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O que é o transumanismo e como ele pode afetar o futuro?

6 minutos
Você já pensou em qual seria o próximo estágio evolutivo da espécie humana? O transumanismo dá uma resposta a isso.
O que é o transumanismo e como ele pode afetar o futuro?
Escrito por Equipe Editorial
Última atualização: 21 fevereiro, 2023

O transumanismo é um movimento intelectual que questiona os limites naturais da humanidade (como o envelhecimento, a morte e a doença). Ela defende a sua superação deles através da tecnologia.

Segundo essa corrente, a espécie humana não representa o fim de nossa evolução, mas o início de uma outra etapa. Mas como isso será possível? Nós detalhamos abaixo.

O que é o transumanismo?

O transumanismo, ou simplesmente h+, é uma corrente de pensamento relativamente recente. Busca superar as limitações biológicas da humanidade por meio do aperfeiçoamento tecnológico do organismo. No futuro, está prevista a separação da mente do corpo humano.

O objetivo desse movimento é potencializar e aprimorar todas as capacidades humanas (físicas e mentais), a ponto de sermos mais inteligentes do que qualquer gênio; ter a capacidade de sentir e expandir as emoções agradáveis, evitando as desagradáveis; além de prevenir o envelhecimento e doenças.

Nesse sentido, os transumanistas dizem que a natureza deve ser transformada, começando pelo genoma humano. Assim garantimos uma vida melhor e o máximo desenvolvimento.

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A genética é um campo de estudo muito importante para o transumanismo.

Veja: A morte de um animal de estimação dói igual a de um familiar

Origens

Diz-se que o pai do conceito foi o filósofo e futurista Fereidoun M. Esfandiary, que teria usado o termo transumano em 1966 durante suas aulas na New School for Social Research, em Nova York. No entanto, a palavra já constava de um artigo publicado pelo paleontólogo Pierre Teilhard de Chardin em 1951, intitulado Do pré-humano ao ultra-humano.

Lá, Teilhard traça a evolução da humanidade até atingir um estado transumano, que inclui variáveis tecnológicas como uma rede de telefone e televisão que permite a sintonização direta entre as mentes humanas.

Pouco depois, em 1957, o biólogo inglês Julian Huxley publicou um artigo no qual cunhou o termo transumanismo. Ali, o autor concebe a transição de uma vida miserável, dolorosa e curta para uma nova etapa evolutiva do ser humano, na qual ele se transcende como espécie.

A espécie humana pode, se quiser, transcender a si mesma – não apenas esporadicamente, um indivíduo aqui de uma forma e outro indivíduo ali de outra, mas em sua totalidade como humanidade-. Precisamos dar um nome a essa crença. Pode ser que o transumanismo seja conveniente; homem como homem, mas autotranscendiendo.

Julian Huxley

Posteriormente, a partir dos anos 80 do século passado, essa posição começou a ganhar adeptos. Assim, foram estabelecidos os primeiros encontros entre intelectuais transumanistas.

Assim, em 1998 os filósofos europeus David Pearce e Nick Bostrom criaram a World Transhumanist Association ou Humanity Plus (H+). Esta é uma organização sem fins lucrativos que promove a discussão de possíveis melhorias nas capacidades humanas por meio de novas tecnologias. Vamos ver alguns deles.

Tecnologias transumanistas

O transumanismo busca atingir seus objetivos por meio de avanços tecnológicos em diversas áreas. Vamos conhecer algumas de suas contribuições.

1. Nanotecnologia

Essa é a tecnologia que busca manipular a matéria em escala nanométrica, sendo o nanômetro a unidade de medida que equivale a um bilionésimo de metro.

Dentro do transumanismo, esta ferramenta seria um excelente meio para alcançar melhorias médicas, através de máquinas moleculares que se moveriam pelo corpo para reparar tecidos, atacar patógenos, destruir células cancerígenas, etc.

Embora esta tecnologia esteja em seus estágios iniciais, os especialistas têm grandes expectativas sobre ela. Portanto, é provável que mais cedo ou mais tarde defina um antes e um depois na história da medicina.

2. Engenharia genética

Consiste na manipulação genética do zigoto para modificar aqueles genes que impliquem qualidades ou características. Por exemplo, modificar o DNA de um organismo para evitar o risco de sofrer de uma doença congênita.

Essa tecnologia é uma das mais controversas, pois carrega pesadas implicações éticas. Por exemplo, onde está o limite do que pode ser modificado? Quem terá acesso a esses tipos de melhorias?

Veja: BodyTite, tecnologia para reduzir a flacidez corporal

3. Cibernética

Esta interdisciplinaridade lida com sistemas de controle baseados em retroalimentação. No entanto, o conceito popularizou-se em torno da noção de cyborg, uma entidade composta por elementos orgânicos e dispositivos cibernéticos.

Um dos exemplos mais conhecidos da ficção científica e do cinema é o RoboCop, que funde o orgânico e o sintético, o humano e a máquina, por meio de próteses, chips cerebrais e outros tipos de dispositivos.

Pode parecer um conceito muito futurista, mas na realidade a integração do corpo com a tecnologia começou há bastante tempo. Por exemplo, com o uso de marcapassos para regular o ritmo do coração e manter a frequência cardíaca adequada.

4. Inteligência artificial

Esta é uma interdisciplinaridade cujo objetivo é criar sistemas inteligentes, entendendo a inteligência como a capacidade de manipular a informação e transformá-la em algo novo. Nesse sentido, os avanços nessa área são cada vez mais surpreendentes. A tal ponto que hoje temos máquinas que conseguiram superar certas capacidades humanas.

Portanto, criações em inteligência artificial são essenciais para construir os sistemas e máquinas que o transumanismo requer.

5. Fusão mente-máquina

A reivindicação mais extrema do transumanismo é abandonar nosso corpo orgânico, transferindo a mente para uma máquina. Desta forma, poderíamos viver para sempre dentro de uma unidade mecânica e digital, como um computador ou um robô.

Agora, isso traz uma série de questões filosóficas que vale a pena discutir. Se isso fosse possível, a mente copiada para a máquina ainda seria essa pessoa? Seriam ambas as versões da mente? Se forem feitas duas cópias, seriam duas pessoas independentes?

Esta é uma das propostas mais distantes da realidade e, até à data, não há nada que nos faça acreditar que no futuro seja possível. Primeiro será necessário descobrir os enigmas da consciência humana.

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As próteses robóticas parecem ser o primeiro passo de um transumanismo que funde o biológico com as máquinas.

Implicações futuras do transumanismo

Hoje é uma realidade que os avanços científicos e tecnológicos nos fizeram progredir como espécie. Porém, neste ponto é pertinente parar e refletir sobre as consequências desse progressivo desenvolvimento na sociedade. Embora o apelo do transumanismo não possa ser negado, isso não tira nossa responsabilidade de avaliar o quadro geral.

Por exemplo, devemos refletir e discutir questões importantes como as seguintes:

  • Que implicações teriam os implantes nanotecnológicos no cérebro? Eles condicionariam nossa liberdade de pensamento?
  • Como a alteração genética afetará as gerações seguintes? Nesse processo de transição, aqueles que foram geneticamente modificados terão uma vantagem notável sobre os que não foram?
  • O transumanismo defende a aplicação de melhorias tecnológicas para toda a população, não apenas para aqueles que podem pagar financeiramente. Mas como seria alcançada a igualdade?

O transumanismo é uma proposta atraente para a espécie humana, pois deixa muitas expectativas sobre a evitabilidade de doenças e da própria morte. Entretanto, à luz dessas afirmações, é pertinente considerar a ética por trás delas.

O transumanismo é um movimento intelectual que questiona os limites naturais da humanidade (como o envelhecimento, a morte e a doença). Ela defende a sua superação deles através da tecnologia.

Segundo essa corrente, a espécie humana não representa o fim de nossa evolução, mas o início de uma outra etapa. Mas como isso será possível? Nós detalhamos abaixo.

O que é o transumanismo?

O transumanismo, ou simplesmente h+, é uma corrente de pensamento relativamente recente. Busca superar as limitações biológicas da humanidade por meio do aperfeiçoamento tecnológico do organismo. No futuro, está prevista a separação da mente do corpo humano.

O objetivo desse movimento é potencializar e aprimorar todas as capacidades humanas (físicas e mentais), a ponto de sermos mais inteligentes do que qualquer gênio; ter a capacidade de sentir e expandir as emoções agradáveis, evitando as desagradáveis; além de prevenir o envelhecimento e doenças.

Nesse sentido, os transumanistas dizem que a natureza deve ser transformada, começando pelo genoma humano. Assim garantimos uma vida melhor e o máximo desenvolvimento.

Some figure
A genética é um campo de estudo muito importante para o transumanismo.

Veja: A morte de um animal de estimação dói igual a de um familiar

Origens

Diz-se que o pai do conceito foi o filósofo e futurista Fereidoun M. Esfandiary, que teria usado o termo transumano em 1966 durante suas aulas na New School for Social Research, em Nova York. No entanto, a palavra já constava de um artigo publicado pelo paleontólogo Pierre Teilhard de Chardin em 1951, intitulado Do pré-humano ao ultra-humano.

Lá, Teilhard traça a evolução da humanidade até atingir um estado transumano, que inclui variáveis tecnológicas como uma rede de telefone e televisão que permite a sintonização direta entre as mentes humanas.

Pouco depois, em 1957, o biólogo inglês Julian Huxley publicou um artigo no qual cunhou o termo transumanismo. Ali, o autor concebe a transição de uma vida miserável, dolorosa e curta para uma nova etapa evolutiva do ser humano, na qual ele se transcende como espécie.

A espécie humana pode, se quiser, transcender a si mesma – não apenas esporadicamente, um indivíduo aqui de uma forma e outro indivíduo ali de outra, mas em sua totalidade como humanidade-. Precisamos dar um nome a essa crença. Pode ser que o transumanismo seja conveniente; homem como homem, mas autotranscendiendo.

Julian Huxley

Posteriormente, a partir dos anos 80 do século passado, essa posição começou a ganhar adeptos. Assim, foram estabelecidos os primeiros encontros entre intelectuais transumanistas.

Assim, em 1998 os filósofos europeus David Pearce e Nick Bostrom criaram a World Transhumanist Association ou Humanity Plus (H+). Esta é uma organização sem fins lucrativos que promove a discussão de possíveis melhorias nas capacidades humanas por meio de novas tecnologias. Vamos ver alguns deles.

Tecnologias transumanistas

O transumanismo busca atingir seus objetivos por meio de avanços tecnológicos em diversas áreas. Vamos conhecer algumas de suas contribuições.

1. Nanotecnologia

Essa é a tecnologia que busca manipular a matéria em escala nanométrica, sendo o nanômetro a unidade de medida que equivale a um bilionésimo de metro.

Dentro do transumanismo, esta ferramenta seria um excelente meio para alcançar melhorias médicas, através de máquinas moleculares que se moveriam pelo corpo para reparar tecidos, atacar patógenos, destruir células cancerígenas, etc.

Embora esta tecnologia esteja em seus estágios iniciais, os especialistas têm grandes expectativas sobre ela. Portanto, é provável que mais cedo ou mais tarde defina um antes e um depois na história da medicina.

2. Engenharia genética

Consiste na manipulação genética do zigoto para modificar aqueles genes que impliquem qualidades ou características. Por exemplo, modificar o DNA de um organismo para evitar o risco de sofrer de uma doença congênita.

Essa tecnologia é uma das mais controversas, pois carrega pesadas implicações éticas. Por exemplo, onde está o limite do que pode ser modificado? Quem terá acesso a esses tipos de melhorias?

Veja: BodyTite, tecnologia para reduzir a flacidez corporal

3. Cibernética

Esta interdisciplinaridade lida com sistemas de controle baseados em retroalimentação. No entanto, o conceito popularizou-se em torno da noção de cyborg, uma entidade composta por elementos orgânicos e dispositivos cibernéticos.

Um dos exemplos mais conhecidos da ficção científica e do cinema é o RoboCop, que funde o orgânico e o sintético, o humano e a máquina, por meio de próteses, chips cerebrais e outros tipos de dispositivos.

Pode parecer um conceito muito futurista, mas na realidade a integração do corpo com a tecnologia começou há bastante tempo. Por exemplo, com o uso de marcapassos para regular o ritmo do coração e manter a frequência cardíaca adequada.

4. Inteligência artificial

Esta é uma interdisciplinaridade cujo objetivo é criar sistemas inteligentes, entendendo a inteligência como a capacidade de manipular a informação e transformá-la em algo novo. Nesse sentido, os avanços nessa área são cada vez mais surpreendentes. A tal ponto que hoje temos máquinas que conseguiram superar certas capacidades humanas.

Portanto, criações em inteligência artificial são essenciais para construir os sistemas e máquinas que o transumanismo requer.

5. Fusão mente-máquina

A reivindicação mais extrema do transumanismo é abandonar nosso corpo orgânico, transferindo a mente para uma máquina. Desta forma, poderíamos viver para sempre dentro de uma unidade mecânica e digital, como um computador ou um robô.

Agora, isso traz uma série de questões filosóficas que vale a pena discutir. Se isso fosse possível, a mente copiada para a máquina ainda seria essa pessoa? Seriam ambas as versões da mente? Se forem feitas duas cópias, seriam duas pessoas independentes?

Esta é uma das propostas mais distantes da realidade e, até à data, não há nada que nos faça acreditar que no futuro seja possível. Primeiro será necessário descobrir os enigmas da consciência humana.

Some figure
As próteses robóticas parecem ser o primeiro passo de um transumanismo que funde o biológico com as máquinas.

Implicações futuras do transumanismo

Hoje é uma realidade que os avanços científicos e tecnológicos nos fizeram progredir como espécie. Porém, neste ponto é pertinente parar e refletir sobre as consequências desse progressivo desenvolvimento na sociedade. Embora o apelo do transumanismo não possa ser negado, isso não tira nossa responsabilidade de avaliar o quadro geral.

Por exemplo, devemos refletir e discutir questões importantes como as seguintes:

  • Que implicações teriam os implantes nanotecnológicos no cérebro? Eles condicionariam nossa liberdade de pensamento?
  • Como a alteração genética afetará as gerações seguintes? Nesse processo de transição, aqueles que foram geneticamente modificados terão uma vantagem notável sobre os que não foram?
  • O transumanismo defende a aplicação de melhorias tecnológicas para toda a população, não apenas para aqueles que podem pagar financeiramente. Mas como seria alcançada a igualdade?

O transumanismo é uma proposta atraente para a espécie humana, pois deixa muitas expectativas sobre a evitabilidade de doenças e da própria morte. Entretanto, à luz dessas afirmações, é pertinente considerar a ética por trás delas.


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  • Monteverde R. El transhumanismo de Julian Huxley: una nueva religión para la humanidad.  Cuadernos de bioética [Internet] 2020 [consultado 07 feb 2022]; 31(101): 71-85. Disponible en: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=7463006
  • Velázquez  H. Transhumanismo, libertad e identidad humana. THEMATA [Internet]. 2009 [consultado 7 feb de 2022]; (41). Disponible en: https://revistascientificas.us.es/index.php/themata/article/view/594

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