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Parto de lótus: características, possíveis riscos e benefícios

7 minutos
Algumas famílias acreditam que o parto de lótus respeita a santidade do parto, mas ele pode implicar um grande risco. Continue lendo para saber mais sobre isso.
Parto de lótus: características, possíveis riscos e benefícios
María Irene Benavides Guillém

Escrito e verificado por a médica María Irene Benavides Guillém

Última atualização: 23 agosto, 2022

Muitas mulheres acreditam que o parto perdeu seu significado emocional e espiritual. Por isso, muitas delas buscam outras opções para dar à luz, como o parto de lótus. No entanto, o que transformou o parto em um procedimento hospitalar extremamente medicalizado, metódico e controlado foi a necessidade de reduzir a mortalidade (morte) e a morbidade (doença) das mães e dos bebês.

O cuidado adequado das mães e dos bebês é uma prioridade da Organização Mundial da Saúde (OMS). A aplicação de intervenções de saúde baseadas em evidências científicas reduziu o risco global aproximado de morte materna de uma morte a cada 73 mulheres para uma a cada 180.

É por isso que os pais precisam estar bem informados ao decidir como querem trazer seu filho ao mundo. Isso inclui práticas não baseadas em evidências, como o parto de lótus.

O que é o parto de lótus?

O parto de lótus consiste em não cortar o cordão umbilical após o nascimento do bebê. O bebê permanecerá ligado ao cordão umbilical e à placenta até que ele se desprenda espontaneamente, o que ocorre geralmente entre o terceiro e o décimo dia após o nascimento.

Neste método, a placenta é lavada para remover qualquer resíduo de sangue. Em seguida, ela é cuidadosamente embrulhada em um material absorvente, como uma fralda. Por fim, espalha-se sal e ervas aromáticas para regular a umidade e evitar o mau cheiro.

Qual é a origem desta prática?

O parto de lótus leva o nome de Clair Lotus Day, que em 1974 observou que chimpanzés recém-nascidos se separam naturalmente da placenta. Isso a fez questionar a maneira como lidamos com isso durante o nascimento.

Para que servem o cordão umbilical e a placenta?

A gravidez não poderia ocorrer sem a placenta, pois ela atua como uma barreira, impedindo que o sistema imunológico materno ataque o bebê como se ele fosse um corpo estranho.

Além disso, o oxigênio e todos os nutrientes de que o bebê necessita para o seu desenvolvimento vêm da mãe através da placenta e do cordão umbilical. Após nascer, o bebê consegue oxigenar o sangue através dos seus próprios pulmões.

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Benefícios atribuídos ao parto de lótus

O primeiro benefício esperado com o parto de lótus é evitar que a criança desenvolva anemia, já que o fluxo sanguíneo da placenta para o bebê não será interrompido. Presume-se também que, como o cordão umbilical não é cortado, não há risco de infecção.

Deve ficar bem claro que estas são hipóteses, não havendo evidências científicas para apoiá-las.

Por que algumas famílias optam pelo parto de lótus?

O principal motivo pelo qual mães e pais escolhem o parto de lótus não é nenhuma das opções acima. Eles o fazem porque o veem como uma alternativa para agregar significado espiritual ao momento do nascimento.

Do ponto de vista do parto de lótus, a placenta é um órgão sagrado, um símbolo de vida e fertilidade e um vínculo inquebrável entre a mãe e seu filho. Essa prática reivindica o direito da mãe e do recém-nascido de escolher as condições de nascimento.

Impacto do parto de lótus no bebê

Sob a perspectiva do parto de lótus, o cordão umbilical e a placenta formam uma unidade com o recém-nascido, e ele deve decidir quando está pronto para se separar.

Algumas pessoas acreditam que a preservação da placenta e do cordão umbilical evita sujeitar o bebê ao trauma de separá-lo abruptamente de sua mãe e do órgão que o protegeu durante a gravidez. Além disso, os pais afirmam que passam mais tempo com o bebê pois é difícil movê-lo enquanto ele ainda está preso à placenta.

Riscos do parto de lótus

A esta altura, você pode estar se perguntando por que o parto de lótus não é o tipo de parto mais comum se ele é tão bom. Conforme mencionado anteriormente, não há evidências científicas de que essa seja uma prática segura e benéfica.

Inclusive, o parto de lótus é considerado arriscado, sendo desencorajado por muitos profissionais. Enquanto não houver evidências sólidas a seu favor e houver relatos de casos em que representou perigo para o recém-nascido, não é ético nem viável recomendá-lo.

Ao contrário do pensamento de que não há risco de infecção para o bebê ao não cortar o cordão umbilical, a placenta em decomposição pode se tornar uma fonte de bactérias. Há casos relatados de onfalite (infecção do umbigo) e sepse (infecção do sangue).

Um fluxo sanguíneo descontrolado e permanente da placenta para o bebê pode causar icterícia (amarelamento dos olhos e da pele), policitemia (glóbulos vermelhos em excesso, o que causa um aumento na viscosidade do sangue) e trombose.

“O atendimento especializado antes, durante e após o parto pode salvar a vida de gestantes e recém-nascidos”
-Organização Mundial de Saúde-

Então, o que é recomendado?

Antes de decidir as circunstâncias de nascimento do seu filho, você deve considerar as seguintes recomendações:

  • Informe-se através de fontes apropriadas e tire suas dúvidas e preocupações com um médico de confiança.
  • O tipo de parto (normal ou cesárea) dependerá do histórico de saúde da mãe, da evolução da gravidez e do bem-estar do bebê. Ficará mais fácil decidir se o controle da gravidez for criterioso e se forem realizados todos os exames indicados.
  • A possibilidade de ter o bebê em casa pode ser considerada se a gravidez for de baixo risco, ou seja, se não houver dados que indiquem que a mãe ou o filho está em perigo.
  • O fácil acesso a um centro de saúde é fundamental. Isso porque até 40% das gestações consideradas de baixo risco podem apresentar complicações no momento do parto.
  • A preparação para o parto é altamente recomendada. Isso inclui o plano de parto e os cursos pré-natais.

Manejo ativo do trabalho de parto

A hemorragia pós-parto continua sendo a causa mais comum de morte materna. O manejo ativo do parto ou terceira fase do trabalho de parto é uma intervenção fundamental para evitar essa complicação.

A gestão ativa refere-se a três práticas:

  1. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a principal intervenção é usar um medicamento para ajudar o útero a se contrair, como a oxitocina.
  2. Tração controlada do cordão umbilical.
  3. Massagem uterina.

Clampeamento tardio do cordão umbilical

Com exceção dos recém-nascidos que requerem suporte respiratório, a OMS também recomenda o clampeamento tardio do cordão umbilical, que consiste em não clampear ou cortar o cordão imediatamente, mas esperar pelo menos 1 minuto após o nascimento do bebê para fazê-lo. Isso porque essa prática evita a anemia e outras doenças graves que podem afetar o bebê

Cuidados de maternidade respeitosos

As recomendações de organizações internacionais para o cuidado da gravidez e do parto visam o tratamento digno e respeitoso da mãe, protegendo sua privacidade, confidencialidade e integridade.

O objetivo não é apenas evitar a morbidade e morte materna, mas também empoderar as mulheres e reivindicar seus direitos. Esse processo começa antes da concepção e continua após o nascimento do bebê.

Parto humanizado

Após o nascimento, quando a mãe está bem e o bebê nasce sem complicações, o contato pele a pele deve ser preservado durante a primeira hora para facilitar a amamentação.

Enquanto espera de 1 a 3 minutos antes de clampear o cordão umbilical para colocá-lo no colo da mãe, a equipe médica seca bem o recém-nascido e avalia a sua respiração. Em seguida, eles colocam um gorro no bebê e o cobrem com uma manta seca. Outros cuidados de rotina são adiados para após esta primeira hora de contato próximo entre a mãe e o bebê.

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Você pode se interessar: Tudo o que é preciso saber sobre parto na água

O parto de lótus não é recomendado

Apesar da ausência de qualquer evidência científica para apoiar o parto de lótus, não se pode ignorar o fato de que os pais que o experimentaram o consideram uma experiência positiva que eles gostariam de repetir.

Isso ocorre em parte porque os sentimentos, crenças, pensamentos, emoções e espiritualidade são parte essencial da vida. O conhecimento médico, por outro lado, tende a se concentrar nos aspectos biológico e físico, negligenciando outras necessidades humanas.

No entanto, a assistência médica não precisa ser sinônimo de parto frio, desumanizado ou traumático. Existem maneiras de conciliar as necessidades holísticas da mãe, do pai e do bebê que não representam risco à saúde.

Como parte da preparação para o parto, os pais devem investigar e verificar as características do cuidado prestado. O parto de lótus não é recomendado, mas muitos centros de saúde proporcionam alternativas muito gentis, humanas e espiritualizadas.

Muitas mulheres acreditam que o parto perdeu seu significado emocional e espiritual. Por isso, muitas delas buscam outras opções para dar à luz, como o parto de lótus. No entanto, o que transformou o parto em um procedimento hospitalar extremamente medicalizado, metódico e controlado foi a necessidade de reduzir a mortalidade (morte) e a morbidade (doença) das mães e dos bebês.

O cuidado adequado das mães e dos bebês é uma prioridade da Organização Mundial da Saúde (OMS). A aplicação de intervenções de saúde baseadas em evidências científicas reduziu o risco global aproximado de morte materna de uma morte a cada 73 mulheres para uma a cada 180.

É por isso que os pais precisam estar bem informados ao decidir como querem trazer seu filho ao mundo. Isso inclui práticas não baseadas em evidências, como o parto de lótus.

O que é o parto de lótus?

O parto de lótus consiste em não cortar o cordão umbilical após o nascimento do bebê. O bebê permanecerá ligado ao cordão umbilical e à placenta até que ele se desprenda espontaneamente, o que ocorre geralmente entre o terceiro e o décimo dia após o nascimento.

Neste método, a placenta é lavada para remover qualquer resíduo de sangue. Em seguida, ela é cuidadosamente embrulhada em um material absorvente, como uma fralda. Por fim, espalha-se sal e ervas aromáticas para regular a umidade e evitar o mau cheiro.

Qual é a origem desta prática?

O parto de lótus leva o nome de Clair Lotus Day, que em 1974 observou que chimpanzés recém-nascidos se separam naturalmente da placenta. Isso a fez questionar a maneira como lidamos com isso durante o nascimento.

Para que servem o cordão umbilical e a placenta?

A gravidez não poderia ocorrer sem a placenta, pois ela atua como uma barreira, impedindo que o sistema imunológico materno ataque o bebê como se ele fosse um corpo estranho.

Além disso, o oxigênio e todos os nutrientes de que o bebê necessita para o seu desenvolvimento vêm da mãe através da placenta e do cordão umbilical. Após nascer, o bebê consegue oxigenar o sangue através dos seus próprios pulmões.

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Benefícios atribuídos ao parto de lótus

O primeiro benefício esperado com o parto de lótus é evitar que a criança desenvolva anemia, já que o fluxo sanguíneo da placenta para o bebê não será interrompido. Presume-se também que, como o cordão umbilical não é cortado, não há risco de infecção.

Deve ficar bem claro que estas são hipóteses, não havendo evidências científicas para apoiá-las.

Por que algumas famílias optam pelo parto de lótus?

O principal motivo pelo qual mães e pais escolhem o parto de lótus não é nenhuma das opções acima. Eles o fazem porque o veem como uma alternativa para agregar significado espiritual ao momento do nascimento.

Do ponto de vista do parto de lótus, a placenta é um órgão sagrado, um símbolo de vida e fertilidade e um vínculo inquebrável entre a mãe e seu filho. Essa prática reivindica o direito da mãe e do recém-nascido de escolher as condições de nascimento.

Impacto do parto de lótus no bebê

Sob a perspectiva do parto de lótus, o cordão umbilical e a placenta formam uma unidade com o recém-nascido, e ele deve decidir quando está pronto para se separar.

Algumas pessoas acreditam que a preservação da placenta e do cordão umbilical evita sujeitar o bebê ao trauma de separá-lo abruptamente de sua mãe e do órgão que o protegeu durante a gravidez. Além disso, os pais afirmam que passam mais tempo com o bebê pois é difícil movê-lo enquanto ele ainda está preso à placenta.

Riscos do parto de lótus

A esta altura, você pode estar se perguntando por que o parto de lótus não é o tipo de parto mais comum se ele é tão bom. Conforme mencionado anteriormente, não há evidências científicas de que essa seja uma prática segura e benéfica.

Inclusive, o parto de lótus é considerado arriscado, sendo desencorajado por muitos profissionais. Enquanto não houver evidências sólidas a seu favor e houver relatos de casos em que representou perigo para o recém-nascido, não é ético nem viável recomendá-lo.

Ao contrário do pensamento de que não há risco de infecção para o bebê ao não cortar o cordão umbilical, a placenta em decomposição pode se tornar uma fonte de bactérias. Há casos relatados de onfalite (infecção do umbigo) e sepse (infecção do sangue).

Um fluxo sanguíneo descontrolado e permanente da placenta para o bebê pode causar icterícia (amarelamento dos olhos e da pele), policitemia (glóbulos vermelhos em excesso, o que causa um aumento na viscosidade do sangue) e trombose.

“O atendimento especializado antes, durante e após o parto pode salvar a vida de gestantes e recém-nascidos”
-Organização Mundial de Saúde-

Então, o que é recomendado?

Antes de decidir as circunstâncias de nascimento do seu filho, você deve considerar as seguintes recomendações:

  • Informe-se através de fontes apropriadas e tire suas dúvidas e preocupações com um médico de confiança.
  • O tipo de parto (normal ou cesárea) dependerá do histórico de saúde da mãe, da evolução da gravidez e do bem-estar do bebê. Ficará mais fácil decidir se o controle da gravidez for criterioso e se forem realizados todos os exames indicados.
  • A possibilidade de ter o bebê em casa pode ser considerada se a gravidez for de baixo risco, ou seja, se não houver dados que indiquem que a mãe ou o filho está em perigo.
  • O fácil acesso a um centro de saúde é fundamental. Isso porque até 40% das gestações consideradas de baixo risco podem apresentar complicações no momento do parto.
  • A preparação para o parto é altamente recomendada. Isso inclui o plano de parto e os cursos pré-natais.

Manejo ativo do trabalho de parto

A hemorragia pós-parto continua sendo a causa mais comum de morte materna. O manejo ativo do parto ou terceira fase do trabalho de parto é uma intervenção fundamental para evitar essa complicação.

A gestão ativa refere-se a três práticas:

  1. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a principal intervenção é usar um medicamento para ajudar o útero a se contrair, como a oxitocina.
  2. Tração controlada do cordão umbilical.
  3. Massagem uterina.

Clampeamento tardio do cordão umbilical

Com exceção dos recém-nascidos que requerem suporte respiratório, a OMS também recomenda o clampeamento tardio do cordão umbilical, que consiste em não clampear ou cortar o cordão imediatamente, mas esperar pelo menos 1 minuto após o nascimento do bebê para fazê-lo. Isso porque essa prática evita a anemia e outras doenças graves que podem afetar o bebê

Cuidados de maternidade respeitosos

As recomendações de organizações internacionais para o cuidado da gravidez e do parto visam o tratamento digno e respeitoso da mãe, protegendo sua privacidade, confidencialidade e integridade.

O objetivo não é apenas evitar a morbidade e morte materna, mas também empoderar as mulheres e reivindicar seus direitos. Esse processo começa antes da concepção e continua após o nascimento do bebê.

Parto humanizado

Após o nascimento, quando a mãe está bem e o bebê nasce sem complicações, o contato pele a pele deve ser preservado durante a primeira hora para facilitar a amamentação.

Enquanto espera de 1 a 3 minutos antes de clampear o cordão umbilical para colocá-lo no colo da mãe, a equipe médica seca bem o recém-nascido e avalia a sua respiração. Em seguida, eles colocam um gorro no bebê e o cobrem com uma manta seca. Outros cuidados de rotina são adiados para após esta primeira hora de contato próximo entre a mãe e o bebê.

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Você pode se interessar: Tudo o que é preciso saber sobre parto na água

O parto de lótus não é recomendado

Apesar da ausência de qualquer evidência científica para apoiar o parto de lótus, não se pode ignorar o fato de que os pais que o experimentaram o consideram uma experiência positiva que eles gostariam de repetir.

Isso ocorre em parte porque os sentimentos, crenças, pensamentos, emoções e espiritualidade são parte essencial da vida. O conhecimento médico, por outro lado, tende a se concentrar nos aspectos biológico e físico, negligenciando outras necessidades humanas.

No entanto, a assistência médica não precisa ser sinônimo de parto frio, desumanizado ou traumático. Existem maneiras de conciliar as necessidades holísticas da mãe, do pai e do bebê que não representam risco à saúde.

Como parte da preparação para o parto, os pais devem investigar e verificar as características do cuidado prestado. O parto de lótus não é recomendado, mas muitos centros de saúde proporcionam alternativas muito gentis, humanas e espiritualizadas.


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