O primeiro transplante de cabeça será realizado em menos de 10 meses

Depois de que o primeiro candidato se decidiu por outros métodos mais tradicionais, o nome do novo paciente que será submetido à primeira operação de transplante de cabeça não apareceu
O primeiro transplante de cabeça será realizado em menos de 10 meses
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 26 setembro, 2022

O primeiro transplante de cabeça será feito na China e em menos de dez meses.

Assim foi revelado pelo neurocirurgião italiano Sergio Canavero durante uma entrevista concedida à revista alemã Ooom, em abril deste mesmo ano.

Mais além das considerações éticas, que sem dúvidas existem, mais além da polêmica e inclusive do controverso que este tema pode ser para muitos, não deixa de ser, aos olhos da comunidade científica, uma revolução e um desafio pelo qual há muito interesse.

Até só alguns meses, Valery Spiridonov era o primeiro paciente escolhido para realizar a cirurgia, mas infelizmente desistiu da oferta.

Atualmente, o que todos já conhecem como o “Frankenstein” do século XXI, conta com um novo paciente chinês, uma pessoa cujo nome permanece em anonimato.

Este se transformará, nos próximos meses, na primeira pessoa que se submeterá a um transplante de cabeça.

O sonho de um neurocirurgião: o primeiro transplante de cabeça

Sergio Canavero é membro do grupo de Neuromodulação Avançada, em Turim (Itália).

A maior aspiração do cientista é a de se transformar no primeiro médico que obteve sucesso no primeiro transplante de cabeça.

  • É importante ressaltar o matiz “sucesso”. Até o momento, todas as tentativas realizadas com animais falharam.
  • O doutor Canavero explica que, até o dia de hoje, a tecnologia não acompanhou tal desafio, tal propósito.
  • Porém, as barreiras tecnológicas agora são menores, o pessoal mais qualificado e os meios muito mais sofisticados. Tudo isso amplia de forma considerável as possibilidades de sucesso.
  • Por outro lado, apesar de ter grande parte da comunidade científica contrária, nosso atual “Frankenstein” do século XXI baseia parte do seu trabalho na única pessoa que conseguiu transplantar a cabeça de um macaco em outro corpo.
  • Esta conquista foi atingida pelo doutor Robert White na década de 70. Ainda que não tenha conseguido conectar a parte mais essencial: o sistema nervoso.
  • Foi em 2013 quando o neurocirurgião Sergio Canavero escreveu um artigo onde explicava a viabilidade do transplante de cabeça por uma série de razões evidentes:

Atualmente dispomos da tecnologia adequada para estabelecer uma conexão correta com a medula espinhal.

Transplante de cabeça: uma realidade cada vez mais próxima?

Se nada mudar, a primeira operação de transplante de cabeça será realizada na China ao longo de 2017. Algo assim poderia supor, segundo o doutor Canavero, várias coisas.

  • A primeira é devolver a mobilidade a qualquer pessoa tetraplégica ou paraplégica.
  • Ainda, e como se não fosse o suficiente, ao dispor de um “novo corpo” (oferecido, claro, por um doador com morte cerebral) a pessoa pode evitar doenças como o câncer, degenerações nervosas e outros muitos tipos de condições médicas adversas.
  • A implicação ética, assim como as polêmicas ético-religiosas, persegue desde o início o responsável por este objetivo, por este sonho científico.
  • Porém, e aqui chega um dos matizes e novidade à qual fazer referência, o jovem que se ofereceu como voluntário desistiu da oferta.

 Novo paciente, nova data e novo cenário para a primeira operação

Médicos que relizarão transplante de cabeça

Valery Spirionov era, até o momento, o apreciado paciente. Este jovem sofre de atrofia muscular espinhal e tem uma escassa expectativa de vida.

Porém, depois de dois anos de trabalho com o doutor Canavero, ele não pôde assegurar ao paciente o que ele mais queria: voltar a andar, poder ter uma vida normal e inclusive “sobreviver” à própria operação.

  • Por isso, o jovem russo decidiu se submeter a uma cirurgia muito mais “conservadora” e com a qual ter menos dor e poder enfrentar os dias que lhe restam de uma forma mais digna.
  • O doutor Sergio Canavero, por sua vez, encontrou outro paciente com graves problemas de mobilidade com o qual prosseguir com seu projeto.

O país escolhido e quem  mais facilidades ofereceu foi a China.

Assim, depois de uma coletiva de imprensa realizada neste mesmo país há algumas semanas, foi anunciado que a revolucionária operação será feita em um hospital habilitado para isso.

Ainda não se conhece o dia exato, mas a intervenção vai durar, pelo menos, 72 horas.

Até o momento, e por cada informação transmitida pelos responsáveis por este desafio científico, tudo parece ser vantagem: os riscos de rejeição, por exemplo, são inexistentes porque o cérebro, segundo eles mesmos explicam, é um órgão “neutro”, diferente do coração, do fígado ou dos rins…

Eles dispõem da melhor equipe e dos melhores meios.

As esperanças são muito altas e só cabe, está claro, esperar o desenlace deste projeto que, por mais impressionante e inquietante que seja, pode dar, sem dúvidas, uma reviravolta no mundo da ciência e da medicina.

Estaremos à espera, portanto, de novas informações…


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