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Ansiedade em efeito dominó: entenda como ela aconteceu em uma escola, e descubra como evitar

4 minutos
Descubra mais sobre a ansiedade em efeito dominó e o caso de 26 estudantes de uma escola que sofreram uma crise coletiva.
Ansiedade em efeito dominó: entenda como ela aconteceu em uma escola, e descubra como evitar
Escrito por Equipe Editorial
Última atualização: 06 maio, 2022

Na última sexta-feira (26) os estudantes de uma escola precisaram ser atendidos pelo Samu na Erem (Escola de Referência em Ensino Médio) Ageu Magalhães em Recife, no estado de Pernambuco. Os especialistas ouvidos pelo portal de notícias R7 explicaram que ocorreu uma crise de ansiedade em efeito dominó e comentaram que mesmo antes de que ela ocorresse os adolescentes já mostravam sinais de que algo não estava bem.

Todos os 26 alunos experimentaram os mesmos sintomas: falta de ar, tremores e crises de choro. Segundo os socorristas do Samu, o que aconteceu fui uma crise de ansiedade coletiva. “Uma aluna passou mal e houve uma reação em cadeia, os demais estudantes tiveram os mesmos sintomas. Mas é preciso dizer que não existe uma reação como essa sem que haja um quadro de estresse ou ansiedade prévio“, disse a neuropsicanalista Priscila Gasparini Fernandes.

A ansiedade pode ser definida como uma preocupação constante, além de um medo subjetivo. “A ansiedade pode ser explicada como um medo de que algo ruim aconteça. É uma antecipação de um risco potencial e faz com que o corpo tenha reações que o preparam para agir frente à possibilidade de uma ameaça”, explica Alcione Marques, mestre em ciências pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), pedagoga e psicopedagoga e diretora da Instituição Neuroconecte (que atua na educação emocional de educadores e busca a saúde mental na escola).

Ao perceber uma possível ameaça, o corpo começa a se preparar para fugir dessa situação de estresse. De acordo com Priscila, “a ansiedade é natural, mas passa a ser um problema quando as reações são desproporcionais aos eventos ou atrapalha a rotina das pessoas. Nesse caso, a indicação é de psicoterapia e até uma medicação adequada.”

A ansiedade em efeito dominó

De acordo com relatos de testemunhas, uma estudante começou a passar mal e seu desconforto atingiu os colegas de sala, como uma onda. “Não sabemos ao certo, mas pode ter havido um contágio emocional entre esses jovens — as emoções têm esse efeito: pessoas em um grupo que estão alegres e rindo tendem a levar as outras a rir também e ter seu estado emocional influenciado. O mesmo vale para a tristeza, para o medo e, nesse caso, para a ansiedade“, destaca Alcione.

Não é novidade que a adolescência é uma etapa de mudanças hormonais, definição da personalidade e escolhas profissionais. “Além disso, os mais jovens têm de lidar com a cobrança de provas e vestibular, a pressão do grupo e, em alguns casos, com o bullying, que são fatores de estresse”. É o que comenta a psicopedagoga Patricia Marques. É importante ressaltar que o caso aconteceu justamente na semana de provas.

Pandemia e saúde mental

Os impactos gerados pela pandemia de COVID-19 ainda estão sendo investigados (e descobertos). As consequências na educação já foram percebidas, tanto pelos transtornos mentais apresentados pelos estudantes e profissionais da educação, quanto pela dificuldade de aprendizado que os alunos estão vivenciando. Alcione aponta que os adolescentes “perderam habilidades sociais e emocionais, o que pode fazer com que eles tenham uma maior dificuldade para gerenciar suas emoções, se relacionar e lidar com questões sociais que antes poderiam parecer menos desafiadoras”.

“É possível que muitas escolas tenham erroneamente pensado que uma semana de acolhimento e adaptação fosse suficiente para retomar a rotina que a instituição tinha antes da pandemia, mas o que estamos vendo é que a escola terá de atuar de uma maneira mais ampla e menos superficial nesse contexto. Terá de priorizar ações e espaços de escuta, de trocas, de apoio — talvez seja necessário rever o que será ensinado, não será possível ensinar tudo.”

Como identificar a ansiedade no ambiente escolar e o que fazer para lidar com essa situação

É fundamental que a família e a escola estejam atentas a mudanças no comportamento dos alunos. Alterações na alimentação (como comer menos ou mais que o normal), mudanças no sono e comportamento (que podem ser observadas através de uma fala muito rápida, dificuldade de concentração ou pernas muito inquietas).

“A escola deve avaliar se existe algum fator de estresse a mais no ambiente escolar como um professor ou um grupo que estejam colocando pressão”, afirma Patrícia. “O trabalho socioemocional envolvendo família e escola é fundamental para que os adolescentes possam falar o que estão sentindo, talvez em uma atividade em grupo que dê voz a eles.”

Na última sexta-feira (26) os estudantes de uma escola precisaram ser atendidos pelo Samu na Erem (Escola de Referência em Ensino Médio) Ageu Magalhães em Recife, no estado de Pernambuco. Os especialistas ouvidos pelo portal de notícias R7 explicaram que ocorreu uma crise de ansiedade em efeito dominó e comentaram que mesmo antes de que ela ocorresse os adolescentes já mostravam sinais de que algo não estava bem.

Todos os 26 alunos experimentaram os mesmos sintomas: falta de ar, tremores e crises de choro. Segundo os socorristas do Samu, o que aconteceu fui uma crise de ansiedade coletiva. “Uma aluna passou mal e houve uma reação em cadeia, os demais estudantes tiveram os mesmos sintomas. Mas é preciso dizer que não existe uma reação como essa sem que haja um quadro de estresse ou ansiedade prévio“, disse a neuropsicanalista Priscila Gasparini Fernandes.

A ansiedade pode ser definida como uma preocupação constante, além de um medo subjetivo. “A ansiedade pode ser explicada como um medo de que algo ruim aconteça. É uma antecipação de um risco potencial e faz com que o corpo tenha reações que o preparam para agir frente à possibilidade de uma ameaça”, explica Alcione Marques, mestre em ciências pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), pedagoga e psicopedagoga e diretora da Instituição Neuroconecte (que atua na educação emocional de educadores e busca a saúde mental na escola).

Ao perceber uma possível ameaça, o corpo começa a se preparar para fugir dessa situação de estresse. De acordo com Priscila, “a ansiedade é natural, mas passa a ser um problema quando as reações são desproporcionais aos eventos ou atrapalha a rotina das pessoas. Nesse caso, a indicação é de psicoterapia e até uma medicação adequada.”

A ansiedade em efeito dominó

De acordo com relatos de testemunhas, uma estudante começou a passar mal e seu desconforto atingiu os colegas de sala, como uma onda. “Não sabemos ao certo, mas pode ter havido um contágio emocional entre esses jovens — as emoções têm esse efeito: pessoas em um grupo que estão alegres e rindo tendem a levar as outras a rir também e ter seu estado emocional influenciado. O mesmo vale para a tristeza, para o medo e, nesse caso, para a ansiedade“, destaca Alcione.

Não é novidade que a adolescência é uma etapa de mudanças hormonais, definição da personalidade e escolhas profissionais. “Além disso, os mais jovens têm de lidar com a cobrança de provas e vestibular, a pressão do grupo e, em alguns casos, com o bullying, que são fatores de estresse”. É o que comenta a psicopedagoga Patricia Marques. É importante ressaltar que o caso aconteceu justamente na semana de provas.

Pandemia e saúde mental

Os impactos gerados pela pandemia de COVID-19 ainda estão sendo investigados (e descobertos). As consequências na educação já foram percebidas, tanto pelos transtornos mentais apresentados pelos estudantes e profissionais da educação, quanto pela dificuldade de aprendizado que os alunos estão vivenciando. Alcione aponta que os adolescentes “perderam habilidades sociais e emocionais, o que pode fazer com que eles tenham uma maior dificuldade para gerenciar suas emoções, se relacionar e lidar com questões sociais que antes poderiam parecer menos desafiadoras”.

“É possível que muitas escolas tenham erroneamente pensado que uma semana de acolhimento e adaptação fosse suficiente para retomar a rotina que a instituição tinha antes da pandemia, mas o que estamos vendo é que a escola terá de atuar de uma maneira mais ampla e menos superficial nesse contexto. Terá de priorizar ações e espaços de escuta, de trocas, de apoio — talvez seja necessário rever o que será ensinado, não será possível ensinar tudo.”

Como identificar a ansiedade no ambiente escolar e o que fazer para lidar com essa situação

É fundamental que a família e a escola estejam atentas a mudanças no comportamento dos alunos. Alterações na alimentação (como comer menos ou mais que o normal), mudanças no sono e comportamento (que podem ser observadas através de uma fala muito rápida, dificuldade de concentração ou pernas muito inquietas).

“A escola deve avaliar se existe algum fator de estresse a mais no ambiente escolar como um professor ou um grupo que estejam colocando pressão”, afirma Patrícia. “O trabalho socioemocional envolvendo família e escola é fundamental para que os adolescentes possam falar o que estão sentindo, talvez em uma atividade em grupo que dê voz a eles.”

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.