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Idealismo: tipos, características e principais representantes

7 minutos
O idealismo é uma das principais correntes filosóficas que defende que a consciência (ou espírito) prevalece sobre a matéria. Portanto, as ideias desempenham um papel de liderança.
Idealismo: tipos, características e principais representantes
Escrito por Equipe Editorial
Última atualização: 07 agosto, 2023

O idealismo é uma das principais teorias do pensamento filosófico, cuja origem remonta à Grécia Antiga. Com várias variantes, esta corrente defende que as ideias são independentes da matéria, que a consciência e o espírito são entidades autônomas do mundo sensível e que é impossível conhecer o mundo sem ter uma consciência ou, em casos extremos, que não há nada fora do nosso espírito.

Nesse sentido, o idealismo defende a noção de alma, a existência de uma entidade suprema (divindade) e postula que o verdadeiro conhecimento só pode ser adquirido por meio do pensamento ou da consciência.

Entre os expoentes do idealismo estão filósofos renomados como Platão (considerado o pai desta corrente), Descartes, Leibniz, Kant e Hegel. A seguir, detalharemos as suas características.

História do idealismo

Dentro da filosofia, o termo idealismo começou a ser usado em inglês e depois em outras línguas, por volta de 1743. Embora a palavra tenha sido cunhada nessa época, é indiscutível que o idealismo está presente na filosofia há mais de 2.000 anos, já que Platão é considerado o pai desta teoria.

Em 480a. C. Anaxágoras ensinou que todas as coisas foram criadas por meio da mente. Anos mais tarde, Platão afirmaria que a realidade objetiva máxima só era alcançável por meio de ideias, que existia independentemente do mundo sensível e cujo acesso era alcançado através do intelecto. Séculos depois, essas crenças receberiam o título de idealismo objetivo.

Por sua vez, junto com suas raízes gregas, muitos estudiosos também afirmam que o idealismo estava presente na Índia antiga, especialmente em doutrinas como o budismo e outras escolas orientais de pensamento que fizeram uso dos textos dos Vedas.

No entanto, o idealismo foi esquecido por um tempo e não recuperou proeminência até 1700, graças a filósofos como Kant e Descartes, que o adotaram e desenvolveram em profundidade. Foi nessa época que o idealismo foi subdividido em seus ramos reconhecidos.

Não deixe de ler: Quais são os benefícios do silêncio como terapia?

Idealismo platônico

Como já dissemos, a origem do idealismo reside em Platão, que defendeu que as ideias são o verdadeiro fundamento de tudo o que existe. Além disso, elas precedem o mundo sensível e existem independentemente dele.

Ao explicar o ser das coisas, Platão afirma que existem dois mundos: um sensível (mundo físico) e outro inteligível (o das ideias). O primeiro é feito de tudo o que podemos experimentar por meio dos sentidos. É caracterizado pela multiplicidade, sendo pura aparência e em constante mudança. Portanto, é falso e enganoso.

Por outro lado, o mundo das idéias é verdadeiro, incorruptível e imutável. Existem ideias universais e necessárias, essências de tudo o que existe. Desta forma, objetos e corpos no mundo físico são apenas um reflexo imperfeito deste mundo.

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Platão é considerado o pai do idealismo, embora o termo tenha sido cunhado muito mais tarde.

Idealismo objetivo

No idealismo objetivo estão todas as variantes que consideram que as idéias existem independentemente da matéria e dos indivíduos. Da mesma forma, defende que só podemos acessá-las por meio da experiência. Alguns representantes dessa corrente são Leibniz, Hegel, Bernard Bolzano e Dilthey.

Idealismo subjetivo

Ao contrário do objetivo, o idealismo subjetivo defende que as idéias só existem na consciência ou no espírito dos indivíduos. Ou seja, elas dependem da mente do sujeito. Nesse sentido, as ideias de cada um serão forjadas pela sua experiência pessoal.

Essa forma de idealismo tem, por sua vez, duas variantes. Aquela que afirma que não há nada fora da mente, de modo que o mundo externo é feito por nós; e a outra que defende que nossos sentidos e conhecimentos nos fornecem informações distorcidas do mundo exterior.

Alguns representantes dessa variante são Descartes, George Berkeley, Kant, Fichte e Ernst Cassirer.

Idealismo transcendental

Esse tipo foi desenvolvido por Immanuel Kant, que argumentou que em todo ato de conhecimento existem dois elementos: o objeto de conhecimento e o sujeito (a pessoa que busca saber). Nesse caso, é o sujeito que estabelece as condições para que o conhecimento ocorra.

Por sua vez, na teoria de Kant, as noções de fenômeno e númeno também são importantes. O fenômeno é o que sabemos sobre o objeto por meio da experiência e de processos cognitivos anteriores. Por sua vez, o númeno é o que não sabemos sobre o objeto, representando o limite do conhecimento e que só é alcançado pelo intelecto.

Idealismo absoluto

É uma corrente atribuída ao filósofo Georg Wilhelm Friedrich Hegel. Esse pensador argumentou que, para o sujeito acessar o conhecimento do mundo, deve haver uma identidade absoluta entre pensamento e ser.

Para que essa identidade ocorra, o sujeito necessita de ferramentas de pensamento que lhe permitam desenvolver a consciência, a fim de alcançar o verdadeiro conhecimento do mundo.

Alguns representantes do idealismo

Muitos filósofos renomados defenderam uma perspectiva idealista. Entre eles estão os seguintes.

Platão (427-347 AC)

Ele foi discípulo de Sócrates e professor de Aristóteles. Fundou a Academia de Atenas e quase todo o seu trabalho é escrito na forma de diálogos.

Este grande pensador afirmou que o mundo sensível, aquele que percebemos, é apenas uma sombra ou reflexo do mundo real, o topos uranos (lugar além dos céus), onde habitam as ideias universais e de onde vem a alma humana.

René Descartes (1596-1650)

Filósofo francês considerado o pai da filosofia moderna, do racionalismo, e um dos precursores da revolução científica. Esse pensador dividiu as ideias em três categorias: aquelas que surgem da experiência sensível de aprendizagem ou socialização, ideias artificiais ou imaginativas e ideias naturais ou inatas que vêm de uma força ou inteligência superior.

Da mesma forma, a intuição foi bastante relevante em seu idealismo, por se tratar de uma percepção direta das ideias que não admite erro ou dúvida.

Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716)

Foi o primeiro a cunhar o termo idealismo, referindo-se à filosofia platônica. Ele resolveu o problema das ideias inatas argumentando que elas vinham da verdadeira essência dos objetos, que ele chamou de mônada.

Immanuel Kant (1724-1804)

Criador do idealismo transcendental, ele argumentou que todo conhecimento vem da combinação de um sujeito e um objeto a ser experimentado. Além disso, em sua obra intitulada Crítica da Razão Pura, ele propôs a existência de um conhecimento anterior à experiência e a capacidade de pensar objetos além da experiência sensível.

Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831)

Hegel também é considerado um dos filósofos idealistas mais importantes. Ele foi o pai do idealismo absoluto, no qual os dualismos são transcendidos.

Exemplos de idealismo na sociedade

O idealismo permeou várias esferas da sociedade. Entre os casos mais notórios, encontramos o seguinte:

  • Religiões: aquelas que defendem a existência de deuses e seres divinos que criaram o homem à sua imagem e semelhança. Nesse caso, as divindades e suas palavras são consideradas ideias verdadeiras e imutáveis.
  • Divisão corpo-alma: a afirmação de que o corpo e a alma estão separados, e de que a alma transcende o corpo, é também uma manifestação idealista muito popular presente em crenças que falam de imortalidade ou reencarnação.
  • Direitos humanos: a ideia de que todos os humanos são iguais e têm os mesmos direitos é antiga e baseia-se na crença de que existe uma essência ou ideia do homem.
  • Astrologia: a crença de que certos grupos de estrelas e planetas governam o nosso destino.
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As religiões têm muitas ideias idealistas, adaptadas aos seus próprios padrões de crenças.

Leia também: O que é o método socrático e para que é usado?

Principais debates em torno do idealismo

As posições contra o idealismo têm criticado seu compromisso com um mundo imaterial superior, presente em religiões como o cristianismo, que prometem uma vida após a morte mais importante do que a perceptível. Além disso, eles criticam que o idealismo minimiza o mundo perceptível e permite a relativização de muitos argumentos e debates.

Dentro da filosofia, encontramos duas grandes correntes antagônicas a respeito do ser e do conhecimento. Idealismo, que defende que o espírito prevalece sobre a matéria, e materialismo, que afirma que a matéria existe independentemente do espírito ou da ideia. Com qual deles você se sente mais identificado?

O idealismo é uma das principais teorias do pensamento filosófico, cuja origem remonta à Grécia Antiga. Com várias variantes, esta corrente defende que as ideias são independentes da matéria, que a consciência e o espírito são entidades autônomas do mundo sensível e que é impossível conhecer o mundo sem ter uma consciência ou, em casos extremos, que não há nada fora do nosso espírito.

Nesse sentido, o idealismo defende a noção de alma, a existência de uma entidade suprema (divindade) e postula que o verdadeiro conhecimento só pode ser adquirido por meio do pensamento ou da consciência.

Entre os expoentes do idealismo estão filósofos renomados como Platão (considerado o pai desta corrente), Descartes, Leibniz, Kant e Hegel. A seguir, detalharemos as suas características.

História do idealismo

Dentro da filosofia, o termo idealismo começou a ser usado em inglês e depois em outras línguas, por volta de 1743. Embora a palavra tenha sido cunhada nessa época, é indiscutível que o idealismo está presente na filosofia há mais de 2.000 anos, já que Platão é considerado o pai desta teoria.

Em 480a. C. Anaxágoras ensinou que todas as coisas foram criadas por meio da mente. Anos mais tarde, Platão afirmaria que a realidade objetiva máxima só era alcançável por meio de ideias, que existia independentemente do mundo sensível e cujo acesso era alcançado através do intelecto. Séculos depois, essas crenças receberiam o título de idealismo objetivo.

Por sua vez, junto com suas raízes gregas, muitos estudiosos também afirmam que o idealismo estava presente na Índia antiga, especialmente em doutrinas como o budismo e outras escolas orientais de pensamento que fizeram uso dos textos dos Vedas.

No entanto, o idealismo foi esquecido por um tempo e não recuperou proeminência até 1700, graças a filósofos como Kant e Descartes, que o adotaram e desenvolveram em profundidade. Foi nessa época que o idealismo foi subdividido em seus ramos reconhecidos.

Não deixe de ler: Quais são os benefícios do silêncio como terapia?

Idealismo platônico

Como já dissemos, a origem do idealismo reside em Platão, que defendeu que as ideias são o verdadeiro fundamento de tudo o que existe. Além disso, elas precedem o mundo sensível e existem independentemente dele.

Ao explicar o ser das coisas, Platão afirma que existem dois mundos: um sensível (mundo físico) e outro inteligível (o das ideias). O primeiro é feito de tudo o que podemos experimentar por meio dos sentidos. É caracterizado pela multiplicidade, sendo pura aparência e em constante mudança. Portanto, é falso e enganoso.

Por outro lado, o mundo das idéias é verdadeiro, incorruptível e imutável. Existem ideias universais e necessárias, essências de tudo o que existe. Desta forma, objetos e corpos no mundo físico são apenas um reflexo imperfeito deste mundo.

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Platão é considerado o pai do idealismo, embora o termo tenha sido cunhado muito mais tarde.

Idealismo objetivo

No idealismo objetivo estão todas as variantes que consideram que as idéias existem independentemente da matéria e dos indivíduos. Da mesma forma, defende que só podemos acessá-las por meio da experiência. Alguns representantes dessa corrente são Leibniz, Hegel, Bernard Bolzano e Dilthey.

Idealismo subjetivo

Ao contrário do objetivo, o idealismo subjetivo defende que as idéias só existem na consciência ou no espírito dos indivíduos. Ou seja, elas dependem da mente do sujeito. Nesse sentido, as ideias de cada um serão forjadas pela sua experiência pessoal.

Essa forma de idealismo tem, por sua vez, duas variantes. Aquela que afirma que não há nada fora da mente, de modo que o mundo externo é feito por nós; e a outra que defende que nossos sentidos e conhecimentos nos fornecem informações distorcidas do mundo exterior.

Alguns representantes dessa variante são Descartes, George Berkeley, Kant, Fichte e Ernst Cassirer.

Idealismo transcendental

Esse tipo foi desenvolvido por Immanuel Kant, que argumentou que em todo ato de conhecimento existem dois elementos: o objeto de conhecimento e o sujeito (a pessoa que busca saber). Nesse caso, é o sujeito que estabelece as condições para que o conhecimento ocorra.

Por sua vez, na teoria de Kant, as noções de fenômeno e númeno também são importantes. O fenômeno é o que sabemos sobre o objeto por meio da experiência e de processos cognitivos anteriores. Por sua vez, o númeno é o que não sabemos sobre o objeto, representando o limite do conhecimento e que só é alcançado pelo intelecto.

Idealismo absoluto

É uma corrente atribuída ao filósofo Georg Wilhelm Friedrich Hegel. Esse pensador argumentou que, para o sujeito acessar o conhecimento do mundo, deve haver uma identidade absoluta entre pensamento e ser.

Para que essa identidade ocorra, o sujeito necessita de ferramentas de pensamento que lhe permitam desenvolver a consciência, a fim de alcançar o verdadeiro conhecimento do mundo.

Alguns representantes do idealismo

Muitos filósofos renomados defenderam uma perspectiva idealista. Entre eles estão os seguintes.

Platão (427-347 AC)

Ele foi discípulo de Sócrates e professor de Aristóteles. Fundou a Academia de Atenas e quase todo o seu trabalho é escrito na forma de diálogos.

Este grande pensador afirmou que o mundo sensível, aquele que percebemos, é apenas uma sombra ou reflexo do mundo real, o topos uranos (lugar além dos céus), onde habitam as ideias universais e de onde vem a alma humana.

René Descartes (1596-1650)

Filósofo francês considerado o pai da filosofia moderna, do racionalismo, e um dos precursores da revolução científica. Esse pensador dividiu as ideias em três categorias: aquelas que surgem da experiência sensível de aprendizagem ou socialização, ideias artificiais ou imaginativas e ideias naturais ou inatas que vêm de uma força ou inteligência superior.

Da mesma forma, a intuição foi bastante relevante em seu idealismo, por se tratar de uma percepção direta das ideias que não admite erro ou dúvida.

Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716)

Foi o primeiro a cunhar o termo idealismo, referindo-se à filosofia platônica. Ele resolveu o problema das ideias inatas argumentando que elas vinham da verdadeira essência dos objetos, que ele chamou de mônada.

Immanuel Kant (1724-1804)

Criador do idealismo transcendental, ele argumentou que todo conhecimento vem da combinação de um sujeito e um objeto a ser experimentado. Além disso, em sua obra intitulada Crítica da Razão Pura, ele propôs a existência de um conhecimento anterior à experiência e a capacidade de pensar objetos além da experiência sensível.

Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831)

Hegel também é considerado um dos filósofos idealistas mais importantes. Ele foi o pai do idealismo absoluto, no qual os dualismos são transcendidos.

Exemplos de idealismo na sociedade

O idealismo permeou várias esferas da sociedade. Entre os casos mais notórios, encontramos o seguinte:

  • Religiões: aquelas que defendem a existência de deuses e seres divinos que criaram o homem à sua imagem e semelhança. Nesse caso, as divindades e suas palavras são consideradas ideias verdadeiras e imutáveis.
  • Divisão corpo-alma: a afirmação de que o corpo e a alma estão separados, e de que a alma transcende o corpo, é também uma manifestação idealista muito popular presente em crenças que falam de imortalidade ou reencarnação.
  • Direitos humanos: a ideia de que todos os humanos são iguais e têm os mesmos direitos é antiga e baseia-se na crença de que existe uma essência ou ideia do homem.
  • Astrologia: a crença de que certos grupos de estrelas e planetas governam o nosso destino.
Some figure
As religiões têm muitas ideias idealistas, adaptadas aos seus próprios padrões de crenças.

Leia também: O que é o método socrático e para que é usado?

Principais debates em torno do idealismo

As posições contra o idealismo têm criticado seu compromisso com um mundo imaterial superior, presente em religiões como o cristianismo, que prometem uma vida após a morte mais importante do que a perceptível. Além disso, eles criticam que o idealismo minimiza o mundo perceptível e permite a relativização de muitos argumentos e debates.

Dentro da filosofia, encontramos duas grandes correntes antagônicas a respeito do ser e do conhecimento. Idealismo, que defende que o espírito prevalece sobre a matéria, e materialismo, que afirma que a matéria existe independentemente do espírito ou da ideia. Com qual deles você se sente mais identificado?


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  • Diccionario soviético de filosifía. (1959). Idealismo. Revisado en Mar 04, 2023. Disponible en: https://www.filosofia.org/enc/ros/id04.htm
  • López, D. M. (2020). Leibniz. Del dogmatismo metafísico al idealismo de la intelectualidad del universo. Tópicos, (39), 177-204. https://www.redalyc.org/journal/288/28864398009/html/
  • Stanford Encyclopedia of Philosophy Archive. (2016). Kant’s Transcendental Idealism. Revisado en Mar 04, 2023. Disponible en https://plato.stanford.edu/entries/kant-transcendental-idealism/
  • Stanford Encyclopedia of Philosophy Archive. 2022. Plato. Revisado en Mar 04, 2023. Disponible en: https://plato.stanford.edu/entries/plato/
  • Stanford Encyclopedia of Philosophy Archive.(2015). Idealism. Revisado en Mar 04, 2023. Disponible en: https://plato.stanford.edu/archives/sum2018/entries/idealism/

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