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Epicuro e sua filosofia sobre a felicidade

5 minutos
Para Epicuro, o propósito da vida humana é a felicidade, que é obtida evitando a dor e buscando o prazer. Embora pareça uma teoria hedonista, seus postulados vão além.
Epicuro e sua filosofia sobre a felicidade
Escrito por Equipe Editorial
Última atualização: 11 julho, 2023

Epicuro de Samos (341 aC – 270 aC) foi um filósofo grego que propôs uma teoria ética baseada no hedonismo. Pois  ele considerava que o propósito da vida humana era alcançar a felicidade, evitando as sensações dolorosas e buscando as prazerosas.

No entanto, sua visão do prazer está longe das posições hedonistas que defendem que o prazer e a felicidade se encontram nos luxos e nos excessos. Pelo contrário, para Epicuro a vida mais agradável encontra-se na simplicidade e na abstenção de desejos desnecessários.

Apesar de a filosofia de Epicuro ter sido proposta há séculos, hoje ainda é válida e representa um excelente caminho para alcançar a felicidade pessoal. Vamos ver o que é e como podemos aplicar essa doutrina em nossas vidas.

A filosofia de Epicuro

Epicuro fundou sua escola de filosofia em Atenas. Chamava-se Jardim e era dedicada à busca da felicidade através do exercício da razão. Para este grande pensador, a razão ensina que o prazer é bom e a dor é ruim. Assim, o prazer e a dor são as medidas finais do bem e do mal.

Agora, a perspectiva epicurista foi mal interpretada no hedonismo desenfreado, em vez da ausência de dor e paz de espírito (ataraxia) que Epicuro realmente defendia. Aliás, esse filósofo se manifestou contra os excessos e desejos desnecessários por sua capacidade de nos levar à dor.

Felicidade segundo Epicuro

Para Epicuro, a felicidade é prazer e serenidade, um estado em que não há perturbações da alma nem qualquer dor. Além disso, defende que a felicidade é um fim em si mesmo e o maior bem da vida humana.

Dessa forma, o filósofo considerava que a felicidade era composta por três fatores:

  1. Tranqüilidade.
  2. Liberdade do medo.
  3. Ausência de dores corporais.

Ao atingi-los plenamente, as pessoas poderão experimentar a felicidade em seu nível mais alto. Em relação à liberdade do medo, Epicuro afirma que existem dois medos que tornam nossas vidas infelizes ou dolorosas. A primeira tem a ver com a punição dos deuses por nossas más ações e a segunda é o medo da morte.

Segundo o filósofo, ambas as preocupações são completamente desnecessárias, pois se baseiam em ficções. Ou seja, embora para Epicuro os deuses existam, eles não se importam com os assuntos humanos. Portanto, não devemos temer seus castigos ou perder tempo em trabalhosos atos de adoração.

Quanto à morte, ele aponta que esta consiste na falta de sensação, então não faz sentido ter medo de algo que nunca sentiremos.

Embora Epicuro tenha se concentrado no medo dos deuses e da morte, podemos generalizar sua concepção para a ansiedade pelo futuro, medo da incerteza por não saber o que acontecerá conosco amanhã. É dessas ansiedades que devemos nos libertar para alcançar a felicidade.

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Como entender a felicidade? É um conceito difícil de definir sobre o qual vários pensadores refletiram.

O prazer e a dor

Por natureza, tentamos ser felizes evitando experiências dolorosas e buscando as prazerosas. No entanto, Epicuro defendia que o prazer que devemos buscar não é de qualquer espécie, mas sim aquele que evita o sofrimento do corpo (satisfação das necessidades básicas) e a perturbação da alma (evitando medos, angústias e ansiedades).

Outros prazeres, principalmente excessos e luxos, devem ser evitados, pois acabam nos levando à dor. No entanto, deve-se levar em conta que Epicuro também disse que nem todo prazer nos convém e que nem toda dor deve ser rejeitada. Nesse sentido, o filósofo prega um hedonismo do futuro.

Ou seja, às vezes não vale a pena arriscar nosso futuro por um prazer momentâneo, pois a longo prazo pode nos causar um sofrimento maior. Da mesma forma, temos que aceitar algumas dores, desde que nos garantam um futuro feliz. Portanto, é preciso saber escolher e julgar.

Todo prazer constitui um bem por sua própria natureza; não obstante isso, nem todos são escolhidos; do mesmo modo, toda dor é um mal, mas nem todas devem ser evitadas.

Epicuro

Dito isto, aquele que sabe calcular quais atividades lhe dão maior prazer e menos dor, organiza sua vida em torno dos prazeres mais intensos e duradouros e os distribui de forma inteligente, é considerado sábio e virtuoso.

Tipos de desejos e prazeres

Nesse ponto, é válido que nos perguntemos quais são esses desejos que devemos satisfazer segundo Epicuro. Para nos guiar, o autor distinguiu 3 tipos de desejos:

  1. Desejos naturais e necessários: incluem necessidades básicas de sobrevivência, como comida e abrigo. Eles são os mais fáceis de satisfazer e não podem ser removidos. Portanto, são eles que devem se tornar uma prioridade.
  2. Desejos naturais e desnecessários: Referem-se à aspiração de coisas desnecessárias, como comidas gourmet ou a posse de itens de luxo. Estes são geralmente difíceis de satisfazer, por isso tendem a gerar dor e desconforto. Epicuro assume que o ideal é minimizá-los ou eliminá-los.
  3. Desejos vazios: incluem aspectos como status, riqueza, fama ou poder. A falta de limites nessas aspirações significa que elas nunca são totalmente satisfeitas. Portanto, eles nos condenam ao desprazer e infelicidade.

Por sua parte, Epicuro faz uma distinção entre 2 tipos de prazeres:

  1. Prazeres em movimento: implicam estar ativamente no processo de satisfação de um desejo. Por exemplo, comer quando estamos com fome.
  2. Prazeres estáticos: é a experiência que dura uma vez que nosso desejo é satisfeito. Por exemplo, a sensação de saciedade depois de comer.
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Comer é uma necessidade básica iniludível, mas há questões em torno desse ato que não são vitais nem essenciais.

O valor da amizade

Por fim, o epicurismo enfatiza a amizade como um dos maiores meios para obter prazer e, portanto, felicidade. Nesse caso, a conexão com os amigos oferece uma sensação de segurança, enquanto a desconexão leva ao isolamento, ao desespero e ao aumento da suscetibilidade ao perigo.

Como aplicar o epicurismo em nossas vidas?

Para Epicuro, a felicidade é alcançada perdendo o temor a Deus e da morte; e aceitar que é fácil adquirir as coisas boas da vida e suportar as terríveis.

A dor não é completamente inevitável, mas pode ser suportada. De fato, Epicuro afirma que é possível experimentar a felicidade enquanto está com dor emocional ou física.

Para fazer isso, vamos nos concentrar em cultivar uma vida simples. Aproveite as pequenas coisas da vida, pratique a gratidão e veja o positivo em situações negativas. Mindfulness e meditação são excelentes aliados.

Epicuro de Samos (341 aC – 270 aC) foi um filósofo grego que propôs uma teoria ética baseada no hedonismo. Pois  ele considerava que o propósito da vida humana era alcançar a felicidade, evitando as sensações dolorosas e buscando as prazerosas.

No entanto, sua visão do prazer está longe das posições hedonistas que defendem que o prazer e a felicidade se encontram nos luxos e nos excessos. Pelo contrário, para Epicuro a vida mais agradável encontra-se na simplicidade e na abstenção de desejos desnecessários.

Apesar de a filosofia de Epicuro ter sido proposta há séculos, hoje ainda é válida e representa um excelente caminho para alcançar a felicidade pessoal. Vamos ver o que é e como podemos aplicar essa doutrina em nossas vidas.

A filosofia de Epicuro

Epicuro fundou sua escola de filosofia em Atenas. Chamava-se Jardim e era dedicada à busca da felicidade através do exercício da razão. Para este grande pensador, a razão ensina que o prazer é bom e a dor é ruim. Assim, o prazer e a dor são as medidas finais do bem e do mal.

Agora, a perspectiva epicurista foi mal interpretada no hedonismo desenfreado, em vez da ausência de dor e paz de espírito (ataraxia) que Epicuro realmente defendia. Aliás, esse filósofo se manifestou contra os excessos e desejos desnecessários por sua capacidade de nos levar à dor.

Felicidade segundo Epicuro

Para Epicuro, a felicidade é prazer e serenidade, um estado em que não há perturbações da alma nem qualquer dor. Além disso, defende que a felicidade é um fim em si mesmo e o maior bem da vida humana.

Dessa forma, o filósofo considerava que a felicidade era composta por três fatores:

  1. Tranqüilidade.
  2. Liberdade do medo.
  3. Ausência de dores corporais.

Ao atingi-los plenamente, as pessoas poderão experimentar a felicidade em seu nível mais alto. Em relação à liberdade do medo, Epicuro afirma que existem dois medos que tornam nossas vidas infelizes ou dolorosas. A primeira tem a ver com a punição dos deuses por nossas más ações e a segunda é o medo da morte.

Segundo o filósofo, ambas as preocupações são completamente desnecessárias, pois se baseiam em ficções. Ou seja, embora para Epicuro os deuses existam, eles não se importam com os assuntos humanos. Portanto, não devemos temer seus castigos ou perder tempo em trabalhosos atos de adoração.

Quanto à morte, ele aponta que esta consiste na falta de sensação, então não faz sentido ter medo de algo que nunca sentiremos.

Embora Epicuro tenha se concentrado no medo dos deuses e da morte, podemos generalizar sua concepção para a ansiedade pelo futuro, medo da incerteza por não saber o que acontecerá conosco amanhã. É dessas ansiedades que devemos nos libertar para alcançar a felicidade.

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Como entender a felicidade? É um conceito difícil de definir sobre o qual vários pensadores refletiram.

O prazer e a dor

Por natureza, tentamos ser felizes evitando experiências dolorosas e buscando as prazerosas. No entanto, Epicuro defendia que o prazer que devemos buscar não é de qualquer espécie, mas sim aquele que evita o sofrimento do corpo (satisfação das necessidades básicas) e a perturbação da alma (evitando medos, angústias e ansiedades).

Outros prazeres, principalmente excessos e luxos, devem ser evitados, pois acabam nos levando à dor. No entanto, deve-se levar em conta que Epicuro também disse que nem todo prazer nos convém e que nem toda dor deve ser rejeitada. Nesse sentido, o filósofo prega um hedonismo do futuro.

Ou seja, às vezes não vale a pena arriscar nosso futuro por um prazer momentâneo, pois a longo prazo pode nos causar um sofrimento maior. Da mesma forma, temos que aceitar algumas dores, desde que nos garantam um futuro feliz. Portanto, é preciso saber escolher e julgar.

Todo prazer constitui um bem por sua própria natureza; não obstante isso, nem todos são escolhidos; do mesmo modo, toda dor é um mal, mas nem todas devem ser evitadas.

Epicuro

Dito isto, aquele que sabe calcular quais atividades lhe dão maior prazer e menos dor, organiza sua vida em torno dos prazeres mais intensos e duradouros e os distribui de forma inteligente, é considerado sábio e virtuoso.

Tipos de desejos e prazeres

Nesse ponto, é válido que nos perguntemos quais são esses desejos que devemos satisfazer segundo Epicuro. Para nos guiar, o autor distinguiu 3 tipos de desejos:

  1. Desejos naturais e necessários: incluem necessidades básicas de sobrevivência, como comida e abrigo. Eles são os mais fáceis de satisfazer e não podem ser removidos. Portanto, são eles que devem se tornar uma prioridade.
  2. Desejos naturais e desnecessários: Referem-se à aspiração de coisas desnecessárias, como comidas gourmet ou a posse de itens de luxo. Estes são geralmente difíceis de satisfazer, por isso tendem a gerar dor e desconforto. Epicuro assume que o ideal é minimizá-los ou eliminá-los.
  3. Desejos vazios: incluem aspectos como status, riqueza, fama ou poder. A falta de limites nessas aspirações significa que elas nunca são totalmente satisfeitas. Portanto, eles nos condenam ao desprazer e infelicidade.

Por sua parte, Epicuro faz uma distinção entre 2 tipos de prazeres:

  1. Prazeres em movimento: implicam estar ativamente no processo de satisfação de um desejo. Por exemplo, comer quando estamos com fome.
  2. Prazeres estáticos: é a experiência que dura uma vez que nosso desejo é satisfeito. Por exemplo, a sensação de saciedade depois de comer.
Some figure
Comer é uma necessidade básica iniludível, mas há questões em torno desse ato que não são vitais nem essenciais.

O valor da amizade

Por fim, o epicurismo enfatiza a amizade como um dos maiores meios para obter prazer e, portanto, felicidade. Nesse caso, a conexão com os amigos oferece uma sensação de segurança, enquanto a desconexão leva ao isolamento, ao desespero e ao aumento da suscetibilidade ao perigo.

Como aplicar o epicurismo em nossas vidas?

Para Epicuro, a felicidade é alcançada perdendo o temor a Deus e da morte; e aceitar que é fácil adquirir as coisas boas da vida e suportar as terríveis.

A dor não é completamente inevitável, mas pode ser suportada. De fato, Epicuro afirma que é possível experimentar a felicidade enquanto está com dor emocional ou física.

Para fazer isso, vamos nos concentrar em cultivar uma vida simples. Aproveite as pequenas coisas da vida, pratique a gratidão e veja o positivo em situações negativas. Mindfulness e meditação são excelentes aliados.


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  • Konstan D. Epicurus [Internet]. California: Stanford Encyclopedia of Philosophy; 2018 [consultado 15 mar 2022]. Disponible: https://plato.stanford.edu/entries/epicurus/
  • Lenis J. Ética del placer. Culpa y felicidad en Epicuro. Praxis Filosófica [Internet]. 2016 [consultado 15 mar 2022]; (42):157-177. Disponible en: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=209045909007
  • Orozco J. Verdad y felicidad epicúreas. Contribuciones desde Coatepec [Internet]. 2016 [consultado 15 mar 2022]; (27): 17-43. Disponible en: https://www.redalyc.org/pdf/281/28133880002.pdf

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