes.
Continue lendo: O que é cardiopatia isquêmica?
Causas de morte súbita no esporte
A morte súbita, no esporte ou fora dele, é desencadeada por uma arritmia, que é a fibrilação ventricular. Nessa condição, a parte inferior do coração (os ventrículos) bate de forma desordenada e o órgão é incapaz de levar sangue aos tecidos.
As placas de ateroma acabaram sendo a causa primária na maioria dos pacientes estudados após sofrer um evento como este. Consiste no acúmulo de coágulos aderidos às artérias, compostos por células sanguíneas, plaquetas, tecido fibroso e colesterol.
Suspeita-se de que, ao realizar um esforço no esporte, as placas de ateroma tenham se rompido abruptamente e obstruído a circulação. Quando estas estão localizadas nas artérias coronárias, que são as que irrigam o coração, elas cortam o suprimento de oxigênio e nutrientes até causar necrose celular, que é a morte das células.
Em menor grau, existem causas hereditárias que não podem ser evitadas em relação à morte súbita no esporte. De qualquer forma, como veremos mais tarde, elas muitas vezes podem ser detectadas a tempo com um eletrocardiograma.
Existem duas formas que são mais conhecidas pela genética:
- Cardiomiopatia arritmogênica: as células do coração se degeneram e se convertem de músculo em gordura. A longo prazo, essas áreas cardíacas perdem a função e apresentam arritmias repetitivas, principalmente durante o esforço.
- Hipertrofia: nesses pacientes, a parede do coração aumenta progressivamente de tamanho, tornando cada vez mais difícil que o sangue saia dos ventrículos para se distribuir por todo o corpo. Quando o ponto máximo é alcançado, ocorre a morte súbita.
Como prevenir a morte súbita no esporte?
Conhecendo suas causas e suas formas de apresentação, vale pensar em como prevenir a morte súbita no esporte. A primeira resposta que surge, quase imediatamente, é a realização de um exame físico com eletrocardiograma em todos os atletas.
A verdade é que, em termos jurídicos, muitos países exigem a certificação de atividades federadas ou profissionais, mas há uma discussão científica sobre seu valor nessa área. No caso da genética e da hereditariedade, o exame pode ajudar, mas as placas de ateroma não apresentam sinais elétricos.
Por isso, fala-se atualmente de um exame médico global que inclua mais elementos, e não apenas o eletrocardiograma. Um bom exame físico e laboratorial adequado para a idade, e a solicitação de um método complementar especial se houver alguma suspeita.
Lembre-se de que as placas de ateroma são mais frequentes em pessoas com idade avançada, mas não são detectadas facilmente. Por outro lado, as mesmas recomendações valem para atletas e para a população geral no que diz respeito aos fatores de risco. Portanto, o seguinte deve ser considerado:
- Controlar a obesidade.
- Regular a pressão arterial e os níveis de glicose no sangue.
- Reduzir o colesterol ruim.
- Seguir uma dieta saudável.
- Evitar o álcool e o cigarro.
Prevenção social
Nos locais dedicados ao esporte, devem ser instalados desfibriladores automáticos e o funcionários devem conhecer as formas básicas de reabilitação cardiopulmonar. Da mesma forma, treinadores e árbitros devem ser instruídos na modalidade de reanimação.
O sistema de alerta é essencial. A cadeia de avisos e notificações aos serviços de emergência depende da velocidade e precisão com que é acionada. Isso deve ficar claro em qualquer academia e estádio, com responsáveis pelos chamados sendo treinados para isso.
Descubra também: 7 passos para interpretar um eletrocardiograma
Uma possibilidade remota, mas que existe
Se olharmos para os números, podemos dizer que a incidência de morte súbita no esporte é baixa. Talvez isso seja verdade em medidas populacionais amplas, mas os dados são significativos entre aqueles com mais de 50 anos que praticam exercícios intensos.
Portanto, muito cuidado deve ser tomado. Um check-up é importante e deve ser feito minuciosamente, não como mais um procedimento que você deseja realizar. Todos os métodos complementares solicitados devem ser realizados e avaliados no contexto do paciente em questão.
Existe também uma responsabilidade geral da sociedade, dos proprietários dos centros esportivos e dos reguladores das atividades. A existência de desfibriladores, a educação em saúde sobre o assunto e a cadeia de avisos são elementos que contribuem para a redução do problema.
As notícias sobre atletas que morrem praticando exercícios costumam viralizar nas redes sociais e na mídia atual. Como resultado, vários especialistas aparecem falando sobre a possibilidade de prevenir a morte súbita no esporte.
Mas isso é possível? Existe uma maneira de detectar o problema a tempo de evitar o desfecho fatal? As medidas tomadas devem ser as mesmas aplicadas à população geral? Como veremos, existem algumas diferenças que justificam uma abordagem específica.
Alguns fatos sobre a morte súbita no esporte
A morte súbita, onde quer que aconteça, é uma parada cardíaca em um indivíduo que era considerado saudável antes do evento. Ou seja, não há doença, em primeira instância, que justifique o problema. Como veremos agora, uma vez que os pacientes são estudados cuidadosamente verifica-se que, no fundo, havia algo.
Entre os atletas, não há diferença significativa nos casos se os compararmos com o restante da população. Porém, entre aqueles que praticam exercícios intensos a incidência aumenta, chegando a mais de uma morte súbita por 100.000 habitantes.
Os registros relatam que a maioria dessas mortes ocorre na primavera e à tarde. Isso está relacionado aos horários e estações usuais de competição em cada hemisfério do planeta.
Quando um atleta morre praticando um esporte sem causa traumática que justifique a morte, em até 90% das vezes a culpa é de uma causa cardiovascular. Isso depende muito da idade, uma vez que entre os menores de 35 anos o risco é quase inexistente, ao passo que em uma população de idade mais avançada podem ser alcançados valores de 1 morte a cada 18.000 habitantes.
Continue lendo: O que é cardiopatia isquêmica?
Causas de morte súbita no esporte
A morte súbita, no esporte ou fora dele, é desencadeada por uma arritmia, que é a fibrilação ventricular. Nessa condição, a parte inferior do coração (os ventrículos) bate de forma desordenada e o órgão é incapaz de levar sangue aos tecidos.
As placas de ateroma acabaram sendo a causa primária na maioria dos pacientes estudados após sofrer um evento como este. Consiste no acúmulo de coágulos aderidos às artérias, compostos por células sanguíneas, plaquetas, tecido fibroso e colesterol.
Suspeita-se de que, ao realizar um esforço no esporte, as placas de ateroma tenham se rompido abruptamente e obstruído a circulação. Quando estas estão localizadas nas artérias coronárias, que são as que irrigam o coração, elas cortam o suprimento de oxigênio e nutrientes até causar necrose celular, que é a morte das células.
Em menor grau, existem causas hereditárias que não podem ser evitadas em relação à morte súbita no esporte. De qualquer forma, como veremos mais tarde, elas muitas vezes podem ser detectadas a tempo com um eletrocardiograma.
Existem duas formas que são mais conhecidas pela genética:
- Cardiomiopatia arritmogênica: as células do coração se degeneram e se convertem de músculo em gordura. A longo prazo, essas áreas cardíacas perdem a função e apresentam arritmias repetitivas, principalmente durante o esforço.
- Hipertrofia: nesses pacientes, a parede do coração aumenta progressivamente de tamanho, tornando cada vez mais difícil que o sangue saia dos ventrículos para se distribuir por todo o corpo. Quando o ponto máximo é alcançado, ocorre a morte súbita.
Como prevenir a morte súbita no esporte?
Conhecendo suas causas e suas formas de apresentação, vale pensar em como prevenir a morte súbita no esporte. A primeira resposta que surge, quase imediatamente, é a realização de um exame físico com eletrocardiograma em todos os atletas.
A verdade é que, em termos jurídicos, muitos países exigem a certificação de atividades federadas ou profissionais, mas há uma discussão científica sobre seu valor nessa área. No caso da genética e da hereditariedade, o exame pode ajudar, mas as placas de ateroma não apresentam sinais elétricos.
Por isso, fala-se atualmente de um exame médico global que inclua mais elementos, e não apenas o eletrocardiograma. Um bom exame físico e laboratorial adequado para a idade, e a solicitação de um método complementar especial se houver alguma suspeita.
Lembre-se de que as placas de ateroma são mais frequentes em pessoas com idade avançada, mas não são detectadas facilmente. Por outro lado, as mesmas recomendações valem para atletas e para a população geral no que diz respeito aos fatores de risco. Portanto, o seguinte deve ser considerado:
- Controlar a obesidade.
- Regular a pressão arterial e os níveis de glicose no sangue.
- Reduzir o colesterol ruim.
- Seguir uma dieta saudável.
- Evitar o álcool e o cigarro.
Prevenção social
Nos locais dedicados ao esporte, devem ser instalados desfibriladores automáticos e o funcionários devem conhecer as formas básicas de reabilitação cardiopulmonar. Da mesma forma, treinadores e árbitros devem ser instruídos na modalidade de reanimação.
O sistema de alerta é essencial. A cadeia de avisos e notificações aos serviços de emergência depende da velocidade e precisão com que é acionada. Isso deve ficar claro em qualquer academia e estádio, com responsáveis pelos chamados sendo treinados para isso.
Descubra também: 7 passos para interpretar um eletrocardiograma
Uma possibilidade remota, mas que existe
Se olharmos para os números, podemos dizer que a incidência de morte súbita no esporte é baixa. Talvez isso seja verdade em medidas populacionais amplas, mas os dados são significativos entre aqueles com mais de 50 anos que praticam exercícios intensos.
Portanto, muito cuidado deve ser tomado. Um check-up é importante e deve ser feito minuciosamente, não como mais um procedimento que você deseja realizar. Todos os métodos complementares solicitados devem ser realizados e avaliados no contexto do paciente em questão.
Existe também uma responsabilidade geral da sociedade, dos proprietários dos centros esportivos e dos reguladores das atividades. A existência de desfibriladores, a educação em saúde sobre o assunto e a cadeia de avisos são elementos que contribuem para a redução do problema.
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