Abuso sexual infantil: a importância de ensinar seu filho a se proteger e denunciar
Infelizmente, o abuso sexual infantil acontece com mais frequência do que imaginamos, por isso precisamos falar sobre o assunto com urgência. Os números já são bastante alarmantes e a pandemia do coronavírus, juntamente com necessidade de isolamento social, fez com que os números aumentassem ainda mais.
Nesse sentido, dados da UNICEF reforçam essa tendência ao apontar que as taxas de abuso e exploração de crianças e adolescentes costumam crescer durante emergências de saúde públicas.
O caso da menina de 10 anos que engravidou após ser estuprada pelo próprio tio é a prova que a violência sexual infantil pode vir de qualquer lugar, e é isso que mais assusta. São casos horríveis que podem envolver desde desconhecidos até pais, padrastos, professores e líderes religiosos.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, diariamente são notificadas no Brasil, em média, 233 agressões de diferentes tipos (física, psicológica e tortura) contra crianças e adolescentes com idade até 19 anos.
As crianças precisam se sentir seguras para contar aos pais ou para pessoas de confiança quando alguém tenta tocá-las de forma inapropriada. A seguir, apresentamos algumas dicas.
Como proteger seu filho do abuso sexual infantil
Primeiramente, o passo mais importante é que você converse com seu filho sobre o que é abuso sexual. Sabemos que é um assunto muito delicado, mas esse é um passo fundamental.
Por se tratar de um assunto que ainda é considerado tabu, muitas pessoas ignoram o problema. Só que é muito importante dizer para seu filho que, sempre que ele se sentir incomodado com algum toque, ele deve dizer “não” e contar imediatamente para alguém de confiança o que está acontecendo.
A Organização das Nações Unidas já se posicionou dizendo que a educação sexual ajuda a evitar casos de violência, abuso infantil e gravidez na adolescência. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) também defende a informação de qualidade como um dos melhores jeitos de prevenção. E os especialistas são categóricos: essa é uma conversa que deve começar dentro de casa.
No entanto, você não precisa nem deve bombardear seu filho com todas as informações de uma vez só. O ideal é que as explicações venham aos poucos.
Um estudo publicado no Journal of Adolescent Health mostrou que uma única conversa não resolve o problema. É preciso que esse papo aconteça de forma constante e natural, desde cedo.
“Os pais devem conversar frequentemente com seus filhos sobre muitos aspectos da sexualidade de uma forma que ajude a criança a se sentir confortável e ouvida, mas nunca envergonhada”, explica Laura Padilla-Walker, uma das autoras da pesquisa.
Os resultados também mostraram que quem tem esse canal de comunicação aberto durante a infância costuma ter relações sexuais mais seguras quando adulto.
O importante é que seu filho veja em você uma fonte confiável de informação e se sinta confortável para fazer perguntas sempre que aparecer alguma dúvida. Quando isso acontecer, deixe os questionamentos da criança guiarem a situação. Você não precisa responder nada além do que foi perguntado. Dê respostas simples e adequadas para a idade, mas nunca deixe de respondê-las.
O projeto “Eu me protejo”
Com o intuito de informar e instruir os pais sobre o assunto, o projeto “Eu me protejo” lançou uma cartilha educativa para a prevenção do abuso infantil voltada para crianças até 8 anos. O conteúdo foi construído com a colaboração de mais de 50 especialistas no assunto, testado e validado em diversas creches, escolas, clínicas e consultórios.
“Uma das consequências terríveis que a pandemia nos trouxe foi o aumento de abuso e violência contra crianças e adolescentes. Se para nós, adultos, é difícil falar sobre nossos sofrimentos e sobre os abusos que já vivemos (para os que já sofreram) imagine para uma criança? É uma barreira quase intransponível limitada por um muro gigantesco de medo, vergonha e falta de informação. Você consegue imaginar ter que pular 5 metros de altura? É preciso muita reflexão para compreender, enorme força para aceitar e infinita coragem para falar”, conta a jornalista Mariana Reade.
“Nosso sonho é educar para prevenir a violência sexual infantil. Para isso, criamos uma cartilha para crianças de 0 a 8 anos aprenderem a se proteger”, diz Mariana. Com informações e desenhos para conversar de um jeito simples com as crianças sobre seu corpo e sobre como elas podem aprender a se proteger, a cartilha é para ser lida em família, por educadores ou protetores. Acesse a cartilha clicando aqui.
O que falar de acordo com a idade
Certamente, falar sobre sexo e sexualidade com as crianças não é fácil. Às vezes, surgem perguntas inesperadas e que exigem uma boa dose de jogo de cintura. Pensando nisso, o National Center on the Sexual Behavior of Youth (Reino Unido), lançou uma cartilha para ajudar os pais nessa missão. As principais recomendações são:
Até os 4 anos:
- Fale sobre a diferença entre toques aceitáveis (que são agradáveis e bem-vindos) e toques inadequados (que são desconfortáveis, indesejados ou dolorosos).
- Mostre que seu filho pode confiar em você e que está disponível e aberto para ouvir tudo o que ele tem a dizer. Peça para que ele não guarde segredos.
- Explique que meninos e meninas são diferentes.
- Diga que seu filho tem a liberdade para dizer “não” todas as vezes que não se sentir confortável com a ideia de ser tocado, inclusive quando parentes e amigos quiserem dar beijos ou abraços.
- Dê nomes precisos para as partes do corpo, incluindo os órgãos genitais. Nada de ficar inventando “apelidos”.
- Conte que os bebês vêm da barriga da mãe.
- Estabeleça regras sobre limites pessoais, como manter as partes íntimas sempre cobertas.
- Dê respostas simples a todas as perguntas sobre o corpo e as funções corporais.
- Explique que ninguém (crianças ou adultos) tem o direito de tocar em suas partes íntimas.
- Explique a diferença entre “surpresa” (que é algo que será revelado em breve, como um presente) e “segredo” (que é algo que você nunca deve contar).
Dos 4 aos 6 anos
- Oriente sobre como seu filho deve agir se um estranho fizer qualquer tipo de convite. Fale que ele deve imediatamente avisar a família, o professor ou outro adulto de confiança.
- Diga que os corpos dos meninos e das meninas mudam conforme eles vão ficando mais velhos.
- Explique como os bebês crescem na barriga da mãe e conte sobre o processo de nascimento.
- Estabeleça algumas regrinhas sobre limites pessoais, como sempre manter as partes íntimas cobertas em público e nunca tocar as partes íntimas dos colegas.
- Explique que é errado alguém querer tocar suas partes íntimas sem permissão ou pedir para que toque as partes íntimas de outra pessoa, mesmo que seja alguém conhecido ou da família.
- Diga que, se uma situação de abuso acontecer, a criança nunca é a culpada e que ela precisa contar o que aconteceu para alguém de confiança.
Dos 7 aos 12 anos
- Explique que o abuso sexual não precisa, necessariamente, envolver toque.
- Dê orientações sobre como se manter seguro ao conversar e conhecer pessoas pela internet.
- Fale sobre namoro e estabeleça “regras” sobre o assunto.
- Fale sobre as mudanças da puberdade e explique como podemos lidar com elas.
- Dê noções básicas sobre reprodução, gravidez e parto.
- Oriente sobre os riscos da atividade sexual, como gravidez e DSTs.
- Converse, de forma simples, sobre o que são métodos contraceptivos e como eles funcionam.
- Mostre como a criança pode reconhecer e evitar situações de “risco”.
Denuncie!
Denuncie, compartilhe e até grite, se necessário. Qualquer tipo de violência deve ser notificada às autoridades, ao Conselho Tutelar ou a uma delegacia, para que possam adotadas as medidas de proteção rapidamente. As denúncias anônimas devem ser feitas pelo Disque Denúncia – 181, 180 ou 100.
Além disso, há um serviço, lançado pelo Governo Federal em que se pode registrar a denúncia através do aplicativo “Direitos Humanos Brasil”. Esses canais servem como apoio, denúncia, amparo e orientação em todo o Brasil. É preciso jogar luz sobre o mundo obscuro e cruel do abuso infantil. É compromisso de todos proteger as crianças.
Informações: Pais&Filhos.
Infelizmente, o abuso sexual infantil acontece com mais frequência do que imaginamos, por isso precisamos falar sobre o assunto com urgência. Os números já são bastante alarmantes e a pandemia do coronavírus, juntamente com necessidade de isolamento social, fez com que os números aumentassem ainda mais.
Nesse sentido, dados da UNICEF reforçam essa tendência ao apontar que as taxas de abuso e exploração de crianças e adolescentes costumam crescer durante emergências de saúde públicas.
O caso da menina de 10 anos que engravidou após ser estuprada pelo próprio tio é a prova que a violência sexual infantil pode vir de qualquer lugar, e é isso que mais assusta. São casos horríveis que podem envolver desde desconhecidos até pais, padrastos, professores e líderes religiosos.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, diariamente são notificadas no Brasil, em média, 233 agressões de diferentes tipos (física, psicológica e tortura) contra crianças e adolescentes com idade até 19 anos.
As crianças precisam se sentir seguras para contar aos pais ou para pessoas de confiança quando alguém tenta tocá-las de forma inapropriada. A seguir, apresentamos algumas dicas.
Como proteger seu filho do abuso sexual infantil
Primeiramente, o passo mais importante é que você converse com seu filho sobre o que é abuso sexual. Sabemos que é um assunto muito delicado, mas esse é um passo fundamental.
Por se tratar de um assunto que ainda é considerado tabu, muitas pessoas ignoram o problema. Só que é muito importante dizer para seu filho que, sempre que ele se sentir incomodado com algum toque, ele deve dizer “não” e contar imediatamente para alguém de confiança o que está acontecendo.
A Organização das Nações Unidas já se posicionou dizendo que a educação sexual ajuda a evitar casos de violência, abuso infantil e gravidez na adolescência. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) também defende a informação de qualidade como um dos melhores jeitos de prevenção. E os especialistas são categóricos: essa é uma conversa que deve começar dentro de casa.
No entanto, você não precisa nem deve bombardear seu filho com todas as informações de uma vez só. O ideal é que as explicações venham aos poucos.
Um estudo publicado no Journal of Adolescent Health mostrou que uma única conversa não resolve o problema. É preciso que esse papo aconteça de forma constante e natural, desde cedo.
“Os pais devem conversar frequentemente com seus filhos sobre muitos aspectos da sexualidade de uma forma que ajude a criança a se sentir confortável e ouvida, mas nunca envergonhada”, explica Laura Padilla-Walker, uma das autoras da pesquisa.
Os resultados também mostraram que quem tem esse canal de comunicação aberto durante a infância costuma ter relações sexuais mais seguras quando adulto.
O importante é que seu filho veja em você uma fonte confiável de informação e se sinta confortável para fazer perguntas sempre que aparecer alguma dúvida. Quando isso acontecer, deixe os questionamentos da criança guiarem a situação. Você não precisa responder nada além do que foi perguntado. Dê respostas simples e adequadas para a idade, mas nunca deixe de respondê-las.
O projeto “Eu me protejo”
Com o intuito de informar e instruir os pais sobre o assunto, o projeto “Eu me protejo” lançou uma cartilha educativa para a prevenção do abuso infantil voltada para crianças até 8 anos. O conteúdo foi construído com a colaboração de mais de 50 especialistas no assunto, testado e validado em diversas creches, escolas, clínicas e consultórios.
“Uma das consequências terríveis que a pandemia nos trouxe foi o aumento de abuso e violência contra crianças e adolescentes. Se para nós, adultos, é difícil falar sobre nossos sofrimentos e sobre os abusos que já vivemos (para os que já sofreram) imagine para uma criança? É uma barreira quase intransponível limitada por um muro gigantesco de medo, vergonha e falta de informação. Você consegue imaginar ter que pular 5 metros de altura? É preciso muita reflexão para compreender, enorme força para aceitar e infinita coragem para falar”, conta a jornalista Mariana Reade.
“Nosso sonho é educar para prevenir a violência sexual infantil. Para isso, criamos uma cartilha para crianças de 0 a 8 anos aprenderem a se proteger”, diz Mariana. Com informações e desenhos para conversar de um jeito simples com as crianças sobre seu corpo e sobre como elas podem aprender a se proteger, a cartilha é para ser lida em família, por educadores ou protetores. Acesse a cartilha clicando aqui.
O que falar de acordo com a idade
Certamente, falar sobre sexo e sexualidade com as crianças não é fácil. Às vezes, surgem perguntas inesperadas e que exigem uma boa dose de jogo de cintura. Pensando nisso, o National Center on the Sexual Behavior of Youth (Reino Unido), lançou uma cartilha para ajudar os pais nessa missão. As principais recomendações são:
Até os 4 anos:
- Fale sobre a diferença entre toques aceitáveis (que são agradáveis e bem-vindos) e toques inadequados (que são desconfortáveis, indesejados ou dolorosos).
- Mostre que seu filho pode confiar em você e que está disponível e aberto para ouvir tudo o que ele tem a dizer. Peça para que ele não guarde segredos.
- Explique que meninos e meninas são diferentes.
- Diga que seu filho tem a liberdade para dizer “não” todas as vezes que não se sentir confortável com a ideia de ser tocado, inclusive quando parentes e amigos quiserem dar beijos ou abraços.
- Dê nomes precisos para as partes do corpo, incluindo os órgãos genitais. Nada de ficar inventando “apelidos”.
- Conte que os bebês vêm da barriga da mãe.
- Estabeleça regras sobre limites pessoais, como manter as partes íntimas sempre cobertas.
- Dê respostas simples a todas as perguntas sobre o corpo e as funções corporais.
- Explique que ninguém (crianças ou adultos) tem o direito de tocar em suas partes íntimas.
- Explique a diferença entre “surpresa” (que é algo que será revelado em breve, como um presente) e “segredo” (que é algo que você nunca deve contar).
Dos 4 aos 6 anos
- Oriente sobre como seu filho deve agir se um estranho fizer qualquer tipo de convite. Fale que ele deve imediatamente avisar a família, o professor ou outro adulto de confiança.
- Diga que os corpos dos meninos e das meninas mudam conforme eles vão ficando mais velhos.
- Explique como os bebês crescem na barriga da mãe e conte sobre o processo de nascimento.
- Estabeleça algumas regrinhas sobre limites pessoais, como sempre manter as partes íntimas cobertas em público e nunca tocar as partes íntimas dos colegas.
- Explique que é errado alguém querer tocar suas partes íntimas sem permissão ou pedir para que toque as partes íntimas de outra pessoa, mesmo que seja alguém conhecido ou da família.
- Diga que, se uma situação de abuso acontecer, a criança nunca é a culpada e que ela precisa contar o que aconteceu para alguém de confiança.
Dos 7 aos 12 anos
- Explique que o abuso sexual não precisa, necessariamente, envolver toque.
- Dê orientações sobre como se manter seguro ao conversar e conhecer pessoas pela internet.
- Fale sobre namoro e estabeleça “regras” sobre o assunto.
- Fale sobre as mudanças da puberdade e explique como podemos lidar com elas.
- Dê noções básicas sobre reprodução, gravidez e parto.
- Oriente sobre os riscos da atividade sexual, como gravidez e DSTs.
- Converse, de forma simples, sobre o que são métodos contraceptivos e como eles funcionam.
- Mostre como a criança pode reconhecer e evitar situações de “risco”.
Denuncie!
Denuncie, compartilhe e até grite, se necessário. Qualquer tipo de violência deve ser notificada às autoridades, ao Conselho Tutelar ou a uma delegacia, para que possam adotadas as medidas de proteção rapidamente. As denúncias anônimas devem ser feitas pelo Disque Denúncia – 181, 180 ou 100.
Além disso, há um serviço, lançado pelo Governo Federal em que se pode registrar a denúncia através do aplicativo “Direitos Humanos Brasil”. Esses canais servem como apoio, denúncia, amparo e orientação em todo o Brasil. É preciso jogar luz sobre o mundo obscuro e cruel do abuso infantil. É compromisso de todos proteger as crianças.
Informações: Pais&Filhos.
Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.