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CDC: Casos de sífilis e outras DSTs aumentam nos EUA, como nos cuidamos?

6 minutos
Por que os casos de sífilis estão aumentando nos Estados Unidos e no mundo? Os cientistas têm diferentes explicações para esse problema de saúde pública.
CDC: Casos de sífilis e outras DSTs aumentam nos EUA, como nos cuidamos?
Leonardo Biolatto

Escrito e verificado por médico Leonardo Biolatto

Última atualização: 14 julho, 2023

A publicação do último relatório dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) sobre infecções sexualmente transmissíveis disparou o alarme. Segundo dados da instituição, os casos de sífilis têm aumentado desde 2017 em um ritmo preocupante.

Mas não é só essa patologia que está em foco. Aumentos notáveis também foram observados em outras doenças venéreas nos Estados Unidos, como a gonorréia. Por quê? O que a pandemia do COVID-19 tem a ver com isso? E mais importante: o que podemos fazer para cuidar de nós mesmos?

Dados do CDC revelam casos de sífilis em ascensão

O relatório do CDC coleta estatísticas de 2017 a 2021 nos Estados Unidos. Com esses dados, os especialistas conseguiram traçar tendências em relação às doenças sexualmente transmissíveis. E o que eles encontraram foi um aumento muito grande.

As estatísticas reveladas no site oficial da instituição relataram o seguinte:

  • Enquanto em 2017 havia 101.590 casos confirmados de sífilis, em 2021 esse número subiu para 176.713 pacientes.
  • Os casos de gonorreia passaram de 555.608 em 2017 para 710.151 em 2021.
  • A clamídia aumentou no último ano relatado, de 1.579.885 casos em 2020 para 1.644.416 em 2021.
Se traduzirmos as informações em porcentagens, descobrimos que os casos de sífilis aumentam nos EUA a uma taxa de 74% em 4 anos. No mesmo período, a gonorreia registrou avanço de 28%.

A interpretação que os profissionais do CDC fazem no relatório anexado a essas estatísticas é a de uma tendência preocupante. Em particular, refere-se ao fato de que existem grupos minoritários que foram mais afetados, como homens que fazem sexo com outros homens. Neles, foi notório o aumento de diagnósticos.

Os afro-americanos estão presentes em aproximadamente 30% desses casos relatados. E homens gays e bissexuais representam um terço dos casos de gonorreia em 2021.

Desde 2001, os casos de sífilis primária e secundária aumentaram 781% nos Estados Unidos.

Veja: Quais exames de DST você deve fazer e por quê?

Os casos de sífilis estão aumentando no resto do mundo?

Para os médicos especialistas, estamos enfrentando uma pandemia de sífilis no novo século. Um balanço do ano de 2016 já alertava para a tendência do problema se localizar mais fortemente entre os países com menor desenvolvimento econômico.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os dias há 1 milhão de pessoas que contraem uma doença sexualmente transmissível que seria curável com tratamento adequado. Todos os anos, 376 milhões de novos casos de sífilis, gonorréia, clamídia e tricomoníase são diagnosticados no planeta.

Por sua vez, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) lançou em 2021 sua Revisão Epidemiológica da Sífilis nas Américas. Lá se explica que a América Latina e o Caribe registraram um aumento de 0,7% dos casos nos últimos 30 anos.

Na Europa, as tendências eram variáveis, mas agora estão acopladas à realidade mundial. Uma publicação da Universidade de Cambridge informa que, entre 2000 e 2010, a sífilis reduziu sua presença em cidadãos europeus. No entanto, desde 2010 os casos de sífilis aumentaram, passando de 4,4 diagnósticos em 1.000.000 de pessoas para 6,1 para a mesma quantidade de população na última década.

Qual foi o papel da pandemia?

O relatório do CDC sobre o aumento de doenças venéreas explica parte do processo por causa da pandemia de COVID-19. A infectologista Maria Alcaide expressou-se claramente:

A pandemia de COVID-19 pode ter contribuído para o aumento dos casos de infecções sexualmente transmissíveis, pois houve menor acesso à educação, exames e tratamento.[ /atomic-quote]

Uma nota publicada na revista Sexually Transmitted Diseases afirma que os casos de sífilis estão aumentando após a pandemia por ser um agravante. Ou seja, já existiam situações que favoreciam o contágio, mas que foram agravadas pelo confinamento e tudo o que veio com ele.

Os autores destacam a situação das mulheres. Nelas houve um notável aumento de casos durante o confinamento, que se traduziu em mais bebês com sífilis congênita. Supõe-se que a impossibilidade de se deslocar livremente para atender os controles no momento certo  precipitou o problema.

Como devemos nos cuidar?

Cuidar das doenças sexualmente transmissíveis é sempre uma prioridade, ainda mais sabendo que os casos de sífilis estão aumentando. Medidas já comprovadas cientificamente reduzem nosso risco de infecção e estão ao nosso alcance. Analisamos alguns deles.

Veja: Saúde sexual: você conhece esses 7 sintomas comuns das DST?

1. Use camisinha

O preservativo é o método mais eficaz disponível para prevenir doenças sexualmente transmissíveis. Claro, esta é uma prevenção que se limita à área coberta pelo preservativo.

É por isso que você deve tomar alguns cuidados extras se praticar sexo oral, por exemplo. Você também tem que saber a maneira correta de colocá-lo, para maximizar sua eficiência.

Os especialistas continuam a enfatizar que o preservativo é o centro das estratégias preventivas. De fato, a flexibilização de seu uso é uma das explicações para o aumento dos casos de sífilis nos Estados Unidos.

2. Fazer exames

Uma infecção por sífilis pode passar despercebida. A lesão inicial é indolor e às vezes fica escondida nos órgãos genitais ou é ignorada pelo paciente.

Diante dessa realidade, o exame de sangue para detectar a doença é muito útil. Existem situações em que se promove a análise, como é o caso das grávidas no seu check-up trimestral. Mas se você tiver dúvidas, é melhor perguntar ao médico.

Com uma simples extração de sangue é possível realizar um exame bioquímico que, se positivo, permitirá o tratamento precoce. A sífilis é curada com antibióticos conhecidos e eficazes, como a penicilina.

3. Não use drogas

Embora pareçam realidades distantes uma da outra, a verdade é que existe uma associação. De acordo com estudos, usuários de drogas recreativas estão entre os grupos de maior risco de contrair sífilis. Da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical eles lembram que, segundo suas evidências, o vício em drogas é fator de risco para doenças sexualmente transmissíveis.

Mais uma vez, os especialistas do CDC comentaram em seu relatório que o aumento do consumo de opioides nos Estados Unidos é, em parte, responsável pelo aumento dos casos de sífilis. Tudo isso não em detrimento de outros efeitos deletérios que as drogas têm sobre a saúde física e mental.

Uma responsabilidade social

Não há uma solução única para reduzir os casos de sífilis e doenças venéreas em alta. CDC pede ação conjunta:

[atomik-quote author="Leandro Mena, Diretor de Prevenção de DST no CDC"] Podemos juntar as peças em nossa busca para reverter as tendências, avançando com uma nova abordagem que usa cuidados holísticos e coordenados para lidar com epidemias concomitantes e disparidades de saúde.

Dra. Maria Alcaide

Cuide-se. Ações simples são as que previnem e as que melhoram a qualidade de vida. A sexualidade é mais um aspecto da saúde que pode ser vivido com bem-estar e sem riscos.

A publicação do último relatório dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) sobre infecções sexualmente transmissíveis disparou o alarme. Segundo dados da instituição, os casos de sífilis têm aumentado desde 2017 em um ritmo preocupante.

Mas não é só essa patologia que está em foco. Aumentos notáveis também foram observados em outras doenças venéreas nos Estados Unidos, como a gonorréia. Por quê? O que a pandemia do COVID-19 tem a ver com isso? E mais importante: o que podemos fazer para cuidar de nós mesmos?

Dados do CDC revelam casos de sífilis em ascensão

O relatório do CDC coleta estatísticas de 2017 a 2021 nos Estados Unidos. Com esses dados, os especialistas conseguiram traçar tendências em relação às doenças sexualmente transmissíveis. E o que eles encontraram foi um aumento muito grande.

As estatísticas reveladas no site oficial da instituição relataram o seguinte:

  • Enquanto em 2017 havia 101.590 casos confirmados de sífilis, em 2021 esse número subiu para 176.713 pacientes.
  • Os casos de gonorreia passaram de 555.608 em 2017 para 710.151 em 2021.
  • A clamídia aumentou no último ano relatado, de 1.579.885 casos em 2020 para 1.644.416 em 2021.
Se traduzirmos as informações em porcentagens, descobrimos que os casos de sífilis aumentam nos EUA a uma taxa de 74% em 4 anos. No mesmo período, a gonorreia registrou avanço de 28%.

A interpretação que os profissionais do CDC fazem no relatório anexado a essas estatísticas é a de uma tendência preocupante. Em particular, refere-se ao fato de que existem grupos minoritários que foram mais afetados, como homens que fazem sexo com outros homens. Neles, foi notório o aumento de diagnósticos.

Os afro-americanos estão presentes em aproximadamente 30% desses casos relatados. E homens gays e bissexuais representam um terço dos casos de gonorreia em 2021.

Desde 2001, os casos de sífilis primária e secundária aumentaram 781% nos Estados Unidos.

Veja: Quais exames de DST você deve fazer e por quê?

Os casos de sífilis estão aumentando no resto do mundo?

Para os médicos especialistas, estamos enfrentando uma pandemia de sífilis no novo século. Um balanço do ano de 2016 já alertava para a tendência do problema se localizar mais fortemente entre os países com menor desenvolvimento econômico.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os dias há 1 milhão de pessoas que contraem uma doença sexualmente transmissível que seria curável com tratamento adequado. Todos os anos, 376 milhões de novos casos de sífilis, gonorréia, clamídia e tricomoníase são diagnosticados no planeta.

Por sua vez, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) lançou em 2021 sua Revisão Epidemiológica da Sífilis nas Américas. Lá se explica que a América Latina e o Caribe registraram um aumento de 0,7% dos casos nos últimos 30 anos.

Na Europa, as tendências eram variáveis, mas agora estão acopladas à realidade mundial. Uma publicação da Universidade de Cambridge informa que, entre 2000 e 2010, a sífilis reduziu sua presença em cidadãos europeus. No entanto, desde 2010 os casos de sífilis aumentaram, passando de 4,4 diagnósticos em 1.000.000 de pessoas para 6,1 para a mesma quantidade de população na última década.

Qual foi o papel da pandemia?

O relatório do CDC sobre o aumento de doenças venéreas explica parte do processo por causa da pandemia de COVID-19. A infectologista Maria Alcaide expressou-se claramente:

A pandemia de COVID-19 pode ter contribuído para o aumento dos casos de infecções sexualmente transmissíveis, pois houve menor acesso à educação, exames e tratamento.[ /atomic-quote]

Uma nota publicada na revista Sexually Transmitted Diseases afirma que os casos de sífilis estão aumentando após a pandemia por ser um agravante. Ou seja, já existiam situações que favoreciam o contágio, mas que foram agravadas pelo confinamento e tudo o que veio com ele.

Os autores destacam a situação das mulheres. Nelas houve um notável aumento de casos durante o confinamento, que se traduziu em mais bebês com sífilis congênita. Supõe-se que a impossibilidade de se deslocar livremente para atender os controles no momento certo  precipitou o problema.

Como devemos nos cuidar?

Cuidar das doenças sexualmente transmissíveis é sempre uma prioridade, ainda mais sabendo que os casos de sífilis estão aumentando. Medidas já comprovadas cientificamente reduzem nosso risco de infecção e estão ao nosso alcance. Analisamos alguns deles.

Veja: Saúde sexual: você conhece esses 7 sintomas comuns das DST?

1. Use camisinha

O preservativo é o método mais eficaz disponível para prevenir doenças sexualmente transmissíveis. Claro, esta é uma prevenção que se limita à área coberta pelo preservativo.

É por isso que você deve tomar alguns cuidados extras se praticar sexo oral, por exemplo. Você também tem que saber a maneira correta de colocá-lo, para maximizar sua eficiência.

Os especialistas continuam a enfatizar que o preservativo é o centro das estratégias preventivas. De fato, a flexibilização de seu uso é uma das explicações para o aumento dos casos de sífilis nos Estados Unidos.

2. Fazer exames

Uma infecção por sífilis pode passar despercebida. A lesão inicial é indolor e às vezes fica escondida nos órgãos genitais ou é ignorada pelo paciente.

Diante dessa realidade, o exame de sangue para detectar a doença é muito útil. Existem situações em que se promove a análise, como é o caso das grávidas no seu check-up trimestral. Mas se você tiver dúvidas, é melhor perguntar ao médico.

Com uma simples extração de sangue é possível realizar um exame bioquímico que, se positivo, permitirá o tratamento precoce. A sífilis é curada com antibióticos conhecidos e eficazes, como a penicilina.

3. Não use drogas

Embora pareçam realidades distantes uma da outra, a verdade é que existe uma associação. De acordo com estudos, usuários de drogas recreativas estão entre os grupos de maior risco de contrair sífilis. Da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical eles lembram que, segundo suas evidências, o vício em drogas é fator de risco para doenças sexualmente transmissíveis.

Mais uma vez, os especialistas do CDC comentaram em seu relatório que o aumento do consumo de opioides nos Estados Unidos é, em parte, responsável pelo aumento dos casos de sífilis. Tudo isso não em detrimento de outros efeitos deletérios que as drogas têm sobre a saúde física e mental.

Uma responsabilidade social

Não há uma solução única para reduzir os casos de sífilis e doenças venéreas em alta. CDC pede ação conjunta:

[atomik-quote author="Leandro Mena, Diretor de Prevenção de DST no CDC"] Podemos juntar as peças em nossa busca para reverter as tendências, avançando com uma nova abordagem que usa cuidados holísticos e coordenados para lidar com epidemias concomitantes e disparidades de saúde.

Dra. Maria Alcaide

Cuide-se. Ações simples são as que previnem e as que melhoram a qualidade de vida. A sexualidade é mais um aspecto da saúde que pode ser vivido com bem-estar e sem riscos.


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