O que a ciência diz sobre os opioides?
Escrito e verificado por médico Leonardo Biolatto
Um opioide não é a mesma coisa que um opiáceo. Embora o pensamento popular acredite que os opioides são apenas drogas externas que causam dependência, isso não é totalmente correto.
Os opioides têm sido utilizados há milhares de anos como analgésicos. Por pelo menos seis mil anos, a humanidade conheceu suas propriedades analgésicas. Mais tarde, no ano de 1086, a substância que conhecemos como morfina pôde ser isolada quimicamente.
A ciência descobriu progressivamente que os seres humanos têm sistemas internos para interagir com os opioides. Esses receptores espalhados por todo o corpo estão lá por razões fisiológicas. Assim, devemos distinguir entre dois conceitos:
- Opioides: este termo é usado para todas as substâncias, seja qual for a sua origem, que podem se ligar a um receptor de opioides no corpo.
- Opiáceos: são substâncias derivadas do ópio que possuem ação opioide. Elas não são encontradas naturalmente no ser humano. É o caso da morfina, por exemplo.
Todos os opiáceos são opioides, mas o contrário não é verdadeiro. Algumas substâncias opioides que circulam no sangue, como as endorfinas, são naturais e não derivam do ópio; portanto, não são opiáceos.
Também temos uma subdivisão entre os opiáceos, distinguindo a sua origem natural ou sintética. Existem opiáceos que vêm diretamente da planta do ópio e outros que são fabricados artificialmente. Tanto a indústria farmacêutica quanto o mundo das drogas projetadas desenvolvem esses produtos sintéticos.
Os opioides endógenos
Existe um grupo de opioides que não vem de fora do corpo, mas são intrínsecos. Ou seja, são substâncias que o corpo humano fabrica e que intervêm em diversos processos naturais nos órgãos.
Esses opioides endógenos, como são chamados, foram descobertos pelos cientistas John Hughes e Hans Kosterlitz em 1975. Três grupos foram identificados:
- Endorfinas.
- Encefalinas.
- Dinorfinas.
Os opioides endógenos têm uma variedade de funções, desde a analgesia da dor até a mediação de respostas ao estresse. Eles também têm sido associados à função cardíaca e à resposta do sistema imunológico a infecções.
O corpo é capaz de armazenar opioides endógenos para o uso quando for necessário. Por outro lado, existem os canabinoides endógenos, que são substâncias fabricadas no momento em que são necessárias e que não são armazenadas.
Como os opioides aliviam a dor?
Uma das grandes características dos opioides é que eles são analgésicos. Aliviam a dor de forma muito eficiente e vários deles não têm limite de ação, por isso são utilizados em patologias dolorosas crônicas.
Os opioides endógenos também são analgésicos. É por isso que, quando secretamos mais endorfinas por estarmos atravessando um estado de felicidade, nossas dores se acalmam. O mesmo acontece com as pessoas com osteoartrite, que sofrem menos devido ao aumento das endorfinas ao praticarem um esporte de que gostam.
De acordo com a sua ação analgésica e a quais receptores no sistema nervoso central se ligam, os opiáceos medicamentosos são classificados em:
- Agonistas puros: são aqueles que atuam sobre alguns receptores identificados com a letra grega μ. São fortemente analgésicos e causam euforia. Neste grupo, está a morfina.
- Agonistas-antagonistas: medicamentos como a nalbufina compõem esse grupo.
- Agonistas parciais: a buprenorfina é o principal exemplo.
- Antagonistas puros: esses medicamentos são capazes de reverter o efeito de outros opiáceos. Eles são usados no caso de ter que tratar um envenenamento por morfina. Podemos citar a naltrexona e a naloxona.
Efeitos adversos
Como acontece com qualquer substância, natural ou artificial, o excesso é a causa de intoxicações e efeitos adversos. Os opioides não estão isentos disso.
Os efeitos adversos geralmente aparecem com opioides usados como medicamentos ou drogas recreativas. Os opioides endógenos não chegam a gerar essas reações indesejáveis porque o próprio corpo as regula.
Entre os efeitos adversos dos opioides, podemos citar:
- Distúrbios digestivos: principalmente constipação, uma vez que os opioides tendem a reduzir os movimentos peristálticos do trato digestivo. Também pode haver náuseas e vômitos.
- Tontura e sonolência.
- Dor de cabeça.
- Sudorese.
- Depressão respiratória: um efeito muito temido dos opiáceos é a possibilidade de deprimirem a respiração, causando a morte. Portanto, a dose de administração deve ser supervisionada.
- Vício: os opiáceos causam dependência, tanto os usados como analgésicos quanto as drogas recreativas. O indivíduo viciado experimenta a necessidade urgente de consumi-los e requer cada vez mais doses para atingir o mesmo efeito. Este é um grave problema social que requer abordagens a partir de diferentes perspectivas, não apenas do aspecto médico.
Conclusão
Os opioides são conhecidos pela sua poderosa ação analgésica. Na verdade, graças à sua capacidade de tratar a dor, eles são usados para várias doenças. Porém, seu uso deve ser feito com cautela, pois tendem a causar dependência quando usados como medicamentos. Há até quem os use como drogas recreativas.
Um opioide não é a mesma coisa que um opiáceo. Embora o pensamento popular acredite que os opioides são apenas drogas externas que causam dependência, isso não é totalmente correto.
Os opioides têm sido utilizados há milhares de anos como analgésicos. Por pelo menos seis mil anos, a humanidade conheceu suas propriedades analgésicas. Mais tarde, no ano de 1086, a substância que conhecemos como morfina pôde ser isolada quimicamente.
A ciência descobriu progressivamente que os seres humanos têm sistemas internos para interagir com os opioides. Esses receptores espalhados por todo o corpo estão lá por razões fisiológicas. Assim, devemos distinguir entre dois conceitos:
- Opioides: este termo é usado para todas as substâncias, seja qual for a sua origem, que podem se ligar a um receptor de opioides no corpo.
- Opiáceos: são substâncias derivadas do ópio que possuem ação opioide. Elas não são encontradas naturalmente no ser humano. É o caso da morfina, por exemplo.
Todos os opiáceos são opioides, mas o contrário não é verdadeiro. Algumas substâncias opioides que circulam no sangue, como as endorfinas, são naturais e não derivam do ópio; portanto, não são opiáceos.
Também temos uma subdivisão entre os opiáceos, distinguindo a sua origem natural ou sintética. Existem opiáceos que vêm diretamente da planta do ópio e outros que são fabricados artificialmente. Tanto a indústria farmacêutica quanto o mundo das drogas projetadas desenvolvem esses produtos sintéticos.
Os opioides endógenos
Existe um grupo de opioides que não vem de fora do corpo, mas são intrínsecos. Ou seja, são substâncias que o corpo humano fabrica e que intervêm em diversos processos naturais nos órgãos.
Esses opioides endógenos, como são chamados, foram descobertos pelos cientistas John Hughes e Hans Kosterlitz em 1975. Três grupos foram identificados:
- Endorfinas.
- Encefalinas.
- Dinorfinas.
Os opioides endógenos têm uma variedade de funções, desde a analgesia da dor até a mediação de respostas ao estresse. Eles também têm sido associados à função cardíaca e à resposta do sistema imunológico a infecções.
O corpo é capaz de armazenar opioides endógenos para o uso quando for necessário. Por outro lado, existem os canabinoides endógenos, que são substâncias fabricadas no momento em que são necessárias e que não são armazenadas.
Como os opioides aliviam a dor?
Uma das grandes características dos opioides é que eles são analgésicos. Aliviam a dor de forma muito eficiente e vários deles não têm limite de ação, por isso são utilizados em patologias dolorosas crônicas.
Os opioides endógenos também são analgésicos. É por isso que, quando secretamos mais endorfinas por estarmos atravessando um estado de felicidade, nossas dores se acalmam. O mesmo acontece com as pessoas com osteoartrite, que sofrem menos devido ao aumento das endorfinas ao praticarem um esporte de que gostam.
De acordo com a sua ação analgésica e a quais receptores no sistema nervoso central se ligam, os opiáceos medicamentosos são classificados em:
- Agonistas puros: são aqueles que atuam sobre alguns receptores identificados com a letra grega μ. São fortemente analgésicos e causam euforia. Neste grupo, está a morfina.
- Agonistas-antagonistas: medicamentos como a nalbufina compõem esse grupo.
- Agonistas parciais: a buprenorfina é o principal exemplo.
- Antagonistas puros: esses medicamentos são capazes de reverter o efeito de outros opiáceos. Eles são usados no caso de ter que tratar um envenenamento por morfina. Podemos citar a naltrexona e a naloxona.
Efeitos adversos
Como acontece com qualquer substância, natural ou artificial, o excesso é a causa de intoxicações e efeitos adversos. Os opioides não estão isentos disso.
Os efeitos adversos geralmente aparecem com opioides usados como medicamentos ou drogas recreativas. Os opioides endógenos não chegam a gerar essas reações indesejáveis porque o próprio corpo as regula.
Entre os efeitos adversos dos opioides, podemos citar:
- Distúrbios digestivos: principalmente constipação, uma vez que os opioides tendem a reduzir os movimentos peristálticos do trato digestivo. Também pode haver náuseas e vômitos.
- Tontura e sonolência.
- Dor de cabeça.
- Sudorese.
- Depressão respiratória: um efeito muito temido dos opiáceos é a possibilidade de deprimirem a respiração, causando a morte. Portanto, a dose de administração deve ser supervisionada.
- Vício: os opiáceos causam dependência, tanto os usados como analgésicos quanto as drogas recreativas. O indivíduo viciado experimenta a necessidade urgente de consumi-los e requer cada vez mais doses para atingir o mesmo efeito. Este é um grave problema social que requer abordagens a partir de diferentes perspectivas, não apenas do aspecto médico.
Conclusão
Os opioides são conhecidos pela sua poderosa ação analgésica. Na verdade, graças à sua capacidade de tratar a dor, eles são usados para várias doenças. Porém, seu uso deve ser feito com cautela, pois tendem a causar dependência quando usados como medicamentos. Há até quem os use como drogas recreativas.
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- Akil, H; Meng, F; Devine, D.P; Watson, S. J .Molecular and neuroanatomical properties of the endogenous opioid system: implications for treatment of opiate addiction. Semin Neurosc, 1997, 9: 70-83.
- Endogenous opiates and behavior: 2007. Peptides. 2008;29:2292-2375.
- Flórez J. Fármacos analgésicos opioides. En: Flórez J, Armijo JA, Mediavilla A, editores. Farmacología humana. 4a ed. Barcelona: Masson; 2003. p. 461-478.
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