Beber álcool durante a gravidez pode mudar a forma do cérebro dos bebês, segundo estudo
Escrito e verificado por médico Leonardo Biolatto
O álcool na gravidez é uma das substâncias proibidas para gestantes. E embora esse conhecimento já fizesse parte das recomendações médicas, um novo achado explica o efeito precoce que as bebidas alcoólicas teriam sobre os fetos.
Ainda não publicada, mas já apresentada no encontro anual da Sociedade Norte-Americana de Radiologia, a pesquisa liderada por Gregor Kasprian especifica que o cérebro fetal é modificado por pequenas quantidades de álcool ingeridas pela mãe. Este efeito seria evidente já a partir do meio da gestação e teria consequências a longo prazo.
Segundo o cientista, não é preciso considerar apenas as conotações biológicas dessa descoberta. A realidade da disponibilidade e acessibilidade de drogas em certos países também deve ser colocada sobre a mesa.
O consumo de álcool durante a gravidez não é algo marginal. Segundo os autores do estudo, até quase 10% das mães bebem uma bebida alcoólica durante a gravidez.
Sobre o que era o novo estudo sobre álcool na gravidez?
Dr. Kasprian deu detalhes sobre a modalidade que eles usaram para realizar a pesquisa com os fetos. Eles usaram ressonância magnética, pois esse método não usa radiação nociva.
A população foi composta por 24 fetos entre 22 e 36 semanas de gestação. Suas mães tinham histórico de consumo de álcool durante a gravidez.
Para comparação, ressonâncias magnéticas também foram realizadas em outros 52 fetos cujas mães não haviam sido expostas ao álcool. No grupo de mães que haviam ingerido álcool, o consumo médio foi inferior a um drinque por semana.
Após a realização das ressonâncias, os resultados mais notórios foram os seguintes:
- Os fetos expostos ao álcool tiveram um escore de maturação mais baixo, em comparação com o outro grupo. Ou seja, seu desenvolvimento cerebral dentro do útero foi mais lento.
- Fetos expostos ao álcool exibiram mudanças na estrutura cerebral.
Que alterações cerebrais têm os fetos expostos ao álcool?
De acordo com o relatório do Dr. Kasprian e sua equipe, as ressonâncias magnéticas mostraram alterações marcantes no sulco temporal direito do cérebro e em outras partes da área temporal. Esta região é aquela associada ao comportamento social, integração audiovisual e desenvolvimento da linguagem.
De várias investigações anteriores, sabemos que o lobo temporal desempenha um papel importante no processamento de informações visuais e auditivas. Isso nos permite desfrutar da música, dialogar com os outros e até regular as emoções.
Embora seja difícil estabelecer a extensão dessas modificações cerebrais fetais na fase adulta, há razões para suspeitar que a influência possa ser estendida. Alguns estudos científicos já relataram associação entre mães com uso abusivo de álcool e filhos que apresentam problemas de comportamento na adolescência e na vida adulta.
Outras descobertas da pesquisa
As ressonâncias magnéticas também encontraram um aumento no tamanho do corpo caloso do cérebro e uma redução na zona periventricular. O corpo caloso é uma estrutura que conecta os dois hemisférios cerebrais, enquanto a zona periventricular é a região ao redor dos ventrículos (esses são espaços com líquido cefalorraquidiano).
O envolvimento do corpo caloso levaria a sintomas muito diversos. Por ser a área de conexão entre os hemisférios, problemas puderam ser percebidos em aspectos tão díspares quanto processamento de dados numéricos e personalidade.
Por outro lado, a zona periventricular é um local de nascimento de neurônios. Especialistas acreditam que sua redução seria um sinal de menor produção de células para o cérebro. Isso explicaria, em parte, por que os fetos de mães alcoólatras se desenvolvem mais lentamente.
Parece que a exposição ao álcool durante a gravidez coloca o cérebro fetal em um caminho alterado de desenvolvimento que difere do caminho normal.
Quanto álcool é prejudicial na gravidez?
A recomendação estrita é não consumir álcool durante a gravidez. Muitos médicos concordam que não existe uma dose segura da substância para gestantes.
No entanto, algumas pesquisas parecem contradizer isso e postulam que pequenas quantidades não seriam suficientes para causar alterações nos fetos. Essas afirmações, embora validadas por pesquisas e publicações científicas, não são isentas de controvérsias.
De acordo com Elizabeth Armstrong, não há evidências conclusivas de que o uso ocasional de álcool leve à síndrome alcoólica fetal. Até o PhD insiste que recomendações rígidas para as mulheres só geram medo e ansiedade, sem ter um efeito benéfico.
Um estudo científico de 2012 também aponta na mesma direção. Segundo seus autores, os filhos de mães que consumiam pequenas quantidades de álcool não apresentavam deficiências cognitivas, pelo menos até os 5 anos de idade.
Apesar disso, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças ( CDC ) dos EUA são contundentes. Não existe um valor mínimo seguro. A instituição governamental enfatiza que as mães não devem ingerir álcool durante a gravidez.
O Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido ( NHS ) também não recomenda a ingestão de álcool durante a gravidez. Segundo seus especialistas, não há dose de segurança neste caso e a atitude mais certa seria não tomar a substância, já que não há elementos suficientes para descartar danos fetais.
Veja: Qualquer quantidade de álcool durante a gravidez pode prejudicar o bebê, diz estudo
O que devo fazer se estiver grávida?
É muito provável que, se você estiver grávida e consultar o seu médico sobre a possibilidade de consumir álcool, o profissional recomende não beber. Esse é o conselho mais apoiado pela ciência, apesar das divergências que podem existir com alguns estudos isolados.
A própria possibilidade de danificar o cérebro do feto já deveria ser um alerta. Se não houver uma dose segura claramente estabelecida, deve-se optar por eliminar totalmente a substância da dieta.
O álcool na gravidez é uma das substâncias proibidas para gestantes. E embora esse conhecimento já fizesse parte das recomendações médicas, um novo achado explica o efeito precoce que as bebidas alcoólicas teriam sobre os fetos.
Ainda não publicada, mas já apresentada no encontro anual da Sociedade Norte-Americana de Radiologia, a pesquisa liderada por Gregor Kasprian especifica que o cérebro fetal é modificado por pequenas quantidades de álcool ingeridas pela mãe. Este efeito seria evidente já a partir do meio da gestação e teria consequências a longo prazo.
Segundo o cientista, não é preciso considerar apenas as conotações biológicas dessa descoberta. A realidade da disponibilidade e acessibilidade de drogas em certos países também deve ser colocada sobre a mesa.
O consumo de álcool durante a gravidez não é algo marginal. Segundo os autores do estudo, até quase 10% das mães bebem uma bebida alcoólica durante a gravidez.
Sobre o que era o novo estudo sobre álcool na gravidez?
Dr. Kasprian deu detalhes sobre a modalidade que eles usaram para realizar a pesquisa com os fetos. Eles usaram ressonância magnética, pois esse método não usa radiação nociva.
A população foi composta por 24 fetos entre 22 e 36 semanas de gestação. Suas mães tinham histórico de consumo de álcool durante a gravidez.
Para comparação, ressonâncias magnéticas também foram realizadas em outros 52 fetos cujas mães não haviam sido expostas ao álcool. No grupo de mães que haviam ingerido álcool, o consumo médio foi inferior a um drinque por semana.
Após a realização das ressonâncias, os resultados mais notórios foram os seguintes:
- Os fetos expostos ao álcool tiveram um escore de maturação mais baixo, em comparação com o outro grupo. Ou seja, seu desenvolvimento cerebral dentro do útero foi mais lento.
- Fetos expostos ao álcool exibiram mudanças na estrutura cerebral.
Que alterações cerebrais têm os fetos expostos ao álcool?
De acordo com o relatório do Dr. Kasprian e sua equipe, as ressonâncias magnéticas mostraram alterações marcantes no sulco temporal direito do cérebro e em outras partes da área temporal. Esta região é aquela associada ao comportamento social, integração audiovisual e desenvolvimento da linguagem.
De várias investigações anteriores, sabemos que o lobo temporal desempenha um papel importante no processamento de informações visuais e auditivas. Isso nos permite desfrutar da música, dialogar com os outros e até regular as emoções.
Embora seja difícil estabelecer a extensão dessas modificações cerebrais fetais na fase adulta, há razões para suspeitar que a influência possa ser estendida. Alguns estudos científicos já relataram associação entre mães com uso abusivo de álcool e filhos que apresentam problemas de comportamento na adolescência e na vida adulta.
Outras descobertas da pesquisa
As ressonâncias magnéticas também encontraram um aumento no tamanho do corpo caloso do cérebro e uma redução na zona periventricular. O corpo caloso é uma estrutura que conecta os dois hemisférios cerebrais, enquanto a zona periventricular é a região ao redor dos ventrículos (esses são espaços com líquido cefalorraquidiano).
O envolvimento do corpo caloso levaria a sintomas muito diversos. Por ser a área de conexão entre os hemisférios, problemas puderam ser percebidos em aspectos tão díspares quanto processamento de dados numéricos e personalidade.
Por outro lado, a zona periventricular é um local de nascimento de neurônios. Especialistas acreditam que sua redução seria um sinal de menor produção de células para o cérebro. Isso explicaria, em parte, por que os fetos de mães alcoólatras se desenvolvem mais lentamente.
Parece que a exposição ao álcool durante a gravidez coloca o cérebro fetal em um caminho alterado de desenvolvimento que difere do caminho normal.
Quanto álcool é prejudicial na gravidez?
A recomendação estrita é não consumir álcool durante a gravidez. Muitos médicos concordam que não existe uma dose segura da substância para gestantes.
No entanto, algumas pesquisas parecem contradizer isso e postulam que pequenas quantidades não seriam suficientes para causar alterações nos fetos. Essas afirmações, embora validadas por pesquisas e publicações científicas, não são isentas de controvérsias.
De acordo com Elizabeth Armstrong, não há evidências conclusivas de que o uso ocasional de álcool leve à síndrome alcoólica fetal. Até o PhD insiste que recomendações rígidas para as mulheres só geram medo e ansiedade, sem ter um efeito benéfico.
Um estudo científico de 2012 também aponta na mesma direção. Segundo seus autores, os filhos de mães que consumiam pequenas quantidades de álcool não apresentavam deficiências cognitivas, pelo menos até os 5 anos de idade.
Apesar disso, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças ( CDC ) dos EUA são contundentes. Não existe um valor mínimo seguro. A instituição governamental enfatiza que as mães não devem ingerir álcool durante a gravidez.
O Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido ( NHS ) também não recomenda a ingestão de álcool durante a gravidez. Segundo seus especialistas, não há dose de segurança neste caso e a atitude mais certa seria não tomar a substância, já que não há elementos suficientes para descartar danos fetais.
Veja: Qualquer quantidade de álcool durante a gravidez pode prejudicar o bebê, diz estudo
O que devo fazer se estiver grávida?
É muito provável que, se você estiver grávida e consultar o seu médico sobre a possibilidade de consumir álcool, o profissional recomende não beber. Esse é o conselho mais apoiado pela ciência, apesar das divergências que podem existir com alguns estudos isolados.
A própria possibilidade de danificar o cérebro do feto já deveria ser um alerta. Se não houver uma dose segura claramente estabelecida, deve-se optar por eliminar totalmente a substância da dieta.
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- Armstrong EM. Making Sense of Advice About Drinking During Pregnancy: Does Evidence Even Matter? J Perinat Educ. 2017;26(2):65-69. doi: 10.1891/1058-1243.26.2.65. PMID: 30723369; PMCID: PMC6353268.
- Restrepo, Francisco Javier Lopera. “Funciones ejecutivas: aspectos clínicos.” Revista Neuropsicología, Neuropsiquiatría y Neurociencias 8.1 (2008): 59-76.
- Schoeps, Anja, et al. “Prenatal alcohol consumption and infant and child behavior: Evidence from the Growing Up in New Zealand Cohort.” Early human development 123 (2018): 22-29.
- Skogerbø, Å., et al. “The effects of low to moderate alcohol consumption and binge drinking in early pregnancy on executive function in 5‐year‐old children.” BJOG: An International Journal of Obstetrics & Gynaecology 119.10 (2012): 1201-1210.
- NHS. Drinking alcohol while pregnant. 2020. Disponible en: https://www.nhs.uk/pregnancy/keeping-well/drinking-alcohol-while-pregnant/
- Kasprian, Gregor. Stuempflen, Marlene. (2021). MRI Reveals Altered Brain Structure in Fetuses Exposed to Alcohol. Disponible en: https://press.rsna.org/timssnet/media/pressreleases/14_pr_target.cfm?id=2308
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