Hipotireoidismo
Revisado e aprovado por o médico José Gerardo Rosciano Paganelli
O que é o hipotireoidismo?
O hipotireoidismo é uma doença do sistema endócrino. O termo “hipotireoidismo” descreve o conjunto de manifestações clínicas resultado de uma ação menor dos hormônios da tireoide sobre os tecidos.
Funcionamento do eixo hipotálamo – hipófise – tireoide
A TSH (Tireotropina, Hormônio Estimulante da tireoide) é liberada na hipófise anterior em resposta à TRH (Hormônio liberador de tireotropina) hipotalâmica.
A TSH se une aos seus receptores específicos, localizados nas células da tireoide. Em resposta, inicia-se uma série de processos cujo resultado final é a síntese e liberação de hormônios da tireoide.
- A T4 (Tiroxina ou Tetraiodotironina) se sintetiza 100% na tireoide.
- 20% da T3 (Triodotironina) se sintetizam na tireoide. Os outros 80% se sintetizam nos tecidos alvo da T4, processo mediado por uma deiodinase.
- Parte da T4 passa à sua forma inativa, a T3r, também por ação de uma deiodinase.
A regulação se estabelece por meio de um mecanismo de retroalimentação (feedback) negativa. Quando a concentração de T3 e T4 alcança valores fisiológicos, inibe-se a secreção de TSH e de TRH, ou seja, detém-se a sua liberação.
Qual é a causa do hipotireoidismo?
A principal causa é a diminuição da secreção hormonal, é o que acontece na maioria dos casos. Segundo o nível anatômico onde se produziu a alteração, pode-se classificar o hipotireoidismo em primário, secundário ou terciário.
Hipotireoidismo primário
A alteração assenta na própria tireoide. Neste sentido, a glândula diminui a produção de hormônios:
- Diante de uma perda de massa glandular. Diminui o número de células glandulares, diminui a quantidade de hormônios que são produzidos. Isso é o que acontece na tireoidite autoimune (principal causa de hipotireoidismo em um adulto). Também como consequência de tratamentos com iodo radioativo ou depois de uma tireoidectomia (extirpação total ou parcial da tireoide).
- Por um defeito congênito do desenvolvimento da tireoide.
- Por um teor insuficiente de iodo na alimentação, sendo esta a principal causa nos países em vias de desenvolvimento.
- Devido a um bloqueio na síntese de hormônios tireoideos. O processo de produção de hormônios tireoideos pode ser alterado em qualquer um de seus passos, por motivos internos ou externos. Quando a origem é endógena, a alteração se deve a uma falha congênita durante o processo. Quando é externo, deve-se, na maioria dos casos, ao consumo de alguns medicamentos (sais de lítio).
A tireoide obedece a um mecanismo de retroalimentação negativa, uma queda de hormônios tireoideos que tem como resultado final um aumento da TSH (com a finalidade de aumentar os hormônios tireoideos).
O aumento da TSH acima dos valores normais é o dado analítico mais sensível para o diagnóstico de hipotireoidismo primário.
Hipotireoidismo secundário
Diminui a secreção de hormônios tireoideos como consequência de uma falha na secreção de TSH na hipófise. Ao consumir a secreção de TSH abaixo dos níveis normais estimula inadequadamente à tireoide (que funciona corretamente). O resultado final é, portanto, uma menor produção de T3 e T4.
Isso pode acontecer devido a:
- Uma necrose isquêmica da glândula (morte celular por falta de rego sanguíneo).
- A presença de alguns tumores.
- Uma falha global da hipófise anterior, o que se conhece como síndrome de Sheehan.
Devido ao mecanismo de retroalimentação negativa que regula o eixo, o resultado é um aumento da TRH (para estimular a secreção de TSH). Porém, este aumento não terá nenhum efeito sobre a hipófise, já que é nela onde se encontra a falha.
Ou seja, no hipotireoidismo secundário não há resposta a um aumento de TRH próprio ou administrado de maneira exógena.
Hipotireoidismo terciário
A hipofunção tireóidea se deve, neste caso, a uma diminuição na secreção de TRH no hipotálamo. Ao diminuir o estímulo da hipófise, ela secreta uma menor quantidade de TSH. Como consequência, diminui também a estimulação da tireoide, que secreta menos quantidade de T4 e T3.
Neste caso, ainda que diminuam os hormônios tireóideos, não há um aumento da TRH hipotalâmica. Porém, o defeito pode se corrigir por meio de administração exógena de TRH visto que a hipófise responde a ele.
Resistência periférica dos tecidos aos hormônios
Ocorre em ocasiões muito raras. Percebem-se mutações nos genes relacionados com os receptores tireóideos presentes nos tecidos. Como consequência, estes receptores alteram seu funcionamento normal, fazendo com que os tecidos não respondam aos hormônios.
Em outros casos, também muito raros, o problema pode ocorrer devido à inativação periférica dos hormônios da tireoide. Podem ocorrer alterações nos processos de conversão de T4 a T3 e no de T4 a T3r. Assim, inibe-se a passagem de T4 para T3, objetivando-se uma diminuição de T3 no exame. E aumenta a T3r, forma inativa dos hormônios.
Manifestações clínicas do hipotireoidismo
Por um lado, estão as relacionadas com o déficit hormonal, que se traduzem em uma lentidão dos processos metabólicos:
- Sensação constante de frio, independente da temperatura ambiente.
- Pele pálida, fria e áspera. O cabelo, as sobrancelhas e os cílios se tornam frágeis e tendem a cair.
- Diminuição da frequência cardíaca e hipertensão arterial.
- Prisão de ventre pela lentidão intestinal.
- Diminuição da concentração, alterações da memória e a linguagem. O paciente se encontra letárgico. Em casos de mau controle e longa evolução pode parece um tipo de coma chamado coma mixedematoso.
- Bócio nos casos de teor insuficiente de iodo ou de falha no processo de síntese de T3 e T4.
- Anemia e hipocolesterolemia.
- Em crianças: atraso do crescimento.
Por outro lado, aparece uma série de manifestações em consequência do depósito de tecido da substância mucoide. É comporta por água e ácido hialurônico. Se deposita nos tecidos como consequência de um menor metabolismo dos polissacarídeos.
- Edema facial que não deixa fovea e que pode se estender às extremidades. O edema próprio do hipotireoidismo recebe o nome de mixedema.
- Ganho de peso.
- Aumento do tamanho da língua e voz rouca.
- Síndrome do túnel do carpo.
Como se diagnostica?
Exame. Permite determinar a concentração dos hormônios tireoide T3 e T4 e a concentração de TSH. De maneira geral:
- Diminuição de T3 e T4 livres e aumento de TSH: hipotireoidismo primário
- T3 e T4 abaixo do limite inferior normal + diminuição de TSH sem resposta a TRH exógena: Hipotireoidismo secundário.
- Diminuição de T3 e T4 + diminuição de TSH com resposta a TRH exógena: Hipotireoidismo terciário.
Estudos morfológicos por meio de gammagrafia com iodo radioativo e ecografia tireóidea.
Tratamento do hipotireoidismo
O tratamento do hipotireoidismo consiste na reposição da produção do hormônio tireóideo T4, a tiroxina. O medicamento usado por excelência é a levotiroxina, cuja prescrição deverá constar com a menor dose possível para estabelecer os níveis normais da T4.
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O que é o hipotireoidismo?
O hipotireoidismo é uma doença do sistema endócrino. O termo “hipotireoidismo” descreve o conjunto de manifestações clínicas resultado de uma ação menor dos hormônios da tireoide sobre os tecidos.
Funcionamento do eixo hipotálamo – hipófise – tireoide
A TSH (Tireotropina, Hormônio Estimulante da tireoide) é liberada na hipófise anterior em resposta à TRH (Hormônio liberador de tireotropina) hipotalâmica.
A TSH se une aos seus receptores específicos, localizados nas células da tireoide. Em resposta, inicia-se uma série de processos cujo resultado final é a síntese e liberação de hormônios da tireoide.
- A T4 (Tiroxina ou Tetraiodotironina) se sintetiza 100% na tireoide.
- 20% da T3 (Triodotironina) se sintetizam na tireoide. Os outros 80% se sintetizam nos tecidos alvo da T4, processo mediado por uma deiodinase.
- Parte da T4 passa à sua forma inativa, a T3r, também por ação de uma deiodinase.
A regulação se estabelece por meio de um mecanismo de retroalimentação (feedback) negativa. Quando a concentração de T3 e T4 alcança valores fisiológicos, inibe-se a secreção de TSH e de TRH, ou seja, detém-se a sua liberação.
Qual é a causa do hipotireoidismo?
A principal causa é a diminuição da secreção hormonal, é o que acontece na maioria dos casos. Segundo o nível anatômico onde se produziu a alteração, pode-se classificar o hipotireoidismo em primário, secundário ou terciário.
Hipotireoidismo primário
A alteração assenta na própria tireoide. Neste sentido, a glândula diminui a produção de hormônios:
- Diante de uma perda de massa glandular. Diminui o número de células glandulares, diminui a quantidade de hormônios que são produzidos. Isso é o que acontece na tireoidite autoimune (principal causa de hipotireoidismo em um adulto). Também como consequência de tratamentos com iodo radioativo ou depois de uma tireoidectomia (extirpação total ou parcial da tireoide).
- Por um defeito congênito do desenvolvimento da tireoide.
- Por um teor insuficiente de iodo na alimentação, sendo esta a principal causa nos países em vias de desenvolvimento.
- Devido a um bloqueio na síntese de hormônios tireoideos. O processo de produção de hormônios tireoideos pode ser alterado em qualquer um de seus passos, por motivos internos ou externos. Quando a origem é endógena, a alteração se deve a uma falha congênita durante o processo. Quando é externo, deve-se, na maioria dos casos, ao consumo de alguns medicamentos (sais de lítio).
A tireoide obedece a um mecanismo de retroalimentação negativa, uma queda de hormônios tireoideos que tem como resultado final um aumento da TSH (com a finalidade de aumentar os hormônios tireoideos).
O aumento da TSH acima dos valores normais é o dado analítico mais sensível para o diagnóstico de hipotireoidismo primário.
Hipotireoidismo secundário
Diminui a secreção de hormônios tireoideos como consequência de uma falha na secreção de TSH na hipófise. Ao consumir a secreção de TSH abaixo dos níveis normais estimula inadequadamente à tireoide (que funciona corretamente). O resultado final é, portanto, uma menor produção de T3 e T4.
Isso pode acontecer devido a:
- Uma necrose isquêmica da glândula (morte celular por falta de rego sanguíneo).
- A presença de alguns tumores.
- Uma falha global da hipófise anterior, o que se conhece como síndrome de Sheehan.
Devido ao mecanismo de retroalimentação negativa que regula o eixo, o resultado é um aumento da TRH (para estimular a secreção de TSH). Porém, este aumento não terá nenhum efeito sobre a hipófise, já que é nela onde se encontra a falha.
Ou seja, no hipotireoidismo secundário não há resposta a um aumento de TRH próprio ou administrado de maneira exógena.
Hipotireoidismo terciário
A hipofunção tireóidea se deve, neste caso, a uma diminuição na secreção de TRH no hipotálamo. Ao diminuir o estímulo da hipófise, ela secreta uma menor quantidade de TSH. Como consequência, diminui também a estimulação da tireoide, que secreta menos quantidade de T4 e T3.
Neste caso, ainda que diminuam os hormônios tireóideos, não há um aumento da TRH hipotalâmica. Porém, o defeito pode se corrigir por meio de administração exógena de TRH visto que a hipófise responde a ele.
Resistência periférica dos tecidos aos hormônios
Ocorre em ocasiões muito raras. Percebem-se mutações nos genes relacionados com os receptores tireóideos presentes nos tecidos. Como consequência, estes receptores alteram seu funcionamento normal, fazendo com que os tecidos não respondam aos hormônios.
Em outros casos, também muito raros, o problema pode ocorrer devido à inativação periférica dos hormônios da tireoide. Podem ocorrer alterações nos processos de conversão de T4 a T3 e no de T4 a T3r. Assim, inibe-se a passagem de T4 para T3, objetivando-se uma diminuição de T3 no exame. E aumenta a T3r, forma inativa dos hormônios.
Manifestações clínicas do hipotireoidismo
Por um lado, estão as relacionadas com o déficit hormonal, que se traduzem em uma lentidão dos processos metabólicos:
- Sensação constante de frio, independente da temperatura ambiente.
- Pele pálida, fria e áspera. O cabelo, as sobrancelhas e os cílios se tornam frágeis e tendem a cair.
- Diminuição da frequência cardíaca e hipertensão arterial.
- Prisão de ventre pela lentidão intestinal.
- Diminuição da concentração, alterações da memória e a linguagem. O paciente se encontra letárgico. Em casos de mau controle e longa evolução pode parece um tipo de coma chamado coma mixedematoso.
- Bócio nos casos de teor insuficiente de iodo ou de falha no processo de síntese de T3 e T4.
- Anemia e hipocolesterolemia.
- Em crianças: atraso do crescimento.
Por outro lado, aparece uma série de manifestações em consequência do depósito de tecido da substância mucoide. É comporta por água e ácido hialurônico. Se deposita nos tecidos como consequência de um menor metabolismo dos polissacarídeos.
- Edema facial que não deixa fovea e que pode se estender às extremidades. O edema próprio do hipotireoidismo recebe o nome de mixedema.
- Ganho de peso.
- Aumento do tamanho da língua e voz rouca.
- Síndrome do túnel do carpo.
Como se diagnostica?
Exame. Permite determinar a concentração dos hormônios tireoide T3 e T4 e a concentração de TSH. De maneira geral:
- Diminuição de T3 e T4 livres e aumento de TSH: hipotireoidismo primário
- T3 e T4 abaixo do limite inferior normal + diminuição de TSH sem resposta a TRH exógena: Hipotireoidismo secundário.
- Diminuição de T3 e T4 + diminuição de TSH com resposta a TRH exógena: Hipotireoidismo terciário.
Estudos morfológicos por meio de gammagrafia com iodo radioativo e ecografia tireóidea.
Tratamento do hipotireoidismo
O tratamento do hipotireoidismo consiste na reposição da produção do hormônio tireóideo T4, a tiroxina. O medicamento usado por excelência é a levotiroxina, cuja prescrição deverá constar com a menor dose possível para estabelecer os níveis normais da T4.
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- Gilbert, J. (2017). Hypothyroidism. Medicine (United Kingdom). https://doi.org/10.1016/j.mpmed.2017.05.009
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