Como lidar com cada fase do processo de parar de fumar?
Escrito e verificado por o enfermeiro Daniel Baldó Vela
De acordo com o último relatório da OMS sobre as tendências globais do uso de tabaco, o número de pessoas viciadas em tabaco é superior a 1,3 milhão. Por esse motivo, a intervenção dos órgãos sanitários com objetivo de ajudar o fumante a parar de fumar e lidar com cada etapa desse processo tornou-se o padrão de ouro para ações preventivas.
Os dados da Organização Mundial da Saúde mostram que mais de 8 milhões de pessoas morrem por uso de tabaco a cada ano. Esse número faz do cigarro a principal causa de mortes por doenças evitáveis em todo o mundo, tornando crucial a intervenção de órgãos sanitários para a diminuição ou eliminação do hábito.
Essa intervenção, para ser eficaz, deve ser capaz de gerenciar a dependência física e psicológica do tabaco, quebrar o automatismo associado ao ato de fumar e modular a influência do ambiente social de cada pessoa no seu consumo. Para fazer isso, o primeiro passo será reconhecer a fase em que cada fumante está no processo de parar de fumar.
Como lidar com cada fase do processo de parar de fumar
Quando falamos de parar de fumar, devemos necessariamente nos voltar ao que é conhecido como modelo transteórico de mudança, criado em 1982 pelos psicólogos Prochaska e DiClemente com o objetivo de entender e facilitar o processo de mudança diante de um determinado comportamento.
Nesse modelo, existem seis etapas com características muito específicas, levando em consideração a possibilidade de voltar atrás no processo e também que não há necessidade de passar por todas elas. Além disso, a recaída é outra possibilidade, não como um fracasso, mas como uma oportunidade para melhorar e aumentar a probabilidade de sucesso em uma nova tentativa.
Na maioria dos casos, a mudança definitiva ocorre depois de passar várias vezes por cada fase do modelo.
Nesse sentido, a missão do profissional de saúde será identificar a etapa da mudança em que o fumante se encontra e ajustar as intervenções para motivar sua progressão no processo. A seguir, nos aprofundaremos em cada um dos estágios do processo de parar de fumar.
Leia também: 5 dicas para deixar os vícios definitivamente
Fase de pré-contemplação
Nesta fase, apesar de a pessoa saber que fumar não é um comportamento saudável, ainda não está ciente do problema que isso representa para si e, portanto, também não reconhece a necessidade de parar de fumar. Geralmente, encontramos essas pessoas quando elas buscam uma consulta por outro motivo ou porque foram pressionadas por seus parentes.
Nesse momento, o objetivo do profissional será conseguir conscientizar a pessoa sobre o problema e fazê-la entender a importância de parar de fumar. Para isso, seria aconselhável avaliar seu nível de conhecimento sobre os riscos do consumo de tabaco, informá-la adequadamente e destacar os benefícios que seriam obtidos ao parar de fumar.
Fase de contemplação
Nesta fase, a pessoa já sabe que tem um problema e que deve parar de fumar. No entanto, embora pareça que quer fazê-lo em menos de 6 meses, surgem sentimentos ambivalentes sobre o assunto ou algumas dúvidas sobre como conseguir. Ou seja, embora haja ciência do problema, existe também uma dúvida sobre possuir de fato a capacidade de resolvê-lo.
Nesse ponto, para que o fumante avance em seu processo de largar o cigarro, o profissional de saúde deve ajudá-lo a abandonar a ambivalência. Para isso, será essencial analisar e aprofundar, de forma personalizada, os seguintes aspectos:
- Importância de parar de fumar para o fumante.
- Grau de confiança que o fumante deposita em si mesmo para alcançá-lo. Aqui é essencial promover a autoeficácia, lembrando de outras conquistas realizadas ao longo de sua vida.
- Riscos associados ao uso do tabaco e razões pelas quais a pessoa deseja continuar fumando.
- Benefícios de parar de fumar e dificuldades em alcançar esse objetivo.
Preparação para parar de fumar
A fase de preparação começa quando a pessoa decide firmemente que deseja parar de fumar. A pessoa está convencida de que deseja parar de fumar e está pronta para fazer uma tentativa séria em menos de 1 mês. Aqui, o profissional deve:
- Parabenizar e enfatizar que parar de fumar é possivelmente a melhor decisão que a pessoa tomou para a sua saúde e para as pessoas à sua volta.
- Selecionar uma data a partir da qual a pessoa deixará de fumar (“dia D”). Se a pessoa escolheu uma redução gradual, isso deve ser iniciado mais cedo, para que no “dia D” o cigarro seja completamente abandonado.
- Incentivar a pessoa a comunicar sua decisão a todos os seus amigos e familiares. Quanto mais pessoas souberem, melhor.
- Informar sobre o aparecimento de possíveis dificuldades (desejos incontroláveis, irritabilidade, ansiedade, nervosismo, cansaço, alterações no padrão do sono, aumento do apetite, constipação, dor de cabeça, dificuldades de concentração, influência negativa no ambiente social…) e discutir como lidar com esses problemas que inevitavelmente surgirão até a pessoa conseguir parar de fumar.
Não perca: Dormir bem: algo além de uma noite de sono
Nesta fase, a prioridade é que a pessoa se prepare para parar de fumar. Aqui, é essencial fazê-la ver o processo como algo positivo e entender que pode parar de fumar e tem as estratégias necessárias para enfrentar qualquer adversidade.
Ação para parar de fumar
Neste momento, a pessoa já parou de fumar e seu principal objetivo é continuar sem usar o tabaco. O profissional de saúde deve avaliar as dificuldades que a pessoa está enfrentando e fortalecer as estratégias que são úteis para que sejam colocadas em prática de forma efetiva.
Além disso, será importante lembrar que a síndrome de abstinência começa a desaparecer a partir do sétimo dia, conversar sobre o sentimento de vazio que aparece 10 dias após o abandono do cigarro e alertar sobre o sentimento de falsa segurança que ocorre entre dias 15 e 30 após o abandono do hábito.
Manutenção: 6 meses sem fumar
A fase de manutenção começa quando a pessoa alcança 6 meses sem fumar, mas não se fala de ex-fumante até que tenham se passado 12 meses do abandono do hábito de fumar. Aqui, o profissional deve reavaliar possíveis dificuldades e reforçar as estratégias para lidar com elas.
Além disso, pode ser útil lembrar por que você parou de fumar e revisar os benefícios que já se manifestaram e os que estão por vir. Da mesma forma, pode ser necessário lembrar os inconvenientes associados ao uso do tabaco.
Parar de fumar: como lidar com recaídas
Falamos de uma recaída quando uma pessoa volta a fumar depois de ter abandonado o hábito. Nesse ponto, é essencial que o profissional de saúde mostre empatia, forneça apoio, evite qualquer comportamento punitivo e incentive a pessoa a entender a recaída como uma boa oportunidade para aprender e tentar novamente com uma maior probabilidade de sucesso.
De acordo com o último relatório da OMS sobre as tendências globais do uso de tabaco, o número de pessoas viciadas em tabaco é superior a 1,3 milhão. Por esse motivo, a intervenção dos órgãos sanitários com objetivo de ajudar o fumante a parar de fumar e lidar com cada etapa desse processo tornou-se o padrão de ouro para ações preventivas.
Os dados da Organização Mundial da Saúde mostram que mais de 8 milhões de pessoas morrem por uso de tabaco a cada ano. Esse número faz do cigarro a principal causa de mortes por doenças evitáveis em todo o mundo, tornando crucial a intervenção de órgãos sanitários para a diminuição ou eliminação do hábito.
Essa intervenção, para ser eficaz, deve ser capaz de gerenciar a dependência física e psicológica do tabaco, quebrar o automatismo associado ao ato de fumar e modular a influência do ambiente social de cada pessoa no seu consumo. Para fazer isso, o primeiro passo será reconhecer a fase em que cada fumante está no processo de parar de fumar.
Como lidar com cada fase do processo de parar de fumar
Quando falamos de parar de fumar, devemos necessariamente nos voltar ao que é conhecido como modelo transteórico de mudança, criado em 1982 pelos psicólogos Prochaska e DiClemente com o objetivo de entender e facilitar o processo de mudança diante de um determinado comportamento.
Nesse modelo, existem seis etapas com características muito específicas, levando em consideração a possibilidade de voltar atrás no processo e também que não há necessidade de passar por todas elas. Além disso, a recaída é outra possibilidade, não como um fracasso, mas como uma oportunidade para melhorar e aumentar a probabilidade de sucesso em uma nova tentativa.
Na maioria dos casos, a mudança definitiva ocorre depois de passar várias vezes por cada fase do modelo.
Nesse sentido, a missão do profissional de saúde será identificar a etapa da mudança em que o fumante se encontra e ajustar as intervenções para motivar sua progressão no processo. A seguir, nos aprofundaremos em cada um dos estágios do processo de parar de fumar.
Leia também: 5 dicas para deixar os vícios definitivamente
Fase de pré-contemplação
Nesta fase, apesar de a pessoa saber que fumar não é um comportamento saudável, ainda não está ciente do problema que isso representa para si e, portanto, também não reconhece a necessidade de parar de fumar. Geralmente, encontramos essas pessoas quando elas buscam uma consulta por outro motivo ou porque foram pressionadas por seus parentes.
Nesse momento, o objetivo do profissional será conseguir conscientizar a pessoa sobre o problema e fazê-la entender a importância de parar de fumar. Para isso, seria aconselhável avaliar seu nível de conhecimento sobre os riscos do consumo de tabaco, informá-la adequadamente e destacar os benefícios que seriam obtidos ao parar de fumar.
Fase de contemplação
Nesta fase, a pessoa já sabe que tem um problema e que deve parar de fumar. No entanto, embora pareça que quer fazê-lo em menos de 6 meses, surgem sentimentos ambivalentes sobre o assunto ou algumas dúvidas sobre como conseguir. Ou seja, embora haja ciência do problema, existe também uma dúvida sobre possuir de fato a capacidade de resolvê-lo.
Nesse ponto, para que o fumante avance em seu processo de largar o cigarro, o profissional de saúde deve ajudá-lo a abandonar a ambivalência. Para isso, será essencial analisar e aprofundar, de forma personalizada, os seguintes aspectos:
- Importância de parar de fumar para o fumante.
- Grau de confiança que o fumante deposita em si mesmo para alcançá-lo. Aqui é essencial promover a autoeficácia, lembrando de outras conquistas realizadas ao longo de sua vida.
- Riscos associados ao uso do tabaco e razões pelas quais a pessoa deseja continuar fumando.
- Benefícios de parar de fumar e dificuldades em alcançar esse objetivo.
Preparação para parar de fumar
A fase de preparação começa quando a pessoa decide firmemente que deseja parar de fumar. A pessoa está convencida de que deseja parar de fumar e está pronta para fazer uma tentativa séria em menos de 1 mês. Aqui, o profissional deve:
- Parabenizar e enfatizar que parar de fumar é possivelmente a melhor decisão que a pessoa tomou para a sua saúde e para as pessoas à sua volta.
- Selecionar uma data a partir da qual a pessoa deixará de fumar (“dia D”). Se a pessoa escolheu uma redução gradual, isso deve ser iniciado mais cedo, para que no “dia D” o cigarro seja completamente abandonado.
- Incentivar a pessoa a comunicar sua decisão a todos os seus amigos e familiares. Quanto mais pessoas souberem, melhor.
- Informar sobre o aparecimento de possíveis dificuldades (desejos incontroláveis, irritabilidade, ansiedade, nervosismo, cansaço, alterações no padrão do sono, aumento do apetite, constipação, dor de cabeça, dificuldades de concentração, influência negativa no ambiente social…) e discutir como lidar com esses problemas que inevitavelmente surgirão até a pessoa conseguir parar de fumar.
Não perca: Dormir bem: algo além de uma noite de sono
Nesta fase, a prioridade é que a pessoa se prepare para parar de fumar. Aqui, é essencial fazê-la ver o processo como algo positivo e entender que pode parar de fumar e tem as estratégias necessárias para enfrentar qualquer adversidade.
Ação para parar de fumar
Neste momento, a pessoa já parou de fumar e seu principal objetivo é continuar sem usar o tabaco. O profissional de saúde deve avaliar as dificuldades que a pessoa está enfrentando e fortalecer as estratégias que são úteis para que sejam colocadas em prática de forma efetiva.
Além disso, será importante lembrar que a síndrome de abstinência começa a desaparecer a partir do sétimo dia, conversar sobre o sentimento de vazio que aparece 10 dias após o abandono do cigarro e alertar sobre o sentimento de falsa segurança que ocorre entre dias 15 e 30 após o abandono do hábito.
Manutenção: 6 meses sem fumar
A fase de manutenção começa quando a pessoa alcança 6 meses sem fumar, mas não se fala de ex-fumante até que tenham se passado 12 meses do abandono do hábito de fumar. Aqui, o profissional deve reavaliar possíveis dificuldades e reforçar as estratégias para lidar com elas.
Além disso, pode ser útil lembrar por que você parou de fumar e revisar os benefícios que já se manifestaram e os que estão por vir. Da mesma forma, pode ser necessário lembrar os inconvenientes associados ao uso do tabaco.
Parar de fumar: como lidar com recaídas
Falamos de uma recaída quando uma pessoa volta a fumar depois de ter abandonado o hábito. Nesse ponto, é essencial que o profissional de saúde mostre empatia, forneça apoio, evite qualquer comportamento punitivo e incentive a pessoa a entender a recaída como uma boa oportunidade para aprender e tentar novamente com uma maior probabilidade de sucesso.
Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.
- Camalles Guillem, F., Barchilón Cohen, V., Clemente Jiménez, L., Iglesias Sanmartín, J.M., Martín Cantera, C., Minué Lorenzo, C., Ribera Osca, J.A. & Salguero Chávez, E. (2015). Guía de bolsillo para el tratamiento del tabaquismo. Barcelona, España: semfyc ediciones. Consultado el 09/01/2020. Recuperado de: https://www.saludinforma.es/portalsi/documents/10179/1032403/guiaBAJA.pdf/7f945968-4790-43ac-99ba-bd8855bcd5a3
- Gorreto López, L., Duro Robles, R., Aguiló Juanola, M.C., Hidalgo Campos, I. & Méndez Castell, C. (2017). Guía de intervención individual para el tratamiento del tabaquismo. Islas Baleares, España: Dirección General de Salud Pública y Participación del Gobierno de las Islas Baleares. Consultado el 09/01/2020. Recuperado de: https://www.ibsalut.es/apmallorca/es/profesionales/publicaciones?catid=0&id=1046
- López Delgado, M.E., Benito Fernández, B.M., Del Castillo Sedano, M.E., Álvarez Alonso, S., Gutiérrez Bardeci, L., Armentia González, I., Del Amo Santiago, M., Martín Fuente, F. & García Gutiérrez, M.A. (Ed.). (2010). Manual de abordaje del tabaquismo en atención primaria. Cantabria, España: Dirección General de Salud Pública del Gobierno de Cantabria. Consultado el 09/01/2020. Recuperado de: https://saludcantabria.es/index.php?page=MANUAL_ABORDAJE_TABAQUISMO_ATENCIoN-PRIMARIA
- Prochaska, JO y DiClemente, CC (1982). Terapia transteórica: hacia un modelo de cambio más integrador. Psicoterapia: teoría, investigación y práctica, 19 (3), 276–288. https://doi.org/10.1037/h0088437
Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.