As propriedades anticoagulantes do alho

Durante anos, o alho foi um alimento amplamente consumido em muitos países ao redor do mundo. Na verdade, é conhecido por ser o principal ingrediente da dieta mediterrânea. Ajuda a realçar o sabor dos pratos e a conseguir verdadeiras iguarias. Será que o alho tem propriedades anticoagulantes?

Embora tenha tido sucesso no campo da culinária, quando se trata de medicina alternativa, revelou-se um elemento muito marcante. Todos os tipos de propriedades foram atribuídos a ele e seu valor nutricional foi deturpado em mais de uma ocasião.

Vamos ver mais sobre esse alimento e as propriedades que popularmente são atribuídas a ele, que tanto confundem as pessoas.

Alho, um alimento com mil mitos em torno dele

Segundo especialistas da Fundação Espanhola de Nutrição (FEN), o alho é fonte de proteínas, iodo, fósforo, potássio, vitamina B6 e compostos de enxofre. Portanto, é um alimento recomendado para complementar a dieta alimentar.

No entanto, não é um alimento que ajuda a “combater infecções crônicas“, nem previne ou cura o câncer (ou qualquer outra doença). Também não serve como tratamento adjuvante. Em qualquer caso, é um alimento que ajuda a complementar a dieta alimentar e que dá um toque distintivo aos temperos.

Os especialistas da Unidade da Universidade Pompeu Fabra comentam o seguinte:

“A evidência científica disponível não é de qualidade suficiente para confirmar a relação entre a ingestão de alho e a diminuição do risco de câncer. Ensaios clínicos rigorosos são necessários para determinar o verdadeiro efeito da ingestão de alho na prevenção desta doença”.

Essas mesmas afirmações se aplicam às doenças cardiovasculares. Portanto, comer um dente de alho com o estômago vazio todas as manhãs não reduzirá o risco de doenças. Também não reduzirá o impacto do estresse oxidativo nem evitará o envelhecimento prematuro.

A alicina seu composto de enxofre

A alicina é um composto de enxofre que este alimento contém. É responsável pelo cheiro e sabor que o caracteriza e, segundo crenças, tem grande potencial do ponto de vista medicinal. Portanto, ele foi investigado várias vezes ao longo dos anos.

Em um estudo publicado em 2007, o seguinte é comentado:

“Parece que, embora praticamente todos os componentes do alho tenham atividade antioxidante, os componentes com maior capacidade poderiam ser S-alil-cisteína e alicina, e também é sugerido que o efeito antioxidante é dependente da dose e do tempo”.

Os pesquisadores concordam que, embora o alho tenha compostos com potencial para diferentes problemas, esse potencial só foi observado em certas condições de laboratório. Portanto, eles não funcionam de forma alguma, mas em circunstâncias muito específicas.

Para aproveitar as propriedades do alho, até o momento, o melhor é consumi-lo dentro de uma dieta balanceada. Não é necessário consumir uma determinada quantidade com o estômago vazio ou de qualquer outra forma.

No dia em que houver evidências científicas que indiquem que é benéfico consumir uma determinada quantidade de alho em um determinado horário, será possível repensar como aproveitar esse alimento. Por enquanto, basta integrá-lo a uma dieta balanceada.

Resumindo, se você quiser consumir alho, deve ser porque gosta do seu sabor nos pratos. Não porque isso o ajudará a prevenir ou curar doenças.

O alho tem propriedades anticoagulantes?

Segundo as crenças, o alho teria propriedades anticoagulantes e vasodilatadoras, razão pela qual é frequentemente recomendado na esfera popular como um “tratamento” para prevenir problemas cardiovasculares.

No entanto, não há evidências científicas que indiquem que tais crenças sejam corretas. Na verdade, especialistas comentam que já foi observado que o consumo desse alimento pode causar interações com certos medicamentos, como os anticoagulantes. Portanto, os pacientes que tomam varfarina devem evitá-lo.

Segundo um estudo publicado em 1963 na Coreia, o alho teria uma substância com efeito anticoagulante, mas em casos isolados. Embora isso parecesse promissor, com o tempo e outras pesquisas mais aprofundadas, concluiu-se que não se pode dizer que tenha propriedades anticoagulantes.

Em vez disso, o que se pode dizer é que o alho é um alimento com potencial, mas sob certas condições.