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A encruzilhada física e emocional da menopausa

5 minutos
Devemos aprender a aceitar as mudanças e a experiência do envelhecimento e aproveitar para conhecermos e curarmos possíveis feridas que a passagem do tempo vai deixando
A encruzilhada física e emocional da menopausa
Bernardo Peña

Escrito e verificado por o psicólogo Bernardo Peña

Escrito por Raquel Aldana
Última atualização: 14 março, 2023

Muitas mulheres a chamam de “o fim de sua menstruação”, de “mudança de vida” ou simplesmente “a mudança”. Isso ocorre porque, nos anos que cercam a menopausa, ocorrem variações graduais nas funções ovariana e corporal.

Seja como for, nenhuma outra fase da vida oferece à mulher tantas oportunidades de abrir passagem a si mesma em meio à negatividade cultural que rodeia este fato. No entanto, o aumento da expectativa de vida fez com que a menopausa coincidisse com a primavera da vida.

Ainda assim, é inevitável o fato de que a mulher experimente uma encruzilhada física e emocional que ela precisa resolver sozinha, apesar do sofrimento que implica.

A menopausa em nossa cultura

Até não muitas décadas atrás, a medicina considerava a menopausa como uma doença de deficiência, não como o processo natural que realmente é. Ou seja, em vez de tratá-la como um aspecto evolutivo, o fizeram em termos de insuficiência estrogênica.

Assim, visto que a mulher na menopausa não usava sua energia para ter filhos, considerava-se seu organismo em “decadência funcional”, e tanto para a sociedade quanto para a comunidade científica os peitos e os órgãos sexuais femininos se atrofiavam e se tornavam “velhos”.

Como consequência, durante muitos anos as mulheres se cansaram de conselhos e conversas que pretendiam “consertar” esta experiência, fazendo-as acreditar que este processo ocorria em detrimento de sua própria existência.

O medo de envelhecer: um sintoma dos preconceitos sociais

Some figure

Vivemos em uma sociedade que prejudica a velhice de tal forma que, simplesmente, a encara como o desmoronamento e o desgaste do corpo. Ou seja, o que se considera normal é a depressão, o cansaço e a incontinência; portanto, aquele que chegue à velhice sem cumprir essas condições é considerado excepcional.

Neste sentido, fica claro que a experiência de envelhecimento tal e como a conhecemos está fortemente determinada por nossas crenças.

Contudo, mulheres que nasceram nos anos cinquenta já conseguem enxergar atualmente as mulheres tipicamente menopáusicas como mulheres fortes, sexys e vitais.

Claro que certas ideias ainda requerem uma revisão, por isso, atualmente muitas mulheres discordam sobre o que, segundo a sociedade, acontece quando se envelhece, e creem que o mais provável é que continuem saudáveis.

Os sintomas físicos da menopausa

O que se experimenta na menopausa tem muito a ver com as crenças, com a cultura e com as expectativas de cada mulher. Ainda assim, não há dúvidas de que existem mulheres que sofrem muito com as mudanças nas quais a menopausa implica.

Vamos ver com uma breve revisão quais são os sintomas mais comuns.

Ondas de calor

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As ondas de calor podem contribuir para estados de ansiedade e depressão, pois são um novo sintoma para mulheres na menopausa.

As ondas de calor ou calores vasomotores são caracterizadas por uma sensação de calor e suor, principalmente na cabeça e no pescoço. São sofridas pela grande maioria das mulheres em nossa cultura em algum momento do climatério.

A maioria dessas mulheres apresenta esse sintoma apenas ocasionalmente e de maneira leve, mas entre 10 e 15% experimentam grandes ondas de calor e suor que interrompem suas atividades diárias.

Suas causas são desconhecidas, embora se acredite que tenha algo a ver com alterações nos neurotransmissores. Elas podem causar distúrbios do sono e depressão, então estamos falando de algo sério.

Ressecamento, irritação e emagrecimento do tecido vaginal

O emagrecimento do tecido vaginal está relacionado com a diminuição dos níveis de estrogênios. Isso faz com que a parte mais dura e resistente da mucosa vaginal se perca e, por conseguinte, sinta-se ressecamento e irritação na região.

Queda de cabelo

Existe em nossa população um terço de mulheres menopáusicas e pós-menopáusicas que podem experimentar a queda de cabelo. Isso contrasta com o aumento de pelos no rosto, que ocorre porque nem todos os folículos capilares reagem de forma igual perante os hormônios.

A sexualidade

A menopausa não é sinônimo de menor funcionamento sexual, o que acontece é que nossa sociedade absorveu a crença de que o impulso sexual desaparece devido à impossibilidade de se reproduzir.

Claro que certas condições físicas e emocionais podem diminuir a libido, porém, o ser humano pode sentir prazer durante toda a sua vida.

Mudanças de humor, depressão e confusão do pensamento

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Como já comentamos, a menopausa por si só não contribui para uma piora da saúde física ou psíquica. Porém, o momento temporal é sim associado a mudanças do tipo evolutivas que podem supor certas crises: responsabilidade de cuidar dos pais idosos, assuntos não concluídos, luto, etc.

Além disso, muitas mulheres relatam uma dificuldade para pensar de forma ordenada. Isso não quer supor uma disfunção e costuma acontecer devido ao fato de que nesse período a mulher se concentre mais em seu interior do que em seu exterior.

Osteoporose

Atualmente a osteoporose pós-menopáusica é uma das doenças mais preocupantes na mulher. Obviamente, a perda de massa óssea é atribuída a este período.

Segundo estudo publicado em 2006, há perda significativa de massa óssea com a menopausa, maior do que o esperado apenas pela idade, mais intensa no triângulo de Ward seguido pelo pescoço, trocanter e coluna lombar; o mesmo, embora em menor extensão, ocorre no período pré-menopausa.

Visite o artigo: Exercícios para prevenir e tratar a osteoporose

A criação da saúde durante a menopausa

O que a mulher experimenta durante esse período depende de fatores que vão desde a herança genética, as expectativas e a bagagem cultural até sua autoestima e seu estilo de vida. Por isso, esses anos acabam se transformando na oportunidade de curar as feridas passadas.

Na metade da vida, cada mulher olha para trás com a intenção de refletir e repassar os lugares nos quais esteve e aos quais chegou. É neste momento que uma mulher se lamenta dos sonhos que não realizou quando jovem e prepara o terreno para a fase que se inicia.

Visto que as mudanças hormonais coincidem com problemas de outra natureza, como o cuidado com os pais já velhos, a mulher pode chegar a desenvolver crises que não estão tão relacionadas às mudanças físicas, mas sim às emocionais e evolutivas.

Assim, a sua forma de lidar com os conflitos emocionais determinará a sua saúde durante este período:

  1. A independência dos filhos.
  2. O cuidado com seus pais.
  3. O simples fato de perceber o quão fugaz é a vida.

Em resumo, a fase da menopausa pode ser complicada tanto em relação aos sintomas físicos quanto no caso de sintomas psicológicos. É por isso que recomendamos consultar um médico ou especialista em saúde mental se precisar de ajuda para lidar com essas mudanças.

Muitas mulheres a chamam de “o fim de sua menstruação”, de “mudança de vida” ou simplesmente “a mudança”. Isso ocorre porque, nos anos que cercam a menopausa, ocorrem variações graduais nas funções ovariana e corporal.

Seja como for, nenhuma outra fase da vida oferece à mulher tantas oportunidades de abrir passagem a si mesma em meio à negatividade cultural que rodeia este fato. No entanto, o aumento da expectativa de vida fez com que a menopausa coincidisse com a primavera da vida.

Ainda assim, é inevitável o fato de que a mulher experimente uma encruzilhada física e emocional que ela precisa resolver sozinha, apesar do sofrimento que implica.

A menopausa em nossa cultura

Até não muitas décadas atrás, a medicina considerava a menopausa como uma doença de deficiência, não como o processo natural que realmente é. Ou seja, em vez de tratá-la como um aspecto evolutivo, o fizeram em termos de insuficiência estrogênica.

Assim, visto que a mulher na menopausa não usava sua energia para ter filhos, considerava-se seu organismo em “decadência funcional”, e tanto para a sociedade quanto para a comunidade científica os peitos e os órgãos sexuais femininos se atrofiavam e se tornavam “velhos”.

Como consequência, durante muitos anos as mulheres se cansaram de conselhos e conversas que pretendiam “consertar” esta experiência, fazendo-as acreditar que este processo ocorria em detrimento de sua própria existência.

O medo de envelhecer: um sintoma dos preconceitos sociais

Some figure

Vivemos em uma sociedade que prejudica a velhice de tal forma que, simplesmente, a encara como o desmoronamento e o desgaste do corpo. Ou seja, o que se considera normal é a depressão, o cansaço e a incontinência; portanto, aquele que chegue à velhice sem cumprir essas condições é considerado excepcional.

Neste sentido, fica claro que a experiência de envelhecimento tal e como a conhecemos está fortemente determinada por nossas crenças.

Contudo, mulheres que nasceram nos anos cinquenta já conseguem enxergar atualmente as mulheres tipicamente menopáusicas como mulheres fortes, sexys e vitais.

Claro que certas ideias ainda requerem uma revisão, por isso, atualmente muitas mulheres discordam sobre o que, segundo a sociedade, acontece quando se envelhece, e creem que o mais provável é que continuem saudáveis.

Os sintomas físicos da menopausa

O que se experimenta na menopausa tem muito a ver com as crenças, com a cultura e com as expectativas de cada mulher. Ainda assim, não há dúvidas de que existem mulheres que sofrem muito com as mudanças nas quais a menopausa implica.

Vamos ver com uma breve revisão quais são os sintomas mais comuns.

Ondas de calor

Some figure
As ondas de calor podem contribuir para estados de ansiedade e depressão, pois são um novo sintoma para mulheres na menopausa.

As ondas de calor ou calores vasomotores são caracterizadas por uma sensação de calor e suor, principalmente na cabeça e no pescoço. São sofridas pela grande maioria das mulheres em nossa cultura em algum momento do climatério.

A maioria dessas mulheres apresenta esse sintoma apenas ocasionalmente e de maneira leve, mas entre 10 e 15% experimentam grandes ondas de calor e suor que interrompem suas atividades diárias.

Suas causas são desconhecidas, embora se acredite que tenha algo a ver com alterações nos neurotransmissores. Elas podem causar distúrbios do sono e depressão, então estamos falando de algo sério.

Ressecamento, irritação e emagrecimento do tecido vaginal

O emagrecimento do tecido vaginal está relacionado com a diminuição dos níveis de estrogênios. Isso faz com que a parte mais dura e resistente da mucosa vaginal se perca e, por conseguinte, sinta-se ressecamento e irritação na região.

Queda de cabelo

Existe em nossa população um terço de mulheres menopáusicas e pós-menopáusicas que podem experimentar a queda de cabelo. Isso contrasta com o aumento de pelos no rosto, que ocorre porque nem todos os folículos capilares reagem de forma igual perante os hormônios.

A sexualidade

A menopausa não é sinônimo de menor funcionamento sexual, o que acontece é que nossa sociedade absorveu a crença de que o impulso sexual desaparece devido à impossibilidade de se reproduzir.

Claro que certas condições físicas e emocionais podem diminuir a libido, porém, o ser humano pode sentir prazer durante toda a sua vida.

Mudanças de humor, depressão e confusão do pensamento

Some figure

Como já comentamos, a menopausa por si só não contribui para uma piora da saúde física ou psíquica. Porém, o momento temporal é sim associado a mudanças do tipo evolutivas que podem supor certas crises: responsabilidade de cuidar dos pais idosos, assuntos não concluídos, luto, etc.

Além disso, muitas mulheres relatam uma dificuldade para pensar de forma ordenada. Isso não quer supor uma disfunção e costuma acontecer devido ao fato de que nesse período a mulher se concentre mais em seu interior do que em seu exterior.

Osteoporose

Atualmente a osteoporose pós-menopáusica é uma das doenças mais preocupantes na mulher. Obviamente, a perda de massa óssea é atribuída a este período.

Segundo estudo publicado em 2006, há perda significativa de massa óssea com a menopausa, maior do que o esperado apenas pela idade, mais intensa no triângulo de Ward seguido pelo pescoço, trocanter e coluna lombar; o mesmo, embora em menor extensão, ocorre no período pré-menopausa.

Visite o artigo: Exercícios para prevenir e tratar a osteoporose

A criação da saúde durante a menopausa

O que a mulher experimenta durante esse período depende de fatores que vão desde a herança genética, as expectativas e a bagagem cultural até sua autoestima e seu estilo de vida. Por isso, esses anos acabam se transformando na oportunidade de curar as feridas passadas.

Na metade da vida, cada mulher olha para trás com a intenção de refletir e repassar os lugares nos quais esteve e aos quais chegou. É neste momento que uma mulher se lamenta dos sonhos que não realizou quando jovem e prepara o terreno para a fase que se inicia.

Visto que as mudanças hormonais coincidem com problemas de outra natureza, como o cuidado com os pais já velhos, a mulher pode chegar a desenvolver crises que não estão tão relacionadas às mudanças físicas, mas sim às emocionais e evolutivas.

Assim, a sua forma de lidar com os conflitos emocionais determinará a sua saúde durante este período:

  1. A independência dos filhos.
  2. O cuidado com seus pais.
  3. O simples fato de perceber o quão fugaz é a vida.

Em resumo, a fase da menopausa pode ser complicada tanto em relação aos sintomas físicos quanto no caso de sintomas psicológicos. É por isso que recomendamos consultar um médico ou especialista em saúde mental se precisar de ajuda para lidar com essas mudanças.


Todas as fontes citadas foram minuciosamente revisadas por nossa equipe para garantir sua qualidade, confiabilidade, atualidade e validade. A bibliografia deste artigo foi considerada confiável e precisa academicamente ou cientificamente.


  • Landa Goñi, J., Lopes Rauno, P., Hernandez Nunez, J., & Nunez Palomo, S. (2002). Menopausia. Atencion Primaria. https://doi.org/10.1016/S0212-6567(02)79072-0
  • Baffet, H., Robin, G., & Letombe, B. (2015). Menopausia. EMC – Ginecología-Obstetricia. https://doi.org/10.1016/S1283-081X(15)72832-8
  • Cano, A. (2009). La menopausia. Acta Ginecologica.

 


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