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Catador de materiais recicláveis é indicado para Ministério

5 minutos
No período da graduação, Alex também escreveu o livro “Do Lixo a Bixo: a cultura dos estudos e o tripé de sustentação da vida”, lançado em 2021.
Catador de materiais recicláveis é indicado para Ministério
Última atualização: 25 fevereiro, 2023

Alexandro Cardoso, catador de materiais recicláveis e dono de uma história de vida inspiradora que virou livro foi indicado para assumir a direção do Departamento de Resíduos no Ministério do Meio Ambiente. Ele foi indicado por coletivos e entidades ligados à causa dos catadores e do meio ambiente.

O Brasil e em especial o meio ambiente ganharão muito com essa indicação, pois, com o departamento sendo dirigido por um catador, as pautas de coleta seletiva, fechamento de lixões, logística reversa, compostagem, proibição da incineração, programas lixo zero e tantas outras pautas ambientais com certeza serão parte da agenda.

“A discussão sobre ter um catador no executivo vem desde o ano passado no Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) e na Expocatadores, quando solicitamos formalmente ao Lula (PT)”, diz Cardoso.

Dar atenção e “lugar aos catadores” também foi assunto tratado no discurso de posse de Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil, que participou no dia 26/1 do Fórum Social Mundial em Porto Alegre, e recebeu a indicação de Cardoso em mãos.

Sua trajetória

Ele é catador desde a infância. É a terceira geração de catadores na família e um dos fundadores do MNCR, representante da categoria nacional e internacional, além de estudioso e pesquisador sobre o tema de resíduos e catadores.

“Com dois meses de idade eu já era levado no carrinho de recicláveis enquanto meus pais trabalhavam. Um dia, ao fim do trabalho, uma caixa caiu e quase fiquei para trás. Minha mãe havia me colocado na caixinha para me proteger do vento”, conta Cardoso.

Formado em Ciências Sociais depois dos 30, Cardoso quer levar o conhecimento à periferia e para os seus colegas de profissão.

Alexandro Cardoso afirma ter sofrido preconceito pela falta de ensino formal: “Muitas vezes fui entendido como alguém ignorante por ter estudado só até a sexta série do ensino fundamental e isso me incomodava. Então, aos 34 voltei aos estudos e me graduei em ciências sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)”.

A conquista do diploma de nível superior não afastou Cardoso da cooperativa de catadores, pelo contrário, o fez querer celebrar as conquistas com seus colegas de trabalho. A defesa do seu trabalho de conclusão de curso foi feita em 2022 no galpão de reciclagem da Cooperativa dos Catadores de Materiais Recicláveis da Cavalhada (Ascat), da qual faz parte.

“Fiz a defesa em 1º de março, Dia Internacional dos Catadores. Mais de 3.500 pessoas e catadores de vários continentes estavam assistindo de forma online e 80 pessoas presencialmente”.

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Cardoso é a terceira geração de catadores da sua família. Imagem: Arquivo pessoal/ Alexandro Cardoso.

Materiais recicláveis: liderança da classe catadora

A trajetória na reciclagem começou cedo para Cardoso, que aos 16 anos foi pai e abandonou os estudos. Dois anos depois, ele fundou a Cooperativa dos Catadores de Materiais Recicláveis da Cavalhada (Ascat), da qual faz parte até hoje. Em 2001, participou do congresso que deu origem ao MNCR, representando o Rio Grande do Sul.

“Como na época eu era um dos poucos que tinha celular, acabei sendo o contato do MNCR, fui aprendendo mais e me aproximando do governo e de algumas representações na ONU, nas COPs e levando a pauta sobre a reciclagem dos resíduos”, conta.

Atualmente, Cardoso representa os catadores de recicláveis na Organização Internacional do Trabalho (OIT) e tem o cargo de delegado oficial na Aliança Global dos Catadores de Materiais Recicláveis (Globalrec) na Organização das Nações Unidas (ONU).

“Sou um conhecedor da pauta dos resíduos, há tempos me organizo com o Estado, com os catadores, faço logísticas de coleta seletiva e organização de cooperativas. Tenho qualificações como gestor de resíduos pelo Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS). Então, uno a minha experiência de vida e formação”, afirma Cardoso.

O acesso à educação trouxe grandes transformações

Só quem vive a realidade pode mudá-la. Hoje, Alex olha sua trajetória de vida e não tem dúvida de quanto o acesso à educação lhe trouxe transformações.

Atualmente, ele cursa mestrado em Antropologia na UFRGS e lançou dois livros que refletem suas experiências pessoais e reflexões sobre seus estudos e trabalho como catador: Do Lixo a Bixo e O Eu Catador – reciclando humanidades.

“Reafirmo nas obras que aqueles que são frutos da periferia e acessam o ensino superior têm de voltar à periferia e retornar o seu trabalho para que todos avancem”, afirma Cardoso.

Para o grafiteiro e ativista Mundano, percursor do movimento e da ONG Pimp My Carroça, é justo que o cargo seja ocupado por um catador com experiência no território nacional, assim como Cardoso, para que seja possível transformar o problema dos resíduos em oportunidade social e ambiental.

“O Brasil enterra R$ 14 bilhões em materiais recicláveis em lixões e aterros todos os anos, e pior, ainda pagamos mais do que isso para empresas fazerem esse serviço. É inconcebível que isso exista num país com milhões de pessoas em insegurança alimentar”, diz o grafiteiro e ativista.

No entanto, para assumir o cargo ainda é necessária a nomeação do Governo Federal, mas Cardoso acredita que a indicação já é um passo e tanto para começar a tratar da proteção ambiental promovida pelos catadores com um olhar mais cuidadoso e respeitoso a esses trabalhadores.

“A reciclagem no Brasil é muito importante, pois gera trabalho para as pessoas que foram excluídas dos ambientes formais”, afirma Cardoso.

Alexandro Cardoso, catador de materiais recicláveis e dono de uma história de vida inspiradora que virou livro foi indicado para assumir a direção do Departamento de Resíduos no Ministério do Meio Ambiente. Ele foi indicado por coletivos e entidades ligados à causa dos catadores e do meio ambiente.

O Brasil e em especial o meio ambiente ganharão muito com essa indicação, pois, com o departamento sendo dirigido por um catador, as pautas de coleta seletiva, fechamento de lixões, logística reversa, compostagem, proibição da incineração, programas lixo zero e tantas outras pautas ambientais com certeza serão parte da agenda.

“A discussão sobre ter um catador no executivo vem desde o ano passado no Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) e na Expocatadores, quando solicitamos formalmente ao Lula (PT)”, diz Cardoso.

Dar atenção e “lugar aos catadores” também foi assunto tratado no discurso de posse de Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil, que participou no dia 26/1 do Fórum Social Mundial em Porto Alegre, e recebeu a indicação de Cardoso em mãos.

Sua trajetória

Ele é catador desde a infância. É a terceira geração de catadores na família e um dos fundadores do MNCR, representante da categoria nacional e internacional, além de estudioso e pesquisador sobre o tema de resíduos e catadores.

“Com dois meses de idade eu já era levado no carrinho de recicláveis enquanto meus pais trabalhavam. Um dia, ao fim do trabalho, uma caixa caiu e quase fiquei para trás. Minha mãe havia me colocado na caixinha para me proteger do vento”, conta Cardoso.

Formado em Ciências Sociais depois dos 30, Cardoso quer levar o conhecimento à periferia e para os seus colegas de profissão.

Alexandro Cardoso afirma ter sofrido preconceito pela falta de ensino formal: “Muitas vezes fui entendido como alguém ignorante por ter estudado só até a sexta série do ensino fundamental e isso me incomodava. Então, aos 34 voltei aos estudos e me graduei em ciências sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)”.

A conquista do diploma de nível superior não afastou Cardoso da cooperativa de catadores, pelo contrário, o fez querer celebrar as conquistas com seus colegas de trabalho. A defesa do seu trabalho de conclusão de curso foi feita em 2022 no galpão de reciclagem da Cooperativa dos Catadores de Materiais Recicláveis da Cavalhada (Ascat), da qual faz parte.

“Fiz a defesa em 1º de março, Dia Internacional dos Catadores. Mais de 3.500 pessoas e catadores de vários continentes estavam assistindo de forma online e 80 pessoas presencialmente”.

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Cardoso é a terceira geração de catadores da sua família. Imagem: Arquivo pessoal/ Alexandro Cardoso.

Materiais recicláveis: liderança da classe catadora

A trajetória na reciclagem começou cedo para Cardoso, que aos 16 anos foi pai e abandonou os estudos. Dois anos depois, ele fundou a Cooperativa dos Catadores de Materiais Recicláveis da Cavalhada (Ascat), da qual faz parte até hoje. Em 2001, participou do congresso que deu origem ao MNCR, representando o Rio Grande do Sul.

“Como na época eu era um dos poucos que tinha celular, acabei sendo o contato do MNCR, fui aprendendo mais e me aproximando do governo e de algumas representações na ONU, nas COPs e levando a pauta sobre a reciclagem dos resíduos”, conta.

Atualmente, Cardoso representa os catadores de recicláveis na Organização Internacional do Trabalho (OIT) e tem o cargo de delegado oficial na Aliança Global dos Catadores de Materiais Recicláveis (Globalrec) na Organização das Nações Unidas (ONU).

“Sou um conhecedor da pauta dos resíduos, há tempos me organizo com o Estado, com os catadores, faço logísticas de coleta seletiva e organização de cooperativas. Tenho qualificações como gestor de resíduos pelo Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS). Então, uno a minha experiência de vida e formação”, afirma Cardoso.

O acesso à educação trouxe grandes transformações

Só quem vive a realidade pode mudá-la. Hoje, Alex olha sua trajetória de vida e não tem dúvida de quanto o acesso à educação lhe trouxe transformações.

Atualmente, ele cursa mestrado em Antropologia na UFRGS e lançou dois livros que refletem suas experiências pessoais e reflexões sobre seus estudos e trabalho como catador: Do Lixo a Bixo e O Eu Catador – reciclando humanidades.

“Reafirmo nas obras que aqueles que são frutos da periferia e acessam o ensino superior têm de voltar à periferia e retornar o seu trabalho para que todos avancem”, afirma Cardoso.

Para o grafiteiro e ativista Mundano, percursor do movimento e da ONG Pimp My Carroça, é justo que o cargo seja ocupado por um catador com experiência no território nacional, assim como Cardoso, para que seja possível transformar o problema dos resíduos em oportunidade social e ambiental.

“O Brasil enterra R$ 14 bilhões em materiais recicláveis em lixões e aterros todos os anos, e pior, ainda pagamos mais do que isso para empresas fazerem esse serviço. É inconcebível que isso exista num país com milhões de pessoas em insegurança alimentar”, diz o grafiteiro e ativista.

No entanto, para assumir o cargo ainda é necessária a nomeação do Governo Federal, mas Cardoso acredita que a indicação já é um passo e tanto para começar a tratar da proteção ambiental promovida pelos catadores com um olhar mais cuidadoso e respeitoso a esses trabalhadores.

“A reciclagem no Brasil é muito importante, pois gera trabalho para as pessoas que foram excluídas dos ambientes formais”, afirma Cardoso.

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.