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Epilepsia infantil: causas e detecção

5 minutos
A epilepsia infantil não é uma patologia secundária. Sua gravidade e condição, que tende a ser crônica, fazem com que seja uma doença com graves alterações na qualidade de vida da criança e de seus pais.
Epilepsia infantil: causas e detecção
Leonardo Biolatto

Escrito e verificado por médico Leonardo Biolatto

Escrito por Leonardo Biolatto
Última atualização: 07 outubro, 2022

Pensar na epilepsia infantil como uma alteração na qualidade de vida é complexo. Toda a família do portador da doença se envolve no cuidado, desde a atenção com os medicamentos e horários até adaptando seus hábitos e modificando o que pode ser prejudicial.

A epilepsia é um distúrbio da transmissão neuronal, no qual muitas células nervosas realizam descargas elétricas ao mesmo tempo. De acordo com a localização da atividade elétrica, os tipos e a classificação da mesma serão definidos. A seguir, revisaremos suas causas e métodos de detecção.

Prevalência e classificação da epilepsia infantil

Os dados coletados pela Child Neurology Foundation estabelecem que, de todas as crianças com epilepsia diagnosticada, cerca de 40% têm a doença sem convulsões. Isso é importante para a diferenciação diagnóstica, pois não se trata da mesma coisa.

Uma criança pode ter convulsões sem ser epiléptica. Se o sintoma aparecer, será necessário utilizar métodos complementares para estabelecer a causa, mas talvez o distúrbio seja devido a outra patologia neurológica ou vascular.

Sabe-se também que cerca de 20% das crianças epilépticas apresentam deficiência intelectual. Isso afeta a escolaridade das crianças com o transtorno. Portanto, seus cuidadores, além de atender as crises epilépticas, também devem dar treinamento e atenção especial à sua alfabetização para que a sua formação escolar não se atrase.

No entanto, nem todas as epilepsias infantis são iguais. De acordo com a classificação internacional, existem algumas que começam na parte frontal do cérebro e outras nas laterais.

Além disso, podem se apresentar com ou sem convulsões, com sintomas adicionais, com perda de consciência ou sem desmaios. Mesmo nos ataques daqueles que convulsionam, pode haver diferenças: podem ser generalizados ou focalizados em um membro, por exemplo.

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Muitas das crianças afetadas pela epilepsia têm deficiência intelectual. Portanto, sua formação e alfabetização podem se atrasar.

Leia também: 6 sintomas de meningite que os pais não devem ignorar

Causas e fatores de risco da epilepsia infantil

Em vez de estabelecer a origem das epilepsias infantis, é melhor entender que existem fatores de risco e situações causais para elas. O mecanismo intrínseco de disparo neuronal ainda não é totalmente compreendido, mas há registros de contextos que favorecem o transtorno.

Na primeira infância, o maior risco ocorre nas crianças menores. Até os 4 anos de idade, as convulsões febris podem ser confundidas com episódios epilépticos. Portanto, a visão de neurologistas e pediatras é fundamental nesse sentido.

A genética e o histórico familiar na epilepsia infantil

Quando os pais ou avós são epilépticos, a criança tem uma maior probabilidade de desenvolver a patologia. Especialistas classificam alguns genes como gatilhos, mas eles sempre devem ser estimulados por fatores externos que determinam sua expressão. Isso significa que o fator hereditário nem sempre resultará em sintomas.

As infecções cerebrais e das meninges são outra causa na infância. Muitas vezes, não ocorrem ao mesmo tempo que o quadro agudo, mas como consequência e sequela da encefalite. Isso, às vezes, pode ocorrer meses e até anos depois.

Da mesma forma, os traumatismos cranianos podem causar sequelas epilépticas. Portanto, é importante ter um cuidado especial com a prática esportiva, principalmente nos esportes de contato, como o futebol, por exemplo. Uma criança que bateu a cabeça pode se recuperar rapidamente, com plena consciência, e posteriormente ser diagnosticada com epilepsia.

Por último, as doenças vasculares formam outro grupo causal. Estamos nos referindo a alterações na circulação cerebral, como malformações arteriovenosas ou acidentes cerebrovasculares.

Esses distúrbios não são tão comuns em crianças quanto em adultos, mas as suspeitas devem ser estudadas, principalmente se houver sintomas indicativos, como convulsões ou dificuldade de mobilidade dos membros.

Deve-se dar uma atenção especial às condições pré-natais. Durante a gestação, as toxinas podem passar da mãe para o feto, afetando seu desenvolvimento neuronal. O cigarro e o álcool são duas drogas que, por atravessarem a placenta, causam síndromes no bebê, que podem alterar a transmissão elétrica.

Não deixe de ler: Tipos de crises epilépticas

Como se detecta a epilepsia infantil?

A suspeita de epilepsia infantil começa com os sintomas. Em geral, a primeira indicação é uma convulsão que não está associada à febre em uma criança. A partir daí, são usados diversos métodos complementares, orientados pelo pediatra e pelo neurologista. Entre eles, os mais importantes são os que citamos a seguir.

Eletroencefalograma

O EEG é um teste que mede a atividade elétrica do cérebro. Os eletrodos colocados fora do corpo registram a transmissão neuronal em uma linha. Os especialistas leem esse registro para descobrir se há descargas elétricas anormais. Entretanto, ele não precisa ser feito especificamente durante uma convulsão.

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O eletroencefalograma é um dos métodos complementares para a detecção da epilepsia infantil.

Tomografia cerebral

Através de uma tomografia axial computadorizada (TC), é possível detectar anormalidades nas estruturas do crânio causadoras de convulsões, como um tumor, aumento da pressão no líquido cefalorraquidiano ou malformação arteriovenosa.

Ressonância magnética

Assim como a tomografia axial computadorizada, a ressonância magnética complementa a observação de outras estruturas mais moles.

Tomografia por emissão de pósitrons (PET)

A tomografia por emissão de pósitrons (PET) ganhou espaço recentemente como um método complementar para várias patologias, incluindo epilepsia infantil.

Ao injetar no paciente uma substância metabólica, que é captada pelas células a serem estudadas, é possível ver essa atividade na forma de cores em uma tomografia computadorizada ou ressonância magnética. Isso poderia detectar tumores ou áreas neuronais com alta atividade, acima do esperado, marcando focos epilépticos.

Em caso de dúvida, é melhor consultar o pediatra

Não podemos deixar uma doença como a epilepsia infantil sem atenção. Quanto mais cedo estabelecermos os meios de tratamento e prevenção, melhor será a qualidade de vida da criança e da sua família. A suspeita não é fácil em muitos casos, mas se ocorrer uma convulsão, o profissional deve fazer a avaliação do caso.

As formas de tratamento variam e mudaram ao longo dos anos. Hoje, existem ferramentas de diagnóstico mais específicas e com melhor sensibilidade, bem como protocolos de acompanhamento e reabilitação mais acessíveis.

Pensar na epilepsia infantil como uma alteração na qualidade de vida é complexo. Toda a família do portador da doença se envolve no cuidado, desde a atenção com os medicamentos e horários até adaptando seus hábitos e modificando o que pode ser prejudicial.

A epilepsia é um distúrbio da transmissão neuronal, no qual muitas células nervosas realizam descargas elétricas ao mesmo tempo. De acordo com a localização da atividade elétrica, os tipos e a classificação da mesma serão definidos. A seguir, revisaremos suas causas e métodos de detecção.

Prevalência e classificação da epilepsia infantil

Os dados coletados pela Child Neurology Foundation estabelecem que, de todas as crianças com epilepsia diagnosticada, cerca de 40% têm a doença sem convulsões. Isso é importante para a diferenciação diagnóstica, pois não se trata da mesma coisa.

Uma criança pode ter convulsões sem ser epiléptica. Se o sintoma aparecer, será necessário utilizar métodos complementares para estabelecer a causa, mas talvez o distúrbio seja devido a outra patologia neurológica ou vascular.

Sabe-se também que cerca de 20% das crianças epilépticas apresentam deficiência intelectual. Isso afeta a escolaridade das crianças com o transtorno. Portanto, seus cuidadores, além de atender as crises epilépticas, também devem dar treinamento e atenção especial à sua alfabetização para que a sua formação escolar não se atrase.

No entanto, nem todas as epilepsias infantis são iguais. De acordo com a classificação internacional, existem algumas que começam na parte frontal do cérebro e outras nas laterais.

Além disso, podem se apresentar com ou sem convulsões, com sintomas adicionais, com perda de consciência ou sem desmaios. Mesmo nos ataques daqueles que convulsionam, pode haver diferenças: podem ser generalizados ou focalizados em um membro, por exemplo.

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Muitas das crianças afetadas pela epilepsia têm deficiência intelectual. Portanto, sua formação e alfabetização podem se atrasar.

Leia também: 6 sintomas de meningite que os pais não devem ignorar

Causas e fatores de risco da epilepsia infantil

Em vez de estabelecer a origem das epilepsias infantis, é melhor entender que existem fatores de risco e situações causais para elas. O mecanismo intrínseco de disparo neuronal ainda não é totalmente compreendido, mas há registros de contextos que favorecem o transtorno.

Na primeira infância, o maior risco ocorre nas crianças menores. Até os 4 anos de idade, as convulsões febris podem ser confundidas com episódios epilépticos. Portanto, a visão de neurologistas e pediatras é fundamental nesse sentido.

A genética e o histórico familiar na epilepsia infantil

Quando os pais ou avós são epilépticos, a criança tem uma maior probabilidade de desenvolver a patologia. Especialistas classificam alguns genes como gatilhos, mas eles sempre devem ser estimulados por fatores externos que determinam sua expressão. Isso significa que o fator hereditário nem sempre resultará em sintomas.

As infecções cerebrais e das meninges são outra causa na infância. Muitas vezes, não ocorrem ao mesmo tempo que o quadro agudo, mas como consequência e sequela da encefalite. Isso, às vezes, pode ocorrer meses e até anos depois.

Da mesma forma, os traumatismos cranianos podem causar sequelas epilépticas. Portanto, é importante ter um cuidado especial com a prática esportiva, principalmente nos esportes de contato, como o futebol, por exemplo. Uma criança que bateu a cabeça pode se recuperar rapidamente, com plena consciência, e posteriormente ser diagnosticada com epilepsia.

Por último, as doenças vasculares formam outro grupo causal. Estamos nos referindo a alterações na circulação cerebral, como malformações arteriovenosas ou acidentes cerebrovasculares.

Esses distúrbios não são tão comuns em crianças quanto em adultos, mas as suspeitas devem ser estudadas, principalmente se houver sintomas indicativos, como convulsões ou dificuldade de mobilidade dos membros.

Deve-se dar uma atenção especial às condições pré-natais. Durante a gestação, as toxinas podem passar da mãe para o feto, afetando seu desenvolvimento neuronal. O cigarro e o álcool são duas drogas que, por atravessarem a placenta, causam síndromes no bebê, que podem alterar a transmissão elétrica.

Não deixe de ler: Tipos de crises epilépticas

Como se detecta a epilepsia infantil?

A suspeita de epilepsia infantil começa com os sintomas. Em geral, a primeira indicação é uma convulsão que não está associada à febre em uma criança. A partir daí, são usados diversos métodos complementares, orientados pelo pediatra e pelo neurologista. Entre eles, os mais importantes são os que citamos a seguir.

Eletroencefalograma

O EEG é um teste que mede a atividade elétrica do cérebro. Os eletrodos colocados fora do corpo registram a transmissão neuronal em uma linha. Os especialistas leem esse registro para descobrir se há descargas elétricas anormais. Entretanto, ele não precisa ser feito especificamente durante uma convulsão.

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O eletroencefalograma é um dos métodos complementares para a detecção da epilepsia infantil.

Tomografia cerebral

Através de uma tomografia axial computadorizada (TC), é possível detectar anormalidades nas estruturas do crânio causadoras de convulsões, como um tumor, aumento da pressão no líquido cefalorraquidiano ou malformação arteriovenosa.

Ressonância magnética

Assim como a tomografia axial computadorizada, a ressonância magnética complementa a observação de outras estruturas mais moles.

Tomografia por emissão de pósitrons (PET)

A tomografia por emissão de pósitrons (PET) ganhou espaço recentemente como um método complementar para várias patologias, incluindo epilepsia infantil.

Ao injetar no paciente uma substância metabólica, que é captada pelas células a serem estudadas, é possível ver essa atividade na forma de cores em uma tomografia computadorizada ou ressonância magnética. Isso poderia detectar tumores ou áreas neuronais com alta atividade, acima do esperado, marcando focos epilépticos.

Em caso de dúvida, é melhor consultar o pediatra

Não podemos deixar uma doença como a epilepsia infantil sem atenção. Quanto mais cedo estabelecermos os meios de tratamento e prevenção, melhor será a qualidade de vida da criança e da sua família. A suspeita não é fácil em muitos casos, mas se ocorrer uma convulsão, o profissional deve fazer a avaliação do caso.

As formas de tratamento variam e mudaram ao longo dos anos. Hoje, existem ferramentas de diagnóstico mais específicas e com melhor sensibilidade, bem como protocolos de acompanhamento e reabilitação mais acessíveis.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


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