Cobradora que “estudava na catraca” é aprovada no TJSP e comemora
Luana Farias, 27 anos, se preparou para o concurso do TJSP – Tribunal de Justiça de São Paulo – enquanto trabalhava como cobradora de ônibus. “Estudava na catraca”, contou ela.
Cada um estuda como pode, e ela estudava pelo celular no ônibus. Mas valeu a pena! Hoje Luana está comemorando a realização de um sonho. A notícia boa é que um ano depois ela foi aprovada e acaba de ser chamada para a nomeação.
“Estudei na catraca e nem consigo assimilar que meu sonho vai se realizar”, escreveu a cobradora em um post nas redes sociais.
Persistência: estudava na catraca
Luana estudou a vida toda em escola pública e disse que a família é bastante humilde. Ela mora na periferia do Grajaú, em São Paulo.
Como precisava trabalhar para ajudar na casa, a jovem lembra que aproveitava os momentos de menor fluxo de passageiros para revisar os conteúdos.
“Estudei a vida toda em escola pública e sempre fui apaixonada por livros, principalmente por romances. Tanto que entre 2015 e 2016 escrevi um livro chamado O colar de Lis. Muitos subestimam esse gênero literário, chamam de clichê ou perda de tempo, mas foi graças a essa bagagem de leitura, por exemplo, que eu gabaritei a prova de português do TJSP”, relata.
As dificuldades a motivaram
Luana conta que focou muito em passar em um concurso público e sabia que isso exigiria um bom tempo de preparação.
Nos últimos tempos, as condições financeiras da família se agravaram e ela precisou arrumar um emprego. Por isso, teve que se virar para estudar enquanto trabalhava.
“Meu pai sempre trabalhou como motorista de ônibus e, há cinco anos, me indicou para uma vaga na empresa em que ele trabalhava. Comecei como cobradora fazendo a linha Terminal Grajaú-Metrô Brás e, hoje, atuo na linha Grajaú-Jabaquara. Trabalho oito horas por dia durante a semana e, aos finais de semana, chego a doze/treze horas de expediente”, conta Luana.
Preconceito
Luana também precisou enfrentar preconceitos. Muitas vezes, ela chegou a ouvir piadas direcionadas a si. Ouviu comentários maldosos tanto por ser cobradora de ônibus como por ter uma deficiência visual. No entanto, nunca se envergonhou por sua profissão.
“Muitos encaram essa profissão como algo obsoleto, são hostis, dizem que é inútil eu estar ali, que o cobrador não faz nada no ônibus”, disse a jovem.
“O povo esquece que a gente oferece auxílio para pessoas deficientes ou com mobilidade reduzida, damos apoio ao motorista, mantemos a ordem no coletivo e fazemos a cobrança, pois muitos ainda pagam em dinheiro”, afirmou.
“Para mim, é uma profissão honesta e que me trazia o sustento. Além disso, eu também queria melhorar minha vida financeiramente e ajudar minha família, proporcionar lazer aos meus pais, por exemplo. Por isso, comecei a ver o concurso do TJSP como um sonho e uma possibilidade de realizar essas coisas”, diz.
Mudança de vida
Luana nunca desistiu dos seus sonhos. Ela prestou o concurso para o TJ pela primeira vez em 2017, mas não foi aprovada. Mesmo assim, continuou estudando e persistindo no sonho.
“Quando começaram os rumores de que sairia o concurso em 2021, comecei a me preparar para as matérias, estudando mais de seis horas por dia. Estudava os conteúdos de Direito pelo site do Planalto e assistia videoaulas de raciocínio lógico e matemática, pois eram as matérias que eu tinha mais dificuldade”, lembra.
Ela usava o celular dentro do ônibus para estudar as matérias.
“A rotina de trabalhar e estudar era bem cansativa. Às vezes, eu me sentia fatigada mentalmente. Noutras, eu desanimava porque não estava conseguindo evoluir nos simulados e até pensava em desistir, mas me mantive de olho no meu objetivo.”
Felizmente, tudo deu muito certo! Na hora de se inscrever, ela ainda foi enquadrada como PCD por ter visão monocular.
“Agora, estou aguardando a posse para entrar em exercício na função e até lá seguirei trabalhando como cobradora. Estou muito grata e cheia de expectativas. Meu salário será cerca de quatro vezes mais do que o que eu ganho atualmente e o TJ vai poder me proporcionar muita coisa”, conta com felicidade.
Ajudar a família
O seu maior objetivo é ajudar a família. Quando perguntada sobre isso, a cobradora diz que quer ajudar a família e realizar alguns sonhos deles, como pagar um cruzeiro para a mãe.
Agora ela também poderá retomar a graduação em Direito que fez durante cinco semestres numa faculdade privada, mas precisou interromper.
“Tudo isso só foi possível graças ao apoio deles e também à educação, que é imprescindível e é onde o nosso país deveria investir com mais força. A educação amplia horizontes, mostra outras perspectivas para aqueles que nascem em famílias desajustadas ou apenas sem oportunidades”, finalizou.
Luana Farias, 27 anos, se preparou para o concurso do TJSP – Tribunal de Justiça de São Paulo – enquanto trabalhava como cobradora de ônibus. “Estudava na catraca”, contou ela.
Cada um estuda como pode, e ela estudava pelo celular no ônibus. Mas valeu a pena! Hoje Luana está comemorando a realização de um sonho. A notícia boa é que um ano depois ela foi aprovada e acaba de ser chamada para a nomeação.
“Estudei na catraca e nem consigo assimilar que meu sonho vai se realizar”, escreveu a cobradora em um post nas redes sociais.
Persistência: estudava na catraca
Luana estudou a vida toda em escola pública e disse que a família é bastante humilde. Ela mora na periferia do Grajaú, em São Paulo.
Como precisava trabalhar para ajudar na casa, a jovem lembra que aproveitava os momentos de menor fluxo de passageiros para revisar os conteúdos.
“Estudei a vida toda em escola pública e sempre fui apaixonada por livros, principalmente por romances. Tanto que entre 2015 e 2016 escrevi um livro chamado O colar de Lis. Muitos subestimam esse gênero literário, chamam de clichê ou perda de tempo, mas foi graças a essa bagagem de leitura, por exemplo, que eu gabaritei a prova de português do TJSP”, relata.
As dificuldades a motivaram
Luana conta que focou muito em passar em um concurso público e sabia que isso exigiria um bom tempo de preparação.
Nos últimos tempos, as condições financeiras da família se agravaram e ela precisou arrumar um emprego. Por isso, teve que se virar para estudar enquanto trabalhava.
“Meu pai sempre trabalhou como motorista de ônibus e, há cinco anos, me indicou para uma vaga na empresa em que ele trabalhava. Comecei como cobradora fazendo a linha Terminal Grajaú-Metrô Brás e, hoje, atuo na linha Grajaú-Jabaquara. Trabalho oito horas por dia durante a semana e, aos finais de semana, chego a doze/treze horas de expediente”, conta Luana.
Preconceito
Luana também precisou enfrentar preconceitos. Muitas vezes, ela chegou a ouvir piadas direcionadas a si. Ouviu comentários maldosos tanto por ser cobradora de ônibus como por ter uma deficiência visual. No entanto, nunca se envergonhou por sua profissão.
“Muitos encaram essa profissão como algo obsoleto, são hostis, dizem que é inútil eu estar ali, que o cobrador não faz nada no ônibus”, disse a jovem.
“O povo esquece que a gente oferece auxílio para pessoas deficientes ou com mobilidade reduzida, damos apoio ao motorista, mantemos a ordem no coletivo e fazemos a cobrança, pois muitos ainda pagam em dinheiro”, afirmou.
“Para mim, é uma profissão honesta e que me trazia o sustento. Além disso, eu também queria melhorar minha vida financeiramente e ajudar minha família, proporcionar lazer aos meus pais, por exemplo. Por isso, comecei a ver o concurso do TJSP como um sonho e uma possibilidade de realizar essas coisas”, diz.
Mudança de vida
Luana nunca desistiu dos seus sonhos. Ela prestou o concurso para o TJ pela primeira vez em 2017, mas não foi aprovada. Mesmo assim, continuou estudando e persistindo no sonho.
“Quando começaram os rumores de que sairia o concurso em 2021, comecei a me preparar para as matérias, estudando mais de seis horas por dia. Estudava os conteúdos de Direito pelo site do Planalto e assistia videoaulas de raciocínio lógico e matemática, pois eram as matérias que eu tinha mais dificuldade”, lembra.
Ela usava o celular dentro do ônibus para estudar as matérias.
“A rotina de trabalhar e estudar era bem cansativa. Às vezes, eu me sentia fatigada mentalmente. Noutras, eu desanimava porque não estava conseguindo evoluir nos simulados e até pensava em desistir, mas me mantive de olho no meu objetivo.”
Felizmente, tudo deu muito certo! Na hora de se inscrever, ela ainda foi enquadrada como PCD por ter visão monocular.
“Agora, estou aguardando a posse para entrar em exercício na função e até lá seguirei trabalhando como cobradora. Estou muito grata e cheia de expectativas. Meu salário será cerca de quatro vezes mais do que o que eu ganho atualmente e o TJ vai poder me proporcionar muita coisa”, conta com felicidade.
Ajudar a família
O seu maior objetivo é ajudar a família. Quando perguntada sobre isso, a cobradora diz que quer ajudar a família e realizar alguns sonhos deles, como pagar um cruzeiro para a mãe.
Agora ela também poderá retomar a graduação em Direito que fez durante cinco semestres numa faculdade privada, mas precisou interromper.
“Tudo isso só foi possível graças ao apoio deles e também à educação, que é imprescindível e é onde o nosso país deveria investir com mais força. A educação amplia horizontes, mostra outras perspectivas para aqueles que nascem em famílias desajustadas ou apenas sem oportunidades”, finalizou.
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