Sharenting: perigos de expor os filhos nas redes sociais
Escrito e verificado por a psicóloga Maria Fatima Seppi Vinuales
Atualmente, as redes sociais estão repletas de fotos e momentos em família: a comemoração do primeiro aninho, a perda do primeiro dente, o primeiro dia de aula, entre outros. Ninguém nega que pode ser bom acompanhar, mesmo virtualmente, como crescem os filhos de um amigo que não vemos com tanta frequência. No entanto, as redes sociais também trazem alguns perigos, aos quais devemos estar atentos. A seguir, mostramos os riscos do sharenting e como evitá-los.
Para entender um pouco mais sobre o assunto, devemos primeiro saber o que significa sharenting? O termo vem do inglês, que une as palavras share (compartilhar) e parenting (paternidade). Ou seja, está associado à prática de compartilhar fotos de crianças e é uma das mais comuns atualmente.
Por que o sharenting pode ser perigoso para seus filhos?
O sharenting pode ser perigoso por vários motivos. Por isso, partilhamos os que consideramos mais importantes, para que você possa identificá-las.
É fácil obter informações
Nas redes, tem gente que trabalha para conseguir dados. Por exemplo, se você colocar uma foto do seu filho levantando a bandeira na escola, fica fácil, através do uniforme, identificar onde ele estuda.
Em alguns casos, você pode não perceber que, ao compartilhar as imagens, também está compartilhando a geolocalização. Assim, você fica ainda mais vulnerável a pessoas mal-intencionadas.
Você pode sofrer uma extorsão
Se você expõe muitas informações, pode acabar divulgando as atividades de seu filho. Assim, um dia alguém pode conseguir seu contato e lhe dizer ao telefone “Estou vendo seu filho sair da escola. Se você não me fizer uma transferência bancária agora, posso segui-lo e dizer-lhe que venha comigo, pois o pai dele não poderá buscá-lo na escola.” No momento, em desespero, você pode cair na armadilha, colocando a segurança de seu filho em primeiro lugar.
As imagens podem ser capturadas para uso por pedófilos
Essa situação viola os direitos de seu filho e o expõe a um perigo muito maior. Em muitos casos, se seu filho já tem suas próprias redes sociais (e você também as menciona na foto), algumas dessas pessoas podem contatá-lo, estabelecer uma relação de confiança (tornar-se amigo) e depois assediá-lo. Isso é conhecido como grooming.
Outros efeitos indiretos do sharenting
Além dos riscos de compartilhar fotos de seus pequenos nas redes sociais, vamos discutir a seguir alguns dos efeitos indesejados que a superexposição traz.
Interfere no desenvolvimento da autoestima do seu filho
Por exemplo, se seu filho recebe muitas curtidas ou comentários positivos, ele pode acreditar que precisa de validação externa para se sentir bem. Em outros casos, pode receber feedback negativo por outros meios ou de seus colegas na escola.
Algumas fotos engraçadas para a família podem virar memes ou stickers, que começam a se multiplicar nos grupos de WhatsApp. Não se deve perder de vista que, nas redes sociais, sob a desculpa do anonimato, muitas pessoas aproveitam para fazer comentários ofensivos e inoportunos que, mesmo não sendo verdadeiros, podem causar muitos prejuízos. Isso é conhecido como cyberbullying.
Causa desconforto, angústia ou ansiedade
As redes sociais e a superexposição a elas podem influenciar as emoções. Por exemplo, se você se comparar com as imagens de famílias felizes de outras pessoas ou com as realizações de outras crianças, poderá sentir alguma frustração e inveja.
8 dicas que você deve levar em conta sobre o sharenting
Antes de compartilhar e divulgar as fotos de seus filhos nas redes sociais, você pode colocar em prática as seguintes dicas para evitar ser vítima desse fenômeno.
1. Pare para pensar
Por que estou fazendo isso? Que consequência não intencional essa ação pode ter? Ela expõe algo que pode ser embaraçoso ou humilhante para outra pessoa? Talvez o que você acha fofo agora, seu filho não goste no futuro. Evite expô-lo e violar seu direito de escolher o que quer mostrar e compartilhar.
2. Cuide do conteúdo que você envia
Talvez aquela foto do seu filho de fralda, brincando com terra, possa ser muito legal. Mas, em mãos erradas, aquela foto de uma criança seminua pode ter uma interpretação e uso malicioso.
3. Pergunte ao seu filho se você pode publicar determinada foto
Você pode aproveitar para contar a ele o porquê de fazer aquela pergunta e abrir um espaço de diálogo para conversar sobre as redes sociais, seus benefícios e riscos. Tenha respeito pela privacidade dele. Lembre-se de que tudo o que você publica nas redes pode viralizar e fazer parte do espaço público.
4. Procure se informar sobre as políticas de privacidade
Nas várias redes sociais, são utilizadas determinadas políticas de privacidade que você deve ter em conta antes de compartilhar imagens.
5. Consciente sobre o grooming
Não se trata de espalhar o pânico, mas de ter responsabilidade e fornecer medidas para se proteger do assédio online. Lembre-se de que tudo o que você publica nas redes sociais cria uma pegada digital, como um histórico, e constrói uma reputação on-line.
7. Planeje momentos de pausa nas redes sociais
Mais de uma vez, você perde o que está acontecendo com seu filho e comemora esse momento tirando aquela foto ou selfie perfeita. Tente se desconectar da tecnologia e se conectar com seu filho. Assim, você também estará dando a ele um ensinamento.
8. Compartilhe fotos de seus filhos com um pequeno grupo de pessoas
Em muitos aplicativos, você pode enviar mensagens direcionadas a esse grupo ou definir diferentes níveis de privacidade. Se você quiser postar sobre sua vida, tente fazê-lo em um ambiente acolhedor.
Por um uso responsável e consciente das redes sociais
A pandemia mostrou que as novas tecnologias podem ser aliadas. Graças a elas, as videochamadas com parentes aumentaram para que os filhos não sentissem tanta falta dos parentes. Também foi possível compartilhar quase ao vivo o aniversário de um ente querido. Sim, os aplicativos de comunicação e mensagens também têm seu lado positivo.
Em outras palavras, as redes sociais fazem parte do cotidiano. Portanto, não se trata de se tornar inimigos delas, fugir delas ou negá-las.
Pelo contrário, o objetivo é que elas possam simplificar muitas tarefas para você, que você possa estar em contato com seus filhos e permitir que eles se movam livremente. Em outras palavras, trata-se de poder fazer uso consciente das redes e também conversar com seus filhos sobre elas, além de tomar as precauções necessárias para evitar cair nas mãos desses fenômenos atuais. Conhecimento é poder.
Atualmente, as redes sociais estão repletas de fotos e momentos em família: a comemoração do primeiro aninho, a perda do primeiro dente, o primeiro dia de aula, entre outros. Ninguém nega que pode ser bom acompanhar, mesmo virtualmente, como crescem os filhos de um amigo que não vemos com tanta frequência. No entanto, as redes sociais também trazem alguns perigos, aos quais devemos estar atentos. A seguir, mostramos os riscos do sharenting e como evitá-los.
Para entender um pouco mais sobre o assunto, devemos primeiro saber o que significa sharenting? O termo vem do inglês, que une as palavras share (compartilhar) e parenting (paternidade). Ou seja, está associado à prática de compartilhar fotos de crianças e é uma das mais comuns atualmente.
Por que o sharenting pode ser perigoso para seus filhos?
O sharenting pode ser perigoso por vários motivos. Por isso, partilhamos os que consideramos mais importantes, para que você possa identificá-las.
É fácil obter informações
Nas redes, tem gente que trabalha para conseguir dados. Por exemplo, se você colocar uma foto do seu filho levantando a bandeira na escola, fica fácil, através do uniforme, identificar onde ele estuda.
Em alguns casos, você pode não perceber que, ao compartilhar as imagens, também está compartilhando a geolocalização. Assim, você fica ainda mais vulnerável a pessoas mal-intencionadas.
Você pode sofrer uma extorsão
Se você expõe muitas informações, pode acabar divulgando as atividades de seu filho. Assim, um dia alguém pode conseguir seu contato e lhe dizer ao telefone “Estou vendo seu filho sair da escola. Se você não me fizer uma transferência bancária agora, posso segui-lo e dizer-lhe que venha comigo, pois o pai dele não poderá buscá-lo na escola.” No momento, em desespero, você pode cair na armadilha, colocando a segurança de seu filho em primeiro lugar.
As imagens podem ser capturadas para uso por pedófilos
Essa situação viola os direitos de seu filho e o expõe a um perigo muito maior. Em muitos casos, se seu filho já tem suas próprias redes sociais (e você também as menciona na foto), algumas dessas pessoas podem contatá-lo, estabelecer uma relação de confiança (tornar-se amigo) e depois assediá-lo. Isso é conhecido como grooming.
Outros efeitos indiretos do sharenting
Além dos riscos de compartilhar fotos de seus pequenos nas redes sociais, vamos discutir a seguir alguns dos efeitos indesejados que a superexposição traz.
Interfere no desenvolvimento da autoestima do seu filho
Por exemplo, se seu filho recebe muitas curtidas ou comentários positivos, ele pode acreditar que precisa de validação externa para se sentir bem. Em outros casos, pode receber feedback negativo por outros meios ou de seus colegas na escola.
Algumas fotos engraçadas para a família podem virar memes ou stickers, que começam a se multiplicar nos grupos de WhatsApp. Não se deve perder de vista que, nas redes sociais, sob a desculpa do anonimato, muitas pessoas aproveitam para fazer comentários ofensivos e inoportunos que, mesmo não sendo verdadeiros, podem causar muitos prejuízos. Isso é conhecido como cyberbullying.
Causa desconforto, angústia ou ansiedade
As redes sociais e a superexposição a elas podem influenciar as emoções. Por exemplo, se você se comparar com as imagens de famílias felizes de outras pessoas ou com as realizações de outras crianças, poderá sentir alguma frustração e inveja.
8 dicas que você deve levar em conta sobre o sharenting
Antes de compartilhar e divulgar as fotos de seus filhos nas redes sociais, você pode colocar em prática as seguintes dicas para evitar ser vítima desse fenômeno.
1. Pare para pensar
Por que estou fazendo isso? Que consequência não intencional essa ação pode ter? Ela expõe algo que pode ser embaraçoso ou humilhante para outra pessoa? Talvez o que você acha fofo agora, seu filho não goste no futuro. Evite expô-lo e violar seu direito de escolher o que quer mostrar e compartilhar.
2. Cuide do conteúdo que você envia
Talvez aquela foto do seu filho de fralda, brincando com terra, possa ser muito legal. Mas, em mãos erradas, aquela foto de uma criança seminua pode ter uma interpretação e uso malicioso.
3. Pergunte ao seu filho se você pode publicar determinada foto
Você pode aproveitar para contar a ele o porquê de fazer aquela pergunta e abrir um espaço de diálogo para conversar sobre as redes sociais, seus benefícios e riscos. Tenha respeito pela privacidade dele. Lembre-se de que tudo o que você publica nas redes pode viralizar e fazer parte do espaço público.
4. Procure se informar sobre as políticas de privacidade
Nas várias redes sociais, são utilizadas determinadas políticas de privacidade que você deve ter em conta antes de compartilhar imagens.
5. Consciente sobre o grooming
Não se trata de espalhar o pânico, mas de ter responsabilidade e fornecer medidas para se proteger do assédio online. Lembre-se de que tudo o que você publica nas redes sociais cria uma pegada digital, como um histórico, e constrói uma reputação on-line.
7. Planeje momentos de pausa nas redes sociais
Mais de uma vez, você perde o que está acontecendo com seu filho e comemora esse momento tirando aquela foto ou selfie perfeita. Tente se desconectar da tecnologia e se conectar com seu filho. Assim, você também estará dando a ele um ensinamento.
8. Compartilhe fotos de seus filhos com um pequeno grupo de pessoas
Em muitos aplicativos, você pode enviar mensagens direcionadas a esse grupo ou definir diferentes níveis de privacidade. Se você quiser postar sobre sua vida, tente fazê-lo em um ambiente acolhedor.
Por um uso responsável e consciente das redes sociais
A pandemia mostrou que as novas tecnologias podem ser aliadas. Graças a elas, as videochamadas com parentes aumentaram para que os filhos não sentissem tanta falta dos parentes. Também foi possível compartilhar quase ao vivo o aniversário de um ente querido. Sim, os aplicativos de comunicação e mensagens também têm seu lado positivo.
Em outras palavras, as redes sociais fazem parte do cotidiano. Portanto, não se trata de se tornar inimigos delas, fugir delas ou negá-las.
Pelo contrário, o objetivo é que elas possam simplificar muitas tarefas para você, que você possa estar em contato com seus filhos e permitir que eles se movam livremente. Em outras palavras, trata-se de poder fazer uso consciente das redes e também conversar com seus filhos sobre elas, além de tomar as precauções necessárias para evitar cair nas mãos desses fenômenos atuais. Conhecimento é poder.
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- Azurmendi, A., Etayo, C., & Torrell, A. (2021). Sharenting y derechos digitales de los niños y adolescentes. Profesional de la información, 30(4). https://revista.profesionaldelainformacion.com/index.php/EPI/article/view/85823
- Lozares, C. (1996). La teoría de redes sociales. Papers. Revista de Sociologia. https://doi.org/10.5565/rev/papers/v48n0.1814
- Santisteban, Patricia de, & Gámez-Guadix, Manuel. (2017). Estrategias de persuasión en grooming online de menores: un análisis cualitativo con agresores en prisión. Psychosocial Intervention, 26(3), 139-146. https://dx.doi.org/10.1016/j.psi.2017.02.001
- Villacampa Estiarte, C., & Gómez Adillón, M. J. (2016). Nuevas tecnologías y victimización sexual de menores por online grooming. Revista Electrónica de Ciencia Penal y Criminología, 2016, vol. 18, núm. 2, p. 1-27. https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=5356755
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