Amamentação e sexualidade feminina
Escrito e verificado por A enfermeira Sara Cañamero
A primeira semana de agosto marca a Semana Mundial da Amamentação, e muito foi publicado pelas redes sociais sobre seus benefícios para a mãe e o bebê, como superar as dificuldades, e até sobre o direito das mulheres de amamentarem em público. No entanto, neste artigo, não queremos falar sobre isso, mas sobre a amamentação e a sexualidade feminina.
A sexualidade feminina no pós-parto é muito complexa e ainda há muitos aspectos desconhecidos. É cheia de mitos e sua abordagem representa um desafio para os profissionais de saúde e para as mulheres que estão nesse período.
O conhecimento dos fatores que podem influenciar essa etapa é essencial para entender e responder a possíveis disfunções que possam aparecer no puerpério, ou simplesmente entender as mudanças que ocorrem nas semanas após o nascimento do bebê em termos de sexualidade.
A amamentação é um fator que influencia a sexualidade?
Atualmente, existem poucos estudos que esclarecem o assunto, mas vamos ver como a amamentação e a sexualidade feminina se conectam e interferem na vida erótica das mulheres:
Fatores hormonais
Sabemos que o próprio pós-parto é uma montanha-russa hormonal e que a amamentação é caracterizada por um estado hormonal muito particular que afeta as mulheres em várias esferas; uma delas é a sexual.
Os níveis baixos de estrogênio causam má lubrificação vaginal e, portanto, se nenhum lubrificante for usado durante a relação sexual, ela se torna dolorosa. Por outro lado, parece que altos níveis de ocitocina podem estar relacionados a uma menor libido em mulheres. Além disso, a prolactina, que também é elevada, está associada ao baixo desejo sexual.
Menos lubrificação
Como vimos antes, isso se deve principalmente a fatores hormonais; no entanto, é facilmente solucionável com lubrificantes. Mas cuidado, nem todos são eficientes e lubrificam da mesma maneira. Alguns, principalmente à base de água ou gel, podem lubrificar a princípio, mas evaporar rapidamente, deixando a mesma secura do início, de modo que o atrito causado pela relação sexual pode causar dor às mulheres e até irritação.
Dispareunia
Com esta palavra, queremos dizer dor no ato sexual com penetração. Parece que, comparando as mulheres que amamentam no peito com as que alimentam seu bebê com mamadeira, são as primeiras que apresentam uma maior pontuação em termos de dor durante a relação sexual, independentemente do tipo de parto que tenham tido. E também parece que o incômodo pode durar durante todo o período de amamentação.
Não deixe de ler também: Como prevenir a dor durante o sexo?
Diminuição do desejo sexual
Não só é influenciado por fatores hormonais, mas muitas das mudanças que ocorrem no período pós-parto podem afetar o desejo sexual da mulher no puerpério. Essas mudanças se referem ao novo papel de mãe, dependência constante do bebê, sentimentos de insegurança, sensação de estar presa ao filho. Além disso, também influi a falta de espontaneidade que caracteriza o período pós-parto, pois estamos com o tempo reduzido, já que os cuidados com o bebê nos deixa poucos momentos íntimos para compartilhar com nossos parceiros.
Embora muitas das mudanças acima possam ser extrapoladas para mulheres que optam pela alimentação com fórmula artificial, as pontuações nos índices de função sexual feminina que avaliam o desejo geralmente são mais baixas para mulheres que amamentam.
Autopercepção, amamentação e sexualidade
Mulheres que amamentam podem sofrer alterações em sua própria imagem; por exemplo, os seios e as aréolas maiores, com secreção contínua de leite ou com maior pigmentação. Os seios passam de um objeto erótico à fonte de alimentação do bebê. Além disso, para muitas mulheres, os seios ficam muito sensíveis; portanto, o toque as deixa desconfortáveis.
Durante a lactação, muitas mulheres ganham peso e a gordura corporal é distribuída de maneira muito peculiar, com predominância nos quadris. Assim, o espelho não é seu melhor amigo nessa etapa. Essas mudanças, que são mantidas durante a amamentação, podem acabar fazendo com que as mulheres não se sintam sensuais e, portanto, afetam a sexualidade feminina.
Insônia, amamentação e sexualidade
Devido aos múltiplos despertares exigidos da mãe que precisa atender as demandas de alimentação do bebê, parece que as mulheres que amamentam correm mais risco de sofrer de privação do sono do que as mães que não amamentam. Esse fato, de acordo com estudos, poderia afetar diretamente as relações sexuais. Muitas mulheres precisam descansar antes de ter encontros íntimos com seus parceiros; então, é claro que a falta de sono influenciará diretamente as relações sexuais.
Leia também: Dormir bem: algo além de uma noite de sono
Um estudo publicado em 2018 concluiu que o número de despertares noturnos para amamentar o bebê influenciaria direta e negativamente a função sexual das mulheres. Entretanto, não houve diferenças entre aquelas cujos bebês acordavam menos durante a noite, e amamentavam majoritariamente durante o dia, em comparação com aquelas que optaram pela alimentação artificial.
A sexualidade feminina é cíclica e muito complexa, sendo afetada por múltiplos fatores.
Conhecer esses fatores e saber como a amamentação e a sexualidade se conectam e nos afetam ajudaria a antecipar e respeitar as mudanças que modificam a resposta sexual feminina em diferentes etapas da vida, sendo uma delas o momento da lactação.
A primeira semana de agosto marca a Semana Mundial da Amamentação, e muito foi publicado pelas redes sociais sobre seus benefícios para a mãe e o bebê, como superar as dificuldades, e até sobre o direito das mulheres de amamentarem em público. No entanto, neste artigo, não queremos falar sobre isso, mas sobre a amamentação e a sexualidade feminina.
A sexualidade feminina no pós-parto é muito complexa e ainda há muitos aspectos desconhecidos. É cheia de mitos e sua abordagem representa um desafio para os profissionais de saúde e para as mulheres que estão nesse período.
O conhecimento dos fatores que podem influenciar essa etapa é essencial para entender e responder a possíveis disfunções que possam aparecer no puerpério, ou simplesmente entender as mudanças que ocorrem nas semanas após o nascimento do bebê em termos de sexualidade.
A amamentação é um fator que influencia a sexualidade?
Atualmente, existem poucos estudos que esclarecem o assunto, mas vamos ver como a amamentação e a sexualidade feminina se conectam e interferem na vida erótica das mulheres:
Fatores hormonais
Sabemos que o próprio pós-parto é uma montanha-russa hormonal e que a amamentação é caracterizada por um estado hormonal muito particular que afeta as mulheres em várias esferas; uma delas é a sexual.
Os níveis baixos de estrogênio causam má lubrificação vaginal e, portanto, se nenhum lubrificante for usado durante a relação sexual, ela se torna dolorosa. Por outro lado, parece que altos níveis de ocitocina podem estar relacionados a uma menor libido em mulheres. Além disso, a prolactina, que também é elevada, está associada ao baixo desejo sexual.
Menos lubrificação
Como vimos antes, isso se deve principalmente a fatores hormonais; no entanto, é facilmente solucionável com lubrificantes. Mas cuidado, nem todos são eficientes e lubrificam da mesma maneira. Alguns, principalmente à base de água ou gel, podem lubrificar a princípio, mas evaporar rapidamente, deixando a mesma secura do início, de modo que o atrito causado pela relação sexual pode causar dor às mulheres e até irritação.
Dispareunia
Com esta palavra, queremos dizer dor no ato sexual com penetração. Parece que, comparando as mulheres que amamentam no peito com as que alimentam seu bebê com mamadeira, são as primeiras que apresentam uma maior pontuação em termos de dor durante a relação sexual, independentemente do tipo de parto que tenham tido. E também parece que o incômodo pode durar durante todo o período de amamentação.
Não deixe de ler também: Como prevenir a dor durante o sexo?
Diminuição do desejo sexual
Não só é influenciado por fatores hormonais, mas muitas das mudanças que ocorrem no período pós-parto podem afetar o desejo sexual da mulher no puerpério. Essas mudanças se referem ao novo papel de mãe, dependência constante do bebê, sentimentos de insegurança, sensação de estar presa ao filho. Além disso, também influi a falta de espontaneidade que caracteriza o período pós-parto, pois estamos com o tempo reduzido, já que os cuidados com o bebê nos deixa poucos momentos íntimos para compartilhar com nossos parceiros.
Embora muitas das mudanças acima possam ser extrapoladas para mulheres que optam pela alimentação com fórmula artificial, as pontuações nos índices de função sexual feminina que avaliam o desejo geralmente são mais baixas para mulheres que amamentam.
Autopercepção, amamentação e sexualidade
Mulheres que amamentam podem sofrer alterações em sua própria imagem; por exemplo, os seios e as aréolas maiores, com secreção contínua de leite ou com maior pigmentação. Os seios passam de um objeto erótico à fonte de alimentação do bebê. Além disso, para muitas mulheres, os seios ficam muito sensíveis; portanto, o toque as deixa desconfortáveis.
Durante a lactação, muitas mulheres ganham peso e a gordura corporal é distribuída de maneira muito peculiar, com predominância nos quadris. Assim, o espelho não é seu melhor amigo nessa etapa. Essas mudanças, que são mantidas durante a amamentação, podem acabar fazendo com que as mulheres não se sintam sensuais e, portanto, afetam a sexualidade feminina.
Insônia, amamentação e sexualidade
Devido aos múltiplos despertares exigidos da mãe que precisa atender as demandas de alimentação do bebê, parece que as mulheres que amamentam correm mais risco de sofrer de privação do sono do que as mães que não amamentam. Esse fato, de acordo com estudos, poderia afetar diretamente as relações sexuais. Muitas mulheres precisam descansar antes de ter encontros íntimos com seus parceiros; então, é claro que a falta de sono influenciará diretamente as relações sexuais.
Leia também: Dormir bem: algo além de uma noite de sono
Um estudo publicado em 2018 concluiu que o número de despertares noturnos para amamentar o bebê influenciaria direta e negativamente a função sexual das mulheres. Entretanto, não houve diferenças entre aquelas cujos bebês acordavam menos durante a noite, e amamentavam majoritariamente durante o dia, em comparação com aquelas que optaram pela alimentação artificial.
A sexualidade feminina é cíclica e muito complexa, sendo afetada por múltiplos fatores.
Conhecer esses fatores e saber como a amamentação e a sexualidade se conectam e nos afetam ajudaria a antecipar e respeitar as mudanças que modificam a resposta sexual feminina em diferentes etapas da vida, sendo uma delas o momento da lactação.
Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.